23 de set. de 2014

Gosto?

Gosto?


Dizem que gosto não se discute. Tomemos a arte, qualquer de suas manifestações, é sempre o resultado de um processo cultural e que para apreciá-la, compreendê-la, plenamente – sentidos e mentalmente – eis-nos treinando, aprendendo.

A pergunta é: e a contemplação – inocente – pode ser satisfatória? Pergunto: Livre de influência externa? E acrescento: É possível algo ou alguém livre de influência externa? Penso que mesmo a contemplação ''inocente'' se faz com a cumplicidade do conhecimento, sem o qual não se pode discriminar, matizar em plenitude. Não importa que seja pintura, fotografia, literatura ou gastronomia, não temos bastante com a nossa percepção, estamos a perseguir, quase sempre, o olhar o ponto de vista do outro, uma explicação, uma confirmação, uma ampliação, uma melhor compreensão do que vimos ou sentimos diretamente. O outro, ou seu ''olhar'', sua cumplicidade, pode inclusivamente, piorar o que havíamos sentido, pensado... Para Kant o gosto é uma lapidação.

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