O gato do bar do
Toba é negro e lustroso, e o pelo do lombo, olhando de perto, tem a marca da forca. Dizem que matou o seu dono. Todo mundo sabe que o gato chega depois que a
missa já começou, ou já vai pelo ofertório, e os canabravas já
comeram alguma coisa. Com certeza passou toda a tarde a dormisquejar
no canto do curral. O gato vai de mesa em mesa, ao mesmo tempo que
um francano vende botas e cintos e sandálias trançadas e bolsas,
essas vacas tiveram menos sorte que o felino. Parece que o gato
aprecia o espaguete da mesa de dois, em contrapartida, come sem
vontade o lambari do Lesmão, ou não aprecia os Jihadistas no jornal
que lhe serve de prato, tanto que deixou umas espinhas do peixe. Na
mesa dos fumantes ele nem passa... antes de ir-se ainda revira uma
migalha de pão da mesa do fundo. Passa por mim e lhe acaricio a
cabeça. Como fui generoso, sem demasias, me deu um conselho ao pé da orelha, que
me quis passar como um texto de Cortazar – sempre me disseram que
os gatos de rua são os mais cultos, ainda que frequentemente
lacônicos e mentirosos – O Plagiário, porque não adianta nada
roubar uma flauta e não saber tocar.
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