22 de set. de 2014

Der Himmel über Berlin

Sou anjinho molenga
do paraíso
Começo a lengalenga
de um voo do ciso

Atravesso as salas
de ouro e safira

Quando bato as asas
em volta tudo suspira

Me leva a brisa,
caio num giro
da doce trombada

com a nuvem suspiro.

21 de set. de 2014

Fungível


Fungível.


Adicionar legenda
Pode soar retórica banal, comiseração, mas expulsar da mera possibilidade de convivência social neste paraíso que é a terra, faz de qualquer discriminação , expatriação, da vida, a moda do criador, ele por uma mordida. Como dizia a senhora Carter: nesta vida há somente 4 tipos de pessoas, os que cuidam de alguém, os que cuidaram de alguém, os que cuidarão de alguém e os que necessitarão de cuidados! Sei que está fácil de entender, mas explico, vai que por acaso... Todos passaremos por esses quatro tipos de pessoas e situação.

19 de set. de 2014

Como é difícil uma onomatopeia para gotas bossa-novistas!


hoje me reencontrei com a chuva.
lembrei-a do meu nome
mas antes que dissesse, choveu-me,
sem protocolos.
Amigos de longa data.
Foi ficando
uma cerveja
foi ficando
para o jantar
foi ficando
para o café
foi ficando
para o cigarro
creio que vai me ninar.

Ploc! Como é difícil uma onomatopeia para gotas bossa-novistas!

Caçando Borboleta.

Faz calor. Mas parece que vai chover.
Acabo de ver as primeiras gotas vindo de um céu avermelhado. No entanto, a primavera-verão se imporá. Chuva e calor, precisos e precisos como um relógio. O tempo avança implacável. A segunda-feira está ali na frente. Inexoravelmente. As vezes conseguimos parar o tempo. Reter um instante para sempre. Como caçadores de borboleta e o prendemos na rede. Uma recordação. Um pedaço de eternidade. Uma eternidade com data de vencimento. É uma vitória pírrica sobre o calendário. Isso sim, uma contrassenha. Uma chave para entrar nestes cofres do tempo, que andamos, com a idade, guardando como tesouro, Há uma semana, sábado, senti a fragrância de um desses tesouros, dessas cápsulas de tempo. Fazia anos, dezenas de anos que não os via. Nos juntamos junto ao lago. Era um recorte, um pedaço de eternidade, um tesouro, onde as joias éramos todos. As moças bonitas e sofisticadas, estampados impossíveis, cores sem medo, vibrantes, azulejos, disse Flávio. Os rapazes, cabelos de trinta anos, rasta, platinas, calvas. Tudo muda afinal, não somos bonecos. Bailarinos e bailarinos. E não havia solidão, saltava de uma roda a outra, e o escritor onisciente me tinha uma frase, uma fala reservada, e ouvidos que a ouvissem, profundamente. Tudo, que antes de chegar, havia sentido um calafrio, pois sabia, que levava um pedacinho de cada um deles, para juntar aos pedacinhos de mim que eles guardavam. E foi assim.  

18 de set. de 2014

Redação. O homo sapiens.

Redação. O homo sapiens.





