3 de jun. de 2016

Me cai como uma luva. Nora, Joyce, Lacan, Kant, Eu, Matilde, Neruda, a Ex e Heineken em vez de Heidegger.

Me cai como uma luva. Nora, Joyce, Lacan, Kant, Eu e Heineken em vez de Heidegger.


Certa vez, minha mulher, digo ex, me flagrou olhando para uma moça que tirava cravos de seu namorado. Eu estava enfiado naquilo, perdido mesmo. Aquilo me fazia lembrar o poema de Neruda, aonde ele que tantas, no poema, mulheres tivera, não pode carregar nos braços, Matilde, quando ela desfalecia. Pois nunca ninguém me espremera cravos. Foi ai que ela me disse algo. Dei de ombros. Ela teve sorte, e eu tinha sorte, pois naquele momento ela ainda espremia meu berne peludo. Ela me caia como uma luva do avesso.
Tem uma coisa essa história das luvas do avesso. Você vira ela do avesso e a veste na mão trocada. Isso tá em Kant, mas quem lê Kant? Afinal para que serve essa história da luva? Bem, pode ser que alguém virado do avesso me caia como uma luva. Não inventei nada disso, estava lendo Lacan quando essa história da luva apareceu. Ele, Lacan, está interessado em saber se James Joyce é louco. Ou até que ponto ele não é louco. Lacan desconfia que Joyce pensa que é Cristo, o Redentor. Não é por nada, posto que um de suas personagens mais conhecida, Stephen Heroe, Dedalus é o próprio Deus. E se confundem com Joyce. Mas Lacan tem suas dúvidas. Numa confusão dos diabos ele tenta me explicar o real e o verdadeiro. Para mim, num determinado momento, me parecia que o real fossa a linha e o verdadeiro o novelo, mas logo passou a ser justo o contrário. Como prosseguir? Não sei. Digo que fiquei abestalhado. Li dois parágrafos mais, e foi como se estivesse lendo Hegel em alemão, língua que não domino. Foi daí que tirei que deveria lutar com o que tinha de conhecimento, seja, a ignorância. Então viajei na maionese. Depois voltei. E ele, Lacan, vasculhava as cartas amorosas que Joyce escreveu para Nora, sua mulher. Eu já li algumas dessas cartas. A maioria é pornográfica. Algumas são eróticas. Ele ficava puto da vida cada vez que Nora engravidava. Porque não dava para fornicar. Nora é quem é, a luva virada do avesso, do direito ela não tinha nada a ver com Joyce.

Nenhum comentário: