15 de nov. de 2015

A Magnitude da Tragédia.

Magnitude da Tragédia.

O problema não está em discutir tragédias e suas magnitudes, está em discuti-la, narcisicamente, como se tratasse do tamanho do pau, dos seios, das bundas.
Ah! Eu não discuto isso! Todas são vítimas de mesmo quilate. Sim, evidente que sim. Óbvio que sim.
Esse papo que não se discute religião, política é o reducionismo necessário e suficiente para uma tragédia. O povo alemão não discutiu a ascensão de Hitler. O homem bomba não tolera discutir religião, eis a tragédia. O mercado e o tudo que se faz para baratear o preço do produto, também não se discute, é coisa de comunista, dizemque.
A metáfora que insiste em pertencer a este texto, é a discussão da relação, se não se discute, o rompimento ulula na sala de estar.
A Democracia está em discussão, queira ou não, está. Está posta à prova a transparência. As minorias sejam quais forem, como está a Democracia, não são contempladas. A maioria como instituição intransigente, não serve a outro senhor que não o esgarçamento das relações. Por outro lado, a vontade de poder se generalizou se espraiou, todos querendo “poder tudo”  sem geografias, sem alfândegas.  
Ao discutir política contemplamos a economia, o mercado por extensão e todos seu afazeres, melhoramos nossa comida, nossa habitação, nossa vida material e espiritual. Não permitindo tarifas, impostos, 4G que é 2G, e assim por diante. A construção de obras fora das especificações, fora de lugar, que desrespeitam a tudo, inclusive os peixes.
Enfim, vou pegar meu fusca, comprar umas cevas, e nisso está envolvido o Oriente Médio, a Petrobras e sua lava jato, a VW e suas falcatruas, e eu, soltando gases… será que vai parar de chover?

13 de nov. de 2015

Os estúpidos.

Tem um livrinho de Carlo Cipolla, sociólogo italiano, que se chama Allegro ma non troppo. Aonde ele conta a história da pimenta do reino. Na outra parte ele defende uma tese aonde os estúpidos e três outros tipos humanos estão democraticamente distribuídos pelo planeta. Por exemplo, ele diz que há 25% de estúpidos distribuídos desta forma (25%) em qualquer grupamento humano, seja, entre os europeus há  25% de estúpidos, entre os médicos europeus, químicos ou pedreiros, os mesmos 25%. Entre os brazucas, 25% deles são estúpidos, seja, entre políticos, 25%, entre estudantes, 25%, assim por diante. Mas não pense que os outros tipos são melhores, há o malvado, o crédulo e se não me falha a memória, os imbecis. A diferença fundamental é a de que os imbecis só causam danos a si mesmos, enquanto o estúpido fode tudo que o rodeia! ris.

12 de nov. de 2015

Diálogos de Google. A Migalha.

Diálogos de Google. A Migalha.
Meu jovem, intervinha o mestre: 我既不知道. Sim disse o discípulo entendo o que dizes mas desta forma لم أكن أعرف. Claro se partirmos do pressuposto que a cultura bielorrussa pensa, diriaНе знаех, entretanto meu jovem, contemple os armênios Ես չգիտեի. Perdoa-me Mestre, mas знаех não é bielorrusso e sim húngaro. Você é quem diz, lembre-se do Σπήλαιο μύθος? Ich habe gelesen, lieber Meister, e o fiz em Euskaraz. Sim, mas a melhor traição foi cometida pelos Notícias Populares. Ah! Meu caro mestre também gostava do odol gushino! Foi um período que chamei pré menopausa.. Εμμηνόπαυση; Ναι!

11 de nov. de 2015

Como dizia Stephen Dedalus, se não nos entendemos nesse assunto, melhor mudar


Como dizia Stephen Dedalus, se não nos entendemos nesse assunto, melhor mudar

A linguagem é arbitrariedade pura. Depois que o canibalismo sucumbiu, a discussão começou a ficar mais tranquila, nem tanto, podiam te matar, mas não te comiam. É neste momento que começa a arbitrariedade da linguagem e todas as demais, que por vezes as lustramos como hipocrisia, que é coisa de cínicos, estes sim hipócritas. Sempre fomos assim, teimosos, e nos primórdios ainda mais, posto que sequer tínhamos argumentos, conceitos, profetas, estes vieram depois, quando a linguagem se padronizou em grupos, fugindo à arbitrariedade, havia quem chamasse mesa de tisch e tisch de table e table de taula e taula de tavolo e tavolo que era table e table era também table, mas o a desse table não era a era ei, seja teibou! Sem argumentos, a coisa se resumia a berros: MESA! TABLE! TISCH! E foram se formando os grupos que chamavam as coisas pelo mesmo nome e usavam os mesmos verbos, enfim... Hoje a coisa vai mais ou menos pelo mesmo caminho, só que no plano dos conceitos. Há grupos que pensam que ser humanista é uma grande merda, e outros que isso venha a ser o supras sumo de humanidade. Num dado momento haveremos de nos apartar, como fizeram as linguagens. Como dizia Stephen Dedalus, se não nos entendemos nesse assunto, melhor mudar de assunto.
O cultural, e o politico por extensão, consiste em habitar arbitrariamente a natureza e isto deve ser feito porque não há maneira de ser natural e ser ao mesmo tempo humano.

Sente-se num banco, destes de corredor de shopping center, aonde há um transito infernal de pessoas, e contemple como cada um carrega sua personalidade. Cada um tem o estilo artístico de carregar com criatividade e verosimilitude a arbitrariedade que lhe é própria.   

Trabalho x Diversão.

Trabalho x Diversão.

"Il faut travailler, sinon par goût, au moins par désespoir, puisque, tout bien vérifié, travailler est moins ennuyeux que s'amuser." (Baudelaire)

Estava o seu Aristides Spatafiori cavando na sua horta, no que passava pelo caminho o famoso gourmet Renato Anfrade, que ao vê-lo levantar a enxada com força e com vontade, pediu por favor, que parasse de fazer trabalho tão duro à sua frente, que só de o ver, tenho que parar de arquejar.
Aristides se levantou, tirou o chapéu, limpou o suor da fronte com a outra manga de camisa, e o saudou com chapéu em mãos.
  • Porra, que é que te faz trabalhar dessa maneira, Aristides?
  • Acho, responde Aristides, que se tem que fazer muitos mais esforços para se divertir, que trabalhar.
Anfrade fez um sinal de desprezo com a cabeça ou com a mão, não me lembra, e se foi perplexo. 

9 de nov. de 2015

Schopenhauer.

Schopenhauer.

Pegava de sua bengala e saia a passear, não sem antes rezar seu mantra: Seja tolerante, seja tolerante, é seu maldito dever!  Não via nas pessoas mais que bichos fabricados em série. Sem chance de recall. Começou a ser filósofo quando deveria estar, como todos os jovens alemães, lutando contra Napoleão, e começou sua queda-de-braço com o Princípio da razão Suficiente. As vezes se enfezava com seu cachorro Atman. Gritava: Humano, mais que Humano!. Não tinha amigos e a explicação que se dava, era uma razão suficiente: “Ninguém é digno de mim”.
Certa feita foi a Dresden visitar uma estufa, ficou abalado com a beleza das plantas. Seu sentimento não passou despercebido ao lavrador, que se aproxima e pergunta quem era ele. Schopenhauer disse: Quem sou eu? Ah, se você pudesse me dizer quem sou eu, ficaria eternamente grato! 

Acho que...

Acho que...
Paguei a melancia e a quitandeira me pergunta o que penso, quer dizer, acho. Desde minha inocência real, não fingida, e sem ter que me valer de algum  verso de Drummond, e por sorte sua deselegância sincera, antes que eu dissesse: penso, quer dizer, acho que, ela dizia o que achava, na verdade, mal começou a achar, e dois outros consumidores de tomates “de vez”, cortaram seu achismo, como duas lâminas de guilhotina, uma faz tchan, e a outra tchum e  tcham tcham… com todos os decibéis, como se não tivessem argumento, gritavam… fui me retirando, me retirando e me retirei, olhando a quitandeira como quem olha um jiló maduro, ela olhou dizendo que sabia o que achava, mas não sabia que achasse aquilo dela… 

8 de nov. de 2015

Vomitar ou Comer?

Será que a crise político-moral nos propõe um dever moral ao qual é impossível dar resposta? Nossos princípios morais proclamados não estarão muito acima do que podemos pedir honestamente à política? Podemos medir nossa moralidade pela intensidade de nossa indignação? Ou a vergonha se converteu numa propaganda para vender jornais, revistas e telejornais?
Então, há quem, muito brabo, assegura nas redes sociais que sente vergonha de ser brasileiro. Mas, tem algum mérito se rebelar moralmente contra este Brasil tão eticamente vulnerável que, inclusivamente, poderia naufragar no seu próprio irracionalismo sentimental? O Brasil há muito deixou de ser um Império, mas parece que agora se aferra no Império da lei e da ética, montanha mais alta que jamais estivemos.

A indignação moral pode ser uma forma de pornografia emocional, porque é um triunfo das vísceras sobre a inteligência, do vômito sobre o apetite... mas vende.  

7 de nov. de 2015

Bomfim.

