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28 de dez. de 2015

Cinismo e Impotência.




Acredito que do pessimismo não brota nada transformador. Não sou de acreditar em profetas nervosos ou líderes providenciais. Acho que coincido com aquele verso de Caetano Veloso, “quem foi ateu e viu milagres como eu..” . E também porque desconfio das lideranças míticas, que em todo caso as escolas de negócios de certo modo conseguiram popularizar. Tudo junto, tenho cá comigo, mais que isso, estou convencido que ao 'progressismo' lhe restam uns quatro dias, e olha que mal acabava de nascer nessa terra do mais puro sentimento mazombo. Diria à boa gente que não convém perder tempo e tentar outras providências.

Politicamente, nossas decisões pessoais e o impacto que elas têm na dimensão grupal, estão ameaçadas pela impotência e o cinismo. O primeiro advém da constatação que quase nada do que fazemos modifica substancialmente a dimensão coletiva ( já que não escapamos do mundo) que vivemos. E como nada acontece como queremos ( a política nos decepciona, as ilusões não coalham e o esforço não traz resultados...) corremos o risco de buscar compensação, indexados pelo cinismo, o máximo de beneficio pessoal. Já vivi em outros países, e a coisa vai mais ou menos pelo mesmo caminho, com mais ou menos intensidade, nos encontramos ciclicamente cercados por essas duas ameaças. Talvez, tal fato tenha a ver com a nossa história, termos desaproveitado oportunidades. A pergunta é: que faremos? Penso que devemos reflexionar sobre o quê estamos fazendo, cada um de nós... O risco que corremos é acabar nos regendo pela desconfiança doentia na coletividade e esquecermos que o quê realmente conta é o esforço cotidiano e a coerência das nossas ações. A outra alternativa é perder tempo e ilusões discutindo seraficamente sobre quem é mais puro e como será o futuro, quando já estivermos mortos.

8 de nov. de 2011

Receita de Mirepoix contra a caretice fossilizada de nossos dias. Incidentes na USP.




Numa canção longínqua Caetano Veloso cantava de Torquato Neto: Mamãe Coragem, e uma parte dizia assim:
… pegue uns panos pra lavar leia um romance\
leia Elzira Morta Virgem , O Grande Industrial...


este de George Ohnet, sem mais aquele romance de Pedro R. Viana de 1928.
Informações dadas, clima estabelecido: começo.


Não creio que um indivíduo por nada que seja, possa ser nominado e ou adjetivado com um mero único adjetivo ou substantivo por belo que seja. Por tanto, eu, antes de sair bradando um adjetivo que englobe muita gente e os reduz a ele, eu penso duas vezes. Acontece que a coisa anda feia. Resolvi fazer um Mirepoix, pois já começava a chamar de fariseus aqueles que dizem: bando disso, bando daquilo, bando de maconheiro à molecada da USP.
O que entendo por fariseu?
Suponho que todos fomos criados a partir do barro – não se alegre é mera suposição – com o passar do tempo tudo vai enrijecendo, mas resta em nós uma parte ainda branda, que poderá nos salvar, é o barro primevo, cerebral, que dada suas blandicias se deixa, permite, enfim é possível moldá-lo, dar-lhe novas formas, profundidades, sonidos, cores e conteúdos. No fariseu, ora, no fariseu o barro secou, completamente, virou tijolo, arredondado, e com tijolo arredondado não se constrói nem iglu.
Para tanto eu brado: Um Viva aos meninos e meninas da USP.
Porque?
Pois para mim qualquer um que brigue, lute, imite atos heroicos em favor de qualquer liberdade, de fumar, de beber, de ir e vir, de não ir e não vir, de fumar maconha, qualquer liberdadezinha, miúda que seja, uma joaninha de liberdade, cheia de pintinhas pretas; que seja, é melhor que a proibição de qualquer coisa, miúda também, como a minissaia, que outros universitários boicotaram e quase lincharam aquela que a portava, uma triste garota de torneadas pernas. Haja caretice. Haja burrice. Haja frutarianismo.
É cruel a diferença entre o acontecimento na USP e o da UNIBAN. É constrangedor o que tenho presenciado. É assustador que pessoas menos velhas, que eu, uns “grandes maconheiros das antigas que fumavam para dormir e para acordar, abrir o apetite, excitar, brochar” hoje que alcançaram o falanstério, passam a respaldar a aparatosa, disparatada e policialesca desocupação da Reitoria na madrugada desse triste 8 de novembro de 2011, tudo começado por três maconheiros.
Por isso fiz um Mirepoix, como terapia ocupacional, como a que Torquato receita a sua mamãe.
O mirepoix exige concentração aturada, cuidado e pouco a pouco vou me acalmando, mas neura, sigo pensando, que plano estratégico, digno de Bush, esse da policia paulista, hein! Que capacidade de diálogo! Hein, que Reitor, Governador, Prefeito hein! Rapaz! E vou cortando cebola que o choro me disfarça, o alho que me exige todo presente, cenoura, bacon e vejo que de fato a cozinha é o meu valhacouto, minha fuga alla inglese num: allegro, ma non troppo! Mas...

Eu tenho um beijo preso na garganta\
eu tenho um jeito de quem não se espanta\
braço de ouro vale dez milhões\
eu tenho corações fora do peito...
seja feliz\ seja feliz\ seja feliz...
há varias interpretações de Mamãe Coragem, triste canção sem esperança, uma delas é com Caetano Veloso, não sei se a mais bonita, mas a que mais gosto. Não botei para tocar, eu a canto em si bemol. O que lhe dá mais tristeza e desesperança. Como eu gosto do si bemol.

É uma reação sentimental, imediata, contemporânea dos fatos, ainda que de passagem dê pitadas politicas, pouca. Fico feliz de sentir meu coração batendo e ainda poder me espantar com alguma coisa.
P.S. Eu não fumo maconha, mas não me importo que você fume, nem lhe impeço ou peço, rien!