23 de jan. de 2015

O Grande Assado: Poder ao Forno com Trufas e Couve de Bruxelas ao Mel: A Tolerância.




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Em meio a grande mesa, pousado em grande e preciosa baixela, o assado gourmetizado preferido do ser humano: O Poder. Nos seus devidos lugares: os comensais, uns sentados, uns nas cabeceiras, outros na segunda linha e outros se distanciando dele, mas guardando uma visão parcial ou do todo suculento. Houve um tempo em que o mais forte o puxava para si, sem delongas. Outro em que o Absoluto dele se nutria e deitava migalhas. Por votação... mérito, sorte ou azar, mas sempre resta sobre a legitimidade de quem o esquarteja um zum-zum zum, um mi-mi-mi, um blá blá blá que num crescendo, vez sim outra também, termina em tremendo bafafá, e nesse momento não há como mitigar; se atiram sobre as partes desejadas, mesmo quando caídas ao chão, e uns aos outros e às migalhas se as disputam com os cães no auge da mendicância.
Simplesmente, não há acordo possível. Nem o budismo, o cristianismo, o protestantismo, o islamismo e todos os ismos ligados à religião, à filosofia ou a ética, por muito que se tenha ou tivessem fé, ou se esteja ou estivessem comprometidos, agora ou antes, fizeram água na Idade Média ou em plena Revolução Francesa, não funcionam e não funcionaram como elemento de coesão bastante e suficiente entre os povos. De fato, desde nossos círculos de convivência e das pessoas que podemos chegar a compreender, nem se amam as nações, nem as pessoas, nem as empresas, nem as torcidas de futebol...
Não é agradável reconhecer essas nossas limitações na convivência entre os povos, culturas e pessoas. Mas boto minha roupa bem vincada de realista, sem me deixar cair no cinismo, ou na desesperança, para especular sobre as possibilidades. Penso na tolerância. A tolerância. Bendizemos a tolerância. Mas será a única virtude cívica que nos resta? A única maneira prática de aceitar o outro e de o suportar até o que nos desagrada neles? Será a tolerância a coluna vertebral da convivência pacífica? Tenho minhas dúvidas! A tolerância para mim é um tédio. A tolerância é para aquilo que não sinto nem amor, amizade ou simpatia. Apesar disso, parece eficaz, sem milagres. Num mundo aonde a Moral, o Amor, a Razão todos, fracassaram, inclua-se neles todos seus discursos.



Em tempo: Couve de Bruxelas talvez seja a ignomínia do mundo vegetal!

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