Ele foi raptado pelas
musas e anda grávido de um labirinto. Não está interessado na
saída, mas conhecê-lo para concebê-lo. Renunciou à gabardina não
ao frio que passa e volta, por vezes abre a mala e vende uns
emplastros de bosta e barro, grave para não surpreender e não ter
surpresas. Uma paixão fria de punhal para nada e ninguém, se as
coisas lhe são mediatas, atrás de um cristal beija sua musa,
sabendo que tudo é pose e modelos a espera de um pintor que os
retrate. Espera o melhor ângulo, espreita a cena, lê o mundo, ao
encalço do buraco donde se entreveja o universo. Pretere o
narcisismo, a possessividade, o subjetivismo nauseante e fervor
adolescente. Disciplina e técnica para poder humilhar o ego em toda
a obra e se possível desalojá-lo para ter a casa completa à cena,
ensimesmando o mundo.
''Sua alma acaba de se
levantar da tumba da adolescência, apartados ele e seus vestimentos
de morto. Sim! Sim! Sim! Encarnaria altivo na liberdade o poder de um
ser vivo, novo e alado e belo, impalpável e perdurável.” em James
Joyce.
''Pardelhas! Viver,
errar, cair, triunfar, tornar a criar a vida com matéria vida.”
grita Stephen, o anjo selvagem da juventude morta.
O ruído da colherinha
no pires, a madalena e '' cessara de me sentir medíocre,
contingente, mortal! De onde me teria vindo aquela poderosa
alegria?'' Proust.
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