16 de dez. de 2013

Acidente não faz marcha ré!

  As ruas de Ribeirão registraram em 2012 16.461
 acidentes de trânsito. 72 pessoas morreram. 4769 se feriram. 339 foram atropeladas. A frota era de 467.589 veículos. Desde o ano de 2009 o número de vítimas fatais está na casa dos 70 sendo que em 2011 perderam a vida 77 pessoas.
Se fosse do poder público pensaria em semáforos de três tempos nos cruzamentos de maior mobilidade de pedestres. Lombadas. Pilares (guard rail) em certos pontos para proteger os que vão sem carro. Todo motorista num dado momento desce do carro e então é um pedestre. Velocidade reduzida, por exemplo, 30km\h no centro e em quarteirões específicos dos bairros. Aumento de efetivos para vigiar e punir. Campanhas de divulgação. Um exemplo é o semáforo que fica vermelho se o motorista ultrapassa a velocidade limite. (tecnologia velha, desde já, mas boa). Máximo cuidado nas redondezas das escolas. Priorizar transportes à pé, bicicleta e transporte público. E educação de trânsito para os escolares. Preocupação estratégica para com os idosos.
Colocação de mais radares, fixos, móveis e de semáforos, pois devemos ter em mente que o objetivo dos radares é de dissuadir os abusos, e assim funcionam no mundo todo.
Alguns pensam que colocar radares é mera pretensão arrecadadora, mas se esquecem da diferença entre as taxas e os impostos das multas. As taxas e os impostos são para todos, mas as multas de radar ou de qualquer outra forma, estas as haverão de pagar os que põem em perigo a vida dos outros. Sem dúvida, de que uma multa imposta ajudará a economizar nas reclamações judiciais, e estas e por falar nisso, as sentenças judiciais deveriam ser exemplares, pedagógicas, quando se tratar de um acidente grave. Porque, se grave ou não grave não existe marcha ré.   

12 de dez. de 2013

De dia, Bom Dia! De noite, Boa Noite!

"– Bonjour. Pourquoi viens-tu d’éteindre ton réverbère ? 

– C’est la consigne, répondit l’allumeur. Bonjour. 

– Qu’est-ce que la consigne ? 

– C’est d’éteindre mon réverbère. Bonsoir."

O quinto planeta a que visita o Pequeno Príncipe, de Antoine Saint-Exupèry, é o menor deles, e cabem ali um farol e o faroleiro. 
O moleque saúda o faroleiro: “Bom dia, como é que apagas o farol?”. “Bom dia, é a regra.”, lhe responde o faroleiro. “ Que é a regra?” “ É a que diz que se há de apagar o farol. Boa noite” e acende o farol. “ Mas por que o acende?” “ É a regra” diz o faroleiro. “Não o entendo”. “ Não há nada a entender”, diz o faroleiro. “ A regra é a regra. Bom dia” apagando novamente o farol.
O faroleiro explica ao moleque a sua história. A regra diz que se há de acender o farol ao sol se por e de apagá-lo ao fazer-se de dia. Bom Dia! O que é perfeitamente razoável. O problema é que, ano após ano, o planeta foi girando cada vez mais depressa, e agora dá uma volta por minuto, mas a norma, entretanto, não mudou! Boa Noite!
O moleque acha graça que os dias durem, tão só, um minuto, mas ao faroleiro nem nota. “ Faz um mês que estamos conversando!”, “Um mês ?” Pergunta o moleque. “ Sim, um mês: trinta minutos, trinta dias. Boa noite.”
Pobre faroleiro, fiel à regra, acendendo e apagando o farol a cada minuto, sem poder dormir nunca. A que vida mais absurda está condenado por uma consigna que não muda, ainda que mudem as circunstâncias. Boa Noite! Esta é, ponto a ponto, a imagem fiel de certas posturas. Boa Noite.
Dura lex sed lex”, Bom Dia!. Sustêm os que, como o faroleiro, se ajoelham diante das regras, ainda que tenham se tornado absurdas e injustas no momento que perderam a sincronia – desajuste temporal – com o motivo de seu nascimento. Boa Noite. Outros, tanto se cristãos ou como se não, preferem outras palavras “O domingo foi feito para o homem e não o homem para o domingo”, e sustêm que a eficácia e a justiça das regras morais, das leis e dos marcos constitucionais, não é outra que para servir aos indivíduos. Bom Dia! Alem disso, ainda há ai a possibilidade de que as leis nasçam mortas, isso sim, injustas. Boa Noite!
Desta maneira eram as leis que permitiam a discriminação racial nos EUA, contra as quais lutou Martin Luther King. Bom Dia! Ou as leis que estabeleceram o regime tremendo do Apartheid na África do Sul a partir de 1948, contra as quais lutou com todas as armas, todas, Nelson Mandela. Bom Dia!


3 de dez. de 2013

Zé Flora.



Zé Flora vivia só com uma gata amarela e o dorso caramelo. Vivia de uma modesta aposentadoria por invalidez, por uma lesão na coluna vertebral que lhe provocava dores crônicas. De manhã esquentava o leite à gata enquanto ela se esfregava no tornozelo dele. Miau! A jardinaria era a sua paixão: se ocupava de fazer florir onde aflorasse um torrão de terra pelo bairro, e na calçada de sua casa, alem do jardim interno, tentava sempre ter flores frescas. Zé Flora tinha especial gosto pelas margaridas, azaleias e petúnias.
Depois de muitas tentativas, havia conseguido que crescesse e florescesse diante de sua casa variadas orquídeas.
Belo dia, um bando de adolescentes começou a mijar sistematicamente nas flores do Zé Flora. Zé Flora protestou, a urina mata, por excesso de ureia. Zé Flora chamou a polícia, que disse: ''molecagem da molecada''. No dia seguinte todas suas orquídeas estavam destroçadas e os vasos quebrados. Zé Flora fotografava tudo com seu celular, para melhorar sua denuncia. Um dos vizinhos que o detestava, por preto, começou a gritar desde sua janela “pedófilo!” “ pedófilo!”. Outros vizinhos, país dos autores da depredação, vão se unir aos gritos, sem levar em conta que as fotos eram provas de um delito.

Alguém chamou a polícia, que veio rapidamente e, não deu ouvidos às explicações do Zé Flora, e o prenderam no lugar dos vândalos. Ficou dois dias preso. Requisitaram seu telefone, vasculharam a sua casa, e não encontraram indício de suposta pedofilia, mas sim tratados, revistas de jardinaria e flores. Por fim o libertaram.
Enquanto isso, no bairro o rumor sobre a pedofilia cresceu desbocadamente e ainda que não se tivesse prova alguma contra ele, o insultavam constantemente, picharam no muro de sua casa ''pedófilo'' e encheram de lixo a sua calçada. Dois dias depois de ter voltado para casa, saia para comprar sementes para refazer os jardins, dois jovens um de 19 outro de 22 anos, o atacaram, agrediram a ponto de o deixarem inconsciente. Depois, o empaparam com gasolina e lhe atearam fogo. Nenhum dos vizinhos saiu em sua defesa, ou chamou a polícia e tampouco gritaram de indignação ou espanto. Crime cometido em plena luz do dia. A polícia chegou horas depois.
Por fim, prenderam os culpados que deram entrevistas à TV e mostravam orgulho pelo assassinato, e se diziam “vigilantes contra a pedofilia”.
Os vizinhos queriam “fechar o triste capítulo de um lugar tranquilo” “virar página”. Não transmitiram individualmente ou coletivamente condolências à família.


