31 de ago. de 2012

Tecnologia.


  

A palavra 'tecnologia' tem origem grega. De um lado técnica do outro logos. Quer dizer o estudo a ciência da técnica. O engraçado é que a palavra em si não existia na Grécia antiga. Pois se tratavam de atividades distintas. De um lado a técnica a que se dedicavam os escravos, fazer sapatos, medicar, arquitetar, planejar e construir. Do outro o logos. As escolas, sejam Liceu, Academia, Stoa etc se dedicavam a estudar. Estudar não estava vinculado à técnica e por conseguinte ao trabalho. Assim o conhecimento tampouco tinha ligação direta com o trabalho. A técnica nessa época da humanidade tinha ultrapassado a etapa do fortuito. O tempo da técnica fortuita se deu quando todos faziam seus apetrechos, suas lanças, suas sandálias, suas facas etc. Porque todos sabiam fazer, se trata de técnica fortuita, por exemplo, lasca-se a pedra e faz-se o machado. Claro que não é tão simples quanto isso, mas uma vez que lascou-se a pedra e fez-se o machado, todos sabiam lascar a pedra e fazer o machado. Era a humanidade dando seus passos definitivos rumo ao domínio sobre a natureza. Pode-se questionar tal 'domínio', mas sem juízo de valor, não se tratava de o homem se adaptar à natureza, mas sim adaptar a natureza ao ele. Ainda que em escala muito menor, existem certo tipos de macacos que também lascam as pedras.
Mais tarde e por quaisquer motivos, os homens passaram a desempenhar alguma dessas técnicas ou atividades, eram os artesões. Os artesões faziam mesas, por exemplo, toda a mesa, dos pés ao tampo, não havia divisão de trabalho dentro de uma técnica artesã. Os gregos antigos estavam nessa etapa. Os escravos eram técnicos. Artesãos. Cada artesão praticava sua técnica dentro de uma divisão, mais de produtos, de atividades que de trabalho. Aqui também há paralelos na natura, como as abelhas, aonde cada classe tem sua expertise, incipiente, que seja.
Depois houve o aperfeiçoamento dessas técnicas, o homem fabrica a máquina de fazer sapatos, fazer panos. Mas ainda não deixavam de ser produtos. O grande salto se dá com o advento da produção de máquinas que produzem instrumentos de produção, não de produtos de consumo. Por exemplo, teares.
No estagio anterior, a humanidade basicamente produzia para o sustento, satisfação de necessidades biológicas. Comer, beber, vestir, dormir etc. Já no momento de produção de máquinas, instrumentos, que produzem instrumentos, é o momento em que se produz para além da necessidade e em que se produz para além do estritamente necessário à satisfação de necessidades biofisiológicas. É quando se chega à revolução industrial. Mas a revolução industrial tem um precedente: A Enciclopédia. O Iluminismo De Diderot, d'Alambert com auxilio luxuoso de Voltaire, Rousseau, Montesquieu. Encyclopédie, ou dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers. Assim se chamava a Enciclopédia, que no mais foi o maior empreendimento industrial, comercial de sua época. Mas fora isso, foi o momento, se se pretende juntar palavras, foi ali que se juntaram, ainda que não literalmente, mas sim conceitualmente, as palavras Técnica e logos. Pois na Encyclopédie, ou dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers, podia-se encontrar a receita do que se tinha que fazer, estudar para produzir determinado objeto, por exemplo um navio. Portanto ainda que a palavra tecnologia não fosse verbete, ou tivesse artigo que se referisse diretamente a ela, toda a enciclopédia dizia isso. Foi assim que o conhecimento se transformou em produto vinculador de saber e esses saberes às modernas Academias, Liceus ou Stoas para que de lá saíssem e saiam trabalhadores.
Hoje é um tempo qual a tecnologia está disseminada, de tal maneira, que parece que voltamos à primeira fase da técnica, da técnica fortuita, mas não se trata de um retorno simples, mas de uma maneira, fazendo analogia musical, uma oitava acima.
Assim os estágios da técnica. Fortuita. Técnica\artesão. Tecnologia. Tecnologia disseminada\fortuitamente. 

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