21 de fev. de 2016

NUTROLOGIA.

NUTROLOGIA.


Já faz algum tempo, que apareceu pela EPTV, ou  no Jornal A Cidade, não lembro bem. O Sr. Dutra, médico e professor, ex-Coordenador do Campus da USP de R.Preto, a lançar um nova especialidade, a Nutrologia. Afortunadamente, pensei, já que há gente insensata em demasia se arvorando nesta seara, a Alimentação. Alimentação como cura, e prevenção de doenças é mais sério ainda, Há uma torre de Babel neste sentido, e qualquer 'chef' , e a qualquer momento se lhe botam um microfone à boca, sai versando receitas de bem comer. 
 No entanto, de lá para cá nada vi, li ou ouvi a respeito da Nutrologia. Penso que é de fundamental importância, pareceres e critérios menos afeitos aos 'achismos' de nutricionistas e chefs de cozinha, que sabem muito pouco do metabolismo dos seres e menos ainda dos organolépticos ingeridos e suas propriedades. Merecia, dr Dutra, a NUTROLOGIA, uma relação mais estreita com a sociedade ribeirão-pretan, por que o conhecimento então desenvolvido nos acuda.  

Ainda, o Limpacus.

Ainda, o Limpacus. 


Um dos mais poderosos cortesões da corte de Henrique VIII era o Groom of the Close Stool.( lacaio, camareiro, garçom do armário de fezes) seja, Encarregado da Matéria Fecal. Origem escatológica. Numa resolução interna podia se ler: "Ninguém não pode entrar à câmara real, tirante o Groom of the Stool, que se ocupa das necessidades de Henrique e garante o seu conforto, descanso e saúde. Que também tem o dever de assistir o rei, sempre que este  for ao “escusado”. Não temos a palavra equivalente para esta lida, o limpador de cu, que não se tratava de uma atividade de pouca importância: zelar pela higiene geral e particularmente pelos movimentos intestinais, peristálticos, do rei. Naquele tempo não havia a privada, mas a “comum” a comuna, para todos, e deveria ter sempre a ponto o armário dos excrementos, que tinha forma de poltrona ou cadeira com os braços de descanso ( o ''stool'' propriamente de cujo já dito), que ia por toda parte com o rei.
Pode parecer um trabalho irrelevante, de pouca hierarqui, de nenhuma categoria. Porque o limpacu andava pra cima e pra baixo com as toalhinhas, esponjas, palanganas, alguidares, cuecas, sabonetes, todas as ferramentas e complementos do asseio real, depois limpar o trono onde o rei descarregava os buchos e tripas.
Era um cu como outro qualquer, mas, calma, era o cu do rei.
Deste modo o limpacu tinha acesso quase ilimitado ao monarca, qual lhe levantava a cabeça nas dores de barriga, o secava o suor da fronte das horas mais duras, o vestia a complexa indumentária real, tudo para que pudesse andar com o ventre o mais comodo possível, alem de tocar sempre o cu real, assim tinha muitas horas diante da pessoa real, que com frequência lhe fazia confidências, pessoais, anais e estaduais.
Por aqui Não demoraria para o PMDB querer esse cargo, se é que não o tem. La pelas Bretanhas do tempo do louco George III, John Stuart, grande Groom chegou a primeiro ministro. Era o ano de 1762.
Isso mostra a importância de se cuidar do cu alheio, tocá-los bem, e se preciso for lambê-los. Coloquemos, por acaso, o nome Conti. Claro, uma coisa é óbvia, tem um nariz ruim, e as mãos e língua sujas.


A Arte de Limpar o Cu.

A Arte de Limpar o Cu.


Não serão nunca suficientes - para nos conscientizarmos - as vezes que insistimos no ato temerário que supõe esfregar um troço de papel no cu. Mais que limpar, ele espalha a merda por todo o rego, toda a vereda das chapadas Bandas-da-Bunda. Incrustando em seus paredões mais recônditos daquela anatomia, criando depósitos minúsculos de detritos endurecidos que serão, como o passar do tempo, fontes inesgotáveis de infecções. Tumefactas.
Os equivocados defensores do papel, demais, pobres desgraçados, estão gravemente divididos, entre as diversas categorias, que se diferenciam pelo números de dobras e picotes que têm o ph antes que o passem pelo anus.
Afortunadamente, a história da filosofia, tão errática e abstrata em geral, faz cinco séculos alcançou o pico intelectual neste campo, nos legando a maneira mais nobre, excelência das excelências, mais expedida, que jamais havia sido vista, de limpar o cu.
Aquele momento de serenidade comovedora devemos o à sã ociosidade campestre do legendário Gargantua, que fez experimentos então jamais vistos, até chegar ao perfeito, limpacu.
Era ainda a idade média, quando provou-se de limpar-se com sálvia, erva-doce, com pétalas de rosa, com folhas de abóbora, com couve, com alface crespa, com espinafre e ortiga. Depois se limpou com lençol, fronha, colchas de retalhos, cortinas, o próprio travesseiro, com toalhas de mesa e de banho, com o leque da senhorita ou lencinho de veludo, que se considerou bom, por sua maciez, depois a seda, já que ela escorregadia trazia uma certa tesão. Enfim, se limpou com palha, de milho e de trigo, com estopa e mesmo com bosta de vaca. Sentenciava Gargantua:
Os seus colhões sempre emporca. Quem o cu sujo com papel toca” .
Foi depois de tudo isso que disse: “Digo e mantenho: Não há um limpacu como um coelhinho bem peludo, sempre que se suporte a sua cabeça entre as pernas. E creiam-me pela minha honra. Já que sentirá no rego do cu uma volúpia mirifica. Tanto pela suavidade deste espanador como o calorzinho de tíbia manhã do coelhinho, que se comunica rapidinho ao cu mesmo e às tripas do intestino, até chegar ao coração e cérebro. E não pensem que a beatitude dos nobres e semideuses que estão ali por Higienópolis e imediações usem orquídeas, abróteas, ambrosias, ou o néctar, como podem pensar.” Penso, eu, que limpam-se com um bom editor, mas só eles, a nós nos vai melhor um coelhinho.


20 de fev. de 2016

GRANDE PUTÃO, VIRILHA.

GRANDE PUTÃO, VIRILHA.

                                                                                                          Mocidade. Mas mocidade é tarefa                                                                                                             para mais tarde se desmentir.  

                                                                                                                                               Riobaldo.





NOBOSTA. FILHO MEU QUE O SENHOR viu né meu não é. Daí virem me chamar. Causa dum filho, erroso. Desde mal na minha mocidade. Cara de cão. Povo pascóvio. O chifrudo não existe. Existe? O doutor me diga. Dono dele nem sei quem for. O senhor ri certas risadas... Olha quando é filho de verdade, a cachorrada não pegava latir. Então depois vamos ver se têm como. O senhor tolere. Toleima. Do Chifrudo. Não gloso. O senhor pergunte ao conti. Quem muito evita, se convive. Dizem só: Chifrudo. Mas chifrudo não bota corno. O chifre do corno é o homem. Só de passagem. Pelos Elisé. Doidera. Fantasiação. Compadre meu Contilém descreve que o que revela uma homem são os baixos, nos descarnado, de terceira. Fuzuando. Comadre meu Serralém é quem muito me consola. Mas ela tem de morar longe daqui. Carrer del Pi. Agora senhor vê se pode, o chifre que eu boto, é em mim eu me que aparece? Doutor me diz.

De primeiro não pensava. Fazia. Então o senhor esqueça. Esquece? Não senhor não anote. Eu narro por desaforo. Me inventei neste gosto. Especular ideia. O chifrudo existe e não existe? O senhor vê. Existe dêéneá? Escadinha torcida. Pois? Se distorcer não é dêéneá. Se o senhor torce, retorce, distorce, sobra dêéneá algum? Eu gosto muito de moral. Raciocinar, exortar os outros para o bom caminho, aconselhar a justo. Minha mulher, que o senhor sabe, zela por mim: muito reza. Ela é uma abençoável. Compadre meu Serralemém sempre diz que eu posso aquietar meu temer de consciência, que sendo bem-assistido, terríveis bons-espíritos me protegem. Ipe! Com gosto... Como é de são efeito, ajudo com meu querer acreditar. Toleima. Tenho pé na cozinha. Pode me chamar Fugacê!  

É tanta a tristeza e o miserê, que até alegra.

É tanta a tristeza e o miserê, que até alegra.

