12 de dez. de 2013

De dia, Bom Dia! De noite, Boa Noite!

"– Bonjour. Pourquoi viens-tu d’éteindre ton réverbère ? 

– C’est la consigne, répondit l’allumeur. Bonjour. 

– Qu’est-ce que la consigne ? 

– C’est d’éteindre mon réverbère. Bonsoir."

O quinto planeta a que visita o Pequeno Príncipe, de Antoine Saint-Exupèry, é o menor deles, e cabem ali um farol e o faroleiro. 
O moleque saúda o faroleiro: “Bom dia, como é que apagas o farol?”. “Bom dia, é a regra.”, lhe responde o faroleiro. “ Que é a regra?” “ É a que diz que se há de apagar o farol. Boa noite” e acende o farol. “ Mas por que o acende?” “ É a regra” diz o faroleiro. “Não o entendo”. “ Não há nada a entender”, diz o faroleiro. “ A regra é a regra. Bom dia” apagando novamente o farol.
O faroleiro explica ao moleque a sua história. A regra diz que se há de acender o farol ao sol se por e de apagá-lo ao fazer-se de dia. Bom Dia! O que é perfeitamente razoável. O problema é que, ano após ano, o planeta foi girando cada vez mais depressa, e agora dá uma volta por minuto, mas a norma, entretanto, não mudou! Boa Noite!
O moleque acha graça que os dias durem, tão só, um minuto, mas ao faroleiro nem nota. “ Faz um mês que estamos conversando!”, “Um mês ?” Pergunta o moleque. “ Sim, um mês: trinta minutos, trinta dias. Boa noite.”
Pobre faroleiro, fiel à regra, acendendo e apagando o farol a cada minuto, sem poder dormir nunca. A que vida mais absurda está condenado por uma consigna que não muda, ainda que mudem as circunstâncias. Boa Noite! Esta é, ponto a ponto, a imagem fiel de certas posturas. Boa Noite.
Dura lex sed lex”, Bom Dia!. Sustêm os que, como o faroleiro, se ajoelham diante das regras, ainda que tenham se tornado absurdas e injustas no momento que perderam a sincronia – desajuste temporal – com o motivo de seu nascimento. Boa Noite. Outros, tanto se cristãos ou como se não, preferem outras palavras “O domingo foi feito para o homem e não o homem para o domingo”, e sustêm que a eficácia e a justiça das regras morais, das leis e dos marcos constitucionais, não é outra que para servir aos indivíduos. Bom Dia! Alem disso, ainda há ai a possibilidade de que as leis nasçam mortas, isso sim, injustas. Boa Noite!
Desta maneira eram as leis que permitiam a discriminação racial nos EUA, contra as quais lutou Martin Luther King. Bom Dia! Ou as leis que estabeleceram o regime tremendo do Apartheid na África do Sul a partir de 1948, contra as quais lutou com todas as armas, todas, Nelson Mandela. Bom Dia!


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