A palavra 'tecnologia'
tem origem grega. De um lado técnica do outro logos. Quer dizer o
estudo a ciência da técnica. O engraçado é que a palavra em si
não existia na Grécia antiga. Pois se tratavam de atividades
distintas. De um lado a técnica a que se dedicavam os escravos,
fazer sapatos, medicar, arquitetar, planejar e construir. Do outro o
logos. As escolas, sejam Liceu, Academia, Stoa etc se dedicavam a
estudar. Estudar não estava vinculado à técnica e por conseguinte
ao trabalho. Assim o conhecimento tampouco tinha ligação direta
com o trabalho. A técnica nessa época da humanidade tinha
ultrapassado a etapa do fortuito. O tempo da técnica fortuita se deu
quando todos faziam seus apetrechos, suas lanças, suas sandálias,
suas facas etc. Porque todos sabiam fazer, se trata de técnica
fortuita, por exemplo, lasca-se a pedra e faz-se o machado. Claro que
não é tão simples quanto isso, mas uma vez que lascou-se a pedra e
fez-se o machado, todos sabiam lascar a pedra e fazer o machado. Era
a humanidade dando seus passos definitivos rumo ao domínio sobre a
natureza. Pode-se questionar tal 'domínio', mas sem juízo de valor,
não se tratava de o homem se adaptar à natureza, mas sim adaptar a
natureza ao ele. Ainda que em escala muito menor, existem certo tipos
de macacos que também lascam as pedras.
Mais tarde e por
quaisquer motivos, os homens passaram a desempenhar alguma dessas
técnicas ou atividades, eram os artesões. Os artesões faziam
mesas, por exemplo, toda a mesa, dos pés ao tampo, não havia
divisão de trabalho dentro de uma técnica artesã. Os gregos
antigos estavam nessa etapa. Os escravos eram técnicos. Artesãos.
Cada artesão praticava sua técnica dentro de uma divisão, mais de
produtos, de atividades que de trabalho. Aqui também há paralelos
na natura, como as abelhas, aonde cada classe tem sua expertise,
incipiente, que seja.
Depois houve o
aperfeiçoamento dessas técnicas, o homem fabrica a máquina de
fazer sapatos, fazer panos. Mas ainda não deixavam de ser produtos.
O grande salto se dá com o advento da produção de máquinas que
produzem instrumentos de produção, não de produtos de consumo. Por
exemplo, teares.
No estagio anterior, a
humanidade basicamente produzia para o sustento, satisfação de
necessidades biológicas. Comer, beber, vestir, dormir etc. Já no
momento de produção de máquinas, instrumentos, que produzem
instrumentos, é o momento em que se produz para além da necessidade
e em que se produz para além do estritamente necessário à
satisfação de necessidades biofisiológicas. É quando se chega à
revolução industrial. Mas a revolução industrial tem um
precedente: A Enciclopédia. O Iluminismo De Diderot, d'Alambert com
auxilio luxuoso de Voltaire, Rousseau, Montesquieu. Encyclopédie,
ou dictionnaire
raisonné des sciences, des arts et des métiers.
Assim
se chamava a Enciclopédia, que no mais foi o maior empreendimento
industrial, comercial de sua época. Mas fora isso, foi o momento, se
se pretende juntar palavras, foi ali que se juntaram, ainda que não
literalmente, mas sim conceitualmente, as palavras Técnica e logos.
Pois na Encyclopédie,
ou dictionnaire
raisonné des sciences, des arts et des métiers, podia-se
encontrar a receita do que se tinha que fazer, estudar para produzir
determinado objeto, por exemplo um navio. Portanto ainda que a
palavra tecnologia não fosse verbete, ou tivesse artigo que se
referisse diretamente a ela, toda a enciclopédia dizia isso. Foi
assim que o conhecimento se transformou em produto vinculador de
saber e esses saberes às modernas Academias, Liceus ou Stoas para
que de lá saíssem e saiam trabalhadores.
Hoje
é um tempo qual a tecnologia está disseminada, de tal maneira, que
parece que voltamos à primeira fase da técnica, da técnica
fortuita, mas não se trata de um retorno simples, mas de uma
maneira, fazendo analogia musical, uma oitava acima.
Assim
os estágios da técnica. Fortuita. Técnica\artesão. Tecnologia.
Tecnologia disseminada\fortuitamente.
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