Senhor
meu, El Rey, nesta terra descoberta há uma geografia exuberante aonde floresce calhordas
e falsários nas regiões da Perícia do Sul, nos
Fiscais do Norte, na Auditoria do Leste, e nos Tribunais de Contas do
oeste. Nos vales insondáveis das Corregedorias
setentrionais impera o cactus da cegueira ética.
Por todo o território encontram-se bem distribuídos aleijões morais de mil matizes e cantos. Há
pradarias por onde desabrocham desmandos armados e covardias
gilmarencas, como se fossem cascatas, sempre que faz calor, mas principalmente quando os
rios dos esgotos da petulância exalam seus cheiros e o povo tapa
o nariz.
Covardes e sinhozinhos se banham nos riachos de todas as
veredas. Incompetentes são frutos que nascem em pencas, nas
encostas, nos vales, à beira mar, nas reentrâncias de
manguezais e em rios intermitentes.
Nos picos mediáticos podemos avistar os eternos rufiões
da pátria, imponentes na sua brancura, jamais degelam.
O
mais espantoso, senhor meu El Rey, são os desertos dessa terra, como jamais se viu, aqui estão densamente povoados, com a mais genuína diversidade de
delinquentes, malas-artes, bandidos, facínoras, biltres, bigorrilhas,
birbantes, bisbórrias, borra-botas, cafajestes, canalhas,
mariolas, meliantes, ordinários, pandilhas, patifes,
safardanas, salafrários, sicofantas, súcios, trastes,
tratantes, choldras, cínicos, corjas, crápulas,
desbriados, gentalhas, ignóbeis, indignos, miseráveis,
pulhas, ralés, sacripantas, arruaceiros, baderneiros,
bagunceiros, bochincheiros, briguentos, mazorqueiros, rusguentos,
turbulentos, malandros, bilontras, parranas, rufiões, sornas,
vadios, vagabundos, velhacos, desgraçados, marotos, pícaros,
safados, trampolineiros, ardilosos, caborteiros, embusteiros,
facetas, jingotes, ladinos, maliciosos, manatas, muambeiros,
repassados, sabidos, solertes, tainadores,traficantes, trapaceiros,
treteiros, zainos, gatunos, malandros e desonestos.