6 de out. de 2015

Aos Mestres Com Carinho.

Já olhou os olhos de um grupo de 30 a 40 crianças ou adolescentes por quase uma hora, seguidamente? Se não é o caso, nunca foi professor. Mas, imagina o que deve ser um mestre?
Pense que você é um médico, advogado, um vendedor, um balconista, e que tenha o consultório, o escritório, o balcão cheio, vazando pacientes, compradores, usuários, clientes, cada um com suas necessidades, capacidades e interesses... diferentes. É de bom augúrio lembrar que alguns não têm a minima intensão, vontade de estar ali e que ainda uns tantos façam um certo rebuliço, e você está só, sem nenhuma assistência e os tem de atender a todos e ao mesmo tempo, e com profissionalismo, e até certo ponto com algum grau de excelência. Tudo juntado com mais essa: cinco dias por semana e nove meses do ano, e muita das vezes oito vezes ao dia. Como seria um médico tratando dessa maneira, ou o advogado, o balconista, o vendedor? Pois assim seria o exercício aparente da docência em classe.
Disse aparente, porque a tudo isso tem que se somar, que um professor, seja qual for o âmbito educacional do seu exercício, há que preparar aula. Não é como o ser pedreiro, que uma vez que se saiba levantar paredes e todas sobem da mesma maneira. Cada grupo de alunos é diferente. Cada aluno individualmente tem um ritmo e necessidade particular. Preparar o material escolar, manter o consenso nos critérios de avaliação com os colegas de trabalho, as adaptações curriculares, a metodologia especifica que cada grupo requer, ainda pensar nos casos individuais. E no fim, à noite e durante os fins de semana, preparar as aulas – já que não há tempo de se fazer durante o horário de trabalho, já que nestes momentos há que se dar aulas - corrigir exercícios, preparar exercícios, preparar e corrigir provas. E também fora do horário de trabalho – já que os país não querem perder um dia de trabalho para falar dos seus filhos – atender as famílias...
Quem não é capaz de imaginar tudo isso, também não se dá conta da responsabilidade que se põe, aos professores, saber que os proprietários dos olhos que os olham não se fixam apenas nas palavras, signos, equações da lição. É que se trata de um mestre ele inteiro, uma lição cada um dos seus gestos, cada olhar seu. Ensina com o que diz e exemplifica com o que é, como uma vela que se consome enquanto ilumina o caminho dos outros. É justa compensação que têm? ...
O que posso dizer-lhes é que, os olhos que os olham, um dia e outro mais, enquanto vocês, os mestres, envelhecem, renovavam-se a cada ano na  sua juventude.


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