Kafka imaginou em A
Metamorfose que um homem aparentemente normal, de nome Gregorio Samsa
se dava conta ao se despertar, uma manhã qualquer, que lhe ocorria
algo tão ameaçador quão insólito. Sem conhecer as razões, seu
corpo se transformava. Um calvário surrealista e progressivo que deu
no que sabemos.
Agora imagine um senhor
solteiro, solitário e refugiado em sua rotina de trabalho, este em
sim banal. Tudo na existência dessa personagem tende ao anonimato de
cores esmaecidas, senão que cinzenta, mas ele é feliz, ou contente
da vida. Ocorre que esse homem anódino, bom, invisível não para
si, mas para os demais, e que não está, exatamente, se
transformando em um inseto, senão que ao passear pela cidade, pelo
Metro, pelas ruas, num supermercado, sua presença levanta um
grandioso e inexplicável alvoroço. As pessoas o querem fotografar,
mas não só, querem ser fotografadas ao lado dele, lhe pedem, lhe
suplicam autógrafos, lhe demonstram amor e admiração.
Sem entender o motivo
de sua fama repentina. Estupefato e aterrado, descobre que alguém
postou sua foto, imagem na Rede Social, como o representante dos
seres banais.
Assim sem que haja
feito nada transcendental, nem nas redes sociais, esta criou um mito,
meme, com sua pessoa. Milhares de seres humanos se identificam com
sua banalidade. Agora este homem sofre com essa popularidade demente.
A televisão, os paparazzi o perseguem. O querem para um 'realtty' .
Sua celebridade atrairá todo tipo de urubu mediático, publicidades,
advogados, protagonizará debates na TV tão surrealistas e dadaístas
quanto cruéis. Então verá como essa gente o abandonará
primeiramente, mas de seguida, começarão a odiá-lo e até mesmo
agredi-lo. O pobre desgraçado seguirá sem entender, da fama, nem
sua ascensão ou seu declínio.
Argumento do filme
Superstar de Xavier Giannoli, Festival de Veneza.
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