27 de ago. de 2012

Globalização II, a Educação.


A tecnologia rompeu a barreira do tempo e do espaço, aproximando pessoas e povos.
Deslocando a vida das pessoas das suas localidades originárias e convertendo o mercado de massas em 'nichos' especializados. Nos quais as possibilidades de 'escolhas' para a compra de produtos, e a sensação de liberdade para tanto, nunca foi tão intensa.
O mundo se tornou habitado por: empresas, clientes, lugares, idades, classes sociais, sexualidade, enfim identidades e culturas que se comunicam de um modo jamais visto.
Estas mudanças atravessam fronteiras em âmbito mundial, integrando em novos arranjos sociais: comunidades e instituições. Tornando o mundo em realidade e experiências mais conectado.
É um processo que produz efeitos em quaisquer sujeitos e em diferentes culturas nos confins do mundo. Processo que produz efeitos que permite constatar que os países ricos e os pobres, têm aberto um fosso cada vez mais abissal entre os que têm e os que não têm e acma de tudo valorizando a informática, as imagens, o consumismo, o individualismo e o particular, em troca do espaço público.
Cabe lembrar que não se trata de um fenômeno recente, pois está enraizada na origem do capitalismo que desde o seu inicio foi um elemento de escala mundial, não se limitado às fronteiras dos Estados. Bastando atentar ao processo de colonização imperialistas nos últimos três séculos.
Contemporaneamente as tentativas são de homogeneização dos comportamentos, das identidades culturais, extirpando primeiro as identidades nacionais.
Abro um parêntesis para uma questão 'anedótica' que diz respeito à ideologia e o nacionalismo e sua  crueldade é tamanha que um estadunidense empunhando uma bandeira da sua pátria  faz dele um patriota, enquanto um outro indivíduo num outro rincão do planeta ao exibir a bandeira de seu pais, quando pouco é um nacionalista racista, populista, mas na maior parte das vezes sem mais nem menos é visto, ou quer que se o veja como um terrorista.
Voltando às tentativas e aos processos reais de homogeneização e regulação dos comportamentos dos indivíduos, deve-se inserir na discussão o papel da escola.
De um lado o que se vê é a quase total incapacidade da escola, em geral, no processo de humanização do jovem, adolecnete etc. Porque a escola se transformou no local de preparação do sujeito para o mundo do trabalho, ou seja, atuar na sociedade, mas na sua bem determinada forma de ser.
E o modo de ser da sociedade globalizada é ter comida indiana, não só na grande metrópole mas em quaisquer rincões, e quem diz indiana diz Tai, e vemos o Mini inglês perambulando em Manga, lá no extremo norte de Minas Gerais, ou um Skoda tcheco em Bonfim Paulista. Hábitos forçados, que alteram os locais e os habitantes.
Mas e a educação? Há uma profusão de horários alternativos para a consecução de cursos e os cursos à distância. Tudo para atender as necessidades do mercado,  alem da variedade de cursos ofertados, há instituições que oferecem cursos que se iniciam as 5:45 h da manhã ou às 23 h. Esses alunos frente a necessidade de adequação dos seus horários de trabalho acabam por elaborar outras formas de comportamentos, suas horas de sono, alimentação, transporte, a sistematização dos seus estudos e as relações que estabelece: amorosas, de amigos, parentais, de lazer etc tudo é alterado. Não só o indivíduo que vê o mundo de ponta cabeça,  mas  toda a localidade, que acaba por se adaptar aos novos horários, afins de prestarem os serviços 'fora de hora' – há infinidade de ambulantes satisfazendo as necessidades dos 'fora de hora' – mas também o serviço público, em geral em descompasso, também é obrigado a atender as necessidades dos 'fora de hora', como o transporte público, aumentando assim o custo operacional dos serviços, pois tudo se transforma em demanda social. Porque tudo e todos devem se enquadrar nessas mudanças, que primeiro foi pessoal, mas logo dada sua intensidade: são mudanças sociais, logo deslocamentos culturais, para terminar em novas identidades.
São políticas de âmbito globais incidindo na vida de todos, pois tudo e todos devemos nos enquadrar nessa lógica contemporânea . E quanto mais as identidades são mediadas pelo mercado mundial de 'estilos' e 'imagens' divulgadas pelas mídias, mais 'as identidades' são desalojadas, se deslocam de suas tradições e suas posições de origem. Nesse jogo de imagens, sedução somos confrontados a uma serie de 'imagens' de identidades culturais diversas, que nos fazem crer que só fazemos e  o fazemos porque  nos convém, sem nos darmos conta aos apelos que são feitos a cada 'parte' de nós. Então o consumismo se instaura, realidade ou desejo, nos condicionando ao supermercado global.
Ao mesmo tempo há também as resistências à globalização, pois no jogo humano, sujeição e recusa é presença obrigatória, desde o Senhor e o Escravo fundacionais. E as resistências têm encontrado voz tanto na extrema direita nacionalista, e também no fundamentalismo religioso e em ambos os casos há pouca ou nenhuma possibilidade da diversidade. Estabelecendo uma espécie de violência contra o 'outro cultural'.
