Quase inventei um
reciclador de opiniões!
Andava a pensar, esta
tarde, que o nosso problema são as velhas opiniões que
lançamos por onde passamos. Há opiniões tipo
k7, carro-de-boi, vela, preto é inferior, ser gay é uma
viadajem, calça boca de sino, mulher gosta de apanhar, sutiã,
tirar demônio do corpo, a terra é o centro do sistema
solar... por ai vão emporcalhando os rincões mais
recônditos do pensamento humano.
Pensei em inventar uma
máquina para reciclar estas velhas opiniões (formadas
sobre tudo) , dar uma lustrada, uma pintada, fazer uma patina e quem
sabe vender como relíquia. Afinal, antigamente, uma bela
coleção Barsa, na estante da sala dava um ar de
ilustração, mesmo lá pras bandas de
Fernandópolis. Quem sabe essa gente não esteja a
precisar de umas opiniões restauradas como se tivessem sido o
primeiro dono? Daria pra ganhar algum dinheiro. No entanto, logo
conclui que seria de mal gosto, alguém luzindo a opinião
de outro, opinião é como cueca, calcinha, não
dá pra usar a de outra pessoa. Mudei de ideia, melhor dito,
encontrei outra solução.
No princípio
pensei em usar umas engrenagens platônicas que tenho, um motor
aristotélico do tipo silogistico que deve estar em algum
lugar, se minha mulher não jogou no lixo, com um catalizador
hegeliano, um sistema de direção marxista e acessórios
kierkegaardianos para transformar opiniões em verdades. Já
pensou? Me perguntei, e sorri sozinho com esse pardalismo. No
entanto, fui pensando mais, mais pensei,que afinal, se acabássemos
com as opiniões, acabaríamos com tudo que é
humano. Não haveria mais discussão de natal. Discussão
de relação. De futebol. De política. De nada.
Então, desisti dessa máquina de transformação.
Afinal iria transformar todos em máquinas, sem opiniões,
só verdades, e não é esse o meu interesse
maior. Porque gosto de me aferrar às minhas opiniões,
meus símbolos e crenças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário