A tecnologia rompeu a
barreira do tempo e do espaço, aproximando pessoas e povos.
Deslocando a vida das
pessoas das suas localidades originárias e convertendo o mercado
de massas em 'nichos' especializados. Nos quais as possibilidades de 'escolhas' para a compra de produtos, e a sensação de liberdade para
tanto, nunca foi tão intensa.
O mundo se tornou habitado por: empresas, clientes, lugares, idades, classes sociais,
sexualidade, enfim identidades e culturas que se comunicam de um
modo jamais visto.
Estas mudanças
atravessam fronteiras em âmbito mundial, integrando em novos
arranjos sociais: comunidades e instituições. Tornando o mundo em
realidade e experiências mais conectado.
É um processo que
produz efeitos em quaisquer sujeitos e em diferentes culturas nos
confins do mundo. Processo que produz efeitos que permite constatar
que os países ricos e os pobres, têm aberto um fosso cada vez mais
abissal entre os que têm e os que não têm e acma de tudo valorizando a
informática, as imagens, o consumismo, o individualismo e o
particular, em troca do espaço público.
Cabe lembrar que não
se trata de um fenômeno recente, pois está enraizada na origem do
capitalismo que desde o seu inicio foi um elemento de escala mundial,
não se limitado às fronteiras dos Estados. Bastando atentar ao
processo de colonização imperialistas nos últimos três séculos.
Contemporaneamente as
tentativas são de homogeneização dos comportamentos, das
identidades culturais, extirpando primeiro as identidades nacionais.
Abro um parêntesis
para uma questão 'anedótica' que diz respeito à ideologia e o
nacionalismo e sua crueldade é tamanha que um estadunidense empunhando
uma bandeira da sua pátria faz dele um patriota, enquanto um outro
indivíduo num outro rincão do planeta ao exibir a bandeira de seu
pais, quando pouco é um nacionalista racista, populista, mas na maior parte
das vezes sem mais nem menos é visto, ou quer que se o veja como um
terrorista.
Voltando às tentativas
e aos processos reais de homogeneização e regulação dos
comportamentos dos indivíduos, deve-se inserir na discussão o
papel da escola.
De um lado o que se vê
é a quase total incapacidade da escola, em geral, no processo de humanização do jovem, adolecnete etc.
Porque a escola se transformou no local de preparação do sujeito para o
mundo do trabalho, ou seja, atuar na sociedade, mas na sua bem
determinada forma de ser.
E o modo de ser da
sociedade globalizada é ter comida indiana, não só na grande
metrópole mas em quaisquer rincões, e quem diz indiana diz Tai, e
vemos o Mini inglês perambulando em Manga, lá no extremo norte de Minas Gerais, ou um Skoda tcheco em Bonfim Paulista.
Hábitos forçados, que alteram os locais e os habitantes.
Mas e a educação?
Há uma profusão de horários alternativos para a consecução de
cursos e os cursos à distância. Tudo para atender as necessidades do mercado, alem da variedade de cursos
ofertados, há instituições que oferecem cursos que se iniciam as
5:45 h da manhã ou às 23 h. Esses alunos frente a necessidade de
adequação dos seus horários de trabalho acabam por elaborar outras
formas de comportamentos, suas horas de sono, alimentação,
transporte, a sistematização dos seus estudos e as relações que estabelece: amorosas, de amigos, parentais, de lazer etc tudo é alterado. Não só o indivíduo que vê o mundo de ponta cabeça, mas toda a
localidade, que acaba por se adaptar aos novos horários, afins de
prestarem os serviços 'fora de hora' – há infinidade de
ambulantes satisfazendo as necessidades dos 'fora de hora' – mas
também o serviço público, em geral em descompasso, também é
obrigado a atender as necessidades dos 'fora de hora', como o
transporte público, aumentando assim o custo operacional dos
serviços, pois tudo se transforma em demanda social. Porque tudo e
todos devem se enquadrar nessas mudanças, que primeiro foi pessoal,
mas logo dada sua intensidade: são mudanças sociais, logo deslocamentos culturais, para terminar em novas identidades.
São políticas de
âmbito globais incidindo na vida de todos, pois tudo e todos devemos
nos enquadrar nessa lógica contemporânea . E quanto mais as
identidades são mediadas pelo mercado mundial de 'estilos' e
'imagens' divulgadas pelas mídias, mais 'as identidades' são
desalojadas, se deslocam de suas tradições e suas posições de
origem. Nesse jogo de imagens, sedução somos confrontados a uma
serie de 'imagens' de identidades culturais diversas, que nos
fazem crer que só fazemos e o fazemos porque nos convém, sem nos darmos conta
aos apelos que são feitos a cada 'parte' de nós. Então o
consumismo se instaura, realidade ou desejo, nos condicionando ao
supermercado global.
Ao mesmo tempo há
também as resistências à globalização, pois no jogo humano,
sujeição e recusa é presença obrigatória, desde o Senhor e o
Escravo fundacionais. E as resistências têm encontrado voz tanto
na extrema direita nacionalista, e também no fundamentalismo
religioso e em ambos os casos há pouca ou nenhuma possibilidade da
diversidade. Estabelecendo uma espécie de violência contra o 'outro
cultural'.