Ninguém se ocupou das plantas, mas uma vizinha se encarregou da gata.

2 de dez. de 2013

Cuba para um infante defunto.



Sou contra regimes ditatoriais. CUBAA é governada por uma ditadura, que não tem meu beneplácito, minha anuência, meu consentimento. As ditaduras têm essa característica, não precisam dessas coisas, inda menos de mim.
Tirante isso, Cuba não serve de argumento favorável ao capitalismo, inda mais o capitalismo nacional, tupiniquim, mazombo e perneta.
Se fôssemos comparar Cuba ao Brasil, claro que Cuba perde, por única.
Quem nunca foi a Cuba, sinta-se nela em Ribeirão Preto
do centro para a zona Oeste, Norte, Leste... com um agravante: a violência. É certo que de muitos pontos destas zonas, se pode admirar o HC, que pode muito pouco fazer por eles. Porque é um HC para muitas Cubas.

Mas se Ribeirão te é desconhecida, vale dizer, Jundiaí. Toda a zona Norte e leste e oeste de Campinas. Lá também tem um HC da Unicamp. Mas quantas Cubas circundam Campinas. Hortolândia, Sumaré, etc.
De São Paulo não vou falar por envolver exponenciação, coisa que não domino desde o ginasial, mas São Paulo é Cuba ao Cubo!
E Salvador? Me esquecia de Salvador! (me permito a próclise, fica mais suave). O Pelourinho, reformados seus 4 quarteirões e destes somente a casca que dá para seu interior seria uma Cuba restaurada, mas se se anda um quarteirão para a Baixa do Sapateiro, mezzoCuba, mezzoLixo imunda Cuba. Então desça o Lacerda e vire à direita, Cuba imunda abunda. Tome um busão para o Mercado São Joaquim, não entre, por favor! Cuba às moscas, bodes e bostas e seus olores!
Sabem a famosa Ilha do João Ubaldo Ribeiro? Pois atravesse do Mercado Modelo pra lá em catamarã e vá apreciando a chegada à Cubinha em miniatura. Claro que do outro lado da ilha do João, balda-se quem pensa em algo que não-Cuba, mas Cuba da classe escolhida, que não é do por pertencer aos altos escalões do Partido, mas que diferença faz, Cuba preservada?
Deixo os soteropolitanos em paz e os ilhéus com a família Magalhães, que podia ser Castro, ou Fulgêncio Baptista (este caiu no mês e ano que nasci, nasci em Cuba-Bonfim, não havia Fulgêncios nem Castros, mas se construía uma Havana moderna no planalto central do Brasil, Jacarezinho, avião!) e à sua volta: Cubas, Cubas sem umidade no ar, Cubas comedoras de pequi.

Você já foi a Jardinópolis, Frutal, Fernandópolis, Barrinha, Dumont? Você já foi a Franca? Araraquara? Conchal? Cubaê Cabloco, cuba lá e cá, cuba ê guerreiro, cuba ê meu pai, não me deixe só...
Meu dez do céu! Esquecia-me (importante a ênclise, por Machado de Assis, seu inventor, além da outra Cuba que quer dizer penico, sem diacrítico, pois pênico quer dizer Cartaginês) esquecia-me de UbaCuba, CaraguataCuba tirante seus condomínios de veraneio, de Angra dos Reis, terra firme, e dai pra diante até Vitória, (sempre consagrando as exceções, os balneários, que Cuba também os têm, para os amigos dos Castros, aqui a amizade... bem a amizade...) …
Belém, Ver-o-peso? Ilha do Mosqueiro? Manaus? Dez seja louvado, Imperatriz!

Pouso Alegre, Varginha, Três Corações, o circuíto das águas (alí está por excelência a Habana de um infante defunto) quem odeia os Castros devia ler Habana para um infante defunto. Três Tristes Tigres. É dum cubano que teve que fugir da ditadura Castro, Cabrera Infante, é grande literatura, se puderem ler em espanhol, melhor ainda, traz a musicalidade cubana nos sintagmas, estupendo, tanto a literatura quanto à crítica ao regime.
Tome um busão e suba pela BR 116. Meu dez! Magé, Muriaé. Teófilo Otoni. Gov. Valadares. Vitória da Conquista. Jequié, saia um pouco e vá a Valença, vá a Valença. Cidade que dá acesso à Morro de São Paulo ( ilha hoje tomada por argentinos e italianos etc, uma MultiCubalibre).

Lembra da música do Milton: Itamarandiba\ pedra corrida, pedra miúda rolando sem vida, como é miúda e quase sem brilho a vida, do povo que mora no vale. Pois então passe por Turmalina, Diamantina... Pedra Azul, pois fico triste, por vezes choro, como agora... porque conheço Cravinhos, Serrana, bairro Ipiranga, os Quintinos (bairros), porque uma vez errei o caminho e percorri toda a avenida Brasil no Rio, sim o rio da Orla, e mesmo ai , quantas Cubas! O Rio velho, a rua da Carioca, a Lapa, a Lapa é Cuba. As favelas não são Cubas, são uma espécie de proto Atenas, sem o Parthenon, Acrópole... 

1 de dez. de 2013

Mata-burro.





"Em nome de uma pretensa neutralidade, acomoda-se o pensamento à (pretensa) realidade,
que é a dominação. É justo no ''demi-monde'' que a dominação cravou suas garras, por coisas de pouca monta"

Corrupção? Não! Obrigado! Quando se fala em Maquiavel, não é um livro, não deve ser um livro, mas sim um conhecimento de mundo, do mundo real, desse que tem mudança de horário, busão, semáforo , congestionamento e em qualquer destes fatos reais há uma disputa de poder. No busão o Estado entra reservando assentos, limitando lotação etc, para não nos engalfinharmos. A Política é disputa pelo poder, que na família se o tinha como ''natural'' e não histórico ( história é processo) a era do patriarcado, que ainda persiste, mas já se lhe oferecem resistências. Desse modo esta disputa se dá no Governo da União, Estados, Municípios, Distritos, Bairros, Favelas, Ruas, Quarteirões... Nesta disputa há contendores. Não se trata de todos contra todos.. nem muito menos, mas sim, se trata de lados que se opõem. Não é aceitável o apolítico, por ele, para ele, não pelos outros, porque nem debaixo desses fios de energia que empesteiam a cidade, pode-se ficar impunemente, pois logo uma pomba lhe cagará na cabeça.

