23 de abr. de 2015
20 de abr. de 2015
As Abelhas.
As Abelhas.
As abelhas operárias fabricam o mel. Mel que é usado dentro da colmeia. O apicultor colhe o excedente.
Para o apicultor o que interessa é o mel. No entanto, para fazer o mel as abelhas operárias precisam ir de flor em flor para buscar a matéria-prima, o néctar. E nesse ir e vir de flor em flor, polinizam, gerando frutos, que sem a polinização não apareceriam. Quer dizer, para gerar o produto há um trabalho, e para poder fazer este trabalho, faz um outro trabalho. O que seria o produto principal do seu trabalho, o apicultor retira o que seria a mais-valia, o mel. Já do trabalho para trabalhar, nada lhe resta. Quando escrevo isso, trabalho, trabalho para inúmeras empresas. A Facebook é uma delas, que retira desses meus enunciados algo de lucratividade, na rede social estamos polinizando flores, que geram frutos, dos quais nem temos a menor ideia, nem vagamente.
Essa historinha, com as alterações que precisei fazer para a analogia, foi contada numa palestra que assisti, e era de um terceiro, um sujeito francês, que não me recorda o nome, nem para procurar no google.
As abelhas operárias fabricam o mel. Mel que é usado dentro da colmeia. O apicultor colhe o excedente.
Para o apicultor o que interessa é o mel. No entanto, para fazer o mel as abelhas operárias precisam ir de flor em flor para buscar a matéria-prima, o néctar. E nesse ir e vir de flor em flor, polinizam, gerando frutos, que sem a polinização não apareceriam. Quer dizer, para gerar o produto há um trabalho, e para poder fazer este trabalho, faz um outro trabalho. O que seria o produto principal do seu trabalho, o apicultor retira o que seria a mais-valia, o mel. Já do trabalho para trabalhar, nada lhe resta. Quando escrevo isso, trabalho, trabalho para inúmeras empresas. A Facebook é uma delas, que retira desses meus enunciados algo de lucratividade, na rede social estamos polinizando flores, que geram frutos, dos quais nem temos a menor ideia, nem vagamente.
Essa historinha, com as alterações que precisei fazer para a analogia, foi contada numa palestra que assisti, e era de um terceiro, um sujeito francês, que não me recorda o nome, nem para procurar no google.
A Peste.
No dia 16 de abril, o doutor Rieux caminhava pela galeria de entrada do edifício, procurando as chaves antes de subir para o seu apartamento, quando viu surgir no escuro do fundo do corredor uma ratazana de bom tamanho, toda molhada, que se arrastava sofregamente. O animal parou, em busca de equilíbrio, e começou a correr em direção a Rieux, num golpe para, deu uma cambalhota e caiu, ao fim, lhe saia sangue pelo nariz. No dia seguinte, as oito da manhã o porteiro parou o doutor quando este saia, para dizer-lhe que algum engraçadinho, malintencionado, havia botado três ratazanas mortas ao meio da galeria. Deviam as ter caçado com ratoeiras muito fortes, porque estavam cheias de sangue. O porteiro esteve bom tempo atrás da porta, com as ratazanas penduradas pelas patas, esperando que os culpados se manifestassem, com alguma trapaça. Mas não aconteceu nada.
Essas são as primeiras referências à epidemia de ratazanas mortas com que começa a novela A Peste, de Albert Camus. Os habitantes da cidade de Oran não sabiam que as ratazanas, em vez de morrerem nas ratoeiras, escolhiam morrer em plena luz, nas escadas, nas entradas das casas, e no meio da rua. Rapidamente as ratazanas mortas seriam incontáveis, centenas, milhares… depois das ratazanas, morriam as pessoas….
O primeiro parágrafo é uma tradução literal, que é de minha indústria.
Vamos abortar.
Vamos
abortar.
O
modelo do Estado brasileiro, surgido da Constituinte de 88 está
sangrando desde lá. Nenhuma das instituições criadas ou
reformadas, esteve fora de suspeita, aos olhos dos cidadãos, sequer
ele, desde seu advento. O desprestigio da política, acompanhado dos
escândalos pessoais de membros destacados de todas, todas as
instituições, desde a presidência aos mais mequetrefes prefeito e
vereador da longínquas comarcas como a de Manga, na divisa da
Bahia-Minas, passando pelos cargos de confiança e servidores com
cargos de responsabilidade, parecem não ter fim. Não é de mim
pensar a política pela ótica da corrupção, no entanto, me tomo de
espanto quando me dou conta, que mesmo os meios de comunicação
social - a Mídia - não por ter ideologia, porque isso é obvio, mas
por se corromper e corromper o meio, sonegar informações, ou inflar
outras, a tal ponto que boto em dúvida todo o passado histórico por
ela narrado, e posso dizer sem medo que mesmo o impedimento de Collor
de Melo foi sua indústria e atroz. A justiça que haveria de ser um
porto seguro para esclarecer demandas, dúvidas, é questionada, se
por nada, pela lentidão, meios escassos de investigação pouco
eficazes, se mantendo herdeira de um passado pouco edificante, quando
agia fora do processo legal contra os que discrepavam ou não se
submetiam às diretrizes do poder estabelecido, sua ponta de lança,
a PM, hoplitas modernos que matam antes e perguntam depois, e cospem
sobre o cadáver para dizer: meu nome é Pecos! Ao menos os Hoplitas se auto defendiam, enquanto a PM é paga pelo estado, e pelo que vemos, quem paga tributos é justamente o menos defendido por ela.
Sem
se bastar, a coisa saiu da esfera do poder público indo mar adentro
do mundo privado, corporativo, com suas simulações de CARFs,
remessas de dinheiros não declarados, HSBC, Zelotes e por fim à
sonegação pura e simples em escala Global…
A
cena cômica é a de um senador da república, com seu dedo em riste
apontado a seu nobre colega qual fulmina com um: Ladrão! Este mesmo
acusador carrega nas tintas contra outro que o difama, e é
nomeadamente também inexoravelmente partícipe de negócios
milionários...
Nasceu
em 1988, e não funciona.
9 de abr. de 2015
A Magrela.
Na realidade, a
primeira máquina que tive relações foi uma bicicleta. Alguém da
família me a presenteou, era costume. Dei um nome à bicicleta,
desde o primeiro momento, a magrela, por antonomásia e o nome
persistiu. Assim aprendi a andar de bicicleta, mas não creio que
tenha depositado nisso grande entusiasmo. Cheguei, as duras penas, a
um ciclista pequeno. Não soube fazer qualquer filigrana nas rodas e
manoplas, coisa quer era, lá por 1972, um sintoma de
inteligência. No mais, a magrela tinha seus muitos inconvenientes.
Não que tivesse partido a cabeça, ou gastado o nariz no asfalto,
ou invadido o bar do Cipó, coisa que era, então, bastante comum.
Não, andando de bicicleta jamais estiquei mais o braço que a
manga, mas tudo somado me pareceu desagradável. A corrente sempre
saia do pinhão ou da coroa, e se fosse numa subida, dava com os
genitais no selim, depois com toda aquela dor, ainda havia de
lambrecar a mão de graxa para voltar a corrente ao seu lugar, logo
o pneu furava, lá longe, bem depois da Canta Galo, e com uma
frequência escandalosa. E o freio? O freio, ou freava em demasia ou
de menos e tocava tentar fazer a curva da casa do Belarmino a
trocentos por hora, quando conseguia, porque se não, entortava
tudo, raios, aro e a cara. Se não bastasse, descobri uma coisa que
matou minhas ilusões: subir subidas em bicicleta era muito
cansativo, além de não ser mais rápido que se fosse a pé. E como
em Bonfim para se ir a qualquer lugar, se há de subir sempre uma
subida, pareceu-me que a bicicleta não fazia nada por mim. Foi
assim que a deixei.
29 de mar. de 2015
Corrupção criativa, Fotografia.
Estamos
carecas de saber da corrupção que endêmica e institucionalizada
permeia nossa sociedade. Construtora que cria projeto, paga propina a
legislador e executivo para construir. Assim de fácil.
Qin
Yuhai, chinês de seus 50 anos, filiado
ao partido comunista chinês, e converteu-se numa das principais
personagens políticas da província de Henan. À sua vocação
politica unia o interesse pela criatividade, por meio da fotografia,
até o ponto que algumas fotos suas estão nos paineis do metrô de
Pequim, pessoa de destaque na Associação de Fotógrafos da China.
Suas exposições, em especial, uma em Londres, tinham, ou têm?,
crescente valorização. Quem quiser pode ir ao Google e completar a
pesquisa.
O
caso é que este ano, Qin Yuhai foi exonerado por uma comissão que
luta contra a corrupção. A acusação genérica era a que
Qin dedicava um tempo
excessivo à sua arte, a fotografia, e pouca atenção às suas
funções oficiais. Pombas! Podiam dar uns croques nele e o
reconduzir ao cargo, mas não, o assunto era mais complexo, Yuhai
aceitava subornos, como dizer?
Fotográficos. Quer
dizer, concedia privilégios em troca de materiais e outros detalhes
relacionados. Por exemplo, uma empresa que conseguiu um contrato para
promover o turismo na montanha Yuntai, o presenteou com 25 máquinas
fotográficas no valor de 179.000 dólares, depois a mesma empresa
lhe comprou um álbum com fotos suas por 270.000 dólares. Uma outra
empresa gastou 1.000.000 de dólares promovendo a sua obra na China e
no estrangeiro… e por ai vai.
O
caso é que por aqui sempre apareceria um advogado, e, com certeza,
chamaria
a isso de mecenato. E esse mecenato, pouco forçado, é claro,
contribuiu para que a obra de Qin, um artista genial.
Ebb
and Flow, em Londres. Aqui entrevistas e fotos de Qin Yuhai.
Penteando Macaco
Penteando macaco.
O Estado, a
Iniciativa privada e as Universidades contam com organismos que
realizam pesquisas, estudos de opinião, com custos estratosféricos,
para nos comunicar quais são as nossas preocupações. Será que é
necessário?
Sei perfeitamente o que e o quê de minhas preocupações. Asseguram,
estes custosos estudos e pesquisas, que nos preocupa e muito a
corrupção, e também a
educação, a
caristia, o dollar, o
pib… Devem servir, creio, para nos explicar. Isso, nos explicam.
Isso, mesmo, nos explicam a nós mesmos o quê de nós. Nosso
comportamento contraditório e suas razões ocultas, i.e., as razões
ocultas do nosso comportamento contraditório nas eleições, por
exemplo. Mas me pergunto, sempre consternado, qual a utilidade deles,
os estudos, as pesquisas. Principalmente se sabendo que a maioria dos
cidadãos dão, a estas pesquisas, respostas falsas, com a solenidade
de uma continência militar. Senhor! Sim Senhor! Enquanto os
calcanhares batem. Se pergunto a um corrupto se lhe preocupa a
corrupção, ele responderá que sim. Qual das duas razões devem
se encaixar nas suas preocupações?
Que não o descubram ou
uma
segunda, que os corruptos são os outros. Se
pergunto a um casal, se lhes preocupa a educação, sim, sim, sim,
sem educação um país .. e blá, blá e blague. E a maioria
absoluta e em primeiro turno vota num partido que está a vinte anos
à frente do Estado, com fortes indícios de corrupção, de péssimo
sistema educacional.
20 de mar. de 2015
Duplamente Ateu
Duplamente Ateu.
Sou individualista,
arre, se sou. Mas não me basta o meu umbigo. Ou faremos um
planejamento global para os 8 bilhões de pessoas de 2020, que
incluem poucos ou muitos vizinhos, nossos bairros, cidades ou vamos
logo lamber sabão. Moisés recebeu no monte Sinai dez mandamentos.
No entanto, faz uns anos, por volta de 1995, surgiram outros, a
substituí-los. Não sou quem os pensava, mas não os categorizei.
Quem fez isso foi Ricardo Petrella, em O Bem Comum…
São seis. Um, a
Mundialização: Há que se adaptar à globalização de capitais,
mercados e empresas. Não sei escrever como na Bíblia, aquele troço
de Haverás…. Dois: A Inovação. Há que se inovar, com a
finalidade de reduzir despesas. Três: A Liberalização. Abertura de
todos os mercados. Quarto: Desregulamentação: dará o poder ao
mercado, dando lugar a um Estado Notário. Quinto: A Privatização
eliminará qualquer forma de propriedade pública e de serviços
públicos. Sexto: A Competitividade: há de ser o mais forte se quer
sobreviver à competição mundial.
Fica-me a dúvida:
mandamentos ou maldições?
