O Vômito.
Às vezes tenho
vontade de vomitar. Vomitar muito. Muito. Um vômito espesso. Em
cachoeira. Em rio caudaloso. Cheio de grumos. Grumos tão
grandes que não passem pela minha goela. Um vômito que encherá
a sala onde estou. O corredor. A sala de estar, sempre vazia. A casa. A rua. O bairro. A vila inteira. O ribeirão Preto. O rio em que nele deságua. E essa vontade
imensa de vomitar tanto e continuada, e exagerada, que às
pessoas que estão nos quiosques, nos food trucks, nas cadeiras
nas calçadas, nos bancos dos jardins, no semáforo, enfim, lhes deem vontade, também, de vomitar, de vomitar em grupo, todos
juntos. Gritamos e vomitamos. E quando tudo estiver emporcalhado
pelas nossas vomitadas, estaremos, por fim, limpos.
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