Se a questão que se põe em debate é a corrupção, e se de fato houvesse o interesse, real, dos envolvidos nesse movimento, ela, dejà, não existiria. Mas o que se vê é a instrumentalização da corrupção, e como instrumento é apropriado pelos meios de comunicação de massa, seu uso é e tem sido cirúrgico, tal instrumental é apontado para um só lado, desde tempos imemoriais, na política brasileira. Quem instrumentaliza e se apropria do instrumento, tem sido os desde sempre donos dos outros todos instrumentos, inclusivamente da força de trabalho. No mais, nada fora do seu modo de operação, a dizer, o da promessa que não se cumpre, liberdade e igualdade (possíveis, mas só possível, parcial) como essa promessa da limpeza moral, ela também é parcial. Queria, eu, ver todo este arsenal apontado para todos os corruptos, com a mesma veemência, com a mesma litigiosidade e sangue no olho dos cuspidores de vespas, celeridade, e o novíssimo instrumental jurídico, a citar o ''Domínio de Fato”, que Ives Gandra, em nome dos dedos, quase pediu a absolvição de Zé Dirceu, tamanho o estrago que pode vir a fazer, nas suas hostes, tal instrumento se aplicado aos processos que são bastantes, a envolver os donos das corporações etc. Mas tiro meu cavalo da chuva e deixo meu burro na sombra, este “Domínio de Fato” será abortado, junto com seu promotor.


Assim é como corrupção passa na avenida, vestida com paetês, lantejoulas, penas de pavão, adereços e fantasias, é carnaval, e o enredo é o mata-burro, e ninguém o ultrapassa. O mata-burro com feições anticorrupção fazem esquecer o meio ambiente, a fuligem da cana de açúcar, sexismo na linguagem, crueldade discriminatória, estética urbana, urbanismo puro e simples( que aqui em Ribeirão não existe, nem uma rouca voz, e vão se entulhando margens de rios, ribeirões, nascentes, impermeabilizando solos (pelos seus donos) – estes não estão aqui no facebook se martirizando com a corrupção, pois são os corruptores) mobilidade urbana, lixo, lixo, lixo... o Mata-burro assim, só limita o passeio de mugentes e semoventes.

25 de nov. de 2013

Havah Nagila.




P quando saiu de casa pela primeira vez, foi para morar numa pensão cortiço que havia na Florêncio quase a esquina com a São José! Um quarto de 5 ou 6 metros quadrados com um guarda-roupa, uma beliche, duas mesinhas, uma moringa d'água, dois copos e duas cadeiras. Seu companheiro de quarto era chinês, do qual  não ouviu voz. Conseguiu numa manobra delicada, junto com Antônio de Palestina, trocarem os parceiros, o de Antônio era só chato. E se juntaram. Ouviam Zé Bettio logo às seis da manhã, na fila para ocuparem as primeiras fileiras do anfiteatro. Faziam o famoso intensivão do Objetivo. Rapidamente se fizeram amigos, e no fim de semana, Antônio convidou P a visitar Palestina, de carona. Foi a primeira para P, pedida com o polegar! Foi à frente com o motorista que era muito sensível,  a ponto de conseguir ver uma andorinha morrer em pleno voo,  e cair ao lado da pista, parou e a enterrou. Chegaram a Palestina perto das dez horas da manhã. O  primeiro espanto de P foi o tamanho da casa de Antônio, ocupava um quarto de todo o terreno do quarteirão, quadra de saibro, estande de tiro, piscina e pomar. A casa estava em festa, porque retornava de Londres sua mana Laura, estudava literatura inglesa. Antônio queria medicina, P, não sabia. O pai de Antônio era médico, dono do hospital da cidade, do Clube Harmonia, dos laranjais que circundavam Palestina, e de uma ilha no rio Turvo. P se excitara em conhecer a moça da literatura inglesa, mas Antônio decretou que o ambiente estava muito feminino,  Laura não saiu do quarto onde estava com amigas, e eles foram pela cidade encher a camionete de cerveja, gelo e carne.
Aquele garoto pacato, acabrunhado e duro, era dono da cidade, e no açougue não foi preciso passar à frente de ninguém, porque a fila se abriu, assim, num gesto tímido demandou suas carnes preferidas, dentre elas cupim; quem embrulhava as carnes era o filho do açougueiro que P conhecia do mesmo intensivão, mas as aparências estariam trocadas. Montaram as tralhas, haveriam de pescar. Depois de preterirem – mais Antônio que P – o almoço em casa, partiram para a ilha. A ilha estava logo ao pé de uma pequena cachoeira do Turvo, que bifurcava, com sua palhoça, e seu local para braseiro. Cruzaram o rio pelas pedras, com toda a tralha. P se divertia com a piracema, com os tantos outros amigos que vieram, sem que P tenha se dado conta de convites e com o cupim lascado pouco a pouco. Laura apareceu com as amigas quando P insistia em pegar os infelizes peixes, que ao saltarem na tentativa de ultrapassar a cachoeirinha, caiam em pequenas poças. Branca. Branca como uma página, antes que a maculem. P pegou a  mão de Laura  e tentou ajudar, cavalheirismo, longe de Trafalgar Square, aprenderá, mas os borrachos pediam que a atravessasse nos braços, ela olhou, se eles querem, que podemos fazer, e  aquele trajeto de cinco ou seis metros, como P via em filmes de cowboy, não se erra, P pensava, embora o que se queria fosse justo, o erro. Pousou-a sobre terra firme.
O jantar, Antônio não lhe furtou, porque também estava a ele obrigado, assim que foi atendido pela esquerda por uma serviçal. Seu tempo de centro das atenções não passou do da boa educação, e logo se voltaram à filha que retornava. Falava de espetáculos, exposições, praças, teatro, cinema e Ivan Rebroff? 

Escusou-se, foi atendida pelo doutor, com um donaire, saiu e voltou com um LP que estampava o cantor com sobrancelhas arcadas, longos cabelos e barba cerrada. Laura havia presenciado um de seus espetáculos. Ela olhava P. Nunca de soslaio. Sempre de frente. Aquele pouco de sol, ardia seu rosto, pouco pelo chapéu da tarde. Da sala de jantar se dirigiam à sala de estar, onde ouviriam o russo helênico. P e o primeiro vinho do porto. Antônio estava aborrecido, mas não pedia cumplicidade. Assim P se envolvia, e acabou a dançar Havah Nagila, um passo que havia aprendido com seu tio, e se dança agachado, sentado sobre os calcanhares a estirar as pernas, nada mais folcloricamente russo em se tratando de dança. P mentiu e disse que tinha uma tia-avó lituana, não era de todo uma mentira, mas P nunca havia visto a tia-avó lituana. Acabaram numa roda, todos de braços dados a dançar Havah Nagila, outra e mais uma vez. O doutor se retirou para o escritório, a senhora desapareceu, e todos foram para a boate do Harmonia Club. Enfim. Voltaram enganchados. Aliás, estavam enganchados antes de se conhecerem, foi o que ela lhe disse, ao negar a aparecer, por saber que o irmão viera com um forasteiro. Da parte de P estava cozido. O trajeto do Harmonia até a casa, só não foi mais longo, porque o irmão insistia em entrar pela garagem. Laura e sua boca molhada pelo Dry Martine que ainda os acompanhava, convidava P a repartir a azeitona. O doutor os esperava com as pernas cruzadas vestido de um pijama azul vincado, lendo um romance recostado na poltrona. Ganhou muitos beijos. Antônio mostrou a P o armário do quarto, que estava trancado, rifles, rifles de repetição, dois canos, cartucheiras, pistolas, escopetas, carabinas, pica-pau, espingardas antigas, novas, revolveres, coletes, cintos de cartuchos, maquinetas para encher cartuchos, cartuchos vazios, pólvora, chumbos. Para P a infância não teria fim. Iriam caçar perdizes no domingo. P ficou a sós. Com todo o arsenal. Amou tocar a Winchester, com aquela alavanca que se leva com três dedos para frente e para trás, a fazê-la cuspir o cartucho vazio, e com o indicador puxa-se o gatilho. Quando ela entrou, P estava sentado à beira da cama, com a Winchester cruzando o peito, depositada a culatra na palma da mão, P se sentia El Hombre, num átrio de estação esperando a próxima carruagem.



