Qualquer dia é dia da ilusão, hoje. Mas nenhuns são tão característicos quanto os dias de Carnaval. Que é a Ilusão? Deixando de lado o conceito psicológico da interpretação errônea da percepção de estímulos externos, do engano dos sentidos, da projeção da imaginação, e o desejo de valores e virtudes sobre objetos, fatos, situações, pessoas, que não as dispõe ou têm em realidade, obviando, claro, as definições negativas, a Ilusão não deixa de ser uma busca pelo ideal, uma utopia.
“De ilusão também se Vive”.
Então, sim, ainda que soe a estupidez. Acontece que a fugacidade das coisas, dos afetos, a fragilidade da vida, a contingência das paixões e emoções, o peso específico de nossas limitações, nos levam a criar ficções, a acreditar em miragens, dando poder aos amuletos, às sete ondas, aos ícones, à cachaça. Tudo nos leva a idealizar, e sem idealização, provavelmente, não haveria nenhum tipo de sensibilidade pela arte. Nem o sentido do Belo. Nem sentimentos sobre a Serra da Canastra, a Música, uma Flor, um Lirio, uma Aurora, um Poema, uma Fragrância, um Ritmo e seu Movimento, um Samba.
Sem ilusões a angústia seguiria sem freios, desembestada, ou a ansiedade que provoca nossa cultura, a morte, o abandono, a desolação e a ruína.
Genial, lembro Piaget, tive que ir por ele, pra não ser tão leviano como de costume, afinal, o jogo não é uma forma de Ilusão? Segundo Piaget, o jogo na formação infantil, se caracteriza por ser um mecanismo de assimilação dos elementos da realidade, sem ter que aceitar as limitações da sua adaptação. Genial! Então, joguemos, imaginemos, inventemos, porque são formas expressivas da Ilusão, que nos facilitam a convivência, a expressar nossos afetos, da inteligência ou da capacidade de formular padrões de comportamentos, expressão verbal, corporal. Não me lembra quem disse que o jogo ajuda a os homens a livrarem-se dos conflitos e a resolvê-los.
Somos uma indústria de fabrico de Ilusões. E desilusões! Não é? O Teatro, o Cinema, as Séries, as Telenovelas…
Como nos agrada o espelho ficcional de um alter ego possível, ainda que alter et idem!
O Carnaval é a ambulância das Ilusões. Cuidar das Ilusões é tão fundamental quanto cuidar do corpo que se ilusiona.
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