Prometeu entra
acompanhado de Hefesto. Hefesto é encarregado de prendê-lo no
rochedo. Por que Prometeu está sendo castigado?
Porque roubou o fogo dos céus e o entregou aos homens. Em
consequência disso a sequência da peça os diálogos se sucedem e
os mitos antigos são revividos e recontados para a plateia.
No
imaginário, cada um sabemos uma frase de Eça, Machado e sempre algo
de Prometeu: Prometeu roubou o fogo. Sim, mas afinal o que Prometeu
roubou dos deuses? Roubou
o fogo, mas o que é o fogo? Mas antes de significar o fogo, é dito,
que Prometeu não só rouba aos deuses, mas dá o que rouba
aos homens. Não rouba para si, mas para o outro, o que já é um
detalhe interessante. As interpretações do quê foi roubado por
Prometeu, aparece em vários momentos da peça, uns dizem que roubou
o fogo, a razão ou como diz o próprio Prometeu: entreguei aos
homens a esperança. Os homens já não tem como fim a morte. Os
homens agora tem uma esperança infinita no futuro. O que é a
esperança?
A esperança é o fazer sentido. Se passa da vida ausente de sentido
ao sentido da vida. Mas que vai fazer sentido?
A linguagem, a linguagem dá sentido a vida. E a vida é a própria
tragédia. E sem explicitar os silogismos, Prometeu roubou dos deuses
a tragédia e a deu aos homens. Tragos é bode, e ode o canto do
bode. Tragédia é o canto dos
bodes que acompanhavam Dionísio em suas orgias, rodeado de Sátiros, que eram parte homem parte bode
bodes que acompanhavam Dionísio em suas orgias, rodeado de Sátiros, que eram parte homem parte bode
Como
quer Nietzsche a Tragédia é o dialogo entre o apolíneo e o
dionisíaco
uma festa de Dionísio
com algo de Apolo, que é luz, razão em meio ao caos...
Hefesto era filho de
Hera, só de Hera, vingando a Zeus, e Hefesto foi empurrado por Zeus
pela colina, e rolou por vários dias, ficou coxo, ferreiro, e agora
vai prender Prometeu, Titã que se desculpa pelo que virá a fazer.
Io também seduzida por Zeus em sonhos, coisa que Freud leu, não
sabia se dava ou não. Zeus a transformou em vaca e mandou pastar
acompanhada sempre por uma mutuca, e nisso ela passou pelo Bósforo,
que nada mais é que o estreito chamado de passagem dos bois, das
vacas e é onde está Istambul dos dois lados do Bósforo. E assim
segue a tragédia de Prometeu onde continua o contar e recontar dos
mitos gregos.
O que os deuses tem que
os homens não têm? Do
bem e do mal quem sabe são os deuses, do justo e dos injustos.
Prometeu rouba dos deuses esta capacidade exclusiva e a dá aos
homens: as condições de arbitrar.
Mas ao se ganhar a
autonomia ganha-se também o castigo. Castigo eterno. A águia
bicando o figado que se recompõe à noite, para voltar a ser bicado
todo o dia. De alguma maneira a autonomia que Prometeu dá aos
homens também está acorrentada e é castigada. Que autonomia é
essa?
Esse é o dialogo constante: os deuses erram, são sensíveis, são
levados a desculpar-se. Por isso constantemente estamos acorrentados
uns aos outros, mas autônomos e inseparáveis.
Assim
Prometeu é a vida, acorrentada, mas viva, castigada e decomposta,
mas regenerada, para ser novamente castigada. Prometeu vivo
acorrentado, sofrendo. A vida onde a Violência é presença
indizível e muda.
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