Quando os perdigueiros levantaram o rabo, dando a direção, P levantou a ponta do cano, eles latiram, atirou, e a codorna alcançada em voo reto, caiu.

24 de nov. de 2013

Escravos da pós-modernidade.

Neo escravos.



A escravidão foi abolida, legalmente há tempos, no entanto o trabalho por fazer permaneceu. Alem de máquina, o escravo fazia o que se tinha que fazer para que se concretizasse o mercantilismo, naturalmente um sistema de ''produção'' de mercadorias em abundância controlada. Sem máquinas ou quem faça o trabalho delas, não há mercantilismo, volta-se, obrigatoriamente, alguns passos históricos. Assim que ninguém queria fazer o trabalho que o escravo fazia, daí que se penalizasse a preguiça, o ócio. Dai haver surgido o ''trabalho dignifica'' o homem. O sistema tem o seus sábios e os percussores e repercutentes dessas sabedorias. Inútil lutar contra essa coisa posta. Tão inútil que os beatos do sistema liberal conceberam o ócio criativo. Porque a preguiça, o ócio é a casa do demônio. Quem é o demônio? Ora, quem senão o outro, o ocioso, o preguiçoso. Porque o trabalho é a melhor polícia, para vigiar e não permitir que de fato o outro se forme, se estabeleça outro, livre que não seja uma engrenagem da massa maquinal produtiva. Porque o trabalho é quem submete horas a fio, toda uma vida. Aos tempos livres de trabalho se permite sequer serem chamados ócio, tempo de preguiça. Não é aceito. E tanto não é, que esse tempo livre é conduzido, tutelado para a imensa maioria das pessoas. A coisa chega a tal desenvolvimento, que num campo de futebol, onde as violências são representadas, a autonomia já rarefeita do sujeito que se torna espectador, e como tal incapaz de   julgar, imaginar, vem mais se rarefazendo, como se fosse possível, a tal ponto que já existem os telões nos estádios, para tirar a dúvida, seja um lance que já era passado, volta em forma de replay, para que sequer a imagem do lance se retenha, e o espectador saia do estádio sem lembranças, e vá para casa rever o revisto. Isso é tutela. No lugar de deus, isso. Tutelado por quê? Porque não se pense. Porque não se lhe inculque o demônio. Porque não se concretize efetivamente o indivíduo que tanto alardeia o liberal. E cada espectador tenha então a jogada mastigada. É no ócio, na ruminação sem direção ou sentido que se forma o outro, em sua plenitude de individualidade. Ora, porque o ócio é antípoda do trabalho alienado, porque é certo que o trabalho no mercantilismo é o trabalho de maquinaria, que substituiu a escravidão, e não me venham dizer que as máquinas pensam, quem pensa, que pensa que nasceu para determinado dom ou trabalho, nasceu ou foi transformado em máquina, e já não sabe, e sequer sabe que não sabe. Tanto é assim, que nossa ''atividade'' ''ociosa'' no facebook está longe de ser um ''far niente'' antípoda do trabalho, cada clique faz a NASDAQ subir um pontinho. Continuamos a trabalhar de graça.    

17 de nov. de 2013

INveja, inVeja, inveja!

Não me diga que se pode alegrar com a desgraça alheia!
Porra e quanto...! Disse-me o Grilo falante, que isso acontece da mesma maneira que se pode entristecer com a sorte do outro. Mas, Grilo, não dizem que a alegria é fruto do bem e a tristeza do mal? Como é possível, diga-me, que existe uma alegria que tem fundamento no mal e uma tristeza com origem no bem?
São os invejosos, segundo aprendi diz o grilo falante, são eles que experimentam estas emoções paradoxais. Assim há quem sangre de alegria com o sofrimento alheio, que invejam, do mesmo modo que sofrem com a alegria.
A inveja é uma paixão da alma bem louca, estranha, que faz com que as pessoas que a experimentam tenham reações emocionais contrárias ao sentido comum. Os romanos, que nisso de botar nome às coisas, acertavam em cheio, deram-se conta que a inveja tinha muto a ver com a vista, concretamente com a maneira de ver, por isso o verbo invejar, e só quer dizer olhar com mais olhos dos que se tem na cara, malquerer, donde vem a inveja, que significa antipatia, ódio, má vontade, etc.. É esse olhar maluco, torto que tem o invejoso. Mas espera ai, não estou só a falar dos outros, eu e você, podemos ser incluídos sem qualquer dificuldade.

Os não invejosos, evidentemente, não experimentam estas emoções morbosas, mortiças e doentes. Os não invejosos se alegram de seu próprio bem e se entristecem do próprio mal, e o mesmo fazem com o bem e o mal dos outros, e a intensidade dependendo da proximidade do outro. Pode ser que a sorte ou a desgraça de pessoas desconhecidas, nem fedam nem cheiram.
Entretanto, invejoso que transmuta os termos, e se entristece da alegria dos outros e se alegra da tristeza deles - outros – , no fundo não abandona jamais a tristeza própria e constitutiva da inveja.
Digo isso porque não creio na alegria maligna – e não pode ser qualificada de outra forma – que alguém pode sentir diante da má sorte ou desgraça dos outros, que fosse uma alegria autêntica, nascida espontaneamente da abundancia, do bem-estar direto, próprio e sincero.

Não, pois se trata de uma alegria falsa, elaborada, doente, como uma flor murcha que nasce num túmulo. 

15 de nov. de 2013

Ditado Aramaico

O senhor Leal vê pela janela do escritório, a calçada da rua aladeirada. Da secretária, sem mover um dedo, ademais de torcer o pescoço, assiste ao espetáculo da rotina. As mesmas caras, as mesmas pernas que se arrastam morro acima. Enquanto as mesmas pernas parecem escrever as mesmas letras, quando passam os pés vassouras sobre o piso irregular e sujo da calçada contígua aos escritórios e lojas. O senhor Leal vê tudo, mas o faz como se nada visse, como se pudesse, não se ver. Mas também vê. Vê como uma câmara oculta no teto. Olha o teto, a imagina, se vê socado na mesma poltrona, diante da mesma mesa, ao lado da mesma janela, diante da mesma pilha de papéis, na mesma empresa, água que alimenta um mesmo rio.
O senhor Leal sai para o almoço há trinta anos, ao mesmo canto de esquina, tudo que mudou foram os nomes fantasias do mesmo restaurante. Senhor Leal come qualquer coisa, com a mesma vontade indissimulável, sempre observando o trânsito da cidade. As tardes se alongam, mas o dia se desfaz, qual manteiga, os edifícios se inclinam sobre o asfalto a pegar uma moeda. Não sopra o vento, quando sopra, sopra lento e nem renova o ar. Simplesmente, parece que não sopra. O senhor Leal respira ele também sem grandes desejos, e de vez em quando sente como se uma espada lhe entrasse pelo nariz e chegasse ao fígado e o enregelasse por dentro, mas logo sente o bafo do asfalto que o reconforta, ali no escritório se reencontra com a eterna expectação, frustrada pela monotonia. O tédio é velho comparsa da sua vida silente, e ali é um tipo de bem-estar que o protege do mal-estar das realidades, emoções ou da ânsia de algo novo e belo do amanhã, da tristeza das esperanças mortas.