Mas de modo geral o que se tem constituído são identidades híbridas, fluídas e descentradas.
A escola deve se adaptou às realidades de mercado pós fordista, e  a remuneração, hoje, se dá pelas horas trabalhadas, acabando de vez com os contratos coletivos, e conseguinte fim do salário mensal e das garantias sociais.
O mercado pós fordista é caracterizado pela instabilidade. Novas demandas do trabalho: novas habilidades e flexibilidades a ponto de a mudança de emprego ser a constante no decorrer da vida do trabalhador; mão de obra cada vez mais internacionalizada e competitiva, conceito de equipe como norma; maior uso da força de trabalho; produção intensiva do capital. Tudo levando a desespecialização e desemprego. Criando uma grande polaridade, onde há a grande especialização e melhor remuneração, e a pouca especialização a baixa remuneração. Basta ver um caderno de emprego – basta folear o A Cidade em Ribeirão Preto – para nos darmos conta da alta demanda em setores como limpeza e segurança.
A intensificação da busca pelo capital intensificado, produção intensiva de capital, exploração máxima não combinou com os ganhos salariais dos trabalhadores com o advento dos sindicatos, a crise do petróleo, a guerra ideológica dos anos 70, a 'necessidade de diminuir custos' fizeram o Estado ceder em arrecadação de destino social, nos países desenvolvidos, e a consequente geração de uma verdadeira guerra entre os que são atendidos pela segurança social e os que não são, como temos visto, a destempo, no Brasil.
Salta aos olhos que a escola pública tem se especializado em certificar profissionais para as demandas de baixa especialização.
Apesar do discurso que aponta para altas tecnologias, a verdadeira demanda de trabalhadores é para as linhas de montagens que exigem pouca ou nenhuma especialização. Esse descompasso proposital, ideológico, faz o jovem sonhar e no sonho se põe a aprender idiomas, por exemplo, e tudo que fará é montar um aparelho cuja especialização exigida é a paciência, rapidez e trato fácil, seja manso. Talvez essa seja a falha na escola pública, pois não tem conseguido a contento amansar os adolescentes nacionais.
Diante dos baixos salários os trabalhadores têm se dedicado a mais de um trabalho, junto com um sistema de prestação de serviços públicos que não consegue satisfazer as necessidades, pode-se observar um aumento de doenças. Em contrapartida, e ideologicamente, se prega a pratica de exercícios, que nada mais é que a ampliação de um nicho de mercado, o mercado esportivo.
Diante da 'falência' do Estado, que distribui a maior parte das riquezas às empresas, que no bem estar social; há empresas, estadunidenses como a Burguer King, Apple etc, criam suas próprias escolas, com intuito de produzir profissionais capazes de reproduzir a lógica neoliberal, de mercado à perfeição.
No Brasil, o Bradesco, Sesc etc seguem desde os anos 60 esta mesma lógica.
A lógica do G7, Banco Mundial e das corporações transnacionais. Para quem quiser ver, pode-se buscar por uma conferência do estadunidense Noam Chomsky por World's Corporations, e pra quem não sabe, Noam Chonsky é um dos fundadores do MIT, ou ainda procure por Eduardo Galeano e Jean Zigler. El orden criminal del mundo.
Finalizando ocorreram e ocorrem, no país, mudanças no nível Econômico, Politico e Cultural.
No âmbito Econômico há eliminação de impostos, a prazos determinados, mas dada a incidência, pode-se contar como eliminado o IPI, sem reforma tributária, a grita pelos autos impostos, eliminação de tarifas de exportação e outras, criação de zonas de livre comércio, a presença em nível mundial de instituições como Visa, a disponibilidade a qualquer tempo e lugar dos capitais financeiros, a bolsa de Tóquio abre quando fecha as Europeias, e ao fechar Tóquio abre Nova York, etc. Fusões de emprego, enfraquecimento dos Sindicatos com a nomadização das empresas, que vem e vão como tempo, vento, a magnificação do consumo primando mais pela conveniência que pela qualidade.
No âmbito político o Estado deve equilibrar  quatro imperativos: capital financeiro transnacional, as organizações nacionais e não nacionais e não governamentais, pressões e demandas domesticas e aos grupos que lhe dão apoio.
No âmbito Cultural. Os meios de comunicação, TV a cabo, internet, a maior mobilidade das pessoas por países diferentes pela ventura da industria do turismo, as religiões globais, o mundo dos esportes, Olimpíadas, Copa do Mundo, ou o marketing esportivo que faz multidões saírem para seus passeios vestidos no rigor esportivo, tudo feito pelos patrocínios e patrocinadores.
Mas há nisso tudo um discurso que tenta traduzir a inescapabilidade da globalização, mas há ainda no planeta países intocados por ela, portanto a escola deve estar atenta para discutir e planejar suas práticas pedagógicas, que visem a ética e a cidadania para que possamos atuar com dignidade.  

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