                                                                    "Sempre, no gerais, é à pobreza, à tristeza. Uma tristeza                                                                           que até alegra." Riobaldo.
Gritava o bernabé,
é meu filho
é não é
'cê que fez
foi
não foi
foi não
foi.  Nhen Nhan 

Mi ir I am - todos os paneleiros.
Miri! Ã? Grita a grande mã - Somos todos.
O Jãoponês...  jo... quem... po...
tesoura
papel
enrola nação-paraíso
devolva adão ao barro. abáute costela?

pago
não pago 
não pago ocidente de
pago pago
fumo mas não trago
melo mais não gozo
- I'm Mir somos todos
  • toma que o filho é meu
    teúdo
    manteúdo
    conti údo prensa i não pensa, impensa imprensa.
    nos conti!
    conto não conto
    não conto
    não conto não conto não conto
    Pedra rola
    da serra do rola bosta
    higiene oh polis
    Bataclã!
    Jefersons arrependidos
    nossos heróis na escarradeira rodriganiana
    chupam pica
    engole
    cuspe
    engole
    cuspe
    agora cuspem.
Marimbondos de fogo no meio do mediático

a vida é uma puta arrependida

19 de fev. de 2016

A Arte Plástica. Creio piamente, que em todas as grandes edificações, e em qualquer obra municipal, devêssemos ver uma obra de um artista plástico da cidade.

A Arte Plástica.
Creio piamente, que em todas as grandes edificações, e em qualquer obra municipal, devêssemos ver uma obra de um artista plástico da cidade. Assim ao caminharmos por suas ruas, nos deparássemos com um Cleido, um MauriLima, um Paulinho, digo esses que conheço, mas os há em profusão. E tanto que bons são.   

Ondas Gravitacionais.

Ondas Gravitacionais.



Havia marcado para hoje à tarde, uma bebelança com uns amigos virtuais, no novo Mercadão. Nem tenho tanta pena assim, já os explico. Como ando num resguardo de cirurgia, pós, não ia lá beber mais que uma caneca, mas que diabos esperar de amigos virtuais. Isso mesmo, o bom da coisa é que se deve esperar tão pouco deles que nada acaba em frustração. Todos enviaram uatizapes. Como a sorte pequena chama a grande, acabei por topar com um amigo das antigas. Como eu já vinha apressado, pude manter o contexto na breve conversação que mantivemos. O sinal, vai abrir... Ao cabo dessa brevidade havíamos concordado em duas coisas. Uma é que já não temos tempo para o tédio. Parece que ambos combatemos ao tédio neuroticamente. Eu não usaria esse termo, me referindo a mim eu me, mas como ele quis remarcar, pra efeito de ata, assinei embaixo. A outra é que não podemos nos afastar de nossas mulheres, como ele já me metia nessas considerações, e não me sobrava tempo para explicar que minha rotação e translação se davam mais a certa inércia que à gravidade conjugal, por que, acho que ele, quando se afasta de sua mulher, algo mais de um determinado raio crítico, perde referência, vaga errático... Que estando ali com ela, que comprava bacalhau, aproveitaria-me para tomar um chopp... Eu disse o que se segue, nesses casos me sinto como um trabalhador, que ao chegar ao trabalho, seu chefe diz que hoje, excepcionalmente, não haverá trabalho, folga, e saio por ai zanzando como cometas que com certeza existem e nunca repetem sua órbita, sinto não ser hoje esse dia, assim que até mais ver, porque hoje ainda tenho que restaurar a ordem cósmica. Que ao menos tenha percebido a redundância.  

Mea Culpa ou Autocrítica.


Mea Culpa ou Autocrítica.
Sei dos erros do PT e do Lulopetismo desde suas nascenças, por conseguinte meus também - friso, sublinho - .
Erros,que por pedagogia do acaso, não necessitaram do tempo para nos mostrar a verdadeira face do adversário, disfarçado. E acertos, miúdos, e se os imagino grandes, veria uma guerra civil, hoje, em não sendo disso que se trata nosso momento.
Pequenos acertos que desconcertaram nossa sociedade, até então sempre com cara de bundona.
As Cotas, por exemplo, essa mera coisinha, de nada, nadinha de nada, parece, mas é muita, grande. Enfezou aquela gente pacata, paca mesmo, que era feliz por pastar o pasto alheio à noitinha.
Os erros do qual eles atacam o PT, eram processos naturais em todas as ações anteriores.
Os erros do PT a que me refiro, não são os aqueles uns que baldam na mídia. Os do Mea Culpa, os da minha constrição, são erros políticos, que eles não alcançam, nem para jogar pedra. Mas isso se faz no âmbito do particular, e não aqui, nessa esquina virtual. É dentro do Partido que se deve brigar.
A esquerda, entre tantos, tem o defeito de se atacar mutuamente, coisa que a direita jamais fez.
Nem é preciso que se reúnam, se sabem, desde a toca quando bebês.
Não defendo o PT apesar dos erros. Defendo contra o que se apresenta neste exato instante, qual seja: Os Grandes Meios, a Direita que se apresenta, raivosamente, o Judiciário para os de sempre, DEUSES burgueses, e um primo idiota e desempregado que gosta do Bolsonaro

Estado versus Liberdade.




No fundo, bem no fundo da minha rasura, também sou contra o Estado, não só de sua rarefação controlada, de sua 'menas' extensão, mas de sua total paganidade. E, para quem não sabe; Estado é Lei e para cada uma Lei uma Policia. Pois, assim, então. nenhuma! Porque o que dizemque e como quê quedizem– quando dizem menos Estado – é policia para os outros, e menos para eles que dizem. Assim, digo, policia para ninguém. Liberdade pura e completa, desgraçadamente. Cada um no seu por si só, no seu faquiu e botamos fins às cerejas de todos os privilégios,  para os quais o Estado está, e tem estado!

18 de fev. de 2016

A outra menina me perguntou: Tio, que que é a vida? Cacilda! Pensei!

Botei minha espreguiçadeira na calçada debaixo da amoreira, tomar um gelada, depois de longa data. A cirurgia e suas dores pós, me deram calma, mastigaram aqueles quereres não-meus, querer de avareza. Assim, sentei ali para ruminar. Agora, parecia ser esse ser filósofo por natureza, a vaca, nem o capim ela aceita de primeira, regurgita, repensa, sim, não, engole. Havia um pardal, parecia morto, mais ali perto do fusca. As duas meninas uma de cada vizinho, brincavam. Entre o querer, que não queria, e o levantar da cadeira, que não levantei, as meninas constaram do pardal. A mais serelepe delas o tomou nas mãos. Assim, fez uma concha com as duas mãos e o pardal ali no sossego do fim. Estava morto. Pensei alto. A outra menina me perguntou: Tio, que que é a vida? Cacilda! Pensei! Sorvi um belo gole de cerveja, a ver se aquele nó descia sem raspar. Antes que aquele gosto azedasse em minha boca, engoli, ela esperava minha resposta. A vida é entre uma coisa e outra, disse, ela me olhava, é igual que nem quando Você dá um mergulho para sair do outro lado da piscina, é esse nadar, que a gente não se dá conta, só luta contra o afogamento, uns, outros, para chegarem do outro lado mais rápido, e ainda outros que viram de costas e ficam boiando, uns que afundam, outros que tem bóia, e ainda outros que nadam em todos os estilos... A outra menina num espanto disse, “óia, ele mexeu o biquinho” “ele tá vivo” se ria, feliz. Olhei com alegria, suspeitando que o pardalinho revivesse para que eu engolisse aquelas palavras. Ele se sacudiu em penas e da palma da mão que ela alçava em cena dadivosa, o bichinho voou. Quando dei por mim estava esquecido

15 de fev. de 2016

O O.

O O
A sabedoria, caro Renato, gostaria de dizer, nada tem a ver com a lógica. Se Você quiser podemos voltar a isso, mais tarde, mas por hora te digo que a vida não é lógica, a vida não é racional no sentido primevo de sua significação. Por exemplo, todos sabem da tradição de não se mencionar o nome de Deus, creio que é uma tradição judia, como se fosse indizível, Borges gosta muito dessa recreação, e passa parágrafos entre javé yavé jeová... no entanto o diabo que nos carregará a todos pode ser chamado do que quisermos, suponha que o chamemos somente pelo artigo “o”. é o que te digo: O O nos carregará a todos. Creio que isso relativiza um pouco nossas certezas, como o humor, que não tem pretensões, mesmo que carregado de ironias, porque como sabemos a ironia é uma senhora, melhor, uma velha senhora... Por quê? Ora, porque a ironia se funda na moral, sem a moral não há ironia, e tem sua graça quando se dilui no humor e não no satírico, porque o satírico é moralista na sua essência, e acredita que tem a missão sagrada de dizer a verdade, já que a sua sociedade é corrompida e corrupta, no fundo quer estabelecer algo puro contra o impuro, é um religioso.


