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8 de nov. de 2011

Receita de Mirepoix contra a caretice fossilizada de nossos dias. Incidentes na USP.




Numa canção longínqua Caetano Veloso cantava de Torquato Neto: Mamãe Coragem, e uma parte dizia assim:
… pegue uns panos pra lavar leia um romance\
leia Elzira Morta Virgem , O Grande Industrial...


este de George Ohnet, sem mais aquele romance de Pedro R. Viana de 1928.
Informações dadas, clima estabelecido: começo.


Não creio que um indivíduo por nada que seja, possa ser nominado e ou adjetivado com um mero único adjetivo ou substantivo por belo que seja. Por tanto, eu, antes de sair bradando um adjetivo que englobe muita gente e os reduz a ele, eu penso duas vezes. Acontece que a coisa anda feia. Resolvi fazer um Mirepoix, pois já começava a chamar de fariseus aqueles que dizem: bando disso, bando daquilo, bando de maconheiro à molecada da USP.
O que entendo por fariseu?
Suponho que todos fomos criados a partir do barro – não se alegre é mera suposição – com o passar do tempo tudo vai enrijecendo, mas resta em nós uma parte ainda branda, que poderá nos salvar, é o barro primevo, cerebral, que dada suas blandicias se deixa, permite, enfim é possível moldá-lo, dar-lhe novas formas, profundidades, sonidos, cores e conteúdos. No fariseu, ora, no fariseu o barro secou, completamente, virou tijolo, arredondado, e com tijolo arredondado não se constrói nem iglu.
Para tanto eu brado: Um Viva aos meninos e meninas da USP.
Porque?
Pois para mim qualquer um que brigue, lute, imite atos heroicos em favor de qualquer liberdade, de fumar, de beber, de ir e vir, de não ir e não vir, de fumar maconha, qualquer liberdadezinha, miúda que seja, uma joaninha de liberdade, cheia de pintinhas pretas; que seja, é melhor que a proibição de qualquer coisa, miúda também, como a minissaia, que outros universitários boicotaram e quase lincharam aquela que a portava, uma triste garota de torneadas pernas. Haja caretice. Haja burrice. Haja frutarianismo.
É cruel a diferença entre o acontecimento na USP e o da UNIBAN. É constrangedor o que tenho presenciado. É assustador que pessoas menos velhas, que eu, uns “grandes maconheiros das antigas que fumavam para dormir e para acordar, abrir o apetite, excitar, brochar” hoje que alcançaram o falanstério, passam a respaldar a aparatosa, disparatada e policialesca desocupação da Reitoria na madrugada desse triste 8 de novembro de 2011, tudo começado por três maconheiros.
Por isso fiz um Mirepoix, como terapia ocupacional, como a que Torquato receita a sua mamãe.
O mirepoix exige concentração aturada, cuidado e pouco a pouco vou me acalmando, mas neura, sigo pensando, que plano estratégico, digno de Bush, esse da policia paulista, hein! Que capacidade de diálogo! Hein, que Reitor, Governador, Prefeito hein! Rapaz! E vou cortando cebola que o choro me disfarça, o alho que me exige todo presente, cenoura, bacon e vejo que de fato a cozinha é o meu valhacouto, minha fuga alla inglese num: allegro, ma non troppo! Mas...

Eu tenho um beijo preso na garganta\
eu tenho um jeito de quem não se espanta\
braço de ouro vale dez milhões\
eu tenho corações fora do peito...
seja feliz\ seja feliz\ seja feliz...
há varias interpretações de Mamãe Coragem, triste canção sem esperança, uma delas é com Caetano Veloso, não sei se a mais bonita, mas a que mais gosto. Não botei para tocar, eu a canto em si bemol. O que lhe dá mais tristeza e desesperança. Como eu gosto do si bemol.

É uma reação sentimental, imediata, contemporânea dos fatos, ainda que de passagem dê pitadas politicas, pouca. Fico feliz de sentir meu coração batendo e ainda poder me espantar com alguma coisa.
P.S. Eu não fumo maconha, mas não me importo que você fume, nem lhe impeço ou peço, rien!

12 de nov. de 2009

O mini valhacouto da otariedade.





Dois fatos me fizeram recordar o campus da USP da Fazenda Monte Alegre, nos idos do final dos setentas e começo dos oitentas. Um deles foi a micro saia, o outro encontrar na contracapa do Jornal A Cidade um velho conhecido: Júlio Chiavenato. Assim mesmo, paroxítona terminada em ditongo crescente. Vergando o tempo e fazendo-o dobrar sobre o hoje eu flanava pela Universidade e ele de quando em vez aparecia por lá. Ele fazia palestra, naquele tempo sequer se pensava em conferências. Júlio palestrava. Geopolítica, Golbery, Figueiredo, Usina de Itaipu e uma ponte tão rente ao rio que impediria os argentinos de subirem o rio para comercializar com os paraguaios. Tudo caía bem, acho que éramos bolivarianos, marxistas, maoístas e líamos William Reich à luz de velas junto com as meninas (nós éramos meninos) que não usavam minissaia, se mais não, algumas da enfermagem. Aquelas quê usavam saias mais longas, longas horas se expunham em pelo (tanto que havia de pelos) ao sol à beira do lago, onde a cada final de ciclo básico da Medicina um que outro se afogava, não sem antes se afogarem no chope cedido pela Antártica. Outros, contudo afogavam outras coisas e mágoas. A sensualidade sempre fez mais minha cabeça que o erotismo. Há casos que poderíamos usar a palavra pornochanchada. Assim o trash estaria para o suspense, saltando o terror, como pornochanchada em relação ao erótico e este ao sensual. Mas eu vi A Gata Devassa, com a avó Gimenez. Os homens diante do erótico assoviam fiu-fiu, principalmente os pedreiros. Vivemos num pais erotizado, à beira da pornochanchadização. A crônica do Júlio (e que se me permita tal intimidade do em vez de de) é erótica senão que pornográfica. O texto é uma loira de boas medidas e cabelos tingidos, celhas negras, salto Luiz XV e vestidinho tubinho de malha cor-de-rosa subindo e descendo escadarias da Uniban (a malha não a obedece e sob e sob, ela a abaixa – isso se repete e se repete - diante de pedreiros nas partes baixas das escadarias a apedrejar dores. Começa pelo titulo. Otariedades. O Brasil é rico e o brasileiro é otário. Estado. O bando. Depois vem “valhacouto”. Valhacouto é uma espécie de vestido. Maracutaias. Corrupção. Senado. Currais eleitorais. Grotões. Redutos. Níveis. Otários. Sanguessugas. Ignorância. Povo. Votando. Aproveitadores. No sul. Classe média. Sabe das coisas. Não reage. Morrer nas filas dos postos de saúde. Ela como ele fez tudo certinho, tingiu os cabelos, fez as sobrancelhas, pintou os olhos e espichou os cílios, batom e blush, boas medidas, pouco valhacouto e a gente não gostou.