Cido Galvão ama as gentes de Bonfim, como  gostaria que nos amasse deus, nos deixando livres, mas nos cuidando, se acaso uma pedra no caminho, nos poupando tropeços. Quase como os amaria, se acaso fosse deus.
Em Bonfim vivem homens e rapotos ( sobre o que venham a ser  estes seres  há controversas versões, sem qualquer coincidência), há também gambás que se fingem de mortos para.comer os ovos às galinhas ( bruta construção) e eu, quando estou de visitas. E numa dessas visitas, me contaram que no ano passado,  um russo se perdeu em Bonfim. Dizem que desceu do carro para fotografar alguma coisa e já não voltou. Sua mulher, mais luminosa que a árvore de natal do Shopping ( meu deus! Como são luminosas as russas!Aonde encontram os russos, mulheres tão belas?) começou a chorar, enquanto todos os Cachaceiros a rodeavam tentando acalmá-la. Um policial aposentado, cujo pai havia lhe deixado de herança um cachorro, um fusca e uma casa com chaminé, foi procurar o russo, e o encontrou chupando cana não longe dali. Quando voltou com o russo, percebeu que todos os homens haviam desaparecido… com a russa. Enquanto o policial aposentado procurava a russa e os homens, o russo tratava de encher os pneus, que os moleques - marrons como chocolate de tão sujos  -  haviam esvaziado, colocando palitos de fósforo nos bicos dos pneus. Quando um pai tem a sorte de ter um filho assim de sujo o chama de “meu pequeno João de barro “. Em Bonfim não há russas, há sim umas quantas mulheres mal encaradas, que desde sempre as chamam fofoqueiras, que quando brigam entre si se ofendem chamando uma a outra de fofoqueira. Bonfim é cortada pelo ribeirão Preto. Que é um riacho que traz muitas ideias que o povo de Cravinhos joga na água. No entanto, nenhuma dessas ideias se adaptam à latitude e clima de Bonfim, muito provavelmente porque quando alcançam Bonfim ou já estão mortas ou se desmancharam. Os vizinhos do ribeirão, sim que podem sentir seus cheiros e, por vezes, no silêncio da noite ouvem suas barrigadas. Certa vez um desses vizinhos do riacho, descobriu pegadas no barro das margens, eram de alguém que foi beber água na fonte central da praça, aonde o russo se perdeu. Dizem que naquela época o chafariz da fonte no meio da praça eram dois seios de mulher, e que esguichavam jatos de água. É possível que aquele que bebeu água da fonte e deixou pegadas na lama da margem do rego, tenha acariciado os seios do chafariz. Dizem que os curiosos seguiam as pegadas de barro do chafariz ao rio a cada ano na mesma data. Há quem diga que fosse um vampiro aquático, ainda que estivessem longe da Transilvânia. Vivia no córrego, mas a água deste não era suficiente para aplacar sua sede, quando a água do riacho era potável. Hoje só transporta lixo, que os bonfinenses também lhe dedicam. As vezes os bonfinenses e os cravinhenses vão ao Mercadão Municipal, em Ribeirão Preto, para apontar seus sapatos velhos, gostam de apontar com os dedos desde a margem com palmeiras imperiais: a lá meu sapato velho, já chegou aqui” e dão grandes gargalhadas, que fazem voar pequenos pedaços de massa quebradiça de pastel.
Devo acrescentar, que nos bares de Bonfim, os violeiros costumam cantar todo o repertório de José Rico e Milionário, no começo da tarde tocam para os cachorros vira-latas que se aquecem ao sol, e para mim  até essas horas, que ouço, sem os querer, mas não vejo, sinceramente, nada melhor para fazer.

6 de nov. de 2015

Um encômio, são rapaces!

Todo mundo sabe que Aristófanes, o Gramático, que sentia grande amor por uma florista, vendia coroas, tinha como rival um elefante. Segundo Plutarco, isso era fato e que todo mundo falava. Plutarco também conta de uma serpente tremendamente apaixonada por uma moça da Etólia. No entanto, a lenda de que uma águia se enamorou de uma donzela, nem os mais crédulos dão ouvido. O fato da águia ter sido escolhida para torturar Prometeu no Cáucaso, que entre os deuses era um dos maiores amigos da humanidade, dá pra se ter uma ideia do  ódio que ela sente  pelos humanos. Sendo este um grande vício, têm as águias algo digno de encômio: são extremamente rapaces e  apenas bebem e fornicam muito pouco. 

5 de nov. de 2015

A cidade da verdade.

A city of truth. De James k Morrow.
A cidade da verdade, aonde os cidadãos só podem dizer a verdade, inteira, não importando o inconveniente que possa ser, nem mentiras piedosas dizem, nem usam eufemismos, e tampouco há considerações e esse respeito, ou seja, não faz nada mais que a obrigação, por exemplo, ''ainda não foi desta vez que cheguei ao orgasmo, seu ejaculador precoce!” “ ou Você se apressa, ou sempre chegarei primeiro!”, enfim, na porta do elevador está escrito: “ a manutenção deste elevador é feita por pessoas que odeiam o que fazem, Você sabe o que faz !”, no maço de cigarros está escrito que a foto horrorosa é para te distrair do fato de teu governo se esquecer de cuidar da tua saúde, nas escolas o lema é “ fique aqui moleque, até eu voltar!”, nos supermercados os produtos dizem de seus defeitos, os políticos falam tranqüilamente dos subornos recebidos....

Bom, Eu não li o livro, só umas resenhas, e parece que todo mundo enlouqueceu.  

Somos Feitos do Barro da História.

Somos Feitos do Barro da História.

Você e Eu existimos porque no passado se deu uma serie complexa e altamente improvável de azaradas circunstâncias que foi abrindo passo a nossa existência.
Nossos pais se conheceram e poderiam não ter se conhecido... Gostamos de falar dos acasos felizes que nos trouxeram até aqui. Mas sem as tragédias do passado, a citar, as guerras, fomes, pestes, crimes, roubos, violações, escravismo, invasões, extermínios... estaríamos aqui? Quantas calamidades tiveram lugar no transcurso do tempo para que nossos pais pudessem se conhecer? Pois, cada uma delas influenciou pouco ou muito a cadeia de acidentes e acontecimentos que nos permitiram.
Assim de certo modo, amar nossa própria existência significa também amar as tragédias que foram tramando a sucessão de fatos que nos trouxe à vida.


Levando em conta o anterior, O que somos não é independente do que nos fez, assim que queiramos tudo ou refugamos tudo, foi o que propôs o Saul Smilansky, em Morally, Should We Prefer Never to Have Existed? Se pudéssemos faze-lo, que preferiríamos: eliminar do passado as circunstancias calamitosas que , sem dúvida, provocaram enormes sofrimentos a outras pessoas, eliminando também a possibilidade de nossa existência, ou escolheríamos a nós e portanto, tudo o que nos fez possíveis, incluindo o sofrimento alheio?

1 de nov. de 2015

Rúcula, uma Vindicação



Vou te tratar por você, Rúcula, é mais íntimo e suave sopro, você, que este solavancado tu.
Está aí, no prato, como o ar. Nem se digna a me contemplar no meu residual ser-ai. No entanto, está aí, como uma bússola, uma testemunha, um marco, Rúcula.
Está aí para me recordar que é meu último regaço. Minha última esperança no mundo. Com sua humildade desbancou o Bacon, o chouriço, a calabresa, o hambúrguer, o Prosciuto di Parma, o Pata Negra de Bellota e seus 18 meses de cura.
Ridícula Rúcula, perdoa, chamá-la assim, pura epifania da dessubstanciação, a sagrada forma da comunhão laica, porque não é nenhum drama que tenhamos matado a deus, se nos resta você, Rúcula, ora pró nobis! 

Todos os Santos, A Morte.

Todos os Santos, A Morte.

Oliver Sacks, escritor e neurólogo, escreveu um artigo, no NYT, aonde falava que padecia de uma rara metástase de um melanoma ocular tratado havia nove anos, e que lhe sobravam poucos meses de vida. Efetivamente, morreu em 30 de Agosto. Na sua despedida, compartilhou frases que sugerem alguma reflexão: “ Vivi como uma criatura que sente, um animal que pensa, neste planeta precioso, uma aventura, um privilégio imenso [...] Ninguém pode ser substituído, depois da morte fica um vazio que não se pode preencher, porque é parte do destino - genético e nervoso - de cada um ser único, ter seu próprio caminho, viver a própria vida, morrer a própria morte.
Mais que uma pretensão, a relação entre vivos e.mortos é um desejo mágico. A crença de que o dia de Todos os Santos - uma das festas mais antigas da cristandade -  os vivos visitam os mortos e dia 2 dia dos Difuntos, são eles que nos visitam. Acho que foi Montaigne que falou da aprendizagem com a morte. Acho isso muito estranho, pois como aprender com uma coisa que só acontece um  vez na vida, além de que se.morre sem nenhum esforço.
Enfim, a morte é que faz a vida tão apaixonante, e lhe dá um sentido, quando finita.
A morte acaba com o ser vivo, mas não com o que ele fez e viveu. Sempre fica algo, que não saibamos o quê. Este “ haver estado “ , é como o fantasma de Vladimir Herzog, torturado e morto. 

