Coisa Nossa.
Paulie Gatto escolhe
dois homens a soldo da família Corleone e os dá instruções
precisas: Nada de golpe na cabeça – na cara sim – para evitar a
morte das vítimas. Mas no que diz respeito à boca do estômago,
têm liberdade de ação. Outra coisa: Se os castigados saírem do
hospital antes de um mês, perdem os favores da organização.
Gatto é capodecime,
tem dez homens, como os antigos decuriões romanos e recebeu o
mandato diretamente de Clemenza, um dos caporegimes comissionados
cuperiores, o qual ao seu turno, está atado ao comando do
consiglieri, no caso Tom Hagen. O conselheiro é o único de toda a
organização a que Don dá ordens. Este é o esquema, a estrutura do
clã mafioso, presidido por Vito Corleone, The Godfather de Mario
Puzo. Uma grande família onde os laços de sangue se misturam aos de
amizade formando uma pirâmide de fidelidade garantida pelo proveito
pecuniário, o interesse comum e a necessidade de segredo. Tudo se
sustenta por vínculos de lealdade e medo. A lealdade vem do sangue e
o afeto, por isso todos os clãs praticam o nepotismo e os lugares
principais da organização são da família, irmãos, filhos,
cunhados e genros do capo. E onde não há este vínculo, existe o
medo: a traição se paga com a morte e com o extermínio da família
desleal. Para garantir, afinal, existe a omertá. Lei do silêncio.
Se um ''soldado'' da organização, que é quem comete os
assassinatos ou as ilegalidades, ao ser detido pela polícia,
permanecer calado, sua família será protegida, sua mulher
continuará a receber o soldo, e ele, ao sair da prisão, será
recebido com todos os louvores e honrarias.
O Poderoso Chefão,
o padrinho, o Don, o chefe da organização, jamais será preso.
Entre ele e os executores de suas ordens há muitos elos, se um
falha, elimina-se. O Don, da mesma forma que os imperadores romanos,
só caem por uma conspiração interna ou por traição ou denúncia
do seu consigliere, a sua pessoa de confiança, a sua mão direita.
Só neste caso, o Don poderá dizer como Júlio César diante dos que
o apunhalavam nas escadarias do senado romano: “Até tu Brutus, meu
filho?”
Nenhum comentário:
Postar um comentário