Uruk
Ut- napishti
Há 200 mil anos surgia o homo sapiens, como a espécie mais sanguinolenta, o homo sapiens, que triunfou e aniquilou outras espécies de homos, e também de animais, e em algumas destas aniquilações, o homo sapiens contribuiu efetivamente como o maior serial killer da história, tudo isso enquanto produzia a revolução cognitiva, com a criação da linguagem e da linguagem ficcional. Foi então que o homo sapiens se tornou independente da biologia. É isso que diferencia o homo sapiens dos outros animais, sua independência das ordens biológicas.
No neolítico, passou de uma sociedade de caçadores e coletores nômades, àquela de agricultores e pastores sedentários, isso há uns dez mil anos.
Este momento do progresso humano foi complementado pela aparição de organizações complexas, com um ordenamento da produção e da distribuição dos bens então acrescentados, o que levou a uma inevitável hierarquização dos grupos, de modo que as classes superiores (reis, sacerdotes, administradores, grandes proprietários) tenderam à discriminação e opressão das massas de trabalhadores e o predomínio do homem sobre a mulher, que sucessivas ideologias têm tratado de legitimar como '' a ordem natural das coisas'', que nem é ordem e tampouco natural, mas sim só mais uma forma de domínio histórico dos grupos mais poderosos sobre os mais frágeis.
Neste ponto chegamos à primeira globalização, os grandes impérios mundiais. O português, o espanhol e o britânico. Sua base é a ambição, o dinheiro, dissimulada sob “ O fardo do homem branco” ( Poema de Rudyard Kipling) de evangelizar, civilizar e contemporaneamente o de democratizar outros povos. A religião tem papel, ou as religiões exercem um grande papel, sejam monoteístas ou politeístas.
Matar, parece-me, ser a grande maestria da espécie.
Com um ou muitos deuses, ou nenhuns.
Gilgamesh segura um leão
Roma, em três séculos, mandou muitos cristãos aos leões, mas menos dos que os próprios cristãos que os milhares huguenotes enviados à morte no dia de São Bartolomeu, em 24 horas, que é celebrado por magnatas católicos e se inclui o Papa de Roma, por serem supostamente caritativos.
O Homo sapiens desenvolveu-se cientificamente em busca da imortalidade. A imortalidade noticiada é buscada desde Gilgamesh, rei de Uruk, que havia visto tudo até os confins do mundo. Leia com atenção, pois é aqui que começa a busca pela imortalidade...
noite de são Bartolomeu- Paris
Um touro desenfreado, que nunca deixava em paz as moças, as filhas dos soldados, as mulheres dos homens. A paz das mulheres de Uruk só foi possível, graças a criação pela sua mãe Aruru de um monstro, a que chamou Enkidu, e que depois de bater muito em Gilgamesh, o acalmou. Gilgamesh e Enkidu foram grandes e inseparáveis amigos, até o dia em que Enkidu morre, e incrédulo Gilgamesh permanece em vigília, esperando que despertasse, mas tudo que vê é um verme a sair pelo nariz. “Sete dias e sete noites, como um verme jazia de cara para o chão e não recobrou sua saúde, então corri pela planície como um caçador” cantou em seu poema, Gilgamesh, Gilgamesh que havia junto com Enkidu, a tudo vencido, estava então decidido a vencer a morte. Foi então que se lembrou, ele que em toda parte havia estado, havia estado além das “águas da morte”, onde vive Ut-napishti, o imortal. Depois de várias portarias, com guardiãs de olhares mortais, encontrou num vale de beleza indescritível o barqueiro de Ut-napishti. Vale lembrar que uma gota daquelas águas significava a destruição.
Gilgamesh por fim encontra-se a Ut-napishti, e lhe pergunta pelo segredo da vida eterna, fica decepcionado pelo que ouve: numa época remota, os deuses decidiram destruir a humanidade, com uma inundação, e ele e sua esposa foram os únicos a quem permitiu-se sobreviver. Advertido pelos deuses, o casal construiu uma gigantesca barca e nela reunirão um casal de animais de cada espécie. Depois do dilúvio de seis dias, Ut-napishti abriu a janela do barco e descobriu que estava encalhado numa ilha. O trabalho era imenso, repovoar a terra, por isso foi recompensado pelos deuses com a imortalidade, mas que jamais tal ação se repetiria. Gilgamesh fica desolado. No entanto Ut-napishti, querendo recompensar Gilgamesh por sua busca, diz ao gigante que no fundo do oceano, do oceano mais profundo da terra, cresce uma planta que devolve a juventude. Gilgamesh não perde mais tempo. A procura. Encontra. E no caminho de volta a Uruk um serpente lhe rouba a planta. Desolado, volta para casa para esperar pelo tempo que os deuses ainda lhe permitiam.    

17 de set. de 2014

Recreação antonímica.

Recreação antonímica.