Saci x Halloween.

Halloween x Saci.

As tradições começaram algum dia sendo novidades e de alguma forma se puseram de moda, criaram raízes nas pessoas e em algum momento se tornaram símbolo, signo de um Povo.
É possível que o Saci seja anterior ao descobrimento, com pé na África, nos autóctones e Portugal. É possível, inclusivamente, mas posso me retificar, pois minha antropologia é um ovo batido, e não um omelete, e esta velha tradição folclórica seja uma aportação,exclusiva, da nossa cultura,
O Halloween é uma aportação da cultura anglo saxônica, dominante hoje em dia pela força da indústria audiovisual dos EUA. Lá, tem a ver com a mudança de estação, a espera de longo inverno, pode ser, com a morte. E tudo isso com esse toque mexicano, de humor, e naturalidade diante de tudo que é fúnebre, diante dos espíritos e homenagem aos antepassados. Não há por onde a insistência e teimosia nesse essencialismo sacisista, sambista, feijoadista e churrasquista de uma cultura autêntica nacional.
Uma cultura é a soma de todas que se vão se sobrepondo ao longo dos tempos. 

27 de out. de 2015

Inteligência Emocional.

Inteligência Emocional.

Se tenho um problema, tendo a me calar, a respeito. Por ecologismo, seja não poluir ainda mais o ambiente, e o meio. Ao passo que o que vejo, em meio a tanto palavrório inteligente-emocionalista é uma incontinência emocional, uma inteligência emocionalmente infantil, os Fala-barato, tipo de fofoca com cara de indignação, como diz certo Inspetor ao ouvir  certo Sr K:  menos  Sr K, se tudo o que diz pode estragar a imagem que seu corpo, seu gestual já nos informou.
Há que se ter, isso sim, sentido de pudor, discrição, vergonha própria e alheia. 

26 de out. de 2015

Blair pede perdão!

Blair pede Perdão.

Tony Blair pede perdão, há destempo. Deixou passar muitos anos para reconhecer as mentiras que desembocaram na decisão de intervir no Iraque. Ele, que era o Primeiro Ministro Britânico, e um dos sócios daquela triste coalizão do Ocidente contra o Império do Mal, teve que reconhecer, muito tarde, talvez tarde demais, que tinha informações “errôneas” e com elas tomou-se a decisão, então equivocada. Faltam ainda a Bush e Aznar - seus outros sócios -  fazer o mesmo, aceitar o erro que se supõe tal intervenção no Iraque. Cujas consequências ainda vigem.
É possível, sem medo de ser leviano, que tais informações “ errôneas “, como a existência de armas de destruição massiva em mãos de Saddam Hussein não fossem mais que motivadas pelo interesse em dominar um dos países mais importantes na produção mundial de petróleo.
Nem tudo se pode atribuir a uma reação aos atentados do WTC, em NY, aonde nada ou quase nada se pode atribuir ao Iraque, melhor dito ao Regime Iraquiano de então. E cada vez mais, com o passar dos anos, parece que foram as razões geoestratégicas que impulsionaram aquela intervenção, e que tem muito a ver com a focalização na estabilidade, ou criar a sua ausência em todo o Oriente Médio. No mais um erro que se está a ponto de cometer na Síria, aonde a busca por aliados contra Bashar Al-Assad torna a provocar a instabilidade na região, ao tempo que gera uma força política e militar como o Estado Islâmico, a razão do qual já condiciona o equilíbrio mundial. Desgraçadamente, Blair falou tarde, o que já se supunha, o que só agrava sua culpa. 

24 de out. de 2015

Cargo em Comissão.

Inda pouco lia uma coluna do Estadão, que a miúde expunha a quantidade de cargos em comissão do governo petista. Conclamava o jornalismo a tratar mais intensamente tal descalabro. Quando o PT assume o governo federal, tais cargos, seu número, rondava a casa de 30.000. Excessivos me parecia, me parece. Porém, aumentaram, um excesso do excessivo. Deveríamos discutir isso. Particularmente, não sei qual o número razoável, enfim necessário. Mas há o excesso. Há o excesso por toda  parte. Em Rincão, Guatapará, Bonfim, em Ribeirão, Campinas, São Paulo capital, São Paulo estado, Brasil.
Tive um colega que chamarei de Ulísses C., que formava parte do governo FHC, em Brasília, num tempo que ainda se podia dialogar. Me disse Ulisses, que muitos dos quase 30.000 cargos em comissão que como ele deixavam Brasília, não tinham para aonde ir. Como ele, muitos professores universitários, haveriam de voltar à
cátedra, depois de longos anos ausentes. Não durou dois meses essa inquietação do matreiro Ulisses, pois logo elaborou um projeto que foi encampado pela ALESP, e com a verba disponível, não teve que voltar aos sofrimentos de lecionar na Unicamp. Assim muitos foram se encaixando pelo estado paulista e mineiro afora, já que lá governava Aécio. E que com a derrota em MG, também tiveram que buscar o que fazer em governos da sigla. E de.fato isso acontece, são profissionais dos partidos, que perambulam pelos municípios, estados dando um pitaco aqui outro ali e se forrando. Quanto dessa gente prescinde um governo, não saberei dizer. Aqui em Bonfim conheço um engenheiro, amigo da infância, dizemque “trabalha” no DAERP, e que teria sido “colocado” lá pelo João G. Sampaio, e de lá nunca mais saiu. E nunca o viram na  na lida e logo se aposentará. Como um outro que, também, “trabalhou” na autarquia e já se aposentou, e a boca miúda tem a  vã glória de dizer jamais haver trabalhado. Diz que ia, sim, “ picar o ponto “ tomar um café e de lá ia para o café Única, vender uns lotes. 

20 de out. de 2015

Flores Baldias.

Flores baldias.
O mal da política é o mal do indivíduo, incertamente. A nossa consciência se situa e se crê, rapidamente, proprietária do seu eu, de tudo que rodeia, e um pouco mais além. Possuímos por natureza, instintivamente,  como com afã defende seu território, os animais, as vezes a custa da própria vida. Animais que somos, o sujeito tem o que tem e inerte tende ao imobilismo.
Não vou mostrar como, mas por esse caminho, chegamos à Direita e à Esquerda. À Política.
Uma arte de mudar fachadas, porque no fundo não muda nada.
Se nos lembrarmos dos discursos dos principais candidatos da última ( pode ser da próxima) eleição, estava e estará lá este imobilismo, este mal. Uns reclamam a reforma da constituição, que não se produziu, e nem se produzirá, outros querem a volta das boas maneiras, seus símbolos, se tanto, mas é isso, outros querem que as vaquinhas desgarradas voltem ao rebanho. Há claro, os que querem dinamitar o poder, a velha política, evidente, desde os parâmetros tradicionais. Pode se ver que desde a velha hierarquia partidária, e idéias liberais - econômicas - do século XIX em pleno XXI. Outros sempre terão a Marina, esse Paris tropical.
O discurso contra a corrupção é corrupto per si. Prevarica só em pensar. Mecanismo anquilosante de plagiar e se repetir até a insana insaciedade. Fazendo força vejo aparecer um  líder novo, que é clone de um velho, conclui pela ignorância que é a perna longa do silogismo. 

15 de out. de 2015

Desdicionário:

Patetismo: comportamento de quem vê pela primeira vez um belo par de seios.
Microchip, o resto de um saquinho de Elma chips
divulgar, expressar-se de forma grosseira.
Analógico, pensa de forma anal,
Analogia, confundir o cu com as calças.
Bons propósitos. Tem vida bem mais curta que os maus, a propósito
Ácaros, que por incrível que pareça, são de graça, deveriam se chamar Ádados.
Milagre, Em Aparecida do Norte não tem farmácias.
Arizona, Casa da luz vermelha do Ari.
Cuscus, isso mesmo, com eles, mas cada um com o seu
Funcionário. Ao contrário do que possa parecer não funciona.
Taquicardia, batimentos acelerados do coração diante de visões do paraíso.
Tutu. EuEu!
Diagnostico, agnóstico de pai e mãe.
Perder a vida, sem nunca perder a chave.
Arbitrariedade. Tática do Corinthians.
Livre arbítrio, apita ou não apita, se quiser.
Biodiversidade, quanto mais diminui na natureza, mais aumenta no supermercado.
Parênteses, interromper a tese de um parente.
Saudita, sal já comentada,.
Persiana, enrolação tipica dos iraquianos.
Reciprocidade. Duas pessoas insolentes a falar mal um da cidade do outro.
Trompa de Falópio. Diz-se do nariz do Aécinho.
Errata. Onde se lê cagada.
Euforia, estado de ânimo patológico caracterizado por uma sensação de potência, alegria exagerada, e tendência injustificada de certos brazucas de se sentirem norte-americanos por estarem na Disney.
Diversionismo. Ser favorável a versos sionistas.
Apoucalipse. Fim de tudo apoucado.
Mortificar: vexar um morto que está dentro do caixão
Aclimatar, matar com mudanças climáticas ou com golpes de climatizador
Chimpanzé, macaco se parece perigosamente ao zé
Antena parabólica. Decodificadora das parábolas da bíblia.
SOGRA, vem de sua Ogra, s'ogra = sogra. . Feminino de seu Ogro. S'ogro. Sogro
Curiosidade. Vulgo fase anal.
PIB, produto interno bruto, quando ainda está no intestino .
A posteriori, o mesmo que: vá tomar no cu
Poli-patetismo, assombrosamente patético, da cabeça aos pés..
Cornometro, medir o tempo que leva para crescer o corno a um cornudo.
Castração. Privação de órgãos de representação popular e oposição em Cuba.