Parto de uma  tese sobre Guimarães Rosa, mais especificamente, sobre Grandes Sertões: Veredas. Escrita pelo professor João Adolfo Hansen. Forma literária e crítica da lógica racionalista em Guimarães Rosa. Todo o demais é pura invenção, portanto não creia em nada. 

A Sexualidade. O sexo é como um brinquedo. Qualquer. E como todo brinquedo é para brincar. Se divertir. Todavia, um brinquedo com o qual se pode brincar só ou acompanhado. Quando usado só, há a necessidade de um outro, ainda que abstrato, imaginado e estes seres imaginários desaparecem quando a brincadeira acaba. Já quando se brinca com o outro de carne e osso e sexo, ai a brincadeira fica povoada. Não é difícil aparecerem monstros, fadas, medos, fetiches, zangas, querubins, anjos e brochadas.

A Sexualidade.
    O sexo é como um brinquedo. Qualquer. E como todo brinquedo é para brincar. Se divertir. Todavia, um brinquedo com o qual se pode brincar só ou acompanhado. Quando usado só, há a necessidade de um outro, ainda que abstrato, imaginado e estes seres imaginários desaparecem quando a brincadeira acaba. Já quando se brinca com o outro de carne e osso e sexo, ai a brincadeira fica povoada. Não é difícil aparecerem monstros, fadas, medos, fetiches, zangas, querubins, anjos e brochadas.


A Missa do Descobrimento do Brasil, 8/7/14.


Um navegante anônimo embarcou na grande caravela Facebook num porto de IP desconhecido, mas rastreável, com destino a novos mundos. Depois de meses navegando a esmo, perdido entre monstros, Nausicaas, Ciclopes... foi conhecendo estórias e pensares de outros navegantes, que sem saberem velejavam sob a mesma vela e mastro, com o mesmo destino. Nas velhas cartografias constava de um cordado povo, risonho e feliz. Como bom navegador aprendera diversas línguas, inclusive a do provável povo Cordial. Sim, ainda falavam na língua pressuposta. No entanto, a tal língua já não lhes servia, com ou sem defeitos ortográficos, não se entendiam e não mudavam de assunto. . Em vez de alegres ludopedistas, tristes lulopetistas, de falantes papagaios a tucanos em insanos vôos de rapinagem.
Tempos depois, haveria o grande certame, a grande missa do descobrimento. Os autóctones foram chamados para o caldeirão Mineiro, aonde foram cozidos e comidos pelos visitantes, numa analogia inversa do bispo Sardinha.


Queiram por “demodê” não ser preciso ter bons sentimentos, vá lá, mas bons argumentos é imprescindível!

Queiram por  “demodê”  não  ser preciso ter bons sentimentos, vá lá, mas bons argumentos é imprescindível! 

Rigor. A firmeza das posições não pode estar rompida com a educação, as boas maneiras e a cortesia política.

Rigor.

A firmeza das posições não pode estar rompida com a educação, as boas maneiras e a cortesia política. 

14 de fev. de 2016

Triunfar.

Uma forma de testar o grau de nosso provincianismo é : só dar valor às coisas próprias quando  triunfam “lá fora”.  O barato dessa assertiva é que tanto pode ser atomizada ao âmbito estritamente pessoal quanto expandida a volumes universais. Tá tudo dito acima, mas por mero exercício de digitação exemplifico, Eu só me vejo importante, quando “algo” ( pessoa, grupo, etc) me valoriza. Tom Jobim canta com “The Voice”.  A ONU vê “ x” como exemplo a ser seguido, logo… Sanders fala o que sempre se falou por estas bandas, então agora estamos autorizados a continuar nossa luta...

13 de fev. de 2016

O Espelho Real é o Outro.

O espelho é o outro.

O senhor S não havia frequentado gastroproctologista , aos seus 50 anos. A primeira vez, ali na sala de espera a ler  naqueles diplomas e títulos sempre o mesmo nome. Não lhe era estranho. Ele apreensivo, como sói as primeiras vezes. Ao entrar no consultório concluiu que aquele velho, de palpebras caidas, cabelos brancos e ralos, não poderia ser seu colega de classe do Otoniel Mota, no colegial de 1975. Findo os toques e retoques sempre necessários, ali sentados frente a frente, e para sanar de vez sua dúvida perguntou: “Você fez Otoniel em 77? “. “Sim, terminei o colegial em 77.”  disse S:“ Puxa vida, estivemos na mesma classe!” “ Ah! É! E o Senhor dava aulas de que?”. 

8 de fev. de 2016

Dolly, Mundo Clone.

Um Mundo Uniforme.

Nascemos originais, morremos cópias, Carl Jung. Pode parecer que tenha uma pulga de exagero a afirmação do psicanalista, mas a verdade é que vamos, no caminho de nossa vida, nos fundindo num magma uniformizador e medíocre. Tudo que nos cerca contribuí, os meios sejam, noticiosos, publicitários, culturais, a arte em particular - salvaguardadas as raridades, gostamos em massa do mesmo - os carros têm o arco iris cinza, o sistema educativo, o trabalho, o calendário - de dezembro ao Carnaval é tempo de… - . A vida assim pautada nos leva de únicos a clones. Tirante os buracos, se bem que todas as cidades brasileiras têm buracos, as cidades perdem sua personalidade, mas ninguém percebe, parece que está bem. O mais raro é ver que o esforço para se diferenciar nos iguala. As lojas do centro são as lojas do centro de qualquer lugar, as mesmas marcas. Nosso picolé, o famoso pau gelado é paleta, aqui, na Europa… As lojas chinesas de baixo preço para produtos inúteis são os Bazares chineses em Barcelona. As mesmas boutiques e as mesmas vitrines. Chegará o dia que os viajantes perderão o gosto por viajar, os food trucks, as comidas terão o mesmo gosto, os cheiros e as mesmas paisagens. Mas isso nos diz respeito, já passou o tempo da crítica ao consumidor, pois agora já somos consumidores-ovelhas em rebanhos. Certa feita, alguém, ineludível, justificava comer McDonald em Espanha, porque ao menos se sabia o sabor. Pergunto, sabe a quê? Enfim, como a consciência é o que faço, a cidade é uma franquia, e minha consciência é a franquia duma outra ovelha-consumidora, ela também Dolly. 

7 de fev. de 2016

Poema: Über die Schwierigkeiten der Umerziehung. Hans Magnus Enzensberg, Das dificuldades na reeducação.

 Über die Schwierigkeiten der Umerziehung


Einfach vortrefflich
all diese großen Pläne:
das Goldene Zeitalter
das Reich Gottes auf Erden
das Absterben des Staates.
Durchaus einleuchtend.

Wenn nur die Leute nicht wären!
Immer und überall stören die Leute.
Alles bringen sie durcheinander.

Wenn es um die Befreiung der Menschheit geht
laufen sie zum Friseur.
Statt begeistert hinter der Vorhut herzutrippeln
sagen sie: Jetzt wäre ein Bier gut.
Statt um die gerechte Sache
kämpfen sie mit Krampfadern und Masern.
Im entscheidenden Augenblick
suchen sie einen Briefkasten oder ein Bett.
Kurz bevor das Millenium
anbricht kochen sie Windeln

An den Leuten scheitert eben alles.
Mit denen ist kein Staat zu machen.
Ein Sack Flöhe ist nichts dagegen.

Kleinbürgerliches Schwanken!
Konsum-Idioten!
Übereste der Vergangenheit!


Man kann sie doch nicht alle umbringen!
Man kann doch nicht den ganzen Tag auf sie einreden!

Ja wenn die Leute nicht wären
dann sähe die Sache schon anders aus.
Ja wenn die Leute nicht wären
dann gings ruckzuck.
Ja wenn die Leute nicht wären
ja dann!


(Dann möchte auch ich hier nicht länger stören.)

Hans Magnus Enzensberger,



tradução livre.
dificuldades para reeducar. 


Sensivelmente magníficos
todos esses grandes planos:
a Era dourada
o reino de Deus na terra.
A morte do Estado.
Obviedade ululante.

Se não houvesse essa gente!
Sempre e em todas as partes a estorvar.
Tudo vira imbróglio.

