24 de nov. de 2013

Escravos da pós-modernidade.

Neo escravos.



A escravidão foi abolida, legalmente há tempos, no entanto o trabalho por fazer permaneceu. Alem de máquina, o escravo fazia o que se tinha que fazer para que se concretizasse o mercantilismo, naturalmente um sistema de ''produção'' de mercadorias em abundância controlada. Sem máquinas ou quem faça o trabalho delas, não há mercantilismo, volta-se, obrigatoriamente, alguns passos históricos. Assim que ninguém queria fazer o trabalho que o escravo fazia, daí que se penalizasse a preguiça, o ócio. Dai haver surgido o ''trabalho dignifica'' o homem. O sistema tem o seus sábios e os percussores e repercutentes dessas sabedorias. Inútil lutar contra essa coisa posta. Tão inútil que os beatos do sistema liberal conceberam o ócio criativo. Porque a preguiça, o ócio é a casa do demônio. Quem é o demônio? Ora, quem senão o outro, o ocioso, o preguiçoso. Porque o trabalho é a melhor polícia, para vigiar e não permitir que de fato o outro se forme, se estabeleça outro, livre que não seja uma engrenagem da massa maquinal produtiva. Porque o trabalho é quem submete horas a fio, toda uma vida. Aos tempos livres de trabalho se permite sequer serem chamados ócio, tempo de preguiça. Não é aceito. E tanto não é, que esse tempo livre é conduzido, tutelado para a imensa maioria das pessoas. A coisa chega a tal desenvolvimento, que num campo de futebol, onde as violências são representadas, a autonomia já rarefeita do sujeito que se torna espectador, e como tal incapaz de   julgar, imaginar, vem mais se rarefazendo, como se fosse possível, a tal ponto que já existem os telões nos estádios, para tirar a dúvida, seja um lance que já era passado, volta em forma de replay, para que sequer a imagem do lance se retenha, e o espectador saia do estádio sem lembranças, e vá para casa rever o revisto. Isso é tutela. No lugar de deus, isso. Tutelado por quê? Porque não se pense. Porque não se lhe inculque o demônio. Porque não se concretize efetivamente o indivíduo que tanto alardeia o liberal. E cada espectador tenha então a jogada mastigada. É no ócio, na ruminação sem direção ou sentido que se forma o outro, em sua plenitude de individualidade. Ora, porque o ócio é antípoda do trabalho alienado, porque é certo que o trabalho no mercantilismo é o trabalho de maquinaria, que substituiu a escravidão, e não me venham dizer que as máquinas pensam, quem pensa, que pensa que nasceu para determinado dom ou trabalho, nasceu ou foi transformado em máquina, e já não sabe, e sequer sabe que não sabe. Tanto é assim, que nossa ''atividade'' ''ociosa'' no facebook está longe de ser um ''far niente'' antípoda do trabalho, cada clique faz a NASDAQ subir um pontinho. Continuamos a trabalhar de graça.    

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