14 de out. de 2015

Todas as cores: O Preto.





Incertamente sempre há sido assim, mas me concedo perceber que cada vez mais, tendemos a nos situarmos em determinada cor e ai se permanece imóvel. Uns são brancos, os outros negros, os outros vermelhos.... apesar de que, em todo caso, contemplemos as exceções, os há quem se atreve a mudar de tonalidade. Não tenho certeza se a escolha da cor se faz a partir de um processo de reflexão pessoal, ou por inercias variadas; tampouco é que tenha importância, pouca ou muita, é mais preocupante que uma vez situados em uma cor somos relativamente cegos à existência dos outros. Ainda que este caso, último, não pareça insólito. O verdadeiramente inexplicável é que exista gentes que sofram desta imobilidade toda a vida e que nem tão só tenham tentações de experimentar outras cores. Eu, por exemplo, sempre estou na zona cinza puxando para o preto, admiro o amarelo, e alguma vez mergulho no verde, no laranja e tropeço no azul e caio de boca no lilás, me levanto somente pelas cores que ainda me faltam experimentar. Assim não sofro.  

12 de out. de 2015

Do Amor e do Luto. O Fim Nasce Com o Começo.

Como em cada vez que me apaixonava, sentia naquele exato instante, o gosto do temor de perde-la, da angustia, o sabor do luto que nascia exuberante dentro do encantamento. Voltemos para a Canastra, disse, já afogado nas lágrimas e moco que escorreriam e já se formavam em suas fábricas em mim. Vá para o hotel que já venho, tenho que passar no bar e comprar um cigarro. Liguei a televisão e a estranhei, olhava pra mim e tentava me encorajar. Desliguei. Deitei olhando o teto com seu ventilador parado. Peguei um livro, já não sei a quanto tempo o tenho aberto diante dos olhos. O silencio do hotel expõe suas entranhas ruidosas, uma descarga, um salto perfurando o teto que olho, e o salto o vara e se crava no meu peito, a lâmpada idiota que ascende e apaga e não traz ninguém, noticia, nunca tinha pensado que os moveis pudessem ser solitários, mas estes são, um criado de cabeceira vazio, abro a janela e a avenida é uma foto, aonde não corre o tempo, nenhuma luz pisca, não pode haver movimento, nada mais passará por ela, e acordo sentindo o frio de um velório. O bar se fecha, saio pela avenida rumo ao hotel, posso ver minha janela aberta, para que entrasse a fresca da madrugada, sem ter que ligar o barulhento ventilador, pego um livro, adormeço e desperto com o gosto de uma coroa de flores de velório, é o fim da viagem. Fazer a barba, maquinalmente, juntar os cacos e comprar uma coroa de flores.    

Les vacances de monsieur Hulot.

Les vacances de monsieur Hulot.

O sol é de arrebentar mamonas, o corpo exige menos roupas, uma havaiana, uma camiseta cavada, um velho calção de banho, e seguindo, com mais poesia, os ipês já floriram em todas as cores, e latitudes, ouço um latejar, um pum-bum baticundum procurundum, em meio essa primavera verdamarelo sibipirunico, é verão. Os derrotados ainda não aceitaram a derrota, e nem vão. Não querem novas urnas, querem puxar o tapete, não querem concorrência, para o bem e o mal. Isso já me cansa, tento pensar uma filosofia das proximidades. Atento aos que vivem acerca. O ar que respiro, a casa donde vivo. O pedaço de céu que vejo de minha janela, o prato à mesa, o azeite, o pão e o café. O trabalho, ainda que não seja nada de outro mundo. O cotidiano repetitivo, não anódino, por certo, o recolhimento, o resguardo, e no entanto a identificação com tudo que está próximo, ainda que existam fatores dissolventes elementares, as doenças, e o ruído, e hostil  como a violência em todos os âmbitos, ambiental, social banalizados. A banalização é o império que nos governa. Um dia o candidato haverá de dançar: na boquinha da garrafa.
Atrás desta contabilidade ficam os dias de férias. A beira mar, ao pé da Canastra. Potentes e vitais. De todos os aromas e sinestesias. 

11 de out. de 2015

Sapato Velho, Chihara Shiota.


Sapato Velho, Chihara Shiota.

Umas botas com ponteiras metálicas. Um sapato de salto. Umas alpercatas. Andava convencido com cada um desses sapatos. Aquela fé indestrutível de adolescente nas canções que ouvia. Absurda bota com absurdo cinto afivelado. Necessidade patológica de expressão daquela rebeldia. Vestir uniforme para se sentir único. Não conservei nenhum desses sapatos que usava para arejar meu mundo interior. Me aferro a quase nada, senão que às memórias, e os recordo, não sem indulgência. Me aferrei mais a um brinco de argola em ouro que à maioria das bandeiras. E caminhei pelo mundo com a altivez de espantar medos paralisantes. Um dia, sem aviso, me dei conta do ridículo daqueles disfarces, que já não precisava e era eu apesar de tudo. Era visível sem eles. Mas houve sim um pequeno e portentoso ritual de passagem. Um dia num bar, disfarçado de sedutor, se acercou de minha companhia, um homem vestido de homem, careta. E todo mundo viu a minha insegurança, que brilhava mais que mil punhais de prata, eram as alpercatas, foi ali, em nenhuma outra parte do corpo, que senti fraquejar. A obra de Chihara Shiota, reclamou sapatos usados com história, não as tinha para enviar. A instalação de Shiota é uma teia de recordações, exibidos impudicamente, sapatos acompanhados de histórias como essa. Não fui ver, mas se fosse não leria as histórias, um tipo de pudor.  Talvez, pelos sapatos que não guardei, mas com certeza, por saber dessa minha história, aonde já era o homem que queria ser, descalço, inclusive, nem por isso deixarei de seguir caminhando a gastar solas de sapatos.

7 de out. de 2015

Da Midia - Asfixiante Penitencia Imposta ao Livre Pensar.

Muitas vezes percebo nas criticas, não só no antiPetismo, uma asfixiante penitencia auto-imposta, da mesma forma que no passado se usou uma estrelinha vermelha para se diferenciar no rebanho, hoje usa esbravejar contra, já sendo o bastante, e como penitente não percebe que a história do fetiche da estrelinha é que nos trouxe ao de hoje, pelo vazio de quem a usava nesses termos. Da critica de hoje asfixiante ao endeusamento da estrela fetichística no passado, entre um e outro corre e correu um rio, que para navegar ou nadar, há que se libertar dessa camisa de força e ampliar as margens.
Há uma expressão terrível que é a tal massa de manobra. Nunca gostei delas, mas ela persiste apesar do meu paladar. E por incrível que possa parecer, a massa de manobra não é a grande massa popular, porque o povão é paquidérmico, difícil de manobrar, e como o elefante dentro da lojinha com qualquer movimento pode causar muito estrago. Portanto a massa manobrável deve ser mais leve, é a vaca com sininho, aquela que possa conduzir mansamente o rebanho, sem grandes movimentos que possam criar problemas maiores do que os que se quer resolver.
A esquerda pré PT e Petista, antes do poder, bem que tentaram trazer para o palco tal paquiderme, afinal, nada se tinha a perder. No entanto, mesmo o PT lulista, e é o que entrou no poder, soube se livrar da grande massa, no que diz respeito aos movimentos. Um exemplo de massa de manobra é aquela das diretas, que com duas ou três palavras de ordem volta para casa cabisbaixa. O exemplo quase oposto é a massa enfurecida dos movimentos de 2013, disse quase, pois ao final viu-se que eram comandadas eletronicamente, e bastou clicar em algum botão e ela também se escafedeu, mas já demorava-se mais do que quem a planejara esperava que demorasse. Outro exemplo de massa de manobra é a do Fora Collor, aonde se inventou a grife dos caras pintadas, repercutindo sobre ela mesmas, as imagens televisivas ajudavam a se auto-encher como um balão, um certo tipo de patrocínio.
O “Fora Collor” foi bem mais do que isso, foi o balão de ensaio dos Mídias no exercício de Bloco Oposicionista. O que não é novo, se historicamente existe o senhor Lacerda. Temos tradição de políticos que nasceram nestes meios. O rádio já forneceu uma dezena de candidatos a prefeitos em cidades grandes do estado de São Paulo, só para constar, o prefeito atual de Campinas Jonas Donizete, e a prefeita em segundo mandato de Ribeirão Preto Darcy Vera nasceram nas ondas medias e curtas. Você se lembrará de tantos outros com certeza. É notória, a força das mídias faladas e televisivas por toda parte, creio, mas sem precedentes como em nosso país.
Penso que juridicamente, o PT não tem defesa. Como não têm qualquer outra agremiação partidária que tenha assumido o poder ou está nele como o PSDB em São Paulo. O caixa dois é fundamental, até agora, para a sobrevivência dos partidos, tal como é nossa lei eleitoral hoje. Mudar essa lei drasticamente é impossível, democraticamente, e mesmo uma pequena Constituinte para isso não a mudaria tanto, porque é certo que deveria apear do poder muita gente em todos os partidos. Que ao fim e ao cabo não são partidos, a maioria, não têm qualquer ideologia, a não ser a de se chegar ao poder. Há vários exemplos de eleições aonde o regime é parlamentarista, que o um partido obtém certa vantagem nas urnas, mas não consegue formar um governo, não consegue que outros partidos o apoiem, por diferenças ideológico-partidárias. No âmbito partidário o que temos é esse posicionismo, não importa quem é ou venha ser o governo, estarei com ele.