Quando senhor Leal chega ao apartamento, que o espera com a exata quietude, o apê o contempla a cara, as pernas e seus pés se arrastando a escrever palavras incompreensíveis sobre o carpete. Antes de ir dormir, o senhor Leal e o apê olham pela janela da lavanderia, como quem fuma escondido, a cidade que quer adormecer, mais um berço sem bebê, que uma cama desfeita. Na cama, o senhor Leal, esticado, antes não dorme, olha ainda o teto, que tem uma rachadura ao meio com a forma de um dito aramaico.  

11 de nov. de 2013

A mentira!

C'era una volta...
    Um re! - diranno subito i miei piccoli lettori.
No, ragazzi, avete sbagliato. C'era un volta un pezzo di legno.”


A fada o olhava e se ria:
 - Por que ri? Perguntou o moleque, perplexo e pesaroso, ao se dar conta que o nariz lhe crescia.
 - Rio das mentiras que me disse
 - Como sabe que minto?
 -"Le bugie, ragazzo mio, si riconoscono subito! Perché ve ne sono di due specie: vi sono le bugie che hanno le gambe corte, e le bugie che hanno il naso lungo: la tua per l'appunto è di quelle che hanno il naso lungo".  Storia de un Burattino, Carlo Collodi leia aqui texto original


Quem nunca disse uma mentira? Poderia, aqui, recordar o episódio João 8, 1-11, onde Jesus, a fim de salvar a adúltera da lapidação, pediu àqueles livres de culpa que lançassem a primeira pedra. Com certeza o que se diz do adultério se diz da inveja, também da mentira. Francamente, não sei qual delas está mais disseminada. As mentiras, por comuns, tem má mídia, quer dizer, ainda que frequentemente é a média que mais a pratica ou diz, fazendo passar por notícias aquilo que não são mais que opiniões interesseiras. Há as mentiras defensivas, que todos dizemos quando não queremos que nos molestem, ou simplesmente não queremos falar sobre algo. ''Absolutamente, estou muito bem!”, “Não, não é nada, não, tá tudo muito bem, pode crer”. Em seguida vêm as mentiras inócuas, por bem intencionadas, são as mentiras piedosas, inspiradas pela compaixão ou prazer. “A calvície te fez um cara bem interessante!” ou “ Nem parece uma quarentona”. De seguida vem as mentiras estratégicas, como as da molecada “Ah! Mãe você sabe que chego antes das 2horas!”, “ Se me comprar esse iP, garanto que vou estudar..”, como políticos: “...ganhos de renda...”, “taparei os buracos...”, nesse âmbito encheria a memória desse pobre computador.
Agora recordo ter ouvido qualquer coisa assim: “ As crianças e os simples, sempre dizem a verdade”, por analogia “Os adultos e os sábios sempre mentem”... grilos falantes chi si prodiga a dare consigli saggi”...
A mentira não serve para nada, é inócua para quem a ouve, e impune quem a diz.

A primeira versão do conto de Collodi, pensada para adultos, Pinóquio não se redime do vício, convertido em criança, e acaba pendurado numa árvore... 

7 de nov. de 2013

Presenças ausentes...

As presenças ausentes...


Na manhã de finados, fui dar umas voltas pelo cemitério de Bonfim, já tem muita gente da família por lá, aqui presenças ausentes. Dei de cara com Joaquim, o Joca, o Joca e a Dirce. Fazia tempo que não os via. Anos. Dezenas deles. Com o Joca fazíamos uma turma desde pequenos, nadávamos no bosteiro, ribeirão Preto. Joca era muito engraçado, nos fazia cagar de rir. Uma vez propôs que mergulhássemos por baixo do toronço que passava boiando. Fui por ai, voltei, mas mesmo agora não coincidimos, quase nunca, frequento pouco a vila, sou mesmo um desertor. Fazia um tempo confortável, e naquele momento doce nos pusemos ao corrente, de nossas vidas e a dos amigos, velhos amigos. Recentemente morreu um da turma, tem uns dois que já são avós. Eles já casaram uma filha, que gesta um neto. Como pode ser? E ele responde que ainda ontem a ensinava a conduzir.
Nos aproximamos perigosamente aos sessenta disse. Ele não os aparenta, cabeleira cheia, magro e forte, como quando jogava futebol, um bom volante, sabia passar, fazer lançamentos para o Sérgio Dias com sua velocidade infernal, que também já se foi há pouco, passamos por sua nova morada, cheia de flores. Disse-me que jogou até pouco tempo atrás, mas então na defesa, andando pelo caminho das pedras, usando mais o braço e ombro que as pernas. Mas não se vê estes cinquenta e tantos nele, ali com seu jeans justo, afivelado à texana, um raiban de aviador. Desde uns dez metros, lhe daria trinta e poucos. Ela, pouco mais ou menos, digamos assim. Acho que é o amor que os mantém jovens. Já vão juntos quarenta e dois anos, onze de namoro e noivado e trinta e um de casados, disse a Dirce. Naqueles tempos de nossas coincidências, andavam grudados.
Relembramos alguns momentos compartidos. A viagem à Bahia, de carona, pra economizar os trocados. Vários dias, dormindo em cabines de caminhão, ou debaixo deles. Uma aventura que nos marcou e poderíamos ficar ali, recordando, com um detalhismo tal, se não houvesse algum cutucão da Dirce, eu não vi, mas certeza houve, íamos nos demorar os trinta e poucos dias que a viagem durara.
Joca confessou que sente muita saudade daquela época, algumas noites começa a olhar as fotos antigas, que guarda numa caixa de sapato, da sapataria do Wande
r, mas a Dirce não o deixa publicar no Facebook, e ao repassá-las se põe melancólico e diz que os olhos se umedecem.
Bem pensado, é uma sorte chegar a tanto, disse. Não é o melhor, ficar velho, porém tampouco tão ruim assim, digo. Concluímos que aquilo que fizemos, já não o fará ninguém. E apesar de saber que não se repetirá, sabemos também, que sempre podemos revivê-los na memória. Nos despedimos. Vamos nos vendo... E os observo como andam entre os túmulos, depois pela descida principal, sempre de mãos dadas.    

14 de out. de 2013

Eu me represento!