Mas de modo geral o que
se tem constituído são identidades híbridas, fluídas e
descentradas.
A escola deve se
adaptou às realidades de mercado pós fordista, e a
remuneração, hoje, se dá pelas horas trabalhadas, acabando de vez com os
contratos coletivos, e conseguinte fim do salário mensal e das
garantias sociais.
O mercado pós fordista
é caracterizado pela instabilidade. Novas demandas do trabalho:
novas habilidades e flexibilidades a ponto de a mudança de emprego
ser a constante no decorrer da vida do trabalhador; mão de obra cada
vez mais internacionalizada e competitiva, conceito de equipe como
norma; maior uso da força de trabalho; produção intensiva do
capital. Tudo levando a desespecialização e desemprego. Criando uma
grande polaridade, onde há a grande especialização e melhor
remuneração, e a pouca especialização a baixa remuneração.
Basta ver um caderno de emprego – basta folear o A Cidade em
Ribeirão Preto – para nos darmos conta da alta demanda em setores
como limpeza e segurança.
A intensificação da
busca pelo capital intensificado, produção intensiva de capital,
exploração máxima não combinou com os ganhos salariais dos
trabalhadores com o advento dos sindicatos, a crise do petróleo, a
guerra ideológica dos anos 70, a 'necessidade de diminuir custos'
fizeram o Estado ceder em arrecadação de destino social, nos países
desenvolvidos, e a consequente geração de uma verdadeira guerra
entre os que são atendidos pela segurança social e os que não são,
como temos visto, a destempo, no Brasil.
Salta aos olhos que a
escola pública tem se especializado em certificar profissionais para
as demandas de baixa especialização.
Apesar do discurso que
aponta para altas tecnologias, a verdadeira demanda de trabalhadores
é para as linhas de montagens que exigem pouca ou nenhuma
especialização. Esse descompasso proposital, ideológico, faz o
jovem sonhar e no sonho se põe a aprender idiomas, por exemplo, e
tudo que fará é montar um aparelho cuja especialização exigida é
a paciência, rapidez e trato fácil, seja manso. Talvez essa seja a
falha na escola pública, pois não tem conseguido a contento amansar
os adolescentes nacionais.
Diante dos baixos
salários os trabalhadores têm se dedicado a mais de um trabalho,
junto com um sistema de prestação de serviços públicos que não
consegue satisfazer as necessidades, pode-se observar um aumento de
doenças. Em contrapartida, e ideologicamente, se prega a pratica de
exercícios, que nada mais é que a ampliação de um nicho de
mercado, o mercado esportivo.
Diante da 'falência'
do Estado, que distribui a maior parte das riquezas às empresas, que
no bem estar social; há empresas, estadunidenses como a Burguer
King, Apple etc, criam suas próprias escolas, com intuito de
produzir profissionais capazes de reproduzir a lógica neoliberal, de
mercado à perfeição.
No Brasil, o Bradesco,
Sesc etc seguem desde os anos 60 esta mesma lógica.
A lógica do G7, Banco
Mundial e das corporações transnacionais. Para quem quiser ver,
pode-se buscar por uma conferência do estadunidense Noam Chomsky
por World's Corporations, e pra quem não sabe, Noam Chonsky é um dos
fundadores do MIT, ou ainda procure por Eduardo Galeano e Jean
Zigler. El orden criminal del mundo.
Finalizando
ocorreram e ocorrem, no país, mudanças no nível Econômico, Politico e Cultural.
No âmbito Econômico
há eliminação de impostos, a prazos determinados, mas dada a
incidência, pode-se contar como eliminado o IPI, sem reforma
tributária, a grita pelos autos impostos, eliminação de tarifas
de exportação e outras, criação de zonas de livre comércio, a
presença em nível mundial de instituições como Visa, a
disponibilidade a qualquer tempo e lugar dos capitais financeiros, a
bolsa de Tóquio abre quando fecha as Europeias, e ao fechar Tóquio
abre Nova York, etc. Fusões de emprego, enfraquecimento dos
Sindicatos com a nomadização das empresas, que vem e vão como
tempo, vento, a magnificação do consumo primando mais pela
conveniência que pela qualidade.
No âmbito político o
Estado deve equilibrar quatro imperativos: capital financeiro
transnacional, as organizações nacionais e não nacionais e não
governamentais, pressões e demandas domesticas e aos grupos que lhe
dão apoio.
No âmbito Cultural. Os
meios de comunicação, TV a cabo, internet, a maior mobilidade das
pessoas por países diferentes pela ventura da industria do turismo,
as religiões globais, o mundo dos esportes, Olimpíadas, Copa do
Mundo, ou o marketing esportivo que faz multidões saírem para seus
passeios vestidos no rigor esportivo, tudo feito pelos patrocínios e
patrocinadores.
Mas há nisso tudo um
discurso que tenta traduzir a inescapabilidade da globalização, mas
há ainda no planeta países intocados por ela, portanto a escola
deve estar atenta para discutir e planejar suas práticas
pedagógicas, que visem a ética e a cidadania para que possamos
atuar com dignidade.
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