No governo FHC os bancos houveram-se com a globalização rapidamente, foram os primeiros a crescer ou desaparecerem, FHC fez o PROER , no entanto abriu a porteira para o capital externo, quem pode cresceu, quem não pode foi engolido.
Outras áreas privadas de produção nacionais também sofreram com a globalização, empresas familiares foram engolidas vivas, como a Metal Leve, para que conste um exemplo. Assim como tantas empresas públicas foram entregues ao capital externo. Sem tecer juízo de valor ao fato.
Mesmo o futebol passou por isso e ainda sofre. O setor calçadista, que hora se recupera.

A bola da vez é a Mídia. Ou cresce ou desaparece. Os capitais globais mediáticos a reclamam. E havemos de convir que são muito poderosos frente aos capitais mediáticos nacionais, mesmo a Globo é café pequeno, frente aos gigantes das comunicações. É o que está em jogo. Num momento em que o PT acena com uma regulamentação. E como defesa ela pretende um governo que a proteja desse ataque externo. Ainda que custe a nossa recente democracia.       

6 de out. de 2015

Manual do Sexo Manual. parte x.

Manual do Sexo Manual.


A Humbert Humbert não passava pela cabeça ser um criminoso. Muito menos por aquilo que mais lhe dava prazer. O sexo. Estudante de uma faculdade periférica de um curso idem, do campus da Medicina da USP. No busão lotado de juventude e libido os olhares se cruzavam, se procuravam e se encontravam, se desviando de outros, de soslaio, e os corpos se chamavam, se buscavam se encostavam, as curvas, as formas arredondadas, pontiagudas, se sentiam, se ajeitavam. Humbert se acasalava. De fato haviam se escolhido. Tudo começou por um olhar, estavam distantes e foram se aproximando. Era muito fácil avançar, mas Humbert Humberto esperava. Ela, por fim, se desvencilhara de uma amiga, fazia o mesmo com a bolsa tiracolo, um meneio de cabelos e estavam colados. O percurso não era longo, e em todo ele atados. Por fim ela descia. Nem um olhar. Nada. Em outras situações parecidas, Humberto Humb havia sussurrado algo ao ouvido, e tudo ruía. Então com Lole, é assim que a chamava de si para consigo, Lole, seria diferente. Mudava a momento de entrar no ônibus, para se assegurar do desejo dela, e se punha adiante dela, e ela vinha sorrateira, e de repente, estavam lá. No refeitório, a buscava, mas ela não o via. Os olhos dela o varavam e não o viam. Certa vez, a encontrou numa festa. Pensou em falar-lhe. Desistiu. Esperava ao menos um sinal, e nada. No dia seguinte, já um tanto entediado, resolveu entrar a tempo de conseguir um lugar sentado e acabar com aquilo. E lá foi, fez isso, sentou. Passado uns minutos o ônibus parou no ponto em que ela subia. Ela subiu. E não tardou muito para ela estar esfregando no ombro dele o objeto desejado. Era uma nova posição. Naquele dia ela levava jeans. No dia seguinte ela vestia minissaia. Humb Humberto passava sua mão por dentro de sua camisa, até alcançar o ombro, e com a mão invisíveis tocava-lhe com suavidade.

Do Futebol.


Do Futebol.
A filosofia do futebol é a dialética.
A tese é de Parmènides. O que é, é.
A antítese é de Heráclito: O porco se alegra com a lama.
A síntese é tripla:
Um a de Tim Maia: Futebol é futebol, outra coisa é outra coisa.
Dois autor desconhecido: mas parmenídica: O ser é redondo.


Três (como também desconheço autor) digo que é minha: A verdade é esférica.

Aos Mestres Com Carinho.

Já olhou os olhos de um grupo de 30 a 40 crianças ou adolescentes por quase uma hora, seguidamente? Se não é o caso, nunca foi professor. Mas, imagina o que deve ser um mestre?
Pense que você é um médico, advogado, um vendedor, um balconista, e que tenha o consultório, o escritório, o balcão cheio, vazando pacientes, compradores, usuários, clientes, cada um com suas necessidades, capacidades e interesses... diferentes. É de bom augúrio lembrar que alguns não têm a minima intensão, vontade de estar ali e que ainda uns tantos façam um certo rebuliço, e você está só, sem nenhuma assistência e os tem de atender a todos e ao mesmo tempo, e com profissionalismo, e até certo ponto com algum grau de excelência. Tudo juntado com mais essa: cinco dias por semana e nove meses do ano, e muita das vezes oito vezes ao dia. Como seria um médico tratando dessa maneira, ou o advogado, o balconista, o vendedor? Pois assim seria o exercício aparente da docência em classe.
Disse aparente, porque a tudo isso tem que se somar, que um professor, seja qual for o âmbito educacional do seu exercício, há que preparar aula. Não é como o ser pedreiro, que uma vez que se saiba levantar paredes e todas sobem da mesma maneira. Cada grupo de alunos é diferente. Cada aluno individualmente tem um ritmo e necessidade particular. Preparar o material escolar, manter o consenso nos critérios de avaliação com os colegas de trabalho, as adaptações curriculares, a metodologia especifica que cada grupo requer, ainda pensar nos casos individuais. E no fim, à noite e durante os fins de semana, preparar as aulas – já que não há tempo de se fazer durante o horário de trabalho, já que nestes momentos há que se dar aulas - corrigir exercícios, preparar exercícios, preparar e corrigir provas. E também fora do horário de trabalho – já que os país não querem perder um dia de trabalho para falar dos seus filhos – atender as famílias...
Quem não é capaz de imaginar tudo isso, também não se dá conta da responsabilidade que se põe, aos professores, saber que os proprietários dos olhos que os olham não se fixam apenas nas palavras, signos, equações da lição. É que se trata de um mestre ele inteiro, uma lição cada um dos seus gestos, cada olhar seu. Ensina com o que diz e exemplifica com o que é, como uma vela que se consome enquanto ilumina o caminho dos outros. É justa compensação que têm? ...
O que posso dizer-lhes é que, os olhos que os olham, um dia e outro mais, enquanto vocês, os mestres, envelhecem, renovavam-se a cada ano na  sua juventude.


17 de set. de 2015

Financiamento de Campanha.



Não sejamos tolinhos.A lei não exaure a questão.  O financiamento eleitoral se paga entre outras, com emendas, leis, projetos etc. O Lixo, seu recolhimento, sói pagar inumeráveis campanhas, é caso parmenídico  de o lixo se limpar no lixo. A Mobilidade Urbana -em nível municipal, é outro caso, mui frequente pagador de doações. As doações não existem, disso todo mundo sabe, não se chora sob chuva.
A modalidade mais moderna de atividade na interface público privada é esta criar a necessidade de projetos, gerar projetos, que necessitam passar pelo crivo do executivo e do legislativo, gerando a possibilidade do "lobby" pesado sobre os políticos, que são fracos.
O setor privado, mui atento, sabe mais sobre verbas estaduais e federais que o próprio município. Isso é bom, porque muitas vezes o município por inépcia, incompetência na gestão pública, perde prazos,  o setor privado alerta, oferece seus serviços afim de atender seus próprios interesses, que comumente não é o interesse público.
Os Tribunais Eleitorais são balcões de apaziguamento, poucos são  os políticos punidos, visto que a ampla defesa exige prazos no processo e uma eleição termina, gradua o político, que toma posse, e o processo ainda é bebê. E em casos de Governadores e Presidente ninguém jamais foi punido pelo TSE em definitivo, é uma espécie de TCU, TCE, raposa a tomar conta de galinheiro. O Legislativo, seja municipal, estadual e federal troca penalidades por favores ( quem quiser pode ler: corrupção endógena). Enfim mais uma bobagem! Precisamos de partidos com personalidade convicção política e ideológica, seja  esquerda ou direita, tanto faz, mas que defenda seu projeto de governo.  Precisamos de Partidos de oposição, a Mídia pode, e tem, lado, mas não pode ser oposição. 

10 de set. de 2015

Feliz é quem tem problemas?



