Fechou o bar do
pernambucano Mané. Meu bar. A verdade é que me sinto
desamparado, é mesmo uma sensação de desamparo.
Me sinto um Homer, se o Moe fechar. Um ET apontando com o dedo para
onde estava o bar – agora um açougue gourmet, pode? - e
exclamo 'meu bar, meu bar' com voz lastimosa. Lembro de quando
começou a lei antitabagista, e Mané, que fumava, me
perguntou, eu que fumava, o que dizer àqueles, digamos manés, que queriam um cartaz de proibido fumar, eu disse que
fizesse um aonde constasse o nome dos merdas metidos a bestas
bonfinenses que morreram antes por pura sovinice e ignorância e não fumavam e
fui dando nome aos bois. Não seria nem louco de botar o nome de algum aqui, ainda que saiba dos herdeiros analfabetos, mas tem sempre os puxa-sacos que leem para os patrões, escrevem para os patrões, vigiam pelos patrões, chacoalham para seus amos... Então para não correr risco de morte, ficaria assim transportando da ideia
paroquiana inicial: Hitler não fumava, Médici não
fumava, Geisel não fumava, mas a cobra fumou. Vou parando por
aqui que comecei a misturar nostalgia com horror.