Vendo o escracho da coisa, meu otimismo frente a isso minguou. Nada
para desesperos. Se no velho mundo dos 10 mandamentos, era agnóstico,
agora sou ateu de vez, e beligerante ante este novo reino da economia
de mercado, aonde acontece o quê acontece. Não quero alvitrar um
futuro mais moderno, mais tecnológico, para quê?
7 de mar. de 2015
dA Hipocrisia, dO Farisaísmo, dO Fingimento
Uma
das ameaças mais elaboradas e repetidas pelo Estado Islâmico diz
textualmente: “Tomaremos Roma, quebraremos suas cruzes e
escravizaremos suas mulheres com a permissão de Alá”. Não deve
passar batido que conquistar Roma, dito pelo autodenominado califa
Abu Bakr-al-Baghdadi, queira dizer a vitória final contra os
infiéis, e tal como vão as coisas da guerra contra o EI, não me
estranharia porcaria nenhuma, que a profecia se faça realidade ao
longo deste século. Os analistas deste fenômeno nos avisam que os
jihadistas não estão interessados em petróleo ou diamantes, senão
as almas dos homens.
É
fenomenal e seus detratores tentam resolver os problemas à base de
silogismos éticos e axiomas sociopolíticos. Enquanto milhares de
jovens pelo mundo se alistaram aos exércitos do EI para lutar na
Síria e no Iraque e praticar as selvagerias horrorosas que temos
visto. Fico com umas perguntas: O quê estes recrutas receberam do
Estado Democrático de Direito e de Bem Estar Social? O quê
aprenderam no nosso sistema escolar? O quê assimilaram dos direitos
e liberdades? Quem lhes facilitou ou impediu a integração? Por que
não encontraram no mundo ocidental os modelos de convivência, onde
foram criados e educados? Nenhum tipo de ideal, de fé, de
horizonte, de possibilidade de levar a termo algum projeto de vida?
Que modelo pode ser a nossa sociedade, se recheada de corrupção,
de dupla moral, incapazes de frear o abismo aberrante que se agiganta
entre os ricos e os pobres, incapazes que somos de pôr fim a essa
tortura , a essa violação, a essa ignomínia contra os mais fracos?
Querem exemplos?
A
Hipocrisia, o farisaísmo, o fingimento são termos inventados,
praticamente, no nosso mundo ocidental, aonde mais se pratica, e mais
tradição se criou, e mais adeptos teve e tem. Tanto que mais ou
menos se tornaram virtudes., e na maioria dos casos, estratégia, um
mal menor, para evitar o mal maior. Os jihadistas não se inspiram
unicamente nas suras do Alcorão, pois há um catálogo em papel
couché e com imagens de exemplos na nossa história, remota e
recente. Façam as contas.
6 de mar. de 2015
Senha
Não sei quem não
está, mas sempre estou precisando de dinheiro. Fui onde o dinheiro
está. No banco. Aliás, na Caixa, no novo Shopping, que é onde
minha conta estava. Não está mais. Na minha frente uma grávida. Há
uma mocinha que faz uma triagem: Que deseja fazer?
Não ouvi o resto, ela tomou da senha e passou pela porta giratória.
Fui logo atrás. Senha C 567. Nos separamos. Sim “sem marcação”
. Nestes tempos, notei que a Caixa tem todos os tons de Grey. Do azul
ao branco, olho meu RG, já descolorido ele também, pelo passar do
tempo. A fila foi trocada pela dança das cadeiras. A moça grávida
foi para as cadeiras da esquerda, estou nas cadeiras da direita.
Ninguém marcou hora. Tanto faz. Tudo conflui no mesmo tíquete, uma
letra e um número. Há muitas cadeiras, mas não estranhe não
encontrar vaga. Não dá para ler, ou curtir um facebook, não se
pode distrair-se. A tela de TV vai passando os números. Não é uma
sequência simples, numérica, diria que é alfanumérica, o que não
permite calcular o tempo de espera em função da distância da cifra
luminosa e a do teu papel. Aqui o 51 pode vir antes do 11, segundo a
letra que tem à
frente. E todos pendentes daquela tela triste. Hipnotizados. Há
um casal com um carrinho de bebê. Sempre há carrinhos de bebê.
Uma moça que dá de mamar ao rebento, aproveitando o tempo morto. Um
garotinho corre pelo salão, fazendo vento, cansado daquele silêncio
tenso e insano. O bebê do carrinho de bebê dorme
placidamente. A mãe chora. Discretamente, mas chora. Usa um lenço,
que uma vez vi usar minha psicanalista, um triângulo às costas, que
serve de dique colorido para frear as lágrimas furtivas. Penso em
dar-lhe meu lenço, mas temo que não gostaria que haver sido
descoberta. Chega o seu número e sua letra é um tipo de céu, do
jogo de amarelinha, e se vão para um outro número. Desaparecem do
meu campo de visão, espero que tenham outras cadeiras. Torço.
Melhor. Fez me muito mal vê-la naquele estado de desesperança. Um
cumprimento inesperado, um artista plástico da cidade, premiado,
publicado. Sem perder de vista a tela da TV, falamos e rimos,
sobretudo rimos. Passamos um tempo no século XIX. Não descartamos
escrever a respeito. Chega a minha vez, vai lá diz ele, nisto a
moça grávida, Renata, interpõe-se! Diz
que foi num lugar que lhe disseram lá não era, e que era aqui e que
não precisaria enfrentar outra fila. Sra.?
Renata! Pode ir antes de mim! Recebi minha senha de volta, voltamos a
papear. Logo ela também se foi. O amigo me disse: Espere no café,
vamos tomar um café! Sim ?
Não, meu caro, creio que há um excesso de fluorescentes, e sempre
que saio destes lugares irreais, o mundo me parece mais amável e
luminoso. Tecnicamente é um banco dentro de um shopping. Mas para
mim é uma granja.
24 de fev. de 2015
Coisa Nossa
Coisa Nossa.
Paulie Gatto escolhe
dois homens a soldo da família Corleone e os dá instruções
precisas: Nada de golpe na cabeça – na cara sim – para evitar a
morte das vítimas. Mas no que diz respeito à boca do estômago,
têm liberdade de ação. Outra coisa: Se os castigados saírem do
hospital antes de um mês, perdem os favores da organização.