Passei a tarde tentando encontrar a solução de um problema que me foi instigado pelo rodapé de página de um livro que comecei ler, por ter sido citado em em um sítio na web, que ali havia chegado lincado por outro. Vou descobrindo ou redescobrindo que quem acumula tais conhecimentos, não faz mais que ampliar o espectro da consciência da própria ignorância. Fico imaginando, nem tanto imagino, milhões de felizes que passam a tarde no sofá diante da TV, o faço sem juízos, já que o fazem bem. No entanto para mim o inferno é o sofá, demasiado cômodo, controle remoto, e centenas de canais.
É certo que para alguns a felicidade é não ter problemas e para outros é se meter em problemas, tenho a intuição de os resolver. Mas enquanto dou voltas por esse labirinto em busca da solução, quando ela se avizinha, logo se duplica, vou aumentando o mundo dos “favoritos” e não creio que terei tempo para voltar a eles. De repente, um dia, aparece a resposta, e frequentemente, aonde não procurava, mas mesmo assim me satisfaço, bom, até que me lembre de problemas com teias de aranha, bato o espanador e são novos em folha.
Não tenho certeza, muitas vezes, das respostas que obtenho, mas me parece que o quê me deixa feliz é satisfação de ir abrindo caminho, um bandeirante nesta selva, que é a internet.

No meio de uma picada que abria, encontrei Tertuliano que disse que devia ir ao céu para desde ali usufruir do espetáculo que é o tormento do inferno, e que superaria em espectativa a qualquer luta de gladiadores. Mais uns golpes de meu facão guarani, e lá está, creio, São Tomás, que me diz algo parecido, mas disse nada de gladiadores. Sigo minha trilha, se vou para o céu, pelo menos me deixem levar esse velho HP, não quero nenhuma resposta de maneira gratuita, no céu tudo está resolvido, mas vou pedir que as respostas que me derem aos problemas propostos, devem vir com novas perguntas.          

Seja tolerante, é seu maldito dever!



Ele era bem pior, mas o chamavam:  misógino, misantropo. Tratava as pessoas como se produzidos em série.
Botava o chapéu na cabeça, pegava a bengala e saia pampeiro pelas ruas. Ruminava o mantra:" Seja tolerante, é seu maldito dever", o que  era incapaz de cumprir.
Falo de Arthur, Arthur Schopenhauer, claro. Como todo jovem alemão daqueles dias, deveria lutar contra Napoleão, no entanto resolveu partir para uma briga de punhos cerrados com o Princípio da Razão Suficiente, se tornou filósofo. Acabou por escrever um livro, e todo cheio de ilusões, aproveitou que ainda era amigo de sua mãe e a entregou para que lesse. Ela era, então, grande escritora, amiga de Goethe. O título do livro; Sobre a Quádrupla Raiz da Razão Suficiente. Ela rio e disse que devia ser um manual para boticários. Ele disse-lhe, que seria ainda lido, quando em nenhuma estante do mundo se encontrasse um dos livros dela. Não era, em absoluto, de fazer amigos. E dizia com suas palavras e não estas, que não é prova de  mérito e nem de grande validade ter muitos amigos. Como se os homens empregassem a amizade em troca do mérito e do valor! Como se não se comportassem como os gatos, que amam quem os acaricia, e lhes dê migalhas, e logo já se vão. Será amigo, bastando carícias, até a fera mais abominável! Não tinha amigos e tinha sua Razão Suficiente: não são dignos de mim. Ele que ao se irritar com Atman, seu cão dizia, " Humano, mais que Humano" , foi visitar a estufa do Jardim Botânico de Dresden ficou boquiaberto, tanto foi, que o vigia diante de tanto deslumbre lhe perguntou quem ele era. Quem sou eu? Perguntou Arthur. "Se o Senhor me pudesse dizer quem sou, ficaria muito agradecido. 

9 de set. de 2015

Manual Para Entrar no Céu.

   

Até o pensamento criminoso de um malfeitor é mais grandioso e sublime que as maravilhas das religiões!

"Alexander Szurek, The Shattered dream:

My greatest disappointment and also the object of my reflections in the camp [el campo de concentración de Wülzburg] was: What happened to the German nation? Where did they get so many thugs, brutes, murderers? Where did the people disappear? I could not find any, except for a woman in the canteen in Gundelsheim who gave me an extra loaf of bread when my komando was going to camp. Someone had hinted that I was condemned to die.
"Maybe it won't be so bad", she said

devo estas coisas maravilhosas ao Google.

Alexander Szurek foi um comunista judeu polonês, não necessariamente nessa ordem. Seu sonho despedaçado não é outro que o das ilusões revolucionárias da juventude. No entanto, a salvação da esperança só depende de umas migalhas de pão.

Dizem que Oscar Wilde foi preso, acusado de sodomia, e uma multidão sanguinária, nada diferente dos dias atuais,em frente a sua casa, gritavam de tudo. Um homem se desnudou, respeituosamente, e dizemque Wilde disse: “Senhor, há pessoas que por menos que isso entraram no paraíso”     

Penélope.

Penélope.
Penélope tecia de dia um sudário, que desfiava a noite, porque prometera se casar com um dos pretendentes ao finalizar o trabalho. Isso é o que conta o poema de Homero. E assim ficou como um mito de nossa civilização. Representando uma tarefa interminável por desejo de sua autora. O momento é de desfiar qualquer conquista obtida, quando a pedra sisífica rola morro abaixo. Muitas vozes a balir pelo desfazimento, e sendo possível, destruir as pontes. 

7 de set. de 2015

Mundo tá mudado.

Mundo tá mudado!

Já dizia vó Vicentina seguida de um séquito de galinhas que viam como ela fazia chover milho: "Mundo tá mudado", passava o tempo que se amarrava cachorro com linguiça. Era frase que o Galego fazia ribombar no bar  Risca Faca, a última estação de muitas vias-sacras: " O mundo tá mudado, neste mundo de hipócritas há dois tipos de pessoas, as que dão e as que tomam" . Era sempre direto, que o perdoem a quem se sentiu ofendido, não se pode, entretanto, negar que tinha mais razão que um santo. Ele que imigrara de um mundo aonde vira todas as cores da república, até republicanos católicos fugindo de anarquistas. Fugira descalço de um campo de prisioneiros de guerra, se casara com uma prostituta arrependida e sempre alcoolizado, mas não bêbado. Sentado no banco da praça, picando fumo, se ria de nós, estudantes, quando falávamos em mudar o mundo. "Burros! Melhor escolher um dos bandos: tomar ou dar! Dos que ouviram essas tagarelices do Galego, nenhum mudou mundo nenhum! Às vezes me dou o bônus da tentativa, mas me penalizo, rapidamente. Todos juntos, nos convertemos num rebanho de ovelhas, que além de quatro balidos e uns resmungos,  não pudemos romper a barreira entre os dois mundos do velho Galego. De toda a turma, um só passou para o bando dos que todos tomam, os demais pagam a contribuição, religiosamente.
O mundo continua rodando morro abaixo. 

Parece ser necessário certa teatralização, foto pungente,pois os argumentos são refutáveis.



Aylan Kurdi, o moleque morto na praia de Bodrum, segundo crônicas, a Maresias da Turquia, detonou a solidariedade mundiaj.  Cidades, cidadãos, até o papa se ofereceu para ajudar, e pedem solidariedade dos europeus, no drama dos refugiados sírios. É verdade que não se trata só de uma tragédia síria, nem todos os refugiados são sírios, nem todos fogem da guerra, mas o primeiro passo foi dado, e parece que os estados europeus deverão ampliar ajudas, frente a comoção e pressão da opinião pública comovida diante da foto de Aylan, vestido como europeu, tão parecido com os europeus, que se transforma numa bofetada nas consciências européias.
O que passaria se não fosse uma criança? E se usasse túnica? Como tantos que cruzam ou perdem a vida no Mediterrâneo.
É tarde demais para muitas perguntas. Houve acerto em financiar oposição islâmica contra Bashar Al-Assad? É tarde! Se a política do mal menor é adequada para os cidadãos de Alepo ou Damasco? É muito tarde! O fato é que fogem atordoados e batem à porta do mundo! 

4 de set. de 2015

Ampère comeu as cerejas.

Ampère comeu as cerejas.

Aqui sensualidade e erotismo se misturam. Não sei se estou à altura do erotismo das cerejas,  ou tentar.  É segunda feira, um  três de julho de 1797. Dia nada especial, tampouco para soltar as rédeas da paixão, mas Ampère não era um tipo qualquer, era um cientista. Fora um garoto prodígio aos doze anos estava familiarizado com as obras de Euler. No dia que nos ocupa colhia cerejas. Pode parecer insignificante, mas seu coração estava a ponto de lhe sair pela boca. Colhia a cereja e a atirava para Júlia, por quem estava cozido de paixão. O fato dela recolher as cerejas em seu avental, fazia de cada turgente, vermelha e sucosa cereja uma metáfora do impensado! Você pode pensar que não, mas há segundas-feiras que até o impensável se faz realidade.e aquela segunda, Júlia com a saia cheia de cerejas..." se sentou no chão e me deitei a seu lado sobre a grama. E comia cerejas que estavam sobre seus joelhos ". Não tenho qualidade moral para mais, diante do acontecido, então que continue Ampère: " Depois fomos ao jardim, aonde ela aceitou um lírio de minha mão "! 

2 de set. de 2015

É senso comum que a televisão me deixou burro pelo resto da vida.

É senso  comum que a televisão me deixou burro pelo resto da vida.

