Por um maracanã de
motivos, penso que deveríamos encontrar nos bairros todo tipo de
mercadorias. Um desses motivos é o de não ter que tirar o carro da
garagem e sair passeando num domingo pela manhã pelas ruas como seu
quintal estendido, conversar com os conhecidos da vida inteira, e
outros motivos que não estão na minha cesta básica de motivos, e
que no entanto r ainda que não os defenda, os gosto. Como a
poluição, o meio ambiente, a geração de empregos perto de casa –
que é sempre maior nos pequenos mercados, que nos hiper-super da
vida – os congestionamentos etc. Pena, não é o que acontece. Hoje
fui às quitandas e mercados bonfinenses e não encontrei alho-poró. No entanto, não fiquei
triste, porque encontrei uma forma de discriminar,- no sentido de elencar - e vindicar a
ignorância. Os quitandeiros, em geral, são singelos, mas como em
toda parte, os há de ignorantes. A ignorância singela é aquela que
só não sabe. A senhora tem alho-poró?
Desculpe-me senhor, mas não sei o que é isso! Mas há outros tipos
de ignorância. A senhora tem alho-poró?
A gente não trabalha com isso! Ou, a senhora tem alho-poró? O
povo daqui é ignorante, nem sabe o que é isso! Ou, a senhora tem
alho-poró? Não
tem gosto nenhum, não serve para nada, melhor você usar cebolinha,
dá mais sabor! Ou esta que não esperava, a senhora tem alho-poró?
Esta fez aquela cara de
carioca a olhar para um paulista com marcas de manga de camisa no
braço branco. Tem certeza que é hortifruti?
Tenho! Mas penso que foi
noutro planeta que vi! Pode ser, porque eu trabalho no ramo a vinte
anos e nunca ouvi falar! Nem creme de leite fresco?
Por quê?
Existe diferença?
E cogumelos frescos? Só
no pasto, vai fazer chá?
O maluco é que é
possível encontrar chips para fazer drones, e não consigo um quiche de alho-poró como deus manda, sem haver de conduzir por 12
quilômetros de ida!
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