10 de jan. de 2015

Religiões.



Deus é nada mais nada menos que o reflexo especular dos humanos que nele creem e ou o inventam. Analisando, ainda que superficialmente, é fácil reconhecer as religiões da antiguidade. A um observador rarefeito de preconceitos, é evidente que os antigos, adorando seus deuses, se adoravam a si mesmos. Vejam Zeus, deus dos raios e trovões, luxurioso e vingativo. Afrodite, pra se ter uma ideia é dai que vem afrodisíaco, era a deusa da cópula, se concebia uma ninfômana que se deitava com todos. Ares, deus da guerra, o seu mundo se resumia a guerra e a violência.
Dionísio, sempre dado a carraspana. Desta mínima mostra podemos deduzir, sem dificuldades, que os gregos amavam o sexo, a farra, a cachaçada e adoravam um quebra-quebra. E nisso não eram em nada diferentes de outros povos da antiguidade, nem de nós mesmos, talvez a diferença é que os deuses se manifestavam de modo transparente, nada parecido aos do momento.
Coisa curiosa, isso das religiões, e o que direi vale para todas. Com independência da sua verdade, isso é, da existência ou não de Deus, as religiões têm uma grande utilidade social. Desconheço alguma que não proíba o assassinato, que não proscreva o roubo e não obste a mentira, e que não recomende moderação quanto ao sexo, comer e a avareza. Neste aspecto, a moral das religiões não faz outra coisa senão reforçar, com a força da fé dos crentes, aquilo que os costumes e as leis recomendam, e vetam aquilo que as leis proíbem. Assim mesmo, as religiões, ou se preferir determinadas interpretações históricas, favoreceram ações literalmente contrárias aos seus princípios declarados. Em seu nome proíbem outras maneiras de culto, perseguiram discrepantes, executaram seus críticos e burladores. Simplificando, podia dizer que em nome do amor, da salvação e da felicidade eterna se provocado muita dor.

A religião, em si, tem culpa? Estou tentado a dizer que se lhe atribuímos determinados benefícios, temos que lhe imputar malefícios. No entanto, não esqueço, que são os humanos que as inventam. Não é a fé em si, senão o fanatismo – e fanatismo em geral é criminoso – que tem a culpa.   

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