Areia movediça.
Havia um tipo de
cinema em que o que se reservava aos malvados, que me amedrontava,
era a armadilha movediça. Invisível. Quando o mocinho estava em
perigo, sorrateiramente aparecia uma areia, e tremia na poltrona,
por vezes nosso herói se safava com algum truque, um galho, mas o
malvado não tinha salvação, morte terrível. Lenta e cruel.
Agônica. É a prova de existência da potência posta em ação, a
impotência, quanto mais se movia, mais a desapiedada natureza o
engolia, voraz. Do infeliz sendo chupado, com calma pela areia, nada
mais que ver suas mãos se despedindo.
Era recorrente, até
um ajudante de Lawrence da Arábia foi vitimado.
Mais tarde, descobri
que o corpo humano é menos denso que a areia, e que no deserto é
ainda menos provável acontecer tal solapamento. Alívio e descanso
aos meus pesadelos, então viver sem este sofrimento.
No entanto, os
candidatos ao Planalto continuam a afundar na areia movediça da
política, e Tarzan ou Peter O'Toole, nada poderá fazer com seus
olhos tristes, ou seu lenço palestino, porque o reino da realpolitik
é mais desapiedado!
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