26 de ago. de 2015

Tem lógica o sonho?




Estávamos num pub em El Tarrós, à volta de uma mesa alta e sem tamboretes, de pé. Jaume passou por nós e sinalizou que já se ia, e se quiséssemos nos levaria até Bellpuig. Jaume é baterista do Husqvarna, e não íamos para Bellpuig e sim para Tornabous, que é o pueblo que queria mostrar a ela. É um sonho, mas é melhor localizá-lo. Estes nomes se referem a pueblos ao pé dos Pirineus do lado da Catalunha. Não há lógica alguma, a priori, pois estávamos em veículo próprio, quando chegamos, e a chegada não é aonde o sonho principia. O sonho principia aonde principia este relato. No entanto quando Jaume nos oferece carona, no sonho me lembrei que íamos em carro próprio. E que não passaríamos por Bellpuig, porque havíamos escolhido ir pelo Caminho e não pela estrada, porque poderia mostrar a ela alguns casarões perdidos no meio das plantações de maçãs, o que não aconteceria se fossemos pela estrada. Dentre os casarões havia um em particular, que pararia para lhe contar uma história que se passou comigo ali, em virtude de um chute de cavalo que havia me aplicado. Saímos com Jaume, que levava no banco traseiro umas oito mudas de marijuana que plantaria em vasos na sacada de sua casa. Corria muito. Jaume era o mesmo da vida real. Quando chegamos, não era Bellpuig, e sim Tornabous. E sem pular nenhum fotograma me via com ela no salão de festas da piscina do povoado. Havia um jantar. Joan veio nos receber. Nos indicou a mesa. E me perguntou por ela. Só então ela ganhou identidade. Ela estava ali o tempo todo. Não identificada. Foi uma grata surpresa. Sempre sonhei com ela. Mas acordado. Em sonhos não havia acontecido. Joan, sim, estava espantado. Porque para ele, no sonho que era sonhado, eu era cozinheiro, e não comensal. Fui saudado algumas vezes. Sentia que para eles nunca havia partido, como se a minha partida houvesse parado o tempo, que agora retomava. Outro espanto era o meu ao agir tão naturalmente, diante dela, como se estivesse com ela todo o tempo em que com ela sonhei acordado. Vou continuar sem nomeá-la. Seu nome é tão forte que não encontro paralelo para o substituir. E tenho vergonha de que por qualquer motivo ela venha ler e se identifique com esse sonho antigo, ou descubra que me sonha.      

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