O ser humano se adapta
a qualquer mundo. O pior dos mundos, como um náufrago à imensidão
do mar, dando voltas ao coqueiro da ilha infinitesimal, ou o preso a
sua cela desde a qual encontrará longínqua qualquer coisa que for
um passo a lugar nenhum. Snowden é um pária, adaptado ao sofá de
um aeroporto, ao contrário dos espiões que se entopem de caviar e
champanhe, ele se contenta com a comida de máquina e a água mineral
que Putin lhe oferece.
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Putin ainda acredita na
guerra fria, e Snowden pode ser um espião ou seu duplo que abjurou
do sistema capitalista para abraçar a causa revolucionária. Ainda
que esta revolução esteja tomada por máquinas de coca-cola,
carboidratos, bolachas e barras energéticas. Provavelmente
desenterrou o famoso telefone vermelho.
Snowden é agora um
jogo do destino e o recorrente arquivo vivo em carne e osso. A arma
secreta dos russos num tempo que há tempos não acontecia nada. Como
se fosse o cravo da ferradura do cavalo do rei que saiu dali do casco
do cavalo real, de modos que o rei capturado, perde a batalha, a
guerra e o reino.
Um milhão de pessoas
fuçando na vida dos outros, quase isso. Este era o segredo, mas já
não é. Há os países que o querem, que o defenderão, protegerão,
dizem. No entanto, qualquer dia quando menos pense, nele se instalará
o medo, começará a auto vigiar-se, a começar pelo café que lhe
oferecerão, os passageiros de um ônibus... um semáforo quebrado...
uma bela mulher...
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