7 de set. de 2014

Alho-poró!

Por um maracanã de motivos, penso que deveríamos encontrar nos bairros todo tipo de mercadorias. Um desses motivos é o de não ter que tirar o carro da garagem e sair passeando num domingo pela manhã pelas ruas como seu quintal estendido, conversar com os conhecidos da vida inteira, e outros motivos que não estão na minha cesta básica de motivos, e que no entanto r ainda que não os defenda, os gosto. Como a poluição, o meio ambiente, a geração de empregos perto de casa – que é sempre maior nos pequenos mercados, que nos hiper-super da vida – os congestionamentos etc. Pena, não é o que acontece. Hoje fui às quitandas e mercados bonfinenses e não encontrei alho-poró. No entanto, não fiquei triste, porque encontrei uma forma de discriminar,-  no sentido de elencar -  e vindicar a ignorância. Os quitandeiros, em geral, são singelos, mas como em toda parte, os há de ignorantes. A ignorância singela é aquela que só não sabe. A senhora tem alho-poró? Desculpe-me senhor, mas não sei o que é isso! Mas há outros tipos de ignorância. A senhora tem alho-poró? A gente não trabalha com isso! Ou, a senhora tem alho-poró? O povo daqui é ignorante, nem sabe o que é isso! Ou, a senhora tem alho-poró? Não tem gosto nenhum, não serve para nada, melhor você usar cebolinha, dá mais sabor! Ou esta que não esperava, a senhora tem alho-poró? Esta fez aquela cara de carioca a olhar para um paulista com marcas de manga de camisa no braço branco. Tem certeza que é hortifruti? Tenho! Mas penso que foi noutro planeta que vi! Pode ser, porque eu trabalho no ramo a vinte anos e nunca ouvi falar! Nem creme de leite fresco? Por quê? Existe diferença? E cogumelos frescos? Só no pasto, vai fazer chá?
O maluco é que é possível encontrar chips para fazer drones, e não consigo um quiche de alho-poró como deus manda, sem haver de conduzir por 12 quilômetros de ida!

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