2 de ago. de 2013

O medo de Snowden.



O ser humano se adapta a qualquer mundo. O pior dos mundos, como um náufrago à imensidão do mar, dando voltas ao coqueiro da ilha infinitesimal, ou o preso a sua cela desde a qual encontrará longínqua qualquer coisa que for um passo a lugar nenhum. Snowden é um pária, adaptado ao sofá de um aeroporto, ao contrário dos espiões que se entopem de caviar e champanhe, ele se contenta com a comida de máquina e a água mineral que Putin lhe oferece.
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Putin ainda acredita na guerra fria, e Snowden pode ser um espião ou seu duplo que abjurou do sistema capitalista para abraçar a causa revolucionária. Ainda que esta revolução esteja tomada por máquinas de coca-cola, carboidratos, bolachas e barras energéticas. Provavelmente desenterrou o famoso telefone vermelho.
Snowden é agora um jogo do destino e o recorrente arquivo vivo em carne e osso. A arma secreta dos russos num tempo que há tempos não acontecia nada. Como se fosse o cravo da ferradura do cavalo do rei que saiu dali do casco do cavalo real, de modos que o rei capturado, perde a batalha, a guerra e o reino.
Um milhão de pessoas fuçando na vida dos outros, quase isso. Este era o segredo, mas já não é. Há os países que o querem, que o defenderão, protegerão, dizem. No entanto, qualquer dia quando menos pense, nele se instalará o medo, começará a auto vigiar-se, a começar pelo café que lhe oferecerão, os passageiros de um ônibus... um semáforo quebrado... uma bela mulher...





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