3 de fev. de 2016

Faça como Demócrito, não morra em véspera de Carnaval.

Faça como Demócrito, não morra em véspera de Carnaval.

       Demócrito, o filósofo risonho, estava à beira da morte, carcomido, corroído pela velhice. Sua irmã não parava de chorar. Dorido desenlace iminente, mas a dor doía mais por inoportuna, porque naqueles dias se dava o festival das Tesmofórias, festas em que as mulheres festejavam Ceres e sua filha Prosérpina, rituais secretos, maçã do amor, auto falante soando Odair José e tudo mais.
         Demócrito, entendia sua dor, afinal era risonho e não carrancudo. A propósito, ria.
         O que fez Demócrito?
        Tentaria adiar sua morte. 
         Como? 
         Pediu a sua querida irmã, que lhe trouxesse até a cabeceira de seu leito, alguns pães, acabados de sair do forno, e ali ao lado do travesseiro os depositasse, junto a sua cabeça. 
         O que aconteceria?  
         O aroma era tão inebriante que poderia entreter a dona Morte, ainda que ela estivesse ali a rondar a cama.
         O que de fato aconteceu? 
Isso mesmo que ele planejara, durante três dias que duravam as festas, pelo olor dos pães, ele ansiou sua vida tanto que não morreu. 
         Mas, enfim, Demócrito morreu? 
         Sim, no quarto dia, finalmente, soltou as amarras e morreu em paz. Assim não estragou as festas de sua irmã.

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