Vale-tudo.
Valor,
é
o
que vale, e
o que vale
tem valor. Curiosamente, se dizemos: vale-tudo, não é porque tudo
tem valor, ou que haja abundância de valor, é justamente o seu
contrário. No
âmbito pessoal é um troço melindroso, é quando nos pomos sérios,
e haja valor próprio, porque os valores são bens prezáveis e como
tal hão de ser limitados e aceitáveis comumente, é um princípio
da regra do jogo.
Outro complicador
dos valores é a temporalidade. A ação do tempo. E com isso os
valores supõem tradição, postura... pose em palavra mais chula.
Ao longo do tempo, pessoas de determinada comunidade ou hábitos
culturais, confeccionam uma escala daquilo que os parece valioso.
Neste sentido, o valioso que deveria ser levado em conta para se ter
uma sociedade humana que funcionasse, é que não suponha surpresas
súbitas, rupturas traumáticas com a moral e a ética.
Entretanto o
tempo, senhor implacável, tem ritmo acelerado, e as novas gerações
junto com as velhas, que querem se modernizar, provocam
questionamentos, criam novos valores ou contravalores frente aos que
pareciam imutáveis.
Não sei dizer
quais são os meus valores ou os valores da sociedade mais próxima
de mim. Há uma mistura de concretude com abstração, multiplicados
por variáveis circunstanciais, e vejo filósofos honrados jogando o
balde no fundo do poço e só sair água barrenta. Família, povo,
trabalho, vida e seus subgrupos e grupos dos subgrupos tudo dentro do
chapéu que o prestidigitador remexe, para sair uma pomba branca, ou
o que ele quiser, e que sabemos que não é, mas aplaudimos. Estamos
mais interessados na refutação da pomba, que no truque, e
divagamos enfáticos.
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