3 de fev. de 2015

O Gato do Bar do Toba.





O gato do bar do Toba é negro e lustroso, e o pelo do lombo, olhando de perto, tem a marca da forca. Dizem que matou o seu dono. Todo mundo sabe que o gato chega depois que a missa já começou, ou já vai pelo ofertório, e os canabravas já comeram alguma coisa. Com certeza passou toda a tarde a dormisquejar no canto do curral. O gato vai de mesa em mesa, ao mesmo tempo que um francano vende botas e cintos e sandálias trançadas e bolsas, essas vacas tiveram menos sorte que o felino. Parece que o gato aprecia o espaguete da mesa de dois, em contrapartida, come sem vontade o lambari do Lesmão, ou não aprecia os Jihadistas no jornal que lhe serve de prato, tanto que deixou umas espinhas do peixe. Na mesa dos fumantes ele nem passa... antes de ir-se ainda revira uma migalha de pão da mesa do fundo. Passa por mim e lhe acaricio a cabeça. Como fui generoso, sem demasias, me deu um conselho ao pé da orelha, que me quis passar como um texto de Cortazar – sempre me disseram que os gatos de rua são os mais cultos, ainda que frequentemente lacônicos e mentirosos – O Plagiário, porque não adianta nada roubar uma flauta e não saber tocar.

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