23 de ago. de 2015

Ungüento de São Fiacre.



Tirado de velhos tópicos, tão velhos como não demonstrados - as dores do amor se guariba viajando e lendo. Hoje por hoje não tenho a menor vontade de sarar qualquer enfado, mas comedidamente faço ouvidos e gosto de passar quilômetros  mais que passar páginas. Ainda que seja mais acessível ler que rodar mundo, minha paixão é viajar, e fiz isso de tal modo que por vezes viajava dentro da viagem, e o remédio do remédio, a volta, se tornava outra unção, de uma moléstia incurável. Certa vez, lia a biografia de JJ e fui me cozinhando numa febre, quando me dei conta terminava a leitura num café do Quartier e havia deixado Bellpuig para tão só ver Tom Waits a L'Auditori. Curiosidade, ou o exercício de bisbilhotar, no bom sentido. Ler é olhar por um buraco a intimidade alheia a caminhar pela Rive Gauche ou folhear um Baudelaire numa livraria acerca de Notre Dame. Os egípcios diziam que uma biblioteca é um tesouro de remédios da alma. E de citação em citação se chega facilmente a que somos aquilo que lemos,  mais aquilo que vivemos. 

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