Gatto é capodecime,
tem dez homens, como os antigos decuriões romanos e recebeu o
mandato diretamente de Clemenza, um dos caporegimes comissionados
cuperiores, o qual ao seu turno, está atado ao comando do
consiglieri, no caso Tom Hagen. O conselheiro é o único de toda a
organização a que Don dá ordens. Este é o esquema, a estrutura do
clã mafioso, presidido por Vito Corleone, The Godfather de Mario
Puzo. Uma grande família onde os laços de sangue se misturam aos de
amizade formando uma pirâmide de fidelidade garantida pelo proveito
pecuniário, o interesse comum e a necessidade de segredo. Tudo se
sustenta por vínculos de lealdade e medo. A lealdade vem do sangue e
o afeto, por isso todos os clãs praticam o nepotismo e os lugares
principais da organização são da família, irmãos, filhos,
cunhados e genros do capo. E onde não há este vínculo, existe o
medo: a traição se paga com a morte e com o extermínio da família
desleal. Para garantir, afinal, existe a omertá. Lei do silêncio.
Se um ''soldado'' da organização, que é quem comete os
assassinatos ou as ilegalidades, ao ser detido pela polícia,
permanecer calado, sua família será protegida, sua mulher
continuará a receber o soldo, e ele, ao sair da prisão, será
recebido com todos os louvores e honrarias.
O Poderoso Chefão,
o padrinho, o Don, o chefe da organização, jamais será preso.
Entre ele e os executores de suas ordens há muitos elos, se um
falha, elimina-se. O Don, da mesma forma que os imperadores romanos,
só caem por uma conspiração interna ou por traição ou denúncia
do seu consigliere, a sua pessoa de confiança, a sua mão direita.
Só neste caso, o Don poderá dizer como Júlio César diante dos que
o apunhalavam nas escadarias do senado romano: “Até tu Brutus, meu
filho?”
15 de fev. de 2015
Oitavo dia.
Oitavo dia.
Ele foi para um bar
na rodoviária, que era o único que não fechava, e por vezes o sol
saia no meio das trevas, fez-se o pequeno ajuste. O esforço fora
imenso, dar vida à Terra, ao rio, ao mar, os pássaros... Necessito
mais anarquia paisagística, pensou, mais sombras... deve ser uma
questão de origens... girava no tamborete e a visão do mundo... a
falta de humor em diferentes cores, a insistência do chinês em sua
tese repetida com apresentações diferentes a cada dose de
cachaça... tudo é excessivo, mas é mesmo um grande engenho, com o
qual poderia recriar seu próprio espírito, mais agudo, tirar peso
das preocupações. Cheguei ao extremo, mas não fiz falar as
árvores, nem os animais conversassem com pessoas, ou que rissem, nem
fiz que os pássaros falassem, para que não brigassem em pleno
voo... Ah! Está bom assim!
Plagio.
Plagio.
Os escritores de
hoje querem ser originais, e todo mundo sabe que a originalidade é
materialmente impossível. Há nesta obsessão, nesta ideia fixa, um
ponto de hipocrisia que o atual sistema econômico deu a nossa vida
social. Jamais o plágio foi considerado coisa criticável. Hoje é.
Porque o escritor que o faz é considerado pelos companheiros como um
homem que quebra as leis da cavalaria comercial. Cervantes foi o
maior, plagiou todos os romances de cavalaria de sua época, sem
contar o ''estilo''. Mas o argumento é inútil, já que se
compreende que a única sina de um escritor é plagiar, e se
demonstra com isso se tiver sobre o seu ofício umas ideias tão claras e
seguras, que por força vencerá sempre os seus suscetíveis
companheiros. Os antigos não faziam outra coisa senão plagiar-se
mutuamente e sem trégua. E se o faziam, por que não podemos fazer?
Não pode haver, me parece, algo mais agradável para um escritor
sentir-se plagiado. No entanto, hoje, e em todos os ramos artísticos
dominam ideias contrárias, e quem dá o tom são os ''coxinhas'',
classe médias,
analfabetos que sabem ler e escrever.
Essa
é a degeneração geral a que chegamos, sem
paradeiro, para constar e demonstrar a insanidade da literatura
atual, não se encontra em lugar algum, algum troço digno de ser
plagiado.
Eu
procuro este troço faz tempo e por todos os rincões, e não
encontro nada. Tudo é monotonia e dum tédio pantanoso, e eu,
particularmente, nasci com pouca força para empreender um plágio de
uma obra antiga, de um clássico. Sou obrigado, como os outros, a ser
um terrível e desenfreado original. É não resta dúvida,
lamentável e revoltante...
13 de fev. de 2015
Famíliona
Familionã.
Casarei
comigo Eu
Como
filhos da mãe a mesma
Incesto,
canhestro, a esmo
Economizaremos
roupas e anéis
Chantilis
e morangos
Gastaremos
palavras palmas bem molhadas
Vinhos,
cervejas, cachaças, cuspe e um bombom de rum
Camisas
da Vénus! A incerta? Nunca!
Nem
as dos dias seguintes
Nos
livraremos de deputados e das putadas
Do
congresso, da súmula,
Quê
simula o STF?
O
tabelião não verá um
tostão
O gato fica pra mim,
se você morrer.
Já se eu morrer,
O gato fica sozinho.
Não
tripudiaremos sobre cadáveres
A
menos que deem vida a
esses girinos,
Sa
meleca
Que
sem testemunha e
Se
lavo bem a unha
E
troco de cueca!
Plim! Plim!
Sortudos
que somos,
tudo
se demonstrou
que
tudo, amanhã, será
bem
demonstrado.
Nem molina nem
peritos.
Não
farão laboratórios,
papagaiada de periquitos
com
ou sem repertórios
nem falatórios de sabujas.
Porca, gritaremos
chulas palavras sujas
para
limpar esses nojentos
estes
sábios fedorentos.
Sorte
a nossa, se demostrou
que
amanhã tudo será
demonstrado.
Estamos
fartos de sabedorias
que
no fundo, basbaquices
nos
fazem crer teorias
nada
senão manias
e
disfarçam suas cagadas
pondo a culpa na manada
com
plin plim de fadas
mas
sorte nossa sorte
é
que tudo se demonstrou
que
amanhã se mais tardar
será
bem demonstrado.
Cão e Gato
Há
muito tempo, em casa havia uma gata que, que me recordo, deu cria uma
vez numa dispensa nos fundos da casa, que naquele momento era
fundamentalmente o lugar dos rejeitados. A gata, antes e depois,
fazia a sua vida poucas vezes molestada por parte da família,
exceção de minha irmã e, sobretudo, minha. Ia e vinha, passeava
pelo telhado de casa e das casas vizinhas, mas não era amante
da rua, que visitava em poucas ocasiões, certamente quando a
liturgia da sua religião ancestral, que ignorava, lhe exigia. Me
recordo de muitos episódios da vida da gata, que se misturam com os
meus, mas sou incapaz de relembrar o seu traspasso.
