Gosto?
Dizem
que gosto não se discute. Tomemos a arte, qualquer de suas
manifestações, é sempre o resultado de um processo cultural e que
para apreciá-la, compreendê-la, plenamente – sentidos e
mentalmente – eis-nos treinando, aprendendo.
A
pergunta é: e a contemplação – inocente – pode ser
satisfatória?
Pergunto: Livre de influência externa?
E acrescento: É possível algo ou alguém livre de influência
externa?
Penso que mesmo a contemplação
''inocente'' se faz com a cumplicidade do conhecimento, sem o qual
não se pode discriminar, matizar em plenitude. Não importa que seja
pintura, fotografia, literatura ou gastronomia, não temos bastante
com a nossa percepção, estamos a perseguir, quase sempre, o olhar o
ponto de vista do outro, uma explicação, uma confirmação, uma
ampliação, uma melhor compreensão do que vimos ou sentimos
diretamente. O outro, ou seu ''olhar'', sua cumplicidade, pode
inclusivamente, piorar o que havíamos sentido, pensado... Para
Kant o gosto é uma lapidação.
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