Quando chego à fila do pão, no armazém do Zillo, havia duas mulheres. Com uma delas troco olhares, olhos nos olhos, mais ou menos fixos. Impróprio a princípio, pois não a conhecia. Para sair do limpasse, a saúdo. Ela sorri e retribui com: bem e você? E acrescenta que não estava certa de que eu era eu, mesmo! As palavras indicam, talvez, prudência. Maura, era irmã de um colega de colégio. Ia o ano de 76, me lembro bem da data, porque trabalhava no Cartório do Oswaldo Sampaio, vizinho de sua casa. Nos separavam infinitos cinco anos, eu mais velho, melhor dito, uma eternidade que o próprio tempo cuidou de encurtar. Apesar de que então sabíamos de uma e de outro, mais por terceiros, que por encontros diretos, estes foram se alongando até o ponto da desaparição dos contatos. Enquanto o Marquin lhe corta a rabada com a serra que não respeita anatomias e texturas, Maura e eu colocamos nossa vida em dia, superficialmente, e assim permanecerá, ao que me parece, não aprofundaremos, está tanto em palavras como em subentendidos. Antes de se despedir, Maura que se aposentou pela 3M, se dedica a cuidar da mãe e dos netos, me fez um outro de seus sorrisos francos, ligeiramente - talvez - tristes, que o tempo não foi capaz de mudar, e me diz: ... mas aqui dentro - aponta para a cabeça - tudo continua jovem. Não entendo, até agora, o motivo de sua cumplicidade, e silenciosamente, e também com um sorriso, lhe dou razão, o jovem perdura.
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