28 de jan. de 2015

A Minha Sanha é Política. Ou, Vê se Me Entende. Ou, Marat L'Ami du Peuple.



O tempo da Utopia, para mim, já passou. As únicas revoluções com que estou preocupado são as do motor da minha Virago. Vivo da Realidade, seja Real ou Virtual, e são realidades. Para mim o processo para mudar uma Realidade é feito de rodas dentadas de Realidades, o Real alterando o Real. A política é o Real, qualquer que seja, feita por partidos (todos) reais organizados por pessoas (todas) reais. Somo a isso que o Brasil para mim é tudo que não é o resto do mundo. Cada país tem a sua história. A história é o rio que lima as arestas das pedras e as faz seixos. Nossa história ainda não conseguiu gastar muitas das angulosidades desta pátria, mas ainda é cedo amor, a história não para, segue sempre em frente, se repetindo, se falsificando, se tornando pornográfica por vezes, mas segue.
Tenho defendido as ações do PT, não porque creia que o PT seja a melhor coisa do mundo, nem eu sou, nem quero ser, porque deve ser difícil ser a melhor coisa do mundo, além de que, nem deixaria tempo para ler o Facebook no banheiro. Depois duvido das melhores coisas do mundo, incluso pessoas, principalmente pessoas. Se a melhor pessoa do mundo já é um problema, imagino um partido com as melhores pessoas do mundo, pois sozinha é um psicopata, em grupo...
Já declarei outras vezes que o centro, o âmago dos problemas brasileiros não é a corrupção, ainda que dela saiba e que não a defenda, e peça punição sempre aos corruptos e corruptores.
Outra que já declarei é que a verdade que tanto se busca, é o centro nevrálgico do poder. Há muito tempo a verdade era: O Rei tem Poder Absoluto, que o é outorgado pelo próprio Deus! Por longo tempo travou-se uma batalha por essa ‘verdade’. Esta batalha nada mais era, que a batalha pelo Poder e não pela verdade, ainda que hoje saibamos que o Rei era tão fajuto quanto o Deus que lhe imprimia consignas de Absolutismos. Eram de alguma forma tempos mais épicos; Napoleões, Guilhotinas, Maria Antonieta, Brioches, Marat, Robespierre, Danton... Uns cortavam as cabeças dos outros pelo poder, seja em nome de Deus ou Povo, este com sua dose demiúrgica, afinal a voz do povo é...
Este nosso momento político – diz-se isso como se todos os momentos não fossem políticos – está até o pescoço enterrado na batalha pelo poder. Se há batalha, há de haver ao menos dois bandos, e os há, grosso modo se reduzem ao Governo e a Oposição. Querendo ou não, inocentemente ou não, de má-fé ou não, escrupulosamente ou não, quem defende o Governo ataca a Oposição e a possibilidade do 'detrás para frente' também está contemplada.
Não ajo politicamente de modo a favorecer o meu adversário. Na vida real, o meu adversário quer um quinhão dos meus pertences, e de novo vale o inverso. Ah! Mas você faz peripécias para que todos pareçam iguais na desgraça. Não! A política basicamente é mediadora da disputa pessoal, feita de modo a atender a todos os indivíduos singulares, o que não é possível, e nos dividimos em bandos, em tribos, guetos, ruas, vielas, tatuados e não... Como disse, a corrupção não está no centro das minhas atenções – sem deixar de enxergá-la por toda parte, mesmo em mim – quem prefere a discussão moral é o outro, porque ele tem o aparelho de medir mentiras, e fazer verdades, que é a Mídia. O PT só está ainda no Poder, pela explosão Comunicacional causada pelas redes sociais, que amplificaram a voz de muita gente, anteriormente, lembremos Collor, não havia refutação alguma das teses mediáticas.
Há muito que se diz da necessidade de uma Nova Política, uma recauchutagem na nossa Democracia, não sou contra, sou favorável, mas isso se faz com o carro em movimento, com os vetores de poder agindo no Parlamento, no Congresso Nacional, nos Jornais, nos Blogs, nas Redes Sociais. O importante, para mim, é saber que a condução destas reformas também estão em zona conflituosa, porque basicamente retirará parcelas de poder de uns e os dará a outros. Porque no centro de tudo está o Poder.

Por isso é difícil discutir com quem pensa que é um ser humano perfeito. Para mim é mais fácil – mesmo partindo de sérias divergências – discutir com quem é podre, se sabe podre, porque nisso haverá sempre a possibilidade de cedência, porque ao contrário do justo, onde tudo implica em que deixe de ser “tão justo”, para o podre o processo é o de deixar de ser “tão podre”.

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