30 de set. de 2014

Sexo.


A lógica é uma corda com qual acabamos por nos enforcar. Isso é Guimarães Rosa. Apenas superando a lógica se pode pensar com e em justiça, em amor, amizade. Posto que sentimentos, como o amor, são sempre ilógicos. Na direção oposta, cada crime, cada ato de ódio, cada assassinato – em geral são planejados – são cometidos segundo as leis da lógica, como os genocídios, senão vejamos, mesmo na literatura policial impera a lógica dos grandes detetives que os desvendam, mesmo que o único fio dessa corda seja o ódio. Mesmo Casmurro pensou: se isso, logo aquilo e defenestrou sua Capitu. O desencadeamento lógico de Simão Bacamarte o levou a seu auto aprisionamento.
Mesmo um louco tem lógica.
O ato sexual, que poderia tê-lo citado acima, mas preferi isolá-lo, por mera didática, tem seu aspecto lógico, a procriação. Tirante a procriação o sexo não faz sentido lógico. É uma invenção humana, com todos os adereços geniais incorporados ao longo dos séculos. Fico tentando imaginar quando surgiu o ciúme, que é um destes penduricalhos que embelezam a alma corporal do sexo. E desta rarefação da lógica em determinados comportamentos humanos, nem o direito escapou. Senão o crime por paixão não seria aceito até recentemente na França. A paixão era um álibi.
Desse modo não há argumentos lógicos para algo como o sexo e o amor, se não pertencem ao mesmo campo, seja o campo da racionalidade, da lógica.
Nada mais cruel que o distanciamento incorruptível, para falar da vida, que em nada tem sentido lógico, senão que em alguns e meros pedaços bioquímicos.
Aguados, ausentes do caos sentimental humano, os sumos sacerdotes, sumos pontífices do distanciamento lógico, saem a toda voz, com seus silogismos, a deitar por terra religiões e ideologias humanas, puríssimas invenções humanas, sacras!

Entretanto, sempre fazem suas análises demolidoras, a enunciar novos mandamentos. São admiráveis, mas não encantam! E a cobra não sobe.  

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