Mais
tarte tivemos um cachorro. Também não me lembro que fim levou. Mas
com certeza um cachorro sem dono, me traz uma enorme tristeza. Assim
sem saber o fim deles, somente o cachorro me cria mais problemas de
consciência. O gato, e tenho um hoje, me parece mais inteligente,
independente, e sua independência me faz tratá-lo de igual para
igual, uma relação de igualdade. Se fosse um cão, pela minha
maneira de ser, me custaria mais não abusar da minha suposta
superioridade humana.
há algo, por que há algo?
Saio de casa com o tempo justo de chegar ao trabalho. Todo dia o mesmo caminho, com pequenas variações sugeridas pelos semáforos. Poucas novidades, de quando em quando, uma nova pintura, uma nova fachada, os interiores continuam incertos. Numa rua que ainda não consegui repetir havia um grafite, se preferir, uma pichação: “Acredito que há um mundo fora da minha cabeça”.
12 de fev. de 2015
Cavo.
Se um poema, uma
música comove, o faz desde da vida do leitor, ouvinte, de modos que
uma pessoa que não seja ''culta'', se emociona com comprovar que
aquilo que acaba de ler, ouvir, expressa algum aspecto da sua
consciência, ou da sua vida. Constatação , ainda que atrevida,
estendo a outras sensibilidades. Mais ou menos.
Muito embora, e às
vezes, nos tornamos cúmplices de autores e obras, por motivos ainda
mais prosaicos, como os geográficos, linguísticos, de gênero e
étnicos, por que não?
São
refúgios, e por vezes, construídos lá na infância.
Costumo me refugiar num poema de Drummond, Áporo. Que dá a dimensão
do inseto que cava e cava e cava...
é assim:
Um inseto cava
cava sem alarme
perfurando a terra
sem achar escape.
Que fazer, exausto,
em país bloqueado,
enlace de noite
raiz e minério?
Eis que o labirinto
(oh razão, mistério)
presto se desata:
em verde, sozinha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-se.
11 de fev. de 2015
Gente é Para Brilhar....
O mais óbvio é que
vivemos numa sociedade que menospreza a transcendência. De outro
modo, vivemos na sociedade que exalta a superficialidade. Se aprende
desde a mais tenra infância, que a alegria tem a ver com a segunda.
Com as facilidades das coisas, a sua espuma imediata e óbvia, que
dura tanto como a sua própria efêmera resplandecência.
Por outro lado a
tristeza se relaciona com aquilo que transcende qualquer feito. Se
alarga espiritualmente, ou de alguma forma simbólica, se explica por
meio de algum mistério íntimo que temos que resolver, sentir e
explicar.
A morte, por
exemplo, é o signo supremo da transcendência, literalmente e
metaforicamente, enquanto a vida fácil se coloca exatamente onde
luzo, e não além, além e aquém é sombra. A transcendência
requer um grande impulso, o supérfluo se conjuga no presente e
basta, é mais democrático e transversal.
Não posso esquecer
que tudo que faço, penso e sinto tende à transcendência, nem que
não queira, já que tudo tem um sentido, ainda que oculto, tudo,
tudo mesmo, e mesmo uma ação superficial como ir comprar ou ficar
no sofá babando diante da TV. Incluo a promessa politica, também,
ainda que não o pareça. O seu não cumprimento implica numa
consequência, porque tudo na nossa vida comparte um discurso
paralelo, numa realidade mais profunda, não haveria de ser
menosprezado o exercício das palavras.
Não fosse aqui, não
conceberia viver num cenário de tamanha mesquinharia. Porque não
vivo num país minimamente inteligente e sensível. Perdemos todo e
qualquer brio, ou jamais o tivemos, e que poderia nos conectar com
algo para não sermos o que somos. Vivemos enterrados nas ruínas do
que não fomos, justo no momento que parecia que tudo começava. O
mais grave de tudo é que, apesar das vexações, querem devastar a
esperança, e isso já não nos importa.
10 de fev. de 2015
Chafurdance!
.
Resisto o tanto
quanto posso, já não posso mais resistir: A pobre Marcela que
carrega sozinha a frente fria, e os anticiclones, porque você já
poderia me perguntar pelos ajudantes, por que não contrata
ajudantes?
Não sei, sei que telefona dia sim dia não ao seu Zé, que
supostamente está no litoral norte, Ubatuba, sem ofício, por sinal,
dizem que toma conta da mãe doente, que nunca fica boa. Não seria
mais fácil levá-la ao Caldeirão do Huck?
É claro, não interessa. Porque o Zé não está em Ubatuba, e sim
bem mais próximo, na Lins de Vasconcelos, em São Paulo, e se faz
passar por seu Zé, mas ali na Lins o chamam Senhor Azevedo, ainda
que os tem a todos enganados, que de verdade se chama Datena. Assim
que permanecerá no novo endereço até princípios de março, se o
deixam, mesmo porque tudo leva a crer que as coisas não lhe vão tão
bem, ainda que Vasconcelos – que outro Vasconcelos? – é seu
costa larga e da própria Marcela.
Marcela
passará o carnaval sozinha, nem à Pascoa terá alguém, porque
parece que os seus filhos, estes sim, no litoral, mas em Rio das
Ostras, não voltarão para a Capital. O que não é novidade, faz
meses que sequer lhe telefonam, nem sinal de vida, e quando algum
deles a chama por SMS é para proporcionar-lhe desgosto.
Gostaria,
quer dizer, fixe bem no que passa na pobre Mansão Olderbrecha:
parece que um dos rapazes não está em Miami, tudo porque este
rapazola perde óleo. E para Marcela, se ele ligar para dizer
bobagens, mais valeria que estivesse com Boku Haran, noutras,
n'África.
Por
fim, Marcela, que, melhor eu te dizer logo e assim quanto mais cedo
possível você vai cuidar da tua vida, mas é complicado dizê-lo
assim de um tropeção, saiba então que o Munrá, ou o veterinário
como preferir, também acoberta as coisas do seu Zé, sendo mais um
anjinho, que você dificilmente o verá, mas ele.... como direi.....
