26 de jan. de 2016

O Homem que enfiou o dedo no cu.




É a história de um encontro de estudantes de história, que por caminhos que só mesmo Borges poderia explicar chegou a mim e me deu vontade de contá-la. Os futuros historiadores estavam acampados no campus da Universidade de Aracaju, para o Encontro Nacional de Estudantes de História, ENEH.. Havia gente de todo lugar do país, uns vendiam pingas misturadas, e outros que pagavam pinga misturada com maria. Eu tenho 'cabeça de negro' gritava um, Eu Paraty, respondia lá nas barracas da UFRJ... a manguaça era geral para  gêneros e graus. Era o preparamento para assistir um forrobodó no centro de Aracaju, numa praça a céu aberto. Um paulista levava seus olhos verdes para ver o cobre das meninas de Salvador, a zabumba ditava o ritmo, não se perca de mim, não se perca de mim, não desapareça... Muitas palmas e aquilo introduzia um xote, vem cá morena se achegue pra cá... e a dança acompanhava os sotaques dos dançadores, mas a mão estava sempre no começo da espinhela... de repente... se abre um clarão no meio do público, um sujeito com a autoctoneidade a flor da pele bailava, com seus colares de ouro, seu relógio de pulso, de correia mais larga que o pulso, rodopiava passos perfeitos para historiadores do futuro, que o aplaudiam, a roda cresceu, ele tirou a camisa, todos esqueceram da cantora, da zabumba, o homem de bigodes tirou a camisa, dançou, rodou sobre seu eixo, sobre seu centro de massa deu mortais, mais aplausos, a cantora chamava a atenção dos únicos dois policiais, "ele atrapalha o show",  dois rapagões recém ingressados no corpo, pouco podiam fazer, o homem bailando se despiu completamente, e bailou, a morena cobre não se aperreou, aplaudiu, ele bailava, todos bailavam à volta dele, ele abre as pernas, bota a cabeça entre as pernas, como quem quisesse olhar o cu, e então enfia o dedo no cu. A multidão delirou. Gritos de todos os lados, os que estavam na segunda fila se arvoravam para ver o dedo no cu. Os moços da policia, vêm e o levam, sob protesto do povo da história. De uma gente que passa a vida a ler sobre revoluções, não demorou o grito: “ão, ão, ão, abaixo a repressão”. Os policiais estavam atônitos. Parecia que a massa lentamente se movimentava para libertar o homem com seu dedo no cu. Nessas horas é que aparecem os lideres, e ele veio, saindo do meio da multidão, foi lentamente se aproximando dos policiais, e um deles num ato reflexo desferiu uma coronhada na testa do líder, o sangue esguichou, empapando a camisa, enchendo de espanto o policia; a massa se enfurece, parte para cima dos policiais, que metem o homem com seu dedo no cu, dentro da viatura, um vai conduzir, ou outro apontar a arma. Nisso chegavam mais e mais viaturas, fazendo curvas, cavalo de pau; a tropa de choque, um rapaz cai, o brucutu o imobiliza, mete o revólver na cara do jovem, dispara, o tiro seco, mas é no chão que entra o projétil... “Puta que pariu, essa policia é a vergonha do Brasil”, a curitibana pensa estar vendo uns quinhentos policiais, que formavam uma fileira e os encantoava para dentro de galpão vazio, todo mundo apanhou, nem se for uma na canela, levou uma borrachada.. vieram ônibus que levaram a todos de volta às suas tendas... e passaram lá toda a noite a fumar e beber e contar cada um o que viu, o homem que enfiou o dedo no cu.

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