Há
muito tempo, em casa havia uma gata que, que me recordo, deu cria uma
vez numa dispensa nos fundos da casa, que naquele momento era
fundamentalmente o lugar dos rejeitados. A gata, antes e depois,
fazia a sua vida poucas vezes molestada por parte da família,
exceção de minha irmã e, sobretudo, minha. Ia e vinha, passeava
pelo telhado de casa e das casas vizinhas, mas não era amante
da rua, que visitava em poucas ocasiões, certamente quando a
liturgia da sua religião ancestral, que ignorava, lhe exigia. Me
recordo de muitos episódios da vida da gata, que se misturam com os
meus, mas sou incapaz de relembrar o seu traspasso.
Mais
tarte tivemos um cachorro. Também não me lembro que fim levou. Mas
com certeza um cachorro sem dono, me traz uma enorme tristeza. Assim
sem saber o fim deles, somente o cachorro me cria mais problemas de
consciência. O gato, e tenho um hoje, me parece mais inteligente,
independente, e sua independência me faz tratá-lo de igual para
igual, uma relação de igualdade. Se fosse um cão, pela minha
maneira de ser, me custaria mais não abusar da minha suposta
superioridade humana.
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