Botei minha
espreguiçadeira na calçada debaixo da amoreira, tomar
um gelada, depois de longa data. A cirurgia e suas dores pós,
me deram calma, mastigaram aqueles quereres não-meus, querer
de avareza. Assim, sentei ali para ruminar. Agora, parecia ser esse
ser filósofo por natureza, a vaca, nem o capim ela aceita de
primeira, regurgita, repensa, sim, não, engole. Havia um
pardal, parecia morto, mais ali perto do fusca. As duas meninas uma
de cada vizinho, brincavam. Entre o querer, que não queria, e
o levantar da cadeira, que não levantei, as meninas constaram
do pardal. A mais serelepe delas o tomou nas mãos. Assim, fez
uma concha com as duas mãos e o pardal ali no sossego do fim.
Estava morto. Pensei alto. A outra menina me perguntou: Tio, que que é
a vida? Cacilda! Pensei! Sorvi um belo gole de cerveja, a ver se
aquele nó descia sem raspar. Antes que aquele gosto azedasse
em minha boca, engoli, ela esperava minha resposta. A vida é
entre uma coisa e outra, disse, ela me olhava, é igual que nem
quando Você dá um mergulho para sair do outro lado da
piscina, é esse nadar, que a gente não se dá
conta, só luta contra o afogamento, uns, outros, para chegarem
do outro lado mais rápido, e ainda outros que viram de costas
e ficam boiando, uns que afundam, outros que tem bóia, e ainda
outros que nadam em todos os estilos... A outra menina num espanto
disse, “óia, ele mexeu o biquinho” “ele tá vivo”
se ria, feliz. Olhei com alegria, suspeitando que o pardalinho
revivesse para que eu engolisse aquelas palavras. Ele se sacudiu em
penas e da palma da mão que ela alçava em cena
dadivosa, o bichinho voou. Quando dei por mim estava esquecido
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