O O
A sabedoria, caro
Renato, gostaria de dizer, nada tem a ver com a lógica. Se
Você quiser podemos voltar a isso, mais tarde, mas por hora te
digo que a vida não é lógica, a vida não
é racional no sentido primevo de sua significação.
Por exemplo, todos sabem da tradição de não se
mencionar o nome de Deus, creio que é uma tradição
judia, como se fosse indizível, Borges gosta muito dessa
recreação, e passa parágrafos entre javé
yavé jeová... no entanto o diabo que nos carregará
a todos pode ser chamado do que quisermos, suponha que o chamemos
somente pelo artigo “o”. é o que te digo: O O nos
carregará a todos. Creio que isso relativiza um pouco nossas
certezas, como o humor, que não tem pretensões, mesmo
que carregado de ironias, porque como sabemos a ironia é uma
senhora, melhor, uma velha senhora... Por quê? Ora, porque a
ironia se funda na moral, sem a moral não há ironia, e
tem sua graça quando se dilui no humor e não no
satírico, porque o satírico é moralista na sua
essência, e acredita que tem a missão sagrada de dizer
a verdade, já que a sua sociedade é corrompida e
corrupta, no fundo quer estabelecer algo puro contra o impuro, é
um religioso.
Parto de uma tese sobre Guimarães Rosa, mais especificamente, sobre Grandes Sertões: Veredas. Escrita pelo professor João Adolfo Hansen. Forma literária e crítica da lógica racionalista
em Guimarães Rosa. Todo o demais é pura invenção, portanto não creia em nada.
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