Quando se trata de libertar a Humanidade
vão ao cabeleireiro.
Ao invés de seguir entusiasmada a vanguarda.
Dizem: agora é hora de beber um chopp.
Em vez de lutar pela causa justa,
a lida agora é com as varizes e o sarampo.

No momento decisivo,
procura uma cama ou a caixa de correio.
Pouco antes do nascimento do Milênio,
hora de comprar fraldas.

Tudo fracassa por culpa das pessoas.
Não servem para grandes alardes.
Um saco de pulgas não é nada, se comparamos.

Vacilos pequeno burguês!
Idiotas consumistas!
Sobras do passado!

E não podes matá-la!
Nem convence-la, o tempo todo.

Se não fosse essa gente,
a coisa seria bem diferente.
Se não fosse essa gente,
ai sim, era vapt vupt, então sim!

(então eu tampouco queria estar estorvando)


Muito rápido para uma curva tão fechada.

Muito rápido para uma curva tão fechada. JJ cai com sua Yamaha 535cc dois cilindros numa ribanceira, logo na saída de Altinópolis. Poucos metros atrás vem seu irmão M numa velha Guzzi 599 cc 8 cilindros e encontra JJ estendido no chão no meio de uma poça de sangue, JJ lhe diz que , se não escapar desta, quer ser enterrado com sua jaqueta. Foram suas últimas palavras.
No dia seguinte os membros do Rider a Suck nos reunimos para o funeral de JJ. Pouco antes da cerimonia M convida a todos a beber. Parece mais um pub irlandês que um funeral, cada um com uma Heineken em poucos minutos esgotamos as duas caixas, rimos, choramos e contamos histórias de JJ. M suspira, “JJ ia gostar disso”.
M e outros três carregam o caixão até o cemitério, quase deixam cair o caixão quando desde seu interior soa Born to be wild de Steppenwolf. É tom do celular de JJ quando lhe chamavam. O celular havia ficado no bolso da jaqueta. Um dos carregadores, com tremedeira nas pernas vomita toda a cerveja que havia bebido sobre a lápide. Nem M pode segurar a gargalhada. O toque não demora a parar e o ataúde é baixado.
Em casa fico até tarde vendo um filme pela televisão. Começo a pescar no fim do filme, decido não ver o final e vou dormir, com uma ideia que faz 'cosquinhas' na minha cabeça dormente. Pego o celular e ligo para JJ. Um toque, dois, no terceiro se ouve um ruído:
- JJ...Sou C, e daí véio? Sempre quis saber se realmente tem algo Além. Sim... é só curiosidade.


6 de fev. de 2016

Internet, e a Geopolítica nas artes.

Internet, e a Geopolítica nas artes.

Há sem dúvida um local, no tempo, para a arte. Paris sempre foi centrípeta, atraindo artistas de todo o mundo, desde há muito, mas no fim do dezenove e começo do séc XX virou obrigação estar lá para ser 'alguém'. Mesmo sem nunca ter posto o pé em New York, sei de bairros que concentravam a vida artística da metrópole do império mediático, Greenwich Village, Soho, Tribeca, Union Square eram nutridos e nutriam 'Studios' e artistas. Como Montmartre e Montparnasse, onde pus os pés mas a cabeça não creio, ligados pela linha Nord-Sud desde 1910, não foi diferente. No entanto, hoje estes bairros se tornaram, principalmente em NY, reduto de gente muito rica, o que pode incluir artistas, ricos. Aqui, me parece que os artistas foram defenestrados dos seus bairros boêmios. A arte virou profissão? Antes, me parece, era um modo de vida que gerava uma arte, hoje, uma arte que gera um modo de vida. A Boemia paulistana, carioca, ribeirãopretana... estão no Shopping Center, nos condomínios de baixo e alto padrão. Isolados do mundo, quero dizer, do mundo problemático, que sempre foi o substrato da arte. A arte nunca foi bem-comportada, pode-se dizer que efetivamente não fosse subversiva, em absoluto, mas caseira, absolutamente, como Chiquinha Gonzaga, Mario de Andrade, Millôr... nem mesmo Nelson Rodrigues, ou Manuel Bandeira que por muito tempo teve logos num sanatório.
De repente penso em Jorge Luis Borges, não o primeiro, mas certamente um dos primeiros criadores de arte com fundamento tácito e explicito na informação, escrevendo a respeito do que lera, é o mestre a ser seguido, porque dá a dimensão do que se pode fazer tendo como substrato o já feito, como matéria prima, é o que fez com Quijote e Odisseu, e se não bastasse com Homero.
Na música brasileira houve um claro 'apartheid' dentro de sua produção, sem que isto queira dizer, que houvera uma mistura, mas um contato produtivo entre as variadas formas musicais, sim, e que conste: o fornecimento de matéria prima sempre foi mais frequente e intenso da mais popular para a menos popular, como fica explicito, e explicitado verbalmente por Villa-Lobos, no caso do “Choro”.
Desta forma, o que vemos e ouvimos hoje é a luta solitária da periferia para erguer uma obra musical, enquanto outros expoentes ruminam sobre o já feito.

Acontece que a internet ganhou força, suas redes sociais, acabam por colocar em contato, virtual, uma variedade de espécies. Por hora, há muito ódio, e o entrelaçamento me parece exíguo, frente ao que se poderia construir, mas creio que passado esse estranhamento, algo florescerá. Afinal sempre foi assim, os artistas têm essa afinidade com os problemas, de onde esculpem obras de vertigem.  

Assassinatos, Romance e a vida como ela é.

Assassinatos.

Se as técnicas cirúrgicas não tivessem evoluído exponencialmente o número de homicídios teriam também potencias elevadas. Fica claro, que a maior parte das tecnologias evoluíram muito mais que a moral. O que me chama atenção tem sido a falta de arte nos crimes e sua banalidade, sua quase desrazão. Frente a outros países, sempre me pareceu, que fomos mais criminosos. Do ponto de vista social do assassinato, a justiça brasileira sempre mirou no cadáver e não no assassino. A origem e a etnia do morto, davam e dão a direção, o sentido e a velocidade do inquérito policial. Dessa forma o crime sempre foi banal em nosso país, sempre que o morto seja um zé ninguém. Talvez venha disso nossa pouca desenvoltura no ramo do romance policial. Por outra, outro motivo é e foi a técnica empregada no assassinato, seja, nenhuma. Mata-se. Não há arte, porque não há planejamento. O crime se dá de supetão, quase sem querer, como um tropeção numa pedra. Se se quer o dinheiro dos pais, mata-se os pais, de tal modo que qualquer seqüência lógica e cartesiana de elucubração, sem nenhuma sofisticação, se chega ao ou aos criminosos.Insulina, venenos, metais pesados... não são usados, os crimes são praticados com revólver, marreta, faca, boné ou uma mascara qualquer.  A falta de conhecimento é fundamental para que seja como é, alem da preguiça, porque uma boa pesquisa, nos dias atuais, levaria a se planejar melhor, podendo até se levantar suspeitas, principalmente em se tratando de receber seguros de vida, pois há um pacto tácito das seguradoras com a policia, de maior empenho nestes casos.
Eu suspeito que seja da natureza humana o desejo pelo ilícito, por isso há sempre, quando se vem do passado para o futuro, um aumento da criminalidade. Como já disse, a técnica e a moral progridem com diferentes velocidades. Lembrando meu curso de Vetores, muitas das vezes, têm sinais inversos.

Por fim, o que era para ser uma irrupção inesperada num mundo ordenado, o assassinato acaba por ser conseqüência natural do modo como vivemos.
 Não se trata aqui de preferir um modo de vida ou outro, no sentido de uma nostalgia da merda, pratica corriqueira das gerações, só uma constatação, e escrever um romance policial seria descrever universos opostos. Uma vez, que existem muitos casos no qual um morto, antes de morrer, se atira na direção do projetil, e por vezes, faz isso mais de uma vez.  

5 de fev. de 2016

És um velho, Fausto, um velho.

És um velho, Fausto, um velho.