Você
deve estar pensando que tudo isso é uma bobagem, no entanto Marcela
gosta mesmo de chafurdar. E me deixa muito triste, que ela seja uma
iludida, a parte do problema de não poder usar peles nesta terra, e
ninguém as compraria para que pudesse reformar a Mansão, por isso
ela se ausenta. Se repito alguma informação, é pela importância
que tem. Afinal, somos amigos, e mais vale que saiba de tudo,
principalmente do maucaratismo do Datena ou Azevedo, porque eu sempre
estarei ao lado de Marcela, prós e contra, Marcela que amigos têm?
9 de fev. de 2015
Perguntou ao Gato...
Perguntou ao gato:
Se sente muito só? Aquela
parecia ser uma pergunta boba, assim que decidiu perguntar novamente:
Tá se sentindo muito só? E, como de costume, deixou a resposta ao
gato ocre amarelado que ondeava o rabo com lentidão. Claro que se
sente só! Eu também me sinto. Quando disse estas palavras, sentiu
um leve remordimento. Na realidade deveria ter
comprado mais um ou uma gata, para que seu gordo gato ocre amarelado
tivesse
amigos
e formasse uma pequena comunidade felina. Mas, ao mesmo tempo, temia
que a compra de mais gatos o fizesse perder a comunicação que já
tinha com esse. Havia algo de especial entre ambos, como nesse
momento, em que o gato permaneceu imóvel, mirando-o
com seus olhos amarelados, enquanto seu formoso rabo se agitava em
câmara lenta. Tá na cara, que estamos sós, os dois – resumiu. Se
ergueu e foi a cozinha preparar um café. Duas colheres de Alta
Mogiana,
uma de Cerrado mineiro e uma de Altinópolis em
vez do Sul de Minas,
para
provar. Era assim, com alguns tipos de café, era necessário ser
mais comedido. Se ajeitou dentro da calça e da camiseta que escapava
pelo ombro, e se dirigiu de novo ao gato: Sabe do pior? O pior é
que já não se pode estar em paz com a solidão, porque agora não
está de moda estar só; tem
sempre alguém te espreitando; agora eu queria saber do mais pior
ainda? Isto
garanto, você não sabe! É! Há a solidão compartida! Se ao
menos você deixasse seu sorriso! Dizia, enquanto o gato sumia.
8 de fev. de 2015
...
Antes, Inda Antes de
Ter Pressa,
Antes de Pessoa,
Se Antes do Inventar
da Hora,
Antes de Darwin,
Dinossauros e Fósseis,
Tapete, Tabaco e
Tabacaria
Nem Trânsito,
Pântanos,
Enchentes e Secas,
Antes do Mar, sem
Cronistas, Inquiridor,
Antes das Estrelas
Caírem Sobre o Tabuleiro do Desassossego,
Antes dos Sábios,
Prisões, Arenas e Toda Sorte de Apego.
Quando Tudo Era
Vácuo de Fina Tripa
o Negro Sol Duma Sem
Beirada Cor
de Criança que
Chora, Esta Dor
Já Estava Aqui
6 de fev. de 2015
Um Pedaço de Nuvem, um Reflexo de Lua
A
mãe
gosta de sair para dar uma caminhada quando o sol se põe. Nesta
hora; que é quando há um hálito do noroeste, esta brisa que entra
depois do vento leste; pego minha espreguiçadeira e vou para a
calçada tomar vento, cerveja e
ver meu vizinho deitado na calçada, para descansar e refrescar-se.
Depois
de um demorado passeio, lá vem a mãe. Fui longe hoje, até aonde
você foi?
Fui até as barrancas do mundo! E como visse minha cara de espanto,
me mostrou nas mãos que trazia escondidas atrás, um pedaço de
nuvem e um reflexo de lua...
Nem a Água não é Água Não.
"Cachaça não é água não..."
Deve ser muito
complicado ser Historiador. Uma data – um dado – isolada, não
diz nada. Se faz necessário interpretá-la. Conhecer seu
imprescindível contexto. Minhas recordações de infância não têm
nada a ver com a de um garoto de cidade grande. Os meus anos 60/70
são os anos da ditadura. Sem miséria, mas anos de chumbo. De vez em
quando emerge uma cena felliniana que me põe em contradição com o
calendário, bebendo vinho do padre, vestido de coroinha, sambando...
Penso na excitação
pueril que me produziam os fevereiros de carnavais de há tantos
anos. Longos anos e me parece impossível que esteja a falar da mesma
época, em que Artur da Costa e Silva instituía o AI-5. Ou que se
estivesse sendo fundado o Pasquim. Seria necessário se traçar com
uma rotring uma linha para interceptar esta linha do tempo com a
minha, anos em que surgiam The
Who, Rolling Stones, Beach Boys, Bob Dylan, Jimi Hendrix, dos
festivais da TV Record, de Vandré. E a minha, se
olho para trás, tinha
como
trilha sonora Tonico e Tinoco, Meu limão meu limoeiro, Paulo Sérgio
e Roberto e Erasmo Carlos, Wanderley
Cardoso,
as Escolas de Samba do Vila Virgínia que vinham nos visitar, as
marchinhas, os Mamãe eu Quero, Cachaça
não é água não,
tudo me faziam enlouquecer. Hoje,
eu
espírito carnavalesco é
só quarta-feira de cinzas, mas sem cruz de cinzas na testa, mas pudera, nem a água não é água não.
5 de fev. de 2015
Futebol. Corinthians e Tabelinha, um Resgate do Passado, Peladeiro!
Se o futebol
brasileiro se ancorar no fundamentalismo do futebol europeu,
estratégico tático, ficará a merce deles, pela já denotada
capacidade deles em cumprir script, roteiros e tal e coisa. Na copa
2014 os alemães mostraram o futebol de ''espontaneidade'' ensaiada,
como é sua maestria em tudo na vida tedesca. Como era a Espanha
guardiolada, e tudo faz crer que influenciou alemães, bávaros e
mesmo o Real Madrid segue uma devaricada dessa onda, etc. A
objetividade do futebol europeu, e o que tentamos imitar, não nos
serve, não sabemos ser objetivos, transparentes, não isso não é
nosso, podemos até ser em outras esferas que nos melhora, mas no
futebol, bater a carteira não é imoral. Enganar também não. Fazer
de bobo é a ética do nosso futebol. Na objetividade, somos
obrigados a apelar, porque eles são melhores de nascença nessa
coisa, e então somos violentos, não somos duros como eles são,
somos violentos.
