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Em meio a grande
mesa, pousado em grande e preciosa baixela, o assado gourmetizado
preferido do ser humano: O Poder. Nos seus devidos lugares: os
comensais, uns sentados, uns nas cabeceiras, outros na segunda linha
e outros se distanciando dele, mas guardando uma visão parcial ou do
todo suculento. Houve um tempo em que o mais forte o puxava para si,
sem delongas. Outro em que o Absoluto dele se nutria e deitava
migalhas. Por votação... mérito, sorte ou azar, mas sempre resta
sobre a legitimidade de quem o esquarteja um zum-zum zum, um
mi-mi-mi, um blá blá blá que num crescendo, vez sim outra também,
termina em tremendo bafafá, e nesse momento não há como mitigar;
se atiram sobre as partes desejadas, mesmo quando caídas ao chão, e
uns aos outros e às migalhas se as disputam com os cães no auge da
mendicância.
Simplesmente, não
há acordo possível. Nem o budismo, o cristianismo, o
protestantismo, o islamismo e todos os ismos ligados à religião, à
filosofia ou a ética, por muito que se tenha ou tivessem fé, ou se
esteja ou estivessem comprometidos, agora ou antes, fizeram água na
Idade Média ou em plena Revolução Francesa, não funcionam e não
funcionaram como elemento de coesão bastante e suficiente entre os
povos. De fato, desde nossos círculos de convivência e das pessoas
que podemos chegar a compreender, nem se amam as nações, nem as
pessoas, nem as empresas, nem as torcidas de futebol...
Não é agradável
reconhecer essas nossas limitações na convivência entre os povos,
culturas e pessoas. Mas boto minha roupa bem vincada de realista, sem
me deixar cair no cinismo, ou na desesperança, para especular sobre
as possibilidades. Penso na tolerância. A tolerância. Bendizemos a
tolerância. Mas será a única virtude cívica que nos resta?
A única maneira prática de aceitar o outro e de o suportar até o
que nos desagrada neles?
Será a tolerância a coluna vertebral da convivência pacífica?
Tenho minhas dúvidas! A tolerância para mim é um tédio. A
tolerância é para aquilo que não sinto
nem amor, amizade ou
simpatia. Apesar disso,
parece eficaz, sem milagres. Num mundo aonde a Moral, o Amor, a
Razão todos, fracassaram, inclua-se neles todos seus discursos.
Em
tempo: Couve de Bruxelas talvez seja a ignomínia do mundo vegetal!
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