Todas as imagens que tinha, até ontem, de minha avó materna eram lembranças de uma mulher muito viva, benzendo quebrantes, apartando nossas brigas no campinho... não a vi morta. Outro dia fui visitar um primo de um tio, este também falecido, que me mostrava fotografias antigas, e ao me ver com os olhos estanques numa fotografia com algumas mulheres, numa rua de cafeeiros, disse assim de supetão: “Esta é sua avó” e completou dizendo, que por ocasião da fotografia eu não havia ainda nascido. Era ela, sim, sem tirar nem por, com um avental furado, seus longos cabelos, e uma verruga que também conheci, mas bem mais crescida. Analfabeta, benzedeira, e a beira do borralho me contava contos. Era uma vez um ferreiro... Fui descobrir – com o luxuoso auxilio do Google, e meus parcos conhecimentos de outras línguas – que os filogenéticos Tehrani e Graça da Silva, deram este conto como um conto de seis mil anos, da era do bronze. Diria que é de uma época, em que até o diabo era um jovem. Pois o ferreiro entregou sua alma ao jovem Demônio, em troca de que este o ensinasse a misturar os materiais e uni-los da forma que quisesse. Há uma frase que ronda nossa cultura, que o demônio é mais poderoso por velho que por diabo, e naquele momento isso de nada lhe serviu, e acabou se deixando enganar pelo ferreiro, que pendurou o maligno numa árvore, depois de conseguir o segredo da mistura de lâminas. Fausto não teve a mesma sorte, pois é da terra kantiana, e palavra dada... Me pergunto de qual embornal minha avó tirava essas histórias, apago a pergunta e digo que ela os inventava, enquanto depenava uma galinha, para nos fazer uma canja para as longas madrugadas do Carnaval. ... por estas bandas, seguimos enganando o capeta.


3 de fev. de 2016

Desdicionário. Falácia: acreditar que o tamanho do pênis tem a ver com o do nariz.

Desdicionário.
Alvo: avô branco.
Papada: o papo do Papa papa, papou no papo, levou no papo, 
Canabis: dar o segundo pega. Ir em cana por isso e só ter cana pra chupar.
Infimose, pênis diminuto inviabilizando a circuncisão.
Ridiculites : pequena inflamação do nervo da vergonha.
Ministério: mistério sobre o ministro da cultura.
Multicanal: Veneza, Recife.
Colossal. Grão de sal do tamanho do buraco da rua de casa.
Lúcifer. Brilhante em tons avermelhados.
Parca, burca que só tapa os olhos.
Peritonite: doença que dizimou os Peritos da era Collor.
Melodrama, melão com gosto de pepino, ou bucha.
Lacônico, na forma de um cone.
Malária. Uma parte da ópera que não presta.
Saudável, pessoa digna de um “Olá, como vai”
Diatribe. Tribo das criticas virulentas. Virulenta: vírus disseminado pelo Bicho Preguiça.
Lavadora , Suíça.
Retificar: fazer ás pressas.
Veleidade: vovô cantando mocinha.
Pedagogo, muito gogó e pouca coisa mais.
Bimestre, proprofessor/a.
Advérbio et órbio, modifica não só o verbo, mas todo o universo.
Vespa, inseto italiano de duas rodas.
Libélula, inseto que acusa,
Purpurina, urina carnavalesca.
Auto-estima, gostar de si cuidando mais do automóvel.

Copy right. Direito de copiar, então copie.
Conífera, reino animal, a fera cone, Fred. Botânica: a árvore dos cones. Figura de linguagem: diálogo de lacônicos.
Fraudulenta, péssimo nome para uma senhora alemã. Dulenta.
Enrugado, Bovinos não fazem cirurgia plástica?
Autocensura.
Balada. Festa que termina em tiroteio.
Bissexual. Por isso inventaram o viagra. Mais uma, mais uma...
bronze: o onze do br.
Clara, uma loira com juízo.
Daltonismo, transtorno congênito que nos impede distinguir os Daltons
Ecografia. Cografia, grafia, fia ia, a ....
e-difício. construção virtual de difícil acesso.
Esfincter, figura estrambótica ou estrambólica e enigmática, pela qual Édipo tomou verdadeiramente no cu.
Esquerdismo. Insistir nos péssimos resultados da mão esquerda quando se é destro.
Falácia. Acreditar que o tamanho do pênis tem a ver com o do nariz.

Favorita. A pedra que sempre tropeço.

Faça como Demócrito, não morra em véspera de Carnaval.

Faça como Demócrito, não morra em véspera de Carnaval.

       Demócrito, o filósofo risonho, estava à beira da morte, carcomido, corroído pela velhice. Sua irmã não parava de chorar. Dorido desenlace iminente, mas a dor doía mais por inoportuna, porque naqueles dias se dava o festival das Tesmofórias, festas em que as mulheres festejavam Ceres e sua filha Prosérpina, rituais secretos, maçã do amor, auto falante soando Odair José e tudo mais.
         Demócrito, entendia sua dor, afinal era risonho e não carrancudo. A propósito, ria.
         O que fez Demócrito?
        Tentaria adiar sua morte. 
         Como? 
         Pediu a sua querida irmã, que lhe trouxesse até a cabeceira de seu leito, alguns pães, acabados de sair do forno, e ali ao lado do travesseiro os depositasse, junto a sua cabeça. 
         O que aconteceria?  
         O aroma era tão inebriante que poderia entreter a dona Morte, ainda que ela estivesse ali a rondar a cama.
         O que de fato aconteceu? 
Isso mesmo que ele planejara, durante três dias que duravam as festas, pelo olor dos pães, ele ansiou sua vida tanto que não morreu. 
         Mas, enfim, Demócrito morreu? 
         Sim, no quarto dia, finalmente, soltou as amarras e morreu em paz. Assim não estragou as festas de sua irmã.

2 de fev. de 2016

Rir, Educação Para o Futuro ou Toda Cinderela Tem Sua Meia-noite.

Rir, Educação Para o Futuro.

Toda Cinderela tem sua meia-noite.

Vivemos um momento histórico singular, mui singular, o mais especial de todos – como todos - nunca antes ficou tão pouco claro o que é uma boa Educação, e nunca antes lhe foi outorgado tanta importância como credencial social, ou teve tanta importância para se ter o máximo êxito na vida.
A boa Educação é aquela que propõe limites severos à molecada, para com isso botar-lhes limites severos à exagerada volta do pêndulo pedagógico da permissividade em plena época da intolerância às frustrações pelas satisfações imediatas, a dos gadgets tecnológicos vertiginosos?
É uma boa Educação a complementação da educação formal os esportes, idiomas, música, artes marciais, visitas turísticas aos altruísmos junto ao tecido social mais vulnerável da nossa sociedade, ou tudo não passa de exigências excessivas? Afinal, uma simples inversão, o filho que é quem busca um herói, acaba por ser superman em construção daquilo que não somos? “Viva e deixe viver”, ainda vale?
Afinal, sabemos muito pouco sobre o futuro, mas sabemos que não sabemos como será a maioria das profissões do futuro, assim, como preparar a molecada para ser algo, que no dia em que serão e farão, talvez para tanto, fará melhor um robô?
Indo pouco mais adiante, como os valores mudam, então, como lhes inculcar valores, se já vi a castidade, a virgindade ser um grande valor, depois passou a ser digna de vergonha quem o fosse, para então a “ménage à trois” ser uma vergonha, e logo vergonha era não ter nunca praticado. O que era luxuria passou a ser sinônimo de sanidade, de uma sexualidade livre que ajuda a queimar calorias, e neste momento a gula é a nova obscenidade.
Quem diria que a liberdade de pensamento começasse em algum momento a tangenciar o Fascismo? Quem diria que o laicismo não se adaptou ao multiculturalismo que abraça como ideal?
Quando era menino, os paradigmas, quaisquer – mesmo no futebol os times eram eternos, todos sabíamos escalar o nosso time, e de quebra o adversário – tardavam em mudar, estavam sempre no horizonte.

Portanto, que a Educação permita o riso, porque o riso está cheio de consciência, aguda consciência, e elevada lucidez.  

29 de jan. de 2016

Rebobinar.

Rebobinar.


Botar a mochila no barranco, descalçar a bota, desfazer o caminho, sem olhar para frente, desler livros, apagar blog e relatos óbvios, descomentar comentários, despronunciar desfirmar posições, desamar, desapaixonar, desodiar, desvisitar cidades, mares, praias, montanhas, desver alguns quadros esculturas exposições, desconhecer certas pessoas, desassistir filmes, reuniões, desvotar, desfiliar,  desparticipar de cerimônias inúteis, desvoltar, recolher bitucas de cigarro, apagar a luz, sentar, em silêncio.     

Pontual.

