12 de set. de 2014

Areia Movediça.

Areia movediça.


Havia um tipo de cinema em que o que se reservava aos malvados, que me amedrontava, era a armadilha movediça. Invisível. Quando o mocinho estava em perigo, sorrateiramente aparecia uma areia, e tremia na poltrona, por vezes nosso herói se safava com algum truque, um galho, mas o malvado não tinha salvação, morte terrível. Lenta e cruel. Agônica. É a prova de existência da potência posta em ação, a impotência, quanto mais se movia, mais a desapiedada natureza o engolia, voraz. Do infeliz sendo chupado, com calma pela areia, nada mais que ver suas mãos se despedindo.
Era recorrente, até um ajudante de Lawrence da Arábia foi vitimado.
Mais tarde, descobri que o corpo humano é menos denso que a areia, e que no deserto é ainda menos provável acontecer tal solapamento. Alívio e descanso aos meus pesadelos, então viver sem este sofrimento.
No entanto, os candidatos ao Planalto continuam a afundar na areia movediça da política, e Tarzan ou Peter O'Toole, nada poderá fazer com seus olhos tristes, ou seu lenço palestino, porque o reino da realpolitik é mais desapiedado!



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