Há quem "ache" que exista uma conspiração televisiva nacional, pra nos embrutecer. Para nos fazer tontos, imbecis. Ingênuos!  O que existe é uma conspiração  do povo para manter as televisões idiotas.
Se a a mediocridade atendesse  a um plano anterior, estudado, pré-concebido, por mentes perversas , partidárias da imbecilidade universal,  me daria por contente, aí menos teria contra quem me sublevar, ou ao menos sonhar com uma programação melhor. No entanto, os programadores  estão a correr atrás do que queremos,  assim, somos eu e você que programamos a TV ,  quando dedicamos minutos de ouro e mudando a audiência de lá prá acolá. Sem salvação!

Povo x Leis.

Só os ingênuos acreditam que as leis tem morada nos códigos, por ex Constituição Federal, ou as leis estão nos costumes e comportamentos,  no Povo, ou é letra morta, ou coisa pior, má-fé político-juridica. A Lei deve converter uma massa, uma multidão em Povo. Deve ser finalista e não eficiente. Qual a finalidade? Transformar uma manada num Povo. Qual? Povo. Aonde não existe  um Povo, pode existir uma Constituição? 

1 de set. de 2015

Complexo de Telêmaco vs o de Édipo.

Complexo de Telêmaco vs o de Édipo.
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Telêmaco é filho de Ulisses e Penélope. Ulisses anda pelo mundo em aventuras. Dorme com todas as mulheres que encontra pelo caminho. Penélope o espera. Cuida de tudo. Além de bordar. Telêmaco é inseguro. Tem medo do escuro e do que está sob a cama. Não tem a referência do pai provedor. Que dorme com sua mãe. Que dê aquela olhada de: Basta! Nem do herói. Telêmaco quer que seu pai volte para casa. Durma com sua mãe. Proteja Penélope, ela, a casa... Diga dos limites. Como amolar uma faca. Na escola, Telêmaco não tem como dizer: meu pai ... ...isso. Seu pai não está!. Não sabe o tamanho do pinto do pai, não sabe quanto ainda crescerá o seu. 
Se Édipo queria dormir com a mãe, no lugar do pai, Telêmaco quer que o pai durma com a mãe, em seu lugar. Que lhe diga que meninos não choram. Sim que Sim, o carro sempre será seu nos fins de semana. Que deixe  os chinelos, pelo caminho, antes da.cueca. que deixe o prato no sofá, que diga: amor! Faz um cafezinho!  Por isso era, para Édipo, preciso matar, alguém que era o horizonte, para poder ver o horizonte. Porque crescer, era crescer contra o pai.
Telêmaco quer que sua mãe trabalhe menos.
Enfim em lugar de relações horizontais, Telêmaco quer relações verticais. Para dormir tranquilo e saber que está tudo sob controle. 
Telêmaco quer um horizonte.

Desde uma leitura, breve, de Massimo Recalcati. Complesso de Telemaco. 

29 de ago. de 2015

Lenin na Bolívia.

Corria a plenos pulmões a segunda guerra mundial, e Grigulevich, Iosif Romualdovich Grigulevich, agente soviético que participara do assassinato de Andreu Nin, do primeiro atentado a Trotsky e em mil e uma outras indústrias do gênero, assegurou a seus superiores que com 65.666 dólares converteria Bolívia numa república soviética.
Grig, assim o chamavam, pessoas de um círculo mui restrito. Adorava presentear amigos com seus livros, alguma vez o chamavam Romualdich ou Don Pepe. Entre tantos apelidos e pseudônimos que teve durante sua vida. Mas para a massa anônima, de seus leitores, se tratava de I.R. Lavretstki, sobrenome de sua mãe Nadezhda Lavretstkaia. Família modesta, caraítas, grupo étnico de judeus turcos que falam um idioma aparentado ao crimeo-tártaro, hoje reduzidos a um grupo de  três ou quatro mil falantes em todo o mundo.
Grig estava no Uruguai quando soube do aparecimento de um líder indígena revolucionário, chamado Lenin, que se julgava em condições de proclamar o Estado Soviético da Bolívia. Tudo que precisava era de 65.666 dólares. O que me parece estranho, ainda que tal valor conste do Informe Mitrokhin, é que a estranheza se dê na realidade e não na ficção. Grig também se espantou, e quis saber de Lenin a razão de valor tão justo, tão melindroso. E Lenin deixou as suas posicoes mais claras, nesse tabuleiro, tomando de uma folha de papel enrugada aonde fez as contas elementares da revolução; tanto para o suborno do chefe de arsenal, tanto para o chefe dos correios, tanto para o chefe da estação, etc. Um plano perfeito, que em lugar de armas usava dólares. Apesar de ter tudo tão claro e discriminado,  Moscou quis pechinchar o preço de uma revolução que não derramaria uma gota de sangue. Presenciamos a dificuldade da KGB em  compreender os fatos reais.  Assim, Grigulevich deveria fazer com que Lenin fizesse a revolução com 60.000 dólares. Lenin que tinha as contas bem feitas, disse que sem os grotescos, mas comprovados   5.666 dólares faltantes, não podia fazer nada. E não fez. 

28 de ago. de 2015

Morrerei em Paris com aguaceiro/ um dia do qual já tenho a recordação.


Morrerei em Paris com aguaceiro/ um dia do qual já tenho a recordação.


"Me moriré en París, con aguacero, / un día del cual tengo ya el recuerdo". E assim foi. César Vallejo é uma das muitas celebridades enterradas na capital do Sena. A Montparnasse, com Baudelaire e dignidade, mesmíssima dignidade que se nega aos 18 mortos em Osasco. Em 1593, num juízo contra 28/mulheres, acusadas de bruxaria. Em Paüls, 24 foram condenadas, e dio dia  4  ao 29 março, foram enforcadas ou queimadas, segundo a disponibilidade do carrasco. Carrasco por aqui anda aos pares, prendendo vendedores de abacaxis, denote-se e conote-se, à tardinha, trocam turno e coturno e agendam ajustamentos, sem carapuças, literalmente, fazem da inquisição, coisa deveras Santa. 

27 de ago. de 2015

A dobra do tempo!

Quando chego à fila do pão, no armazém do Zillo, havia duas mulheres. Com uma delas troco  olhares, olhos nos olhos, mais ou menos fixos. Impróprio a princípio, pois não a conhecia. Para sair do limpasse, a saúdo. Ela sorri e retribui com: bem e você?  E acrescenta que não estava certa de que eu era eu, mesmo! As palavras indicam, talvez, prudência. Maura, era irmã de um colega de colégio. Ia o ano de 76, me lembro bem da data, porque trabalhava no Cartório do Oswaldo Sampaio, vizinho de sua casa. Nos separavam infinitos cinco anos, eu mais velho, melhor dito, uma eternidade que o próprio tempo cuidou de encurtar. Apesar de que então sabíamos de uma e de outro, mais por terceiros, que por encontros diretos, estes foram se alongando até o ponto da desaparição dos contatos. Enquanto o Marquin lhe corta a rabada com a serra que não respeita  anatomias e texturas, Maura e eu colocamos nossa vida em dia, superficialmente, e assim permanecerá, ao que me parece, não aprofundaremos, está tanto em palavras como em subentendidos. Antes de se despedir, Maura que se aposentou pela 3M, se dedica a cuidar da mãe e dos netos, me fez um outro de seus sorrisos francos, ligeiramente - talvez - tristes, que o tempo não foi capaz de mudar, e me diz: ... mas aqui dentro - aponta para a cabeça - tudo continua jovem. Não entendo, até agora, o motivo de sua cumplicidade, e silenciosamente, e também com um sorriso, lhe dou razão, o jovem perdura. 

26 de ago. de 2015

Tem lógica o sonho?




Estávamos num pub em El Tarrós, à volta de uma mesa alta e sem tamboretes, de pé. Jaume passou por nós e sinalizou que já se ia, e se quiséssemos nos levaria até Bellpuig. Jaume é baterista do Husqvarna, e não íamos para Bellpuig e sim para Tornabous, que é o pueblo que queria mostrar a ela. É um sonho, mas é melhor localizá-lo. Estes nomes se referem a pueblos ao pé dos Pirineus do lado da Catalunha. Não há lógica alguma, a priori, pois estávamos em veículo próprio, quando chegamos, e a chegada não é aonde o sonho principia. O sonho principia aonde principia este relato. No entanto quando Jaume nos oferece carona, no sonho me lembrei que íamos em carro próprio. E que não passaríamos por Bellpuig, porque havíamos escolhido ir pelo Caminho e não pela estrada, porque poderia mostrar a ela alguns casarões perdidos no meio das plantações de maçãs, o que não aconteceria se fossemos pela estrada. Dentre os casarões havia um em particular, que pararia para lhe contar uma história que se passou comigo ali, em virtude de um chute de cavalo que havia me aplicado. Saímos com Jaume, que levava no banco traseiro umas oito mudas de marijuana que plantaria em vasos na sacada de sua casa. Corria muito. Jaume era o mesmo da vida real. Quando chegamos, não era Bellpuig, e sim Tornabous. E sem pular nenhum fotograma me via com ela no salão de festas da piscina do povoado. Havia um jantar. Joan veio nos receber. Nos indicou a mesa. E me perguntou por ela. Só então ela ganhou identidade. Ela estava ali o tempo todo. Não identificada. Foi uma grata surpresa. Sempre sonhei com ela. Mas acordado. Em sonhos não havia acontecido. Joan, sim, estava espantado. Porque para ele, no sonho que era sonhado, eu era cozinheiro, e não comensal. Fui saudado algumas vezes. Sentia que para eles nunca havia partido, como se a minha partida houvesse parado o tempo, que agora retomava. Outro espanto era o meu ao agir tão naturalmente, diante dela, como se estivesse com ela todo o tempo em que com ela sonhei acordado. Vou continuar sem nomeá-la. Seu nome é tão forte que não encontro paralelo para o substituir. E tenho vergonha de que por qualquer motivo ela venha ler e se identifique com esse sonho antigo, ou descubra que me sonha.      

