Redação. O homo
sapiens.
Uruk |
Ut- napishti |
Há 200 mil anos
surgia o homo sapiens, como a espécie mais sanguinolenta, o homo
sapiens, que triunfou e aniquilou outras espécies de homos, e também
de animais, e em algumas destas aniquilações, o homo sapiens
contribuiu efetivamente como o maior serial killer da história, tudo
isso enquanto produzia a revolução cognitiva, com a criação da
linguagem e da linguagem ficcional. Foi então que o homo sapiens se
tornou independente da biologia. É isso que diferencia o homo
sapiens dos outros animais, sua independência das ordens biológicas.
No neolítico,
passou de uma sociedade de caçadores e coletores nômades, àquela
de agricultores e pastores sedentários, isso há uns dez mil anos.
Este momento do
progresso humano foi complementado pela aparição de organizações
complexas, com um ordenamento da produção e da distribuição dos
bens então acrescentados, o que levou a uma inevitável
hierarquização dos grupos, de modo que as classes superiores (reis,
sacerdotes, administradores, grandes proprietários) tenderam à
discriminação e opressão das massas de trabalhadores e o
predomínio do homem sobre a mulher, que sucessivas ideologias têm
tratado de legitimar como '' a ordem natural das coisas'', que nem é
ordem e tampouco natural, mas sim só mais uma forma de domínio
histórico dos grupos mais poderosos sobre os mais frágeis.
Neste ponto chegamos
à primeira globalização, os grandes impérios mundiais. O
português, o espanhol e o britânico. Sua base é a ambição, o
dinheiro, dissimulada sob “ O fardo do homem branco” ( Poema de
Rudyard Kipling) de evangelizar, civilizar e contemporaneamente o de
democratizar outros povos. A religião tem papel, ou as religiões
exercem um grande papel, sejam monoteístas ou politeístas.
Matar, parece-me,
ser a grande maestria da espécie.
Com um ou muitos
deuses, ou nenhuns.
Gilgamesh segura um leão |
Roma, em três
séculos, mandou muitos cristãos aos leões, mas menos dos que os
próprios cristãos que os milhares huguenotes enviados à morte no
dia de São Bartolomeu, em 24 horas, que é celebrado por magnatas
católicos e se inclui o Papa de Roma, por serem supostamente
caritativos.
O Homo sapiens
desenvolveu-se cientificamente em busca da imortalidade. A
imortalidade noticiada é buscada desde Gilgamesh, rei de Uruk, que
havia visto tudo até os confins do mundo. Leia com atenção, pois é
aqui que começa a busca pela imortalidade...
noite de são Bartolomeu- Paris |
Um touro
desenfreado, que nunca deixava em paz as moças, as filhas dos
soldados, as mulheres dos homens. A paz das mulheres de Uruk só foi
possível, graças a criação pela sua mãe Aruru de um monstro, a
que chamou Enkidu, e que depois de bater muito em Gilgamesh, o
acalmou. Gilgamesh e Enkidu foram grandes e inseparáveis amigos,
até o dia em que Enkidu morre, e incrédulo Gilgamesh permanece em
vigília, esperando que despertasse, mas tudo que vê é um verme a
sair pelo nariz. “Sete dias e sete noites, como um verme jazia de
cara para o chão e não recobrou sua saúde, então corri pela
planície como um caçador” cantou em seu poema, Gilgamesh,
Gilgamesh que havia junto com Enkidu, a tudo vencido, estava então
decidido a vencer a morte. Foi então que se lembrou, ele que em toda
parte havia estado, havia estado além das “águas da morte”,
onde vive Ut-napishti, o imortal. Depois de várias portarias, com
guardiãs de olhares mortais, encontrou num vale de beleza
indescritível o barqueiro de Ut-napishti. Vale lembrar que uma
gota daquelas águas significava a destruição.
Gilgamesh por fim
encontra-se a Ut-napishti, e lhe pergunta pelo segredo da vida
eterna, fica decepcionado pelo que ouve: numa época remota, os
deuses decidiram destruir a humanidade, com uma inundação, e ele e
sua esposa foram os únicos a quem permitiu-se sobreviver. Advertido
pelos deuses, o casal construiu uma gigantesca barca e nela reunirão
um casal de animais de cada espécie. Depois do dilúvio de seis
dias, Ut-napishti abriu a janela do barco e descobriu que estava
encalhado numa ilha. O trabalho era imenso, repovoar a terra, por
isso foi recompensado pelos deuses com a imortalidade, mas que jamais
tal ação se repetiria. Gilgamesh fica desolado. No entanto
Ut-napishti, querendo recompensar Gilgamesh por sua busca, diz ao
gigante que no fundo do oceano, do oceano mais profundo da terra,
cresce uma planta que devolve a juventude. Gilgamesh não perde mais
tempo. A procura. Encontra. E no caminho de volta a Uruk um serpente
lhe rouba a planta. Desolado, volta para casa para esperar pelo tempo
que os deuses ainda lhe permitiam.
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