Me represento, tão só a mim, ainda que por vezes disso traga dúvidas. Parte de mim me questiona naquilo que faço, digo e penso. Então, me é impossível representar alguém, que não eu, com as restrições já sublinhadas. Assim cada um que carregue o seu morto, este é o mote. Portanto, diga o que diga ou venha dizer ou tenha dito antes, não eram nem serão mais que minha opinião, e eu mesmo já as contesto.
E falando de representação, não peço a outrem sequer que botem sal na minha salada, mas é o que se tem, democracia representativa. Me importo um peido, por me associarem ou mesmo me chamarem de Ptralha, etc. Talvez queiram que me cale, brutal pretensão, a minha? Não, pelo alcance, porque nenhum é possível, mas se em me calando ou não, os demais continuarão no mesmo diapasão, então falo pra no mínimo aumentar o ruído, que seja, porque sempre se está ''de olho'' em alguma coisa, não é? Assim que não procuro solucionar a vida, nem se me derem desconto, melhorá-la, e tampouco que alguém mude ''de ideias'' e ideais. Mas se alguém ao me ouvir, ler, esta minoria de um, e se aborrecer, já consegui algo com essa fadiga.
Não acredito nas informações, na ampla banda do espectro, publicadas, nenhumas. Têm o intuito de asfixiar a verdade. Este instrumento é alienante, este aqui, e o que escrevo também o é. Portanto quando vierem com um ''estudo'' que diz... diz merda, merda é o que dizem os estudos, os estudos são feitos para ludibriar, enganar, encobrir, ''Uma flor que parece\A razão mais segura\Prá ninguém saber\De outra flor\Que tortura...'' . E quando querem manipular descaradamente, nada imelhorável que uma pesquisa. Cheia de dados, cifras como dentes de uma serra. Um banco de dados. E de repente, tantos milhões que vivem a repetir: cada um é cada um... trezentas pessoas... trezentas pessoas nos representam numa pesquisa. Coisa de doente!
Joan Miró, uma estrela.
Temos problemas graves, como país, como nação, como estado, e como cidadania. Com certeza muito mais graves e profundos do que nos dizem, e talvez até mais graves do que imaginamos. Mas então não dormiríamos.
Solucionar estes problemas, seja aqueles que nos mostram, ou os inenarráveis seriam obra para talento somado a credibilidade. Se se tratasse só de talento, mas não vejo conjunto fruto da intersecção entre talento e credibilidade num raio de 11 mil km. Não sei você, eu só vejo medíocres na política, as vezes penso, ou pensamos que não fazem por, como pensam certos meios de comunicação falta de '' vontade política'' ( há dois oximoros nesta frase besta) , na verdade é mera incompetência para fazer o que se propuseram fazer, coisas propostas por eles, inclusivamente.
Não aceito que confundam confrontação de ideias com falta de gentileza, ou violência de bardo. Uma violência, um estupro é apresentar certa senhora, com sua tramoia deliberada e idiota, como solução para algo, estão me tomando por imbecil, creio, ou ainda esta polaridade permanente, me pergunto onde andam as outras possibilidades, ou será esta raridade de possibilidades a própria ''prova dos nove'' da impossibilidade do conjunto intersecção de talento e credibilidade. Eu quero continuar vivendo em debate contínuo, pacífico, não penso em odiar ninguém, os nordestinos, os analfabetos, os ''que não sabem” votar, os LBTGs os direitas, os negros, o Monteiro Lobato, nem mesmo os que me insultam. Porque a única meta é, que nos odiemos. Mas nunca criarão inimigos para mim, se é para tê-los, escolho eu. Mas duvido. Dúvida. Dúvida. Dúvida. Porque nunca se tem toda a razão. Toda a razão? Nunca.
Mas detesto, detesto o provincianismo, não aquele dos saraus, que destes me importa um ouro de nariz, mas o provincianismo das soluções ofertadas aos problemas gerais que importam à cidadania, geral, de nossas cidades, por exemplo, estas ridículas faixas vermelhas pintadas no leito carroçável, para ciclistas de domingos até a uma da tarde. Bah! Campinas, Ribeirão, Sampa...
Precisamos de olhares com amplitude que abarquem o horizonte...


10 de set. de 2013

Reforma Agrária!

Num dia como hoje, há algumas semanas,  Laurentino Gomes no RodaViva fez mais em aumentar a confusão da história da colônia. Se sujeitos comuns pensem que havia um Brasil quando aqui chegaram os portugueses, tudibom, mas um tido e havido como vanguarda da direita chamar Tiradentes de brasileiro é pobreza de espírito. Tiradentes, assim como qualquer outro habitante, que não os autóctones indígenas, era português. Se se rebelavam, o faziam como portugueses reagindo à monarquia portuguesa, ademais como acontecia na península, com a diferença que estavam além mar.
Em determinada altura falava-se da disponibilidade da elite de então, para migrar de monarquistas a republicanos, e honestamente concluiu-se que as mudanças eram nada senão que formalidades, e tudo continuaria o mesmo. Criando déficits.
Na sequência se falava desses défices, e como exemplo se deu o caso da reforma agrária, que não levada à cabo então, quando todo o mundo a executou, sem mais argumentos a impossibilitaram a ''destempo''.
Nada, nada, nada e nill. Neste momento, neste exato momento, acontece pelo mundo, aqui inclusive, iniciativas no sentido de se produzir alimentos ''orgânicos''. São pequenos produtores, próximos aos grandes centros urbanos, não é condição sine qua non, dada a capacidade logística – mesmo aqui – de transportes em ''tempo real''. Seja, produtos melhores, com valor agregado, se diferenciando das commodities, estes sim impossibilitariam a vida de qualquer pequeno agricultor, mas a produção de pequenas quantidades, a ''industrialização'' de pequena monta, que existe em França, Espanha, Portugal, Itália, EUA, Alemanha, Japão, Suécia, Holanda.... Burrice, burrice....
Assim é que devemos seguir, importando tomate pelado de qualidade da Itália and others, quando se poderia perfeitamente se produzir aqui. Mas não reforma agrária, não! Bando estes sim de idiotas idolatrados!

22 de ago. de 2013

“Come chocolates, pequena; Come chocolates!


Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.” 
versos de A Tabacaria de Fernando Pessoa.

Quando tenho o mundo dos fatos; o mundo mecânico, e vivemos sob a tirania dos fatos; não sobra espaço para o valor. Fatos: Toda puta é mulher. Da população carcerária, a maioria é de negros! São fatos. E daí? Que valor se pode tirar disso? Há um tipo de pensamento, que não quer valorar isso, para além dos fatos. É uma redução do valor ao fato, própria deste pensamento. Porque o valor não tem sua pauta no mecânico. O mundo mecânico só entende a sequência de fatos. Daí que estes mesmos ''pensadores'' só entenderem ou aceitarem o ''valor'' nalguma poesia ou poeta, já por demais estereotipado, ou frases e pensamentos''bonitos'' via mecanismo de recalque. Porque não conseguem passar dessa transcendência recalcada para a vida real. Assim o valor é dado como fato. Claro que isso é uma redução, para poder pensar, porque não posso pensar cada indivíduo, mas o mecanismo se repete com frequência e insistência. O poeta, o artista cria valor! Um exemplo está em ''A Tabacaria'' de Fernando Pessoa. Onde o eu lirico decreta a falta de metafisica em Esteves, o homem que sai da tabacaria e lhe acena, com isso bota ordem ao universo, a irremediável ordem dos fatos. Mas quem dos senhores da fatalidade não se submetem a tristeza desses versos:
Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.”
A completa adesão ao mundo dos fatos para além de qualquer valor, nos leva a indigência. Para sair desta indigência, se apela ao poeta, se busca aderir não aos valores do poeta, mas a imagem do poeta, às frases do poeta, nem do poema inteiro. Porque o poeta está sempre detrás da vidraça do café! No mundo das redes sociais onde as pessoas colam os ''fatos'' são as mesmas que também colam Clarice Lispector, que nem sempre é Clarice.
Não se trata de ter o ponto de vista de Argos planador, mas também não partilhar pontos de vistas massificados, de coisas, mercadorias. Porque o mundo dos fatos é o mundo do mercantilismo, e no mundo da produção, troca e consumo de mercadorias é irremediável que tudo se reduza à mercadoria mais singela de todas que é o dinheiro.