O Corinthians dos
últimos jogos apresenta algo novo, velha nossa conhecida, a
tabelinha. A tabelinha em velocidade, com passes curtos e verticais.
Essa é característica inata do futebolista, boleiro, peladeiro
brasileiro. Pelé e Coutinho nadaram de braçadas nessa lagoa.
A vantagem do
futebolista brasileiro é essa, mesmo os menos craques, coisa que é
o Corinthians, São Paulo, Palmeiras, times com bons jogadores, mas
craques não os têm. Mas mesmo o jogador mediano brasileiro faz
tabelinhas de nascença, é o sarro da coisa. Note que o Santos,
sempre apresenta-se bem quando consegue engrenar seus ''meninos''
neste aspecto: A Tabelinha, fora disso sofrem...
Pela entrevista que
deu Elias, depois do jogo contra Once Caldas, me deixou a impressão
de que os treinos têm enfoque prioritário neste tipo de
''jogadas''. E dá mesmo para perceber, são algumas tentativas, uma
que resultou no gol de Fábio Santos na Arena, ainda no ano passado,
e no jogo contra os colombianos, isso ficou mais insinuado, ainda não
está ''patente'', vou torcer e esperar, pode ser a salvação da
nossa lavoura.
Resgatar o passado,
pode ser a vanguarda!
4 de fev. de 2015
Magnanimidade.
Tirante uma agência
de risco – Standard & Poor's no caso “Subprimes” - que
“en passant” se pode dizer: fraudulenta, e foi multada nos
EEUUAA em bilhões de dólares por essa superestimação
mafio-criminosa na crise financeira de 2007\8, nenhum outro órgão
internacional, como FMI, por exemplo, nada têm dito ou a dizer sobre
o caminhar do Brasil. Vamos com as próprias pernas, mal podem,
entretanto, dizer, mas com as próprias pernas, antes íamos mal e
ouvindo e levando dedo nos olhos desses peregrinos.
No entanto, as
vitórias se envenenam se não são administradas com magnanimidade.
E pode ser a origem do fracasso do PT como um projeto coletivo. E na
tentativa de borrar a personalidade, existência dos então
derrotados antecessores. De tal forma que a consolidação do
critério uniformizador, se plasma numa interpretação enviesada e
reducionista, e de certa forma uma parte significativa dos petistas
continuam a fazer da realidade. A reação é belicosa, e o governo
Dilma é por dizer, quase que não salvável, pelo reflexo evidente
de não ser capaz de ser compatível, ou ao menos complementário às
aportações de outros grupos, apesar de nos últimos anos ter
conduzido de forma formidável algumas questões distributivas.
Vejo
o reflexo das mobilizações de faz dois anos, e das últimas, ao
mesmo tempo do imobilismo da população frente ao estado de
calamidade pública que conduziu, o PSDB frente ao governo, o Estado
de São Paulo. É como se o PT não tivesse deixado outra opção,
senão que fechar os olhos. Não sei... como diz Fernando, um amigo
meu, na corda bamba...
3 de fev. de 2015
O Gato do Bar do Toba.
O gato do bar do
Toba é negro e lustroso, e o pelo do lombo, olhando de perto, tem a marca da forca. Dizem que matou o seu dono. Todo mundo sabe que o gato chega depois que a
missa já começou, ou já vai pelo ofertório, e os canabravas já
comeram alguma coisa. Com certeza passou toda a tarde a dormisquejar
no canto do curral. O gato vai de mesa em mesa, ao mesmo tempo que
um francano vende botas e cintos e sandálias trançadas e bolsas,
essas vacas tiveram menos sorte que o felino. Parece que o gato
aprecia o espaguete da mesa de dois, em contrapartida, come sem
vontade o lambari do Lesmão, ou não aprecia os Jihadistas no jornal
que lhe serve de prato, tanto que deixou umas espinhas do peixe. Na
mesa dos fumantes ele nem passa... antes de ir-se ainda revira uma
migalha de pão da mesa do fundo. Passa por mim e lhe acaricio a
cabeça. Como fui generoso, sem demasias, me deu um conselho ao pé da orelha, que
me quis passar como um texto de Cortazar – sempre me disseram que
os gatos de rua são os mais cultos, ainda que frequentemente
lacônicos e mentirosos – O Plagiário, porque não adianta nada
roubar uma flauta e não saber tocar.
29 de jan. de 2015
Doravante Vou Usar Máscara.
Lia a legenda de uma
fotografia: Quando Papua Nova Guiné se tornou independente, 1964, a
tribo Lavongai foi informada que nas primeiras eleições
democráticas, tinham a liberdade de votar em quem quisessem. Deram
os seus votos a Lyndon Johnson, então presidente dos EUA.
Me parece fantástica
a possibilidade da ausência de fronteiras. Uia! Pena que não sei o
peso dos votos dos Lavongais naquela eleição, penso um pouco e sou
incapaz de tornar concreto o meu voto universal, penso mais um pouco
e descubro, que os Lavongais usam máscaras, e conseguem decifrar
melhor os nossos políticos mascarados!
28 de jan. de 2015
Crise Hídrica, Um Banho de Novos Conhecimentos.
obra planejada e executada pelo governo do PSDB, a tecnologia embarcada chega a assustar, fazendo gemer Ramsés II ou III quem sabe. |
Começa assim,
porque despretensiosa, negada desde quando era curável, mas todos
sabemos que desde os gregos a palavra “Krisis” está ligada a
oportunidades, mudanças, como um ritual de passagem. Há uns anos,
por fatores alheios ao meu controle, acabei por ler Peter Drucker, um
guru do mundo corporativo das últimas décadas do séc XX. Lá o
fundamental é o Planejamento, Não é difícil, no todo, mas em
alguns aspectos, me encruava, e ali estavam conceitos de gestão
por objetivos, avaliação, descentralização, “cantados” por
Marx “avant la corporation”. A Crise sempre presente no
mobile do guru. Conceitos de Missão e Visão na gestão brasileira
se transformaram em meros slogans, mesmo nas grandes “corporations”,
imagine se um partido politico a abraçasse, pois foi o que os
intelectuais do PSDB fizeram. E de lá para cá é gestão daqui,
gestão dali, terceirização disso e daquilo, benchmark ou
dantosu o melhor do melhor, o Six Sigmas, e lá vai Peter
Drucker “O
tomador de decisão eficaz compara o esforço e o risco de ação com
o risco de inação”,
vejo espelhado no espelho d'água do Cantareira esse filme passar.
