19 de ago. de 2012

Produção: a Obra de Arte.


A produção individual é uma abstração, e se os homens são sociais desde os gametas, o produto individual é uma contradição nos termos. A produção do indivíduo é produto produzido pelo indivíduo dentro da sociedade, mas não só, também dependente dela, pois mesmo qualquer palavra carrega consigo camadas sobrepostas de significação conseguidas ao longo da história do homem, mesmo antes da fala, da escrita.   ( a cima e a direita, obra de Ruy Marques, Projeto Manhatan, e abaixo Keskece de Cleido Vasconcelos)

O produto para ser produto deve ser consumido. O açúcar não é doce se não degustado. Assim a produção se dá no consumo e o consumo também se dá na produção. A produção de açúcar consome da terra seus nutrientes, consome do homem as forças vitais, consome a energia das máquinas, o acido clorídrico para branquear-se etc. Alem do açúcar o consumo produz o homem, altera o corpo do homem mentre o produz, e altera o corpo do homem que o consome enquanto produto. 
Sem o produto não há consumo, assim que o produto inventa o consumo, inventando consumidor, transformando-o. A produção pode-se dizer é imediatamente consumo, e é válido para qualquer produção e qualquer consumo, e soma-se que sem produção não há consumo e sem consumo não há produção, posto que se houvesse produto sem consumo, se trataria de trivialidade inútil. Então sem necessidade não há produção, mas a produção gera a necessidade, o mais reproduz a necessidade. Deste modo a produção possibilita o encontro do objeto e a necessidade, e o modo de consumo, pois uma coisa é comer com as mãos, outra a trocar talhares, educa, molda o consumidor. Comunidades primitivas consomem produtos primários, de modo primitivo, porque a produção continua primitiva e tosca. O mesmo se dá com as obras de arte, estes objetos criam um público capaz de fruir dela, criam um modo de consumo, criam um consumidor de obras de arte. Ao mesmo tempo que como qualquer outra produção, interfere no produtor dos objetos artísticos, o artista. O artista sofre a ação, se consome, ao produzir a obra de arte, essa ação produz a obra e o artista, e por fim a obra de arte educa o seu consumidor final, transforma-o, gerando nele a necessidade de consumir arte, objetivando a criação, a produção artística. Da mesma forma que não há produto sem consumo, não há obra de arte sem fruição.

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