Ele tinha esta clareza, aos encontros marcados, aos lugares que têm hora para começar, se vai ou não. Era o seu lema, sua ética. A frase não tem, como direi, brilho para luzir por ai, mas o identificava com tremenda precisão. Era um homem pontual, de raspão com a obsessão. A remota possibilidade de se atrasar lhe provocava desassossego, em flerte com a angústia. Especialmente na hora de viajar. Tanto fazia a distância. Vivia a três passos do ponto de ônibus, mas saia de casa uma hora antes, em qualquer caso. Óbvio, era sempre o primeiro. Isso lhe permitia o  excêntrico capricho: sentar no primeiro banco, corredor,  ao lado do motorista. Era a sua debilidade. Cada vez que o companheiro de poltrona descia e outro subia, cedia a passagem para a janela, era um preço que estava disposto a pagar, para usufruir da panorâmica, da paisagem, que o lugar oferecia. Na volta, a coisa se complicava. Custa crer, mas esse desejo, mania, era compartilhada com muitos companheiros geracionais. Alguma discussão em tom mais elevado foi vista na estação rodoviária, entre os aspirantes a copiloto do circular. Parece que o pessoal do primeiro e segundo quarto do séc XX tinha a personalidade mais definida. Basta se fixar nas velhas fotografias escolares. Rostos rudes. Não se comparam em nada com as fotos de funcionários felizes da M. Narizes importantes. Olhares para uma escadaria que baixa a um mundo inóspito, de quase miséria. Vida dura, ainda que se houvesse sido menino mimado em casa de boa família.

Baseado no fato de que Salvador Dali exigiu embarcar 48 h antes do navio zarpar para Nova York, na sua primeira ida aos EUA, por ter medo de perder a hora. 

28 de jan. de 2016

A Vida.

A vida.

Para viver há que se abraçar a vida em toda sua esgarçada e fragmentada liquidez, no que tem de boa e má, amar a Dilma e o  câncer, FHC e a Zikai, Aécio e Zé Dirceu. O humor não existe como ornamento escapista, é a hilariante ferida suicida que faz da merluza bacalhau ou sereia, sábio ignorante, Bolsonaro em diamante, o relaxamento que permite mijar na mão do amante. 

27 de jan. de 2016

não carrego a carteira vazia mas transparente

não carrego
a carteira
vazia
mas transparente

Quando ela pensou hoje se atreveria abraçá-lo todo ele era mar

Quando ela pensou
hoje se atreveria
abraçá-lo
todo ele era mar

Entrevista com Mula sem Cabeça, presidenta do Sindicato dos Fantasmas Esquecidos.

Entrevista com Mula sem Cabeça.

Me conte, como tudo começou?
Era amante de padres em pequenas vilas, os padres frequentemente tinham seu muar, para todo o uso, mas de vez em quando saiam comigo (olhar perdido).
Então, nem sempre foi uma mula?
Era uma moça comum e trigueira, até que o pároco levantou a saia, a minha e a dele ( risos), e nos tornamos amantes.
Você levava uma vida normal.
Sim, só que estava proibida de ir à missa. ( emburrada)
Por quê?
Porque algo poderia acontecer e não se sabia o quê.
E você ficou curiosa e a acabou por ir?
Um pouco foi curiosidade, outro tanto foi a paixão. Me apaixonei pelo padre.
Me conte que aconteceu.
Tudo corria fluentemente, o Padre me olhava com medo e cautela, até que quando ele levanta a hóstia, ela desaparece.
A Hóstia desaparece?
Sim! (olhos arregalados)
E desde então Você se transformou na Mula sem Cabeça?
Não foi imediatamente, pois o padre andou a pensar um pouco, não queria me perder, e como ele tinha lá seu muar, por bem eu seria mais uma no meio delas, e o povo não desconfiaria.
Quer dizer que seu encantamento a transforma numa mula normal e corrente?
Sim.
E quando é que você perde a cabeça?
Justamente no ato amoroso. (gargalhada) Como castigo, não esperado, saio a galopar, assombrando e soltando fogo pelo buraco da cabeça. As vezes relincho e as vezes soluço. ( piscando o olho como um gif)
E não há como acabar com o encantamento?
Agora não mais, porque o padre teria que me amaldiçoar sete vezes antes de celebrar a missa, como ele já morreu, já não é possível. ( olhos lacrimejam).
 Por isso que andas triste?
Não, não é por isso não, ( decidida) na verdade ando triste porque ninguém me vê como antigamente.
E por quê?
Foi uma mudança lenta, (professoral) mas tudo começou quando iluminaram as ruas, as casas. Com o passar dos anos tudo está cada vez mais iluminado. E há tanto ruido, barulho de carros, toda gente vai com fones de ouvido, ouve-se música no volume máximo, que por mais que me esforce já não consigo ser vista. Além do que, há muito zumbi andando por ai que espantam mais que eu, tanto quando alguem me vê, vem até mim e se nos fotografa.
Daí que nasceu a ideia do Sindicato?
Sim, fizemos umas reuniões, com os companheiros, ( o próprio Lula) o Fantasma que Arrasta Corrente, Mãe D'água, Mãe da Lua, e muitos outros, somente o Saci Pereré não quis tomar parte.
Por quê?
Ele anda assustando uma cidade perto do vale do Paraíba, (Pelego, não disse mas pensou) e assim vai fumando seu cachimbo.
E qual vai ser a sua luta no Sindicato?
Vamos lutar (Ciro Gomes) contra outros monstros modernos que tomaram nosso lugar.
Você pode me dizer quais são?

A maioria ( cara de coxinha) começa por “I”, IPVA, IPTU, e alguns animais que já têm seu serviço e invadiram nosso espaço, como o Leão do imposto de renda, o Dragão da Inflação,...    

Universal e Eu, ou a Alma Está a Se Reduzir?

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Em algum lugar de Marx, que não posso precisar no mundo não haveria fronteiras, e eu pensei que a ideia era boa e era jovem sem limites  e Bonfim  pequeno, levei meu espirito para passear. Tudo para que a alma crescesse. Como bom bonfinense e por conseguinte brasileiro, carregava comigo o embornal de desconcertos diante das leis, descobri que o mundo tinha mais cercas que os sítios na Estradinha do Cantagalo, cheia de mourões e arames farpados, estas a gente varava por uma manga, já aquelas....

As fronteiras, europeias, eram cruéis, mas descobri que as fronteiras são mais rígidas para uns que para outros. Um amigo, melhor contar isto antes: No trem que ia de Milão a Munique e cruzaria a Suíça havia um batalhão de policiais. Com o comboio ainda na estação veio a verificação dos bilhetes. Logo a trupe dos passaportes, pois esse amigo, um recém formado jornalista, com sua cabeleira negra, seus olhos negros e a tez mourisca, se tornou o preferido deles. Na primeira visita, tomaram meu passaporte, mas olhavam para ele, assim que ao me devolver o passaporte, o policial quase o deixou cair ao colo de um terceiro, estendia o braço alhures mentre se fixava em Ulisses -  não pela viagem, mas por não esquecer jamais sua descendência mineira alojada na rua Marechal Deodoro em Ribeirão -  quanto ao seu passaporte, este foi vasculhado por todas as patentes que no trem estavam lotadas.
 Em algum lugar entre tuneis e sopés de montanhas com picos nevados estava a fronteira suíça e lá o trem parou para a troca da guarda, entravam os suíços, saiam os italianos. E a história se repetiu com com agravantes, uma era a língua, outro, cada guarda dizia olhando nos olhos de nosso Odisseu: Visum Erforderlich. Ân! Trucava o mineiro. Sie benötigen ein Visum für Deutschland. E se iam, mas logo vinha outro, alem do sotaque, e da cor dos uniformes, nada diferente do que havia se passado em La Junquera, na fronteira de Espanha com  França. E assim foi até Munique. Ele voltou para sua Itaca. Eu fui ficando, até que um dia dei umas marretadas no muro de Berlin, com emoções confundidas, e o mundo universalizou, o mercantilismo, as mercadorias, tal como previra o touro mouro, mas para os homens as fronteiras permaneceram e permanecerão em continuo encurtamento dos raios de seus círculos, a ponto de cada um estar completamente cercado para o outro. Tanto que as vezes chego a me sentir como um mourão de canto de cerca, grosso e arrodeado de arame farpado e a alma pequenina, enquanto a vaca vem em mim coçar seu berne. 

Cleptocracia

Cleptocracia!

Regime fundado, e destinado, na espoliação permanente das Administração Pública, para o enriquecimento Pessoal e para garantir a perpetuação no poder de quem supostamente a praticá. 