Eficácia, eficiência, gerenciamento, tempo... Ah! A propósito:
“Eficácia
significa fazer as coisas certas acontecerem.”
Não posso reclamar, por este “do
the right thing”
tucano, pois me ensinou muito. A começar pelas palavras, um
enriquecimento prazeroso, afinal,
desde criança ouvindo falar em seca, seca do nordeste, uma década
de seca... e tudo não passava de crise hídrica. E, por falar em
nordeste, me recordo do professor de História a falar que a culpa da
seca era quase toda do coronelismo, das grandes fortunas que iam para
o Nordeste para sanear a crise Hídrica e eles – os coronéis – a
fazer cisternas em terras próprias, ainda se fossem aeroportos, vá
lá!
Tudo é
impactante, grande palavra, impactante, virou um meme nesta gestão
por objetivos, planejamento e avaliação, como se fosse um : é
nóis!
Creio que muito
ainda nos ensinará esta κρίση του νερού, ou όσιμου
ύδατος, crise hídrica, então guardei para o fim o ensinamento
mais importante.
Tenho, quer dizer,
tinha grande dificuldade para entender na prática o significado de
Estratégia e Tática, sempre as confundia, quando pensava
estrategicamente na verdade traçava táticas, e creio que no mundo
do futebol a coisa ainda mais se embaralha, no entanto, a Krisis
Hídrica clareou meu horizonte. Agora ficou tudo muito simples: Com a
crise a Estratégia é chover, e a Tática é rezar.
E por falar em rezar, meu deus, quanta injustiça cometo, esquecia-me do "Volume Morto"..
A Minha Sanha é Política. Ou, Vê se Me Entende. Ou, Marat L'Ami du Peuple.
O tempo da Utopia,
para mim, já passou. As únicas revoluções com que estou
preocupado são as do motor da minha Virago. Vivo da Realidade, seja
Real ou Virtual, e são realidades. Para mim o processo para mudar
uma Realidade é feito de rodas dentadas de Realidades, o Real
alterando o Real. A política é o Real, qualquer que seja, feita por
partidos (todos) reais organizados por pessoas (todas) reais. Somo a
isso que o Brasil para mim é tudo que não é o resto do mundo. Cada
país tem a sua história. A história é o rio que lima as arestas
das pedras e as faz seixos. Nossa história ainda não conseguiu
gastar muitas das angulosidades desta pátria, mas ainda é cedo
amor, a história não para, segue sempre em frente, se repetindo, se
falsificando, se tornando pornográfica por vezes, mas segue.
Tenho defendido as
ações do PT, não porque creia que o PT seja a melhor coisa do
mundo, nem eu sou, nem quero ser, porque deve ser difícil ser a
melhor coisa do mundo, além de que, nem deixaria tempo para ler o
Facebook no banheiro. Depois duvido das melhores coisas do mundo,
incluso pessoas, principalmente pessoas. Se a melhor pessoa do mundo
já é um problema, imagino um partido com as melhores pessoas do
mundo, pois sozinha é um psicopata, em grupo...
Já declarei outras
vezes que o centro, o âmago dos problemas brasileiros não é a
corrupção, ainda que dela saiba e que não a defenda, e peça
punição sempre aos corruptos e corruptores.
Outra que já
declarei é que a verdade que tanto se busca, é o centro nevrálgico
do poder. Há muito tempo a verdade era: O Rei tem Poder Absoluto,
que o é outorgado pelo próprio Deus! Por longo tempo travou-se
uma batalha por essa ‘verdade’. Esta batalha nada mais era, que a
batalha pelo Poder e não pela verdade, ainda que hoje saibamos que o
Rei era tão fajuto quanto o Deus que lhe imprimia consignas de
Absolutismos. Eram de alguma forma tempos mais épicos; Napoleões,
Guilhotinas, Maria Antonieta, Brioches, Marat,
Robespierre, Danton... Uns cortavam as cabeças dos outros pelo
poder, seja em nome de Deus ou Povo, este com sua dose demiúrgica,
afinal a voz do povo é...
Este nosso momento
político – diz-se isso como se todos os momentos não fossem
políticos – está até o pescoço enterrado na batalha pelo poder.
Se há batalha, há de haver ao menos dois bandos, e os há, grosso
modo se reduzem ao Governo e a Oposição. Querendo ou não,
inocentemente ou não, de má-fé ou não, escrupulosamente ou não,
quem defende o Governo ataca a Oposição e a possibilidade do
'detrás para frente' também está contemplada.
Não ajo
politicamente de modo a favorecer o meu adversário. Na vida real, o
meu adversário quer um quinhão dos meus pertences, e de novo vale o
inverso. Ah! Mas você faz peripécias para que todos pareçam iguais
na desgraça. Não! A política basicamente é mediadora da disputa
pessoal, feita de modo a atender a todos os indivíduos singulares, o
que não é possível, e nos dividimos em bandos, em tribos, guetos,
ruas, vielas, tatuados e não... Como disse, a corrupção não está
no centro das minhas atenções – sem deixar de enxergá-la por
toda parte, mesmo em mim – quem prefere a discussão moral é o
outro, porque ele tem o aparelho de medir mentiras, e fazer verdades,
que é a Mídia. O PT só está ainda no Poder, pela explosão
Comunicacional causada pelas redes sociais, que amplificaram a voz de
muita gente, anteriormente, lembremos Collor, não havia refutação
alguma das teses mediáticas.
Há muito que se diz
da necessidade de uma Nova Política, uma recauchutagem na nossa
Democracia, não sou contra, sou favorável, mas isso se faz com o
carro em movimento, com os vetores de poder agindo no Parlamento, no
Congresso Nacional, nos Jornais, nos Blogs, nas Redes Sociais. O
importante, para mim, é saber que a condução destas reformas
também estão em zona conflituosa, porque basicamente retirará
parcelas de poder de uns e os dará a outros. Porque no centro de
tudo está o Poder.
Por isso é difícil
discutir com quem pensa que é um ser humano perfeito. Para mim é
mais fácil – mesmo partindo de sérias divergências –
discutir com quem é podre, se sabe podre, porque nisso haverá
sempre a possibilidade de cedência, porque ao contrário do justo,
onde tudo implica em que deixe de ser “tão justo”, para o podre
o processo é o de deixar de ser “tão podre”.
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