17 de nov. de 2013

INveja, inVeja, inveja!

Não me diga que se pode alegrar com a desgraça alheia!
Porra e quanto...! Disse-me o Grilo falante, que isso acontece da mesma maneira que se pode entristecer com a sorte do outro. Mas, Grilo, não dizem que a alegria é fruto do bem e a tristeza do mal? Como é possível, diga-me, que existe uma alegria que tem fundamento no mal e uma tristeza com origem no bem?
São os invejosos, segundo aprendi diz o grilo falante, são eles que experimentam estas emoções paradoxais. Assim há quem sangre de alegria com o sofrimento alheio, que invejam, do mesmo modo que sofrem com a alegria.
A inveja é uma paixão da alma bem louca, estranha, que faz com que as pessoas que a experimentam tenham reações emocionais contrárias ao sentido comum. Os romanos, que nisso de botar nome às coisas, acertavam em cheio, deram-se conta que a inveja tinha muto a ver com a vista, concretamente com a maneira de ver, por isso o verbo invejar, e só quer dizer olhar com mais olhos dos que se tem na cara, malquerer, donde vem a inveja, que significa antipatia, ódio, má vontade, etc.. É esse olhar maluco, torto que tem o invejoso. Mas espera ai, não estou só a falar dos outros, eu e você, podemos ser incluídos sem qualquer dificuldade.

Os não invejosos, evidentemente, não experimentam estas emoções morbosas, mortiças e doentes. Os não invejosos se alegram de seu próprio bem e se entristecem do próprio mal, e o mesmo fazem com o bem e o mal dos outros, e a intensidade dependendo da proximidade do outro. Pode ser que a sorte ou a desgraça de pessoas desconhecidas, nem fedam nem cheiram.
Entretanto, invejoso que transmuta os termos, e se entristece da alegria dos outros e se alegra da tristeza deles - outros – , no fundo não abandona jamais a tristeza própria e constitutiva da inveja.
Digo isso porque não creio na alegria maligna – e não pode ser qualificada de outra forma – que alguém pode sentir diante da má sorte ou desgraça dos outros, que fosse uma alegria autêntica, nascida espontaneamente da abundancia, do bem-estar direto, próprio e sincero.

Não, pois se trata de uma alegria falsa, elaborada, doente, como uma flor murcha que nasce num túmulo. 

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