A arte de sempre se ter
razão é um folheto que o filósofo* alemão
deixou, sem publicar, o que aconteceu mais tarde. É um
folheto cheio de engenhos, industrias e ironias, uns conselhos para
conseguir que algumas ideias triunfem, apesar de inconsistentes e
falseadas, ou simplesmente mancas da perna da verdade.
O princípio que
o norteia é a maldade intrínseca do gênero
humano. Assegura que se não fossemos malvados, e no fundo
fossemos honrados, em cada discussão procuraríamos
levar à luz nada mais que a verdade, sem mais preocupação,
e nos somaríamos à ela, sem nos preocuparmos se nossa
ou de outrem.
São trinta e
oito estratagemas para a arte de enganar, de mentir, de enrolar, de
fazer parecer aquilo que é verdadeiro, falso, e aquilo que é
falso, algo magistral.
A manipulação
dos argumentos, ataques ao enunciador, tudo porque ( adoro essa ideia
de usar porque como para que) o espectador conclua que você
está com a razão e o adversário mente. O
importante não é se chegar à verdade, passa
longe disso. O que se pretende é provar que o vampiro é
o doador de sangue, a vitima? Pois louca!
Recentemente uma velha
raposa política de grande peso específico, um que com
certeza leu o opúsculo qual me refiro, sentenciava que a
presidenta em nome da honradez, renunciasse, por ter seu nome colado
a figuras de baixo peso específico. Não basta
responder: que honradez por honradez ele estava no mesmo saco. A
resposta a ser dada era a de que político melhor avaliado é
político enterrado, já não basta ser um morto. O
político não vive de si, mas da não vida do
outro.
.* Schopenhauer.
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