17 de ago. de 2013

Escritor.



Ele foi raptado pelas musas e anda grávido de um labirinto. Não está interessado na saída, mas conhecê-lo para concebê-lo. Renunciou à gabardina não ao frio que passa e volta, por vezes abre a mala e vende uns emplastros de bosta e barro, grave para não surpreender e não ter surpresas. Uma paixão fria de punhal para nada e ninguém, se as coisas lhe são mediatas, atrás de um cristal beija sua musa, sabendo que tudo é pose e modelos a espera de um pintor que os retrate. Espera o melhor ângulo, espreita a cena, lê o mundo, ao encalço do buraco donde se entreveja o universo. Pretere o narcisismo, a possessividade, o subjetivismo nauseante e fervor adolescente. Disciplina e técnica para poder humilhar o ego em toda a obra e se possível desalojá-lo para ter a casa completa à cena, ensimesmando o mundo.
Escravo das palavras não pode esquecer-se de Adão que a tudo nomeou.
''Sua alma acaba de se levantar da tumba da adolescência, apartados ele e seus vestimentos de morto. Sim! Sim! Sim! Encarnaria altivo na liberdade o poder de um ser vivo, novo e alado e belo, impalpável e perdurável.” em James Joyce.
''Pardelhas! Viver, errar, cair, triunfar, tornar a criar a vida com matéria vida.” grita Stephen, o anjo selvagem da juventude morta.
O ruído da colherinha no pires, a madalena e '' cessara de me sentir medíocre, contingente, mortal! De onde me teria vindo aquela poderosa alegria?'' Proust.


13 de ago. de 2013

Usinas de neuroses.


As condições objetivas se dão na relação do sujeito com a família, escola, religiões, sociedade, o trabalho e suas relações, onde a única estabilidade garantida é a mudança. De cara há dois planos, um que é o da manutenção do poder apesar das mudanças, inovações tecnológicas incessantes, vertiginosa que criam outro plano que é concomitante e é o das mudanças dentro da manutenção do não poder. Um truque para a estabilidade dentro deste âmbito falto de poder são as aparências. Ocorre que mesmo aí as mudanças acabam por ser incontroláveis, por quê? Primeiro que a avidez por inovação, não pode ser brecada, censurada, é uma condição do capitalismo, e na sua sempiterna busca pelo novo e satisfação do desejo, acaba por produzir também meios que contradizem o direito a estabilidade e manutenção do poder. Porque os fatos encarnam a razão.
Se a razão está em ora ser ora não ser. Porque o ter é o mundo das aparências, e abstinência de ser, mas que em certa medida exigem o ser, e isto é visto no dito: ''Por fora fina viola, por dentro pão bolorento'' e aqui repousamos, nesta neurose. O não ser é o ter e para ter há que se abdicar do ser, e de sua grandiloquência, e tudo fazer para ter, ora, esse tudo fazer é isso mesmo: tudo fazer! A impossibilidade de não haver o novo, a impossibilidade de não haver a inovação, onde tudo é, e pode ser profanado e dessacralizado, é dentro desta concepção que a estabilidade do poder deseja estabelecer limites. Mas como estabelecer estes limites priori?


12 de ago. de 2013

Homenota: Camões.

Camões era um gênio, quando se enfadava conosco, nos chamava caterva, ou catréfia não tenho certeza. Camões fazia Faculdade de Farmácia na FOF da Usp-RP. Não tinha nada a ver com ele. Barbudo , cabeludo, sandálias de pescador e tiracolo de couro, de onde saiam as raridades, que disputávamos com nosso parco dinheiro. Ele ganhou o apelido, Camões,  por ter escrito uma boa hora, sem parar, o Canto I de Os Lusíadas de Camões, numa prova de química orgânica, creio. Tinha memória privilegiada da qual abusava a nos recitar Rajneesh.
 Mas não era essa a sua genialidade, qual estava em não nos cansar, em particular sempre andei embasbacado pela sua conversa mole, sempre a conta-gotas, que até hoje não a apreendi desde a sua construção. Enfim Camões jogava xadrez de costas para o tabuleiro, e vencia a toda gente, exceto os grandes campeões da cidade daquele então. Ganhava dinheiro revendendo livros que trazia dos sebos paulistanos. O primeiro a me falar em Jorge Luís Borges foi Wilson Giacon, mas o primeiro Aleph me trouxe Camões.
Me explicava Schrödinger e seu gato.

Uma noite na Cantina do Toninho na Via do Café, provocou um cena insólita, cena de Cinema Novo. Camões estava com uma colega da psicologia e pouco a pouco a foi incentivando a ir fundo na própria ''loucura''. Era um encantador de serpentes. Ela primeiro chorou. Depois chorou para toda a gente da cantina ouvir. Depois subiu na mesa, tirou a roupa, fez discurso, falando do tempo que havia perdido, do seu puritanismo, sua virgindade inútil, berrou, sapateou... Camões permanecia sentado, olhando-a, como se todo o resto não existisse, e não existia, éramos catréfia, ele sabia Wittgenstein.
Não se usava esta palavra, mas ela surtou, surtou mas pagou a conta e destrambelhou de vez.  

6 de ago. de 2013

Transparência.


Quem se lembra o que disse o comissário francês quando os nazistas, no filme Casablanca, querem fechar o bar do Rick?
''- Que escândalo, Aqui só se joga!'' O cinismo da personagem na cena é sublime. Se a trasladamos ao mundo real é uma porcaria, por infestado. De qualquer modo estamos incluídos, sim, nós os pobres mortais, com nossa tendência a jogar o lixo para debaixo do tapete "Ao menos não se vê!" Parece que necessitamos da hipocrisia, como os organismo d'água. Poderia ser o contrário, da água suja tirar a limpa, mas não, emporcalhamos os mananciais da transparência para a pestilente hipocrisia.

Por vezes penso que estamos mudando, mas logo vejo fulminadas as fronteiras do aceitável. Estou convencido, sujeito a trovoadas ao meio dia e céu de brigadeiro ao entardecer, de que o que permite os políticos exercerem o roubar, manipular informações e mentir descaradamente são, desgraçadamente, nossas verosimilhanças. Basta nos olharmos  nos nossos círculos!

5 de ago. de 2013

Ribeirão.