26 de jan. de 2016

O Homem que enfiou o dedo no cu.




É a história de um encontro de estudantes de história, que por caminhos que só mesmo Borges poderia explicar chegou a mim e me deu vontade de contá-la. Os futuros historiadores estavam acampados no campus da Universidade de Aracaju, para o Encontro Nacional de Estudantes de História, ENEH.. Havia gente de todo lugar do país, uns vendiam pingas misturadas, e outros que pagavam pinga misturada com maria. Eu tenho 'cabeça de negro' gritava um, Eu Paraty, respondia lá nas barracas da UFRJ... a manguaça era geral para  gêneros e graus. Era o preparamento para assistir um forrobodó no centro de Aracaju, numa praça a céu aberto. Um paulista levava seus olhos verdes para ver o cobre das meninas de Salvador, a zabumba ditava o ritmo, não se perca de mim, não se perca de mim, não desapareça... Muitas palmas e aquilo introduzia um xote, vem cá morena se achegue pra cá... e a dança acompanhava os sotaques dos dançadores, mas a mão estava sempre no começo da espinhela... de repente... se abre um clarão no meio do público, um sujeito com a autoctoneidade a flor da pele bailava, com seus colares de ouro, seu relógio de pulso, de correia mais larga que o pulso, rodopiava passos perfeitos para historiadores do futuro, que o aplaudiam, a roda cresceu, ele tirou a camisa, todos esqueceram da cantora, da zabumba, o homem de bigodes tirou a camisa, dançou, rodou sobre seu eixo, sobre seu centro de massa deu mortais, mais aplausos, a cantora chamava a atenção dos únicos dois policiais, "ele atrapalha o show",  dois rapagões recém ingressados no corpo, pouco podiam fazer, o homem bailando se despiu completamente, e bailou, a morena cobre não se aperreou, aplaudiu, ele bailava, todos bailavam à volta dele, ele abre as pernas, bota a cabeça entre as pernas, como quem quisesse olhar o cu, e então enfia o dedo no cu. A multidão delirou. Gritos de todos os lados, os que estavam na segunda fila se arvoravam para ver o dedo no cu. Os moços da policia, vêm e o levam, sob protesto do povo da história. De uma gente que passa a vida a ler sobre revoluções, não demorou o grito: “ão, ão, ão, abaixo a repressão”. Os policiais estavam atônitos. Parecia que a massa lentamente se movimentava para libertar o homem com seu dedo no cu. Nessas horas é que aparecem os lideres, e ele veio, saindo do meio da multidão, foi lentamente se aproximando dos policiais, e um deles num ato reflexo desferiu uma coronhada na testa do líder, o sangue esguichou, empapando a camisa, enchendo de espanto o policia; a massa se enfurece, parte para cima dos policiais, que metem o homem com seu dedo no cu, dentro da viatura, um vai conduzir, ou outro apontar a arma. Nisso chegavam mais e mais viaturas, fazendo curvas, cavalo de pau; a tropa de choque, um rapaz cai, o brucutu o imobiliza, mete o revólver na cara do jovem, dispara, o tiro seco, mas é no chão que entra o projétil... “Puta que pariu, essa policia é a vergonha do Brasil”, a curitibana pensa estar vendo uns quinhentos policiais, que formavam uma fileira e os encantoava para dentro de galpão vazio, todo mundo apanhou, nem se for uma na canela, levou uma borrachada.. vieram ônibus que levaram a todos de volta às suas tendas... e passaram lá toda a noite a fumar e beber e contar cada um o que viu, o homem que enfiou o dedo no cu.

Stalker, o filme e um poema ali declamado.

Stalker

"Que se cumpra o idealizado.
Que acreditem.
Que riam das suas paixões.
Porque o que consideram paixão,
na realidade,
não é energia espiritual...
mas apenas fricção entre a alma e o mundo externo.
O mais importante é que acreditem neles próprios
e se tornem indefesos como crianças.
Porque a fraqueza é grande,
enquanto a força é nada.

Quando o homem nasce,
é fraco e flexível.
Quando morre,
é impassível e duro.
Quando uma árvore cresce,
é tenra e flexível.
Quando se torna seca e dura,
ela morre.

A dureza e a força são atributos da morte.
Flexibilidade e a fraqueza são a frescura do ser.
Por isso, quem endurece, nunca vencerá

 de Andrej Tarkovski,

Oscar.

Já que vivo em tempos de tudo e em tudo dar um pitaco; Boicoto o Oscar desde sempre; Há varias peneiras pelas quais passam as películas, uma delas e a mais grandiloquente é o Oscar, que é a força de gravidade do planeta Oscar, capaz de catapultar qualquer coisa à velocidades incomensuráveis, vejo cinema, se possível a meu modo, com olhos infantis, e vejo todo tipo de cinema, assim como ontem comi arroz com ovo, quer dizer, prefiro arroz com ovo. Reluto, me estrebucho, tudo pensando  em ver o mundo por um olho que não seja o meu. Nem sempre é possível. Tento. Já que para mim não é possível encontrar o melhor, por exemplo ator, desconfio de tudo, e como dizia Alceu Valença, até de sua barba se a deixou crescer de um mês para cá! 


Olha massa da mandioca, oh, Mãe! A massa.

Olha massa da mandioca, oh, Mãe! A massa.

As massas são indiferentes à liberdade individual, à liberdade de expressão; as massas amam a autoridade. E se sentem ofuscadas pelo brilho arrogante do poder, mas sentem-se insultadas pelos que não se deixam embalar por essas e outras. Na verdade, quando pedem opressão, ditadura, é que a única igualdade à que sentem o cheiro é o da opressão, já que oprimidos, querem a opressão estendida a todos. Desta forma mantêm a mão que descaradamente lhes rouba o pão com margarina.


25 de jan. de 2016

Listas.

Listas.
Pensei numa lista das desculpas dadas pelos funcionários quanto tive pizzaria, mas ela redunda em ou deixar a mãe doente e matá-la. Então li uma lista dos pretextos de trabalhadores egípcios que construíam as tumbas dos Faraós no Vale dos Reis:
Por que você não veio trabalhar ontem?
Mulher menstruando,
Picada de escorpião,
Fabricando cerveja,
Embalsamando o irmão,
Estava com o Escriba,
Libação do filho,
Amortalhando a mãe,


Listas.

Listas.
Pensei numa lista das desculpas dadas pelos funcionários quanto tive pizzaria, mas ela redunda em ou deixar a mãe doente e matá-la. Então li uma lista dos pretextos de trabalhadores egípcios que construíam as tumbas dos Faraós no Vale dos Reis, gravada numa pedra de 1600 A.C.

Por que você não veio trabalhar ontem?
Mulher menstruando,
Picada de escorpião,
Fabricando cerveja,
Embalsamando o irmão,
Estava com o Escriba,
Libação do filho,
Amortalhando a mãe,



“As reconciliações, tirante as exceções, só são possíveis quando não são necessárias”

Reconciliação.


Olha que maluco isso: “As reconciliações, tirante as exceções, só são possíveis quando não são necessárias”. Há união que se sustenta por teias secretas, por ligações de van der Waals, pontes de Hidrogênios, por metáforas, por dúvidas, por omissões e que quando se rompem todos as diferenças aparecem, e ai é absolutamente necessária a reconciliação, e isso é impossível, porque havia um equilíbrio meta estável, que é a cadeira equilibrada em duas pernas. Assim vale a premissa, só há reconciliação quando nada há de diferença.   

25 de janeiro. Blue Monday

25 de janeiro. Blue Monday


Dizem que é o dia mais triste do ano. Última segunda de janeiro. O natal já ficou para trás, longe, mas permanece o sentimento de se ter feito extravagâncias. Os dias são longos e quentes e úmidos, o ventilador refresca um lado enquanto o outro sua. As promessas de mudança feitas na passagem do ano. engolindo doze sementes de romã, parecem impossíveis, e os quilos a queimar aumentaram. Janeiro é uma subida. Antes da última curva, pude sentir na alma, que deixava  a praia ensolarada, na próxima curva o Carnaval,  que anima a continuar subindo a serra Janeira. Depois é o planalto, sempre o mesmo, canaviais, canaviais,canaviais, longe ainda estão as próximas férias, ainda assim passarei por eles, mas será no sentido oposto.  

24 de jan. de 2016

Pseudônimo.

Pseudônimo.

