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26 de dez. de 2011

Antônio Niterói, que creia o incrédulo, viaja ao princípio da História.



Sem geografia, e portanto mapas, e portanto impossível se perder, Antônio Niterói escondido ou transparente, para não interferir, como fazem, nos filmes, os americanos do norte quando viajam no tempo, expectava alegremente pelo nascimento da história, como soem fazer os da National Geography esperando o nascimento de uma ninhada de dragões em extinção. Sem que se desse pela coisa, dois humanos que aparentemente dialogavam, argumentavam, por fim exigiam o submetimento do desejo do outro ao seu e vice e versa. Antônio Niterói anotou em seus apontamentos. Desejam o desejo do outro. Ou melhor, eram duas consciências desejantes que se enfrentavam. Em palavras definitivas dois desejos que se desejavam, enfrentavam. E continuou anotando, e dizemque, Jean-Paul Sartre um dia teve em mãos esses apontamentos, que na verdade são várias as versões, outra é que Sartre, não acudiu a um curso do russo Alexandre Kojéve ou Koiev, onde estiveram presentes, Merleau Ponty ( que alguns petistas confundiram com Merlot de Romanee Conti) Jaques Lacan, Raymond Queneau e que Sartre conseguiu, sim, as anotações de António Niterói. Enfim qual seja a versão, Antônio Niterói estava lá, amoitado, a ver o que se passava entre os desejos. Antônio Niterói deixou anotado: há diferenças entre o desejo humano e o desejo animal, veja você. O desejo humano: deseja desejo, quer dizer que o outro o reconheça. Que o reconheça como seu superior. Que se submeta a ele. O animal deseja coisas. E as coisas que deseja, geralmente as come. Coisas naturais. O homem não deseja coisas naturais, esse é o achado, a consciência é desejo. Antônio Niterói não se dispersou: e viu que ambos os desejos desejantes do desejo do outro estavam em pé de igualdade, mas qual não foi o seu espanto, um refluxo quase a botar tudo a perder, tapou a boca com as costas da mão e implorou pela digestão do rabanete do dia anterior. Meu desejo é que você me reconheça, o meu é o mesmo desejo, que você se submeta ao meu desejo de submeter-lhe. Os dois sabem, as duas consciências desejantes sabem, que estão diante de um duelo mortal. Então uma das duas consciências tem medo, temor de morrer. Pois se trata de um duelo, e um duelo leva sempre um dos contendedores à morte. Ambos os rivais têm medo à morte. Mas em um deles o desejo de submeter ao outro é maior que o temor à morte, e se isso, o outro tem mais medo de morrer que desejo, por isso se submete. O que aconteceu meu querido? Pergunta Maiara. Começou a história diz entre dormido e acordado, como assim? Nossa dormi nessa mesa da Cristal? Sim, e o travesseiro e esse livro, e que tem isso? Vige, Maiara, descobri o inicio da História, e como é isso Teroi? O homem se submete a outro homem, gerando assim a relação de escravidão. Mas mal sabia Antônio Niterói que voltará ao princípio da história.