Mostrando postagens com marcador Farme de Amoedo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Farme de Amoedo. Mostrar todas as postagens

15 de nov. de 2011

Rio, Rocinha é mistura azeotrópica.



Um dia de Bar Bye conheci uma garota carioca. Na época vivia a famosa, “hoje”, politica do “possível”. Explico. Eram duas garotas. Uma ruiva, ribeirão pretana e sua amiga carioca. A carioca era visita, ulula. A ribeirão pretana era o must. A carioca era gordinha. Ninguém era feio, éramos jovens, para que ninguém se ofenda. Mas havia os bonitos. Me candidatei à ruiva, encantei a carioca, com quem fui ao Rio pela primeira vez. Havia um problema qualquer na família dela que não vem ao caso, mas, ela, muito jovem tinha, só para ela, um Apê na Visconde de Pirajá, duas quadras do Posto 9. Ela tinha com a mãe lojas num Shopping, que não me dei à faina de ir conhecer, pois ela me disse que era chato, o local, e que tinha coisas para resolver, e que eu me “virasse” até nove da noite, quando então chegaria. Era semana anterior ao carnaval de 1982. Semana que saem os blocos: Simpatia quase amor, Banda de Ipanema, Suvaco do Cristo etc. De manhã, sem ser madrugada dava praia, meio da tarde e tarde: blocos, bar Bofetada ( antes que toda a Farme de Amoedo, e particularmente o Bofetada, fosse invadido pelo “mundo sarado mundial”). Posto o clima, o tempo histórico a geografia, conto que:
Num dia vadio, qual havia saído do Apto depois de voierizar pela janela do apartamento do edifício ao lado uma “transa sexual”, fui ao Posto Nove dar um mergulho, com minhas pernas brancas, meus braços e pescoço negros do sol da então capital do café, um calção preto, justo, como os dos jogadores da Seleção de Tele Santana, lembram como eram “curtinhos” os shorts, fiz amizade: primeiro com um cara que vendia camarãozinho no espeto e gritava: é da maínha! ( em 2005 soube de sua morte), depois fiz amizade com três “coroas” eu tinha 23 Elza 30, Ana 35 e Adalgisa 45 tudo mais ou menos, mulher só com C 14, eram funcionárias públicas em Brasília, usufruindo do recesso parlamentar e cariocas da gema. Saímos do posto Nove para o Bofetada.
- Oh paulista! Temos que ir antes que o Bofetada não tenha mais lugar. Diziam. No bofetada ocupamos uma mesa de calçada. A calçada ali na Farme é larga, a mesa se estendeu, na maioria novos conhecidos, até a sarjeta, e cantávamos... “ Bum Bum Paticumbum prugurundum....”
Quando a Cris chegou, primeiro sentou na minha perna, mas logo encontrou-se uma cadeira e a festa continuava, eu adiei alguma conquista, pode ser, um utensilio qualquer, mas a praia era toda minha, pensava.
Um garoto. Filho de Bidin. Filho do Bidin. Du Bidin. Dez anos! Pode ser! Se aconchegou à Cris. Ela o acarinhou. Deu inclusive ordens e me apresentou. Ele definitivamente não gostou de mim. Depois veio seu pai e outros habitantes de algum morro que não me recorda. Tudo foi tratado, algo me inteirei, não por inteiro, por suposto, fomos quase toda a mesa para o apartamento da Cris. Eu queria voltar para o Bofetada, pois já não era centro de nada, e via minha praia, gordinha, a dar narizadas. Era muito neura, e o mais importante era a racionalidade, ainda que neurótica, e com o pó perdia esses pressupostos, ou melhor dito, todos os pressupostos que eram: Cris, o posto Nove de manhã, o Bofetada a tarde e o carnaval. Mas descobri que era bacana também quando esnifava, tinha conteúdo e um humor cítrico. Passado o medo de perder minha praia e descemos novamente ao Bofetada, Du Bidin me recebeu com pedras na mão. Pagou-se chopes ao povo do pó e mais alguma coisa devida... No dia seguinte no posto Nove, nos pusemos todos ao lado de onde havia hasteada uma bandeira do PT, comprei uma estrelinha para o meu calção curto, bebemos e tomamos sol, minhas pernas estavam vermelhas e conheci Bidin o pai. Du Bidin e eu construímos um castelo de areia, que ele chutou para acompanhar seu pai que ia de mãos dadas com Cris. Mais tarde aceitei o convite de Elza de me mudar até quarta-feira de cinzas para Copacabana. Elza e eu compramos na manhã seguinte, no mesmo Posto 9 uma fantasia, amarelo canário, da São Clemente, então escola da segunda divisão, que usei na madrugada na Marquês de Sapucaí e Bidin apareceu para municiar o pessoal e a Cris me perguntou para que eu havia deixado Ipanema. É o Rio onde o bem e o mal se resolvem e se complicam nas areias da zona Sul, no mesmo ponto de ebulição.