Carta ao leitor.

Li tudo a respeito do pacto que antecedeu o 16 de Agosto, caro Gilberto Lauzi. Prós e contras. Com isso consegui uma latinha de sardinha. Diante dela usei tudo que havia lido antes, como se fosse um abridor de latas. Não sei se amo 'meu' país como você, sei que amo à minha moda, e não falo por mais ninguém, senão eu.
De todos os modos abri a lata, e, lá estavam sardinhas sem cabeças. Cantei:  "We all need education" então pensei: tudo, absolutamente tudo que pensar, precede a mim, alguém pensou, alguém viveu, alguém inventou estas palavras e as outras que virão até o fim desse insulto. Mas não disse coxinha, que não, disse Bossa-nova.  Se aquele era ironia, esse é insulto e  digo, porque me parece fundamental. 

25 de ago. de 2015

Ter razão, ter sempre razão.



A arte de sempre se ter razão é um folheto que o filósofo* alemão deixou, sem publicar, o que aconteceu mais tarde. É um folheto cheio de engenhos, industrias e ironias, uns conselhos para conseguir que algumas ideias triunfem, apesar de inconsistentes e falseadas, ou simplesmente mancas da perna da verdade.
O princípio que o norteia é a maldade intrínseca do gênero humano. Assegura que se não fossemos malvados, e no fundo fossemos honrados, em cada discussão procuraríamos levar à luz nada mais que a verdade, sem mais preocupação, e nos somaríamos à ela, sem nos preocuparmos se nossa ou de outrem.
São trinta e oito estratagemas para a arte de enganar, de mentir, de enrolar, de fazer parecer aquilo que é verdadeiro, falso, e aquilo que é falso, algo magistral.
A manipulação dos argumentos, ataques ao enunciador, tudo porque ( adoro essa ideia de usar porque como para que) o espectador conclua que você está com a razão e o adversário mente. O importante não é se chegar à verdade, passa longe disso. O que se pretende é provar que o vampiro é o doador de sangue, a vitima? Pois louca!

Recentemente uma velha raposa política de grande peso específico, um que com certeza leu o opúsculo qual me refiro, sentenciava que a presidenta em nome da honradez, renunciasse, por ter seu nome colado a figuras de baixo peso específico. Não basta responder: que honradez por honradez ele estava no mesmo saco. A resposta a ser dada era a de que político melhor avaliado é político enterrado, já não basta ser um morto. O político não vive de si, mas da não vida do outro.    

.* Schopenhauer.     

24 de ago. de 2015

Hegel, ou entre mordaça e a tagarelice.




Afinal, será mesmo preciso dar explicações o tempo todo ou haveria de me refugiar com mais frequência, para frequentar com atenção plena o silêncio?
Como compatibilizar o recolhimento e a paixão febril por comunicar, e com isso compartir a história do meu tempo?
Olha, como é surpreendente como me debato entre receitas contraditórias na hora de encarrilhar o comboio da existência!
Chego à conclusão de que não posso escolher entre uma e outra atitude, senão que viver imerso na relação dialética entre opções aparentemente contraditórias. Se por um lado sou interpelado por beliscadas,  me chamando à concentração e à experiência atenta do que acontece, sem espectativas prévias sobre mim, nem sobre os outros, nem como haveriam de ser as coisas. Da outra banda me excita a aventura da comunicação, a tendência de contar histórias oralmente, escrever nas redes sociais, divagar.
Então, melhor a eqüidistância instável.
Modestamente, me identifico com algumas coisas que li de Hegel, o Hegel que está em Marx, aonde não posso abraçar o todo e ao mesmo tempo, compreensivelmente, assim a contradição é a raiz - isso é Hegel em Marx - da vitalidade e do movimento.
Pensava nisso estirado na espreguiçadeira, debaixo da amoreira, tomando alternadas pinga e cerveja, quando passa voando baixo um bando de garças brancas, eis que fui tomado de dúvidas, correr a pegar o celular para fotografá-las, escrever sobre elas que começaram suas vidas entre búfalos de água africanos, em pântanos e albufeiras.e que nos últimos anos acompanham umas vaquinhas tucuras que roem os pastos especulativos
da vizinhança. Ou por fim, contemplá-las e deixar correr o tempo, mas deu nisso! 

23 de ago. de 2015

Ungüento de São Fiacre.



Tirado de velhos tópicos, tão velhos como não demonstrados - as dores do amor se guariba viajando e lendo. Hoje por hoje não tenho a menor vontade de sarar qualquer enfado, mas comedidamente faço ouvidos e gosto de passar quilômetros  mais que passar páginas. Ainda que seja mais acessível ler que rodar mundo, minha paixão é viajar, e fiz isso de tal modo que por vezes viajava dentro da viagem, e o remédio do remédio, a volta, se tornava outra unção, de uma moléstia incurável. Certa vez, lia a biografia de JJ e fui me cozinhando numa febre, quando me dei conta terminava a leitura num café do Quartier e havia deixado Bellpuig para tão só ver Tom Waits a L'Auditori. Curiosidade, ou o exercício de bisbilhotar, no bom sentido. Ler é olhar por um buraco a intimidade alheia a caminhar pela Rive Gauche ou folhear um Baudelaire numa livraria acerca de Notre Dame. Os egípcios diziam que uma biblioteca é um tesouro de remédios da alma. E de citação em citação se chega facilmente a que somos aquilo que lemos,  mais aquilo que vivemos. 

Mentira.

Mentira.
Não podemos reclamar, há mentiras para todos os gostos. Meias verdades, pequenas mentiras, mentiras piedosas, malvadas, por necessidade, por falta do que fazer, mas as mentiras reiteradas, premeditadas, estudadas, planejadas com maldade e persistente laboriosidade, são destinadas a crédulos que estão dispostos a tropeçar uma e mil vezes a mesma pedra.
A modalidade em voga é  ocultar fatos. Com as atenções focadas noutros pontos, o Sr. Alckmin mata. Mata de sede. Mata na calada. Mata na caruda. Mata oportunidades de gerações em idade escolar, para instaurar o caos na segurança pública, e como solução autoriza a execução como padrão de conduta policial. Os crédulos seguem torpes a "trupicar", na mesma pedra. 

22 de ago. de 2015

Mapa dos Cornudos.

Infiéis.

Uma notícia banal, deixa de cabelo em pé, homens e mulheres de meio mundo: um hacker divulga a lista de um site para infiéis. Não no sentido malafaico, não. É um sítio aonde homens e mulheres buscam escapadas extraconjugais, com quem anda por perto.
O site se chama Ashley Madison, e seus proprietários, responsáveis, estavam prestes a lançá-lo, cotizá-lo em Bolsa de Valores, tamanho o sucesso que faz, fazia, sabe se lá! Alguém processou os dados de usuários, via Big Data. E qual não é o espanto, senão que a infidelidade coincide com a riqueza, com o mapa do desenvolvimento tecnológico, com o acesso à Internet.
É certo, que o Big Data não pode saber se esse lugar feliz é feito de curiosos ou praticantes.
É notório, se tratar de inverdade, a infidelidade não depende de grana, ou Internet ou tecnologia! Vá me dizer que na periferia só existem fiéis, se o que mais existe a rés do chão  é corno 'brabo','manso' e desinformado. 

21 de ago. de 2015

Agosto, uma encruzilhada.

As vezes fico imaginando o criador enchendo suas rotring (anacronismos à parte) e traçando linhas sem fim por toda parte e em todas as direções. Cada vez que uma linha se cruza com outra, se opera um milagre, fazendo as coordenadas espaço x tempo perderem   seu poder, e uma recordação compartida  te aproxima de tempos remotos e no ermo. E esta casualidade se repete. E tropeça com tantas vidas, que viver o presente é alcançar a tartaruga que Zenão persegue sem sucesso.
Uma tarde de ventos de Agosto, com uma poeira vermelha, infernal, mas este agora, é as linhas cruzadas, e Getúlio se dava um tiro. Jânio renunciava, Juscelino morria na Dutra, Glauber nos deixava com a câmara na mão, Marilyn Monroe, Carmem Miranda,o Enola Gay soltava a solução sobre Hiroshima, Richard Nixon, a URSS invade Praga, pondo fim à Primavera, Hitler pulou Agosto, deixou para o dia seguinte, 1 de setembro, para invadir a Polônia, enfim o massacre de São. Bartolomeu  em Paris. Nasce Fidel.Castro, Morre Trotsky. Morre Nietzsche. Assim que chorar em Agosto é chorar sob a chuva, que em Agosto não cai.