Dizem que Bloy dizia que quando queria saber das “news”, novas, notícias mais fresquinhas corria a ler o Apocalipse.
Creio que viemos ao mundo para forçar a porta da realidade, sem juízo crítico há quem se contenta com um buraco de fechadura. Não sei aonde começou nossa loucura. Mas é a missão. Em algum momento delegamos à Dona Morte a necessidade de arrumar a cama e outras tarefas não entrópicas. Hoje, depois de um sábado destinado ao sacramento do churrasco, decidi por comprar um frango assado, na hora que passava pela praça Bonfim. Paguei e fui recolher o assado. Estava já no fim um quid pró quod, de quem chegara primeiro, em vista de uma penosa mais avolumada. O assador de frango, quando os briguentos mal viravam as costas sacramentou: A vida é um pseudônimo. Não sei e não quero saber o que ele quis dizer, nem se ele sabe o significado do que disse. Sei que estou agradecido, não pelo frango, por seu excesso de sal… 

18 de jan. de 2016

Barcelona i Fiducia i Llull.

Barcelona i Fiducia i Llull.

Incerta feita, Alejo, para Alejandro, propunha: que palavras encontrávamos mais bonitas nas línguas com as quais nos deparávamos naquela Tubinga multi-étnica. Ele gostava de Madrugada, eu de Augenblick e Fiducia, mas Fiducia com a pronuncia de um italiano de Genova em Rimini, algo como fidúgia com gia num sussurro. Não se me lembram as outras, senão que, Barcelona. É muito equilibrada a palavra, e nada trivial sua fonética, mas há um ponto exato de sua acentuação, que é aonde se mistura a pimenta e a luz que caracteriza a atmosfera da cidade, e lá se diz: Barcelona es bona bona, quan la bossa sona! Muito catalão, o dito. Bossa é dinheiro, ou mesmo bolsa de dinheiro. Claro que é boa, se o bolso soa! Custa muito. E gastar dinheiro não é com eles. Mas se de quando em vez : 'es tira la casa per la finestra', joga-se a casa pela janela, ou para ir a Barcelona há que tenir la bossa foradada, seja furada, gasta-se, faz de Barcelona bona bona.
Assim aprendi muitas coisas, saboreando nomes, palavras, até que um dia me deparo com este nome de rua: Ramon Llull. Estes duplos 'l' em catalão tem som de 'lh' assim o nome soa: lhulh. E qual não é o pecado? Ramon llull foi também astrólogo, além do mais importante escritor, filósofo, poeta, missionário e teólogo da língua catalã. Mais que isso, ele conceituou um sexto sentido, o Afat, “ é aquela potência com a qual o animal manifesta com a voz a outro animal a sua concepção”. E alem disso é um certo gozo por falar determinadas palavras, ou todas.


11 de jan. de 2016

Pescando larvas de Aedes com anzol de lambari e Puré de Mandioquinha.

Pescando larvas de Aedes com anzol de lambari.


Imaginem um conjunto. Pois boto nome neste conjunto de B. Neste conjunto estão todas as coisas que têm nome. Espere! Espere! Tudo que ficou de fora acaba de ganhar um nome? Os inominados agora são não-B? Faz um tempo que ando com esse paradoxo. Pensei pela primeira vez nele, ontem, enquanto fazia um puré, ou musseline de mandioquinha salsa ( manteiga, batata, mandioquinha, leite, creme de leite, alho-poro, noz moscada, sal ...). Tomando cerveja e logo almoçando, esqueci do paradoxo. Agora fui jantar e me lembrei do puré, e olhando ali para o prato, o vi como o conjunto B. E aqui estou a pescar Aedes Aegypti com anzol de lambari.

9 de jan. de 2016

Not Disturb. Deus está descansando em mim

Not Disturb. Deus está descansando em mim.
Depois de 6 dias de trabalho duro de cosmogênese, criando o mundo, Deus estava cansado, e para descansar criou mais um dia, na conta da crianção, e nesse dia ocioso criou o homem, como arte, hobby, para descansar do antes feito.
Viu que o Homem seria sua guarida, seu repouso. Então disse que estava contente, pois, Fiz uma casa para Mim, onde posso repousar, no Homem estará meu descanso doravante.
O Cristianismo tem essas coisas sublimes. Desmedidas. Exageradas, beirando a blasfêmia.
Mas é justo este ponto, à beira do absurdo que se encontra o lugar poético da meditação. 

6 de jan. de 2016

Carnaval vs Ambulância.

Carnaval vs Ambulância.

Qualquer dia é dia da ilusão, hoje. Mas nenhuns são tão característicos quanto os dias de Carnaval. Que é a Ilusão? Deixando de lado o conceito psicológico da interpretação errônea da percepção de estímulos externos, do engano dos sentidos, da projeção da imaginação, e o desejo de valores e virtudes sobre objetos, fatos, situações, pessoas, que não as dispõe ou têm em realidade, obviando, claro, as definições negativas, a Ilusão não deixa de ser uma busca pelo ideal, uma utopia.

“De ilusão também se Vive”.

Então, sim, ainda que soe a estupidez. Acontece que a fugacidade das coisas, dos afetos, a fragilidade da vida, a contingência das paixões e emoções, o peso específico de nossas limitações, nos levam a criar ficções, a acreditar em miragens, dando poder aos amuletos, às sete ondas, aos ícones, à cachaça. Tudo nos leva a idealizar, e sem idealização, provavelmente, não haveria nenhum tipo de sensibilidade pela arte. Nem o sentido do Belo. Nem sentimentos sobre a Serra da Canastra, a Música, uma Flor, um Lirio, uma Aurora, um Poema, uma Fragrância, um Ritmo e seu Movimento, um Samba.
Sem ilusões a angústia seguiria sem freios, desembestada, ou a ansiedade que provoca nossa cultura, a morte, o abandono, a desolação e a ruína.
Genial, lembro Piaget, tive que ir por ele, pra não ser tão leviano como de costume, afinal, o jogo não é uma forma de Ilusão? Segundo Piaget, o jogo na formação infantil, se caracteriza por ser um mecanismo de assimilação dos elementos da realidade, sem ter que aceitar as limitações da sua adaptação. Genial! Então, joguemos, imaginemos, inventemos, porque são formas expressivas da Ilusão, que nos facilitam a convivência, a expressar nossos afetos, da inteligência ou da capacidade de formular padrões de comportamentos, expressão verbal, corporal. Não me lembra quem disse que o jogo ajuda a os homens a livrarem-se dos conflitos e a resolvê-los.
Somos uma indústria de fabrico de Ilusões. E desilusões! Não é? O Teatro, o Cinema, as Séries, as Telenovelas…
Como nos agrada o espelho ficcional de um alter ego possível, ainda que alter et idem!
O Carnaval é a ambulância das Ilusões. Cuidar das Ilusões é tão fundamental quanto cuidar do corpo que se ilusiona. 

3 de jan. de 2016

versinho

Uma folha que passo,
chega o 16.
Quanta inquietude
Os bons propósitos..
eia, diminua essa lista.

Isso pesa muito,
todos esses dias.
tantas horas.
E como.não fez  nada?
Um dia a mais!

Longa sentença
esse 2016
um e um dia.

Agora vá

que 

o tempo voa



Cotas. Capitação.

Cotas.
Num bar em Guapé, falo com Tomé, tomando mé, nos entendemos. Antes do Feijão com Quiabo. Frango com quiabo… De Paula,  nos inspeciona,confunde Alforria com Euforria. Rimos sem derrisão. Tomé me diz que ali foi um dia um Quilombo, Guapé está a uns passos de Crustais, o primeiro Quilombo do Ambrósio, faziam uma Confederação, cada qual com sua especificidade, um produzia alimentos, outro vigiava… Eram negros que atingidos pela lei da Capitação ( cotas de impostos individuais )  - altíssimos - exclusivos para pretos forros, que compraram sua liberdade com diamantes. O imposto tinha o propósito de impedir que o negro prosperasse, como acontecia. Fugiam para os Quilombos, eram livres. Aí vinha o Bartolomeu, sempre o Bartolomeu, fosse qual fosse o sobrenome, sempre foi sinônimo de sangue, seja de índios,  negros ou pobres… um desses Bartolomeus encabeçou uma carnificina, de Desemboque a Campo Belo. Milhares de Quilombolas, 20mil? Ou mais. Esta página está arrancada do nosso livro de história. Então, Capitação, Cota de imposto para impedir o Negro de participar da livre concorrência, na busca por pedras preciosas.
Vamos almoçar? Feijão com Quiabo, antes, uma de alambique, depois? Igualmente. Uai!