Pode-se muito bem dizer que Ribeirão tem o que lhe corresponde, sendo mais leviano, o que merece; em forma e justeza com sua demografia, estrutura social  e nível de renda.
Mas há outra forma e Ribeirão poderia ser o que quisessem seus empreendedores, seus intelectuais, seus governantes, seus cidadãos. Todos juntos compartindo um projeto de um voo mais longo que de uma galinha. Uma terceira Ribeirão seria a soma da anterior com as populações vizinhas, com suas dinamicidades próprias, suas referências e suas potencialidades. Para isso urge um salto qualitativo que seria contar, que é diferente de dispor, efetivamente com Franca, Brodósqui Jardinópolis, Batatais, Barrinha,
Sertãozinho, Dumont, Cravinhos, Serrana, etc. Uma área metropolitana, e como tal deveria ser mais centrifuga que centrípeta, primus inter pares (primeiro entre os iguais). No entanto o que vemos são forças centrípetas chupando tudo que pode para o grande centro, sob controle do grande sátrapa. São os desígnios.
No meio disso tudo absorve-se alguma coisa de boa, mas as mazelas com certeza, todas, por exemplo, se se atrai um Hospital, com ele vêm todos os doentes da região. Ganham os laboratórios, os médicos, perde-se em mobilidade, precariza-se a infraestrutura, o enfermo autóctone deve discutir seu leito hospitalar com o vizinho, aumento do gasto público municipal e perdem, sobretudo perdem  os municípios vizinhos que se transformam em cidades dormitórios e seus cidadãos que não fazem mais que dormir e ir e vir, e o fazem por obrigação e não por desejo.


Ao contrário disso Ribeirão sonha – olhando o umbigo desde seu inconsciente – com o exterior, que para muitos é Porto Seguro.     

2 de ago. de 2013

O medo de Snowden.



O ser humano se adapta a qualquer mundo. O pior dos mundos, como um náufrago à imensidão do mar, dando voltas ao coqueiro da ilha infinitesimal, ou o preso a sua cela desde a qual encontrará longínqua qualquer coisa que for um passo a lugar nenhum. Snowden é um pária, adaptado ao sofá de um aeroporto, ao contrário dos espiões que se entopem de caviar e champanhe, ele se contenta com a comida de máquina e a água mineral que Putin lhe oferece.
Adicionar legenda
Putin ainda acredita na guerra fria, e Snowden pode ser um espião ou seu duplo que abjurou do sistema capitalista para abraçar a causa revolucionária. Ainda que esta revolução esteja tomada por máquinas de coca-cola, carboidratos, bolachas e barras energéticas. Provavelmente desenterrou o famoso telefone vermelho.
Snowden é agora um jogo do destino e o recorrente arquivo vivo em carne e osso. A arma secreta dos russos num tempo que há tempos não acontecia nada. Como se fosse o cravo da ferradura do cavalo do rei que saiu dali do casco do cavalo real, de modos que o rei capturado, perde a batalha, a guerra e o reino.
Um milhão de pessoas fuçando na vida dos outros, quase isso. Este era o segredo, mas já não é. Há os países que o querem, que o defenderão, protegerão, dizem. No entanto, qualquer dia quando menos pense, nele se instalará o medo, começará a auto vigiar-se, a começar pelo café que lhe oferecerão, os passageiros de um ônibus... um semáforo quebrado... uma bela mulher...





Sísifo o Astuto.




Ensaio de Albert Camus, de 1942: Le Mythe de Sisyphe.

Camus gastou bastante energia a pensar o '' para que serve nossa vida, a validade do suicídio, e a futilidade da saudade!”
O livro termina com uma discussão do mito de Sísifo, quem, de acordo com a mitologia grega, foi castigado por toda a eternidade a empurrar um pedra morro acima, por que ao chegar ao cume visse despencar ao sopé da montanha, e , então começar de novo. Camus declara Sísifo um herói absurdo e ideal e o castigo uma representação da condição humana.
Lutar perpetuamente e fazê-lo sem esperança de conquista ou apenas vencer. Enfim resignar-se de que não há nada que se possa fazer. Convertendo sua vida num conflito absurdo, pois ao terminar sua tarefa encontrará a felicidade...
Sísifo antes do castigo foi o mais astuto dos mortais e portanto o menos escrupuloso. Era filho de Éolo e foi fundador de Corinto, que então se chamava Éfira. Sísifo tinha agenda cheia. Conta-se que Autólico lhe roubou os rebanhos, Sísifo foi buscá-los e os recuperou porque os tinha marcado com seu nome. Mas, no mesmo dia que foi reclamar a Autólico o que era seu, se celebrava a boda da filha de Autólico, Anticléa, é uma versão, Sísifo catou Anticléa, e disso nasceu um filho, ninguém menos que Ulisses, e diga-se de passagem outro astuto, que dava nó em pingo d'água.
Mas diz a lenda, ou outra versão, que o próprio pai de Anticléa entregou-a a Sísifo, pois desejava ter um neto tão malicioso como o pai, Sísifo.
Zeus em um de seus infinitos devaneios e raptos, raptou Égina, filha de Asopo, e nisso passou por Corinto e foi avistado por Sísifo, enquanto carregava sua presa amorosa. Sísifo guardou a informação, pois sabia que o melhor a fazer era passar despercebido... mais tarde quando o pai, ultrajado, Asopo, que era um deus-rio, passou por Corinto a procura da donzela, Sísifo se apresentou para tirar proveito do segredo, da informação guardada, e pediu em troca ao deus-rio, Asopo, que fizesse brotar uma nascente em suas terras, no que Asopo concordou.
Acontece que Zeus se inteirou da coisa, e com sua arma favorita, o raio, fulminou Sísifo e o precipita ao inferno, ao mesmo tempo que o condena a levar a rocha ao cimo do penhasco pela eternidade, uma, outra e outra vez, porque esta haveria de rolar ribanceira abaixo de seguida.
Mas isso não se deu assim diretamente, sempre há o intermediário, e neste caso foi Tânatos, o deus da morte não violenta, pois a morte violenta convinha às suas irmãs, Queres, as sanguinolentas. Mas o astuto Sísifo surpreendeu a Tânatos e o acorrentou, e durante o tempo em que Tânatos esteve acorrentado nenhum ser vivente morreu, foi um transtorno à ordem natural das coisas, suponho.
Como sempre acontece com esta história de delegação de poderes, Zeus houve por bem intervir diretamente no episódio, libertou Tânatos para que a ordem natural do mundo retornasse e este fizesse o seu trabalho, cuidar da morte, sua primeira vítima evidentemente foi, naturalmente, Sísifo, mas este tinha outra carta na manga e burlou seu destino.? Ordenou a sua esposa, antes de morrer, que não lhe tributasse honrarias fúnebres. Assim quando chegou ao inferno, se apresentando de forma ordinária, Hades, deus das trevas, quis saber porquê, no que Sísifo disse que sua impiedosa mulher assim o tratara e gostaria de voltar para castigá-la, e obteve passaporte para voltar a terra e tomar as providências.

Assim, Sísifo viveu até avançada idade, sem retornar ao inferno, finalmente morreu e Hades se apressou e o impôs o castigo de rolar a pedra morro arriba, antes que pudesse inventar outra e escapar.
Albert Camus, anota que há um interlúdio de descanso e liberdade, assim que a pedra empurrada alcança o cimo, Sísifo é livre até voltar ao sopé da montanha e retornar à sua industria.