24 de fev. de 2015

Coisa Nossa


Coisa Nossa.
Paulie Gatto escolhe dois homens a soldo da família Corleone e os dá instruções precisas: Nada de golpe na cabeça – na cara sim – para evitar a morte das vítimas. Mas no que diz respeito à boca do estômago, têm liberdade de ação. Outra coisa: Se os castigados saírem do hospital antes de um mês, perdem os favores da organização.
Gatto é capodecime, tem dez homens, como os antigos decuriões romanos e recebeu o mandato diretamente de Clemenza, um dos caporegimes comissionados cuperiores, o qual ao seu turno, está atado ao comando do consiglieri, no caso Tom Hagen. O conselheiro é o único de toda a organização a que Don dá ordens. Este é o esquema, a estrutura do clã mafioso, presidido por Vito Corleone, The Godfather de Mario Puzo. Uma grande família onde os laços de sangue se misturam aos de amizade formando uma pirâmide de fidelidade garantida pelo proveito pecuniário, o interesse comum e a necessidade de segredo. Tudo se sustenta por vínculos de lealdade e medo. A lealdade vem do sangue e o afeto, por isso todos os clãs praticam o nepotismo e os lugares principais da organização são da família, irmãos, filhos, cunhados e genros do capo. E onde não há este vínculo, existe o medo: a traição se paga com a morte e com o extermínio da família desleal. Para garantir, afinal, existe a omertá. Lei do silêncio. Se um ''soldado'' da organização, que é quem comete os assassinatos ou as ilegalidades, ao ser detido pela polícia, permanecer calado, sua família será protegida, sua mulher continuará a receber o soldo, e ele, ao sair da prisão, será recebido com todos os louvores e honrarias.

O Poderoso Chefão, o padrinho, o Don, o chefe da organização, jamais será preso. Entre ele e os executores de suas ordens há muitos elos, se um falha, elimina-se. O Don, da mesma forma que os imperadores romanos, só caem por uma conspiração interna ou por traição ou denúncia do seu consigliere, a sua pessoa de confiança, a sua mão direita. Só neste caso, o Don poderá dizer como Júlio César diante dos que o apunhalavam nas escadarias do senado romano: “Até tu Brutus, meu filho?”

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