Nos primeiros tempos,
se levantava, fazia a barba, se duchava, se vestia alinhadamente,
pegava a pastinha com seus currículos, enfrentava filas,
despachava currículos pelo correio. Voltava para casa.
Esperava um toque do telefone. Um e-mail. Um torpedo. Sentava-se no sofá
e via televisão. Então começou alternar, dia
sim, dia não ia distribuir currículos. Voltava para
casa e via televisão. Já não ia distribuir
currículos. Foi perdendo a vontade de comer. Foi perdendo a
vontade de se barbear. Ficava em casa. Vestido com seu moletom.
Sentava no sofá. Esquecia de ligar a televisão.
Esquecia de comer. Um dia bateu a sorte à sua porta. O
encontrou morto.