Penso que gosto dos matizes, talvez prefira os antônimos que admitam gradações: Frio e quente, espera ai, mas também morno quando convém, e ainda mais se ampliemos aos extremos: Gelados e ferventes... sempre que o passar do tempo nos permita outras eleições. Entre o preto e o branco, se prescindo de outras cores, vejo inumeráveis tons, não 50, mas cinzas para dar e vender, ainda que estejam disfarçados no Arco-Íris.
Vivo ou morto? Não sei, mas deve haver um meio termo. Há mortos que atuam mais objetivamente que os vivos mortos. Ou será mortos vivos ?

E ganhar e perder? A Marina inventou uma que gostei: prefiro perder ganhando que ganhar perdendo! Não vai longe o tempo das amargas vitórias e das doces derrotas. No entanto creio que nisso de vitória e derrota, há um estado líquido, ou volátil: o empate. Tablas, diz-se no xadrez e se apertam as mãos. 

15 de set. de 2014

Triplo Filtro socrático. Bom. Útil. Verdadeiro.

Triplo filtro socrático´
Bom, útil e verdadeiro.

Muita coisa dos filósofos gregos permaneceu graças ao famoso: boca a boca, que para mim deveria ser boca orelha. Outras foram transcritas.
Uma destas histórias, relata que um conhecido de Sócrates vai se aproximar para dizer: “sabe que escutei sobre aquele teu amigo? Pergunta a qual Sócrates responde com outra: “ Vc está completamente certo que o que vai me dizer é absolutamente certo?” . - Não, só ouvi a respeito...” E Sócrates o interrompe: “ Então, não sabes ao certo, se é ou não verdade?”. E continua: “é uma coisa boa e construtiva a que quer me contar, sobre meu amigo?”. - Não, bem pelo contrário, realmente é negativa...”. O ateniense replica: “Então deseja me dizer uma maldade sobre ele e não está, entretanto, certo que seja verdade?” . “Bom te farei mais uma pergunta, se o que quer comentar sobre o meu amigo é de alguma utilidade?”. -”Não, pensando bem, creio que não”, responde o fofoqueiro. E Sócrates conclui: “ Se o que quer me dizer não é certo, nem positivo, e tampouco útil para mim, por quê me há de contar? Por qual motivo haveria de ter algum interesse de saber dessa sua história?”

Este é o famoso filtro triplo socrático.

14 de set. de 2014

Como dar uma má notícia.

Como dar má notícia.



O sitiante despertou na madrugada pela insistência do telefone: Oi! Sou o Tonho, que cuida do seu sítio. - Ola, seu Antônio, que aconteceu para o senhor me ligar a estas horas? - Nada, seu Doca, só queria lhe dizer que o seu loro morreu. - O meu loro, o louro que ganhou o concurso na TV? - Exato, este. - Que tristeza seu Antônio! Mas, morreu como? - Ele comeu carne podre. - E quem lhe deu carne? - Ninguém, ele comia a de um dos seus mangalargas puro sangue que morreu. - Como? Seu Antônio, me explica isso direito! - De cansaço, seu Doca, cansaço, de tanto ir ao poço buscar água. Valha me deus! E porque fazia isso? - Para apagar o fogo! - Fogo? Onde? Que fogo? - Na sua casa, seu Doca. - Meu deus, mas como pegou fogo! - Foi acidente, puro acidente, um círio que estava perto da cortina, pois veja... - Círio! Para que tinham um círio acesso? Se no sítio tem energia elétrica? - Então, seu Doca, foi um círio do velório! - Velório! Velório de quem, seu Antônio? - Então, da sua mãe, senhor. Ela veio para cá tarde, sem avisar, e eu disparei um tiro de escopeta, pensava que era um ladrão...

12 de set. de 2014

Areia Movediça.

Areia movediça.


Havia um tipo de cinema em que o que se reservava aos malvados, que me amedrontava, era a armadilha movediça. Invisível. Quando o mocinho estava em perigo, sorrateiramente aparecia uma areia, e tremia na poltrona, por vezes nosso herói se safava com algum truque, um galho, mas o malvado não tinha salvação, morte terrível. Lenta e cruel. Agônica. É a prova de existência da potência posta em ação, a impotência, quanto mais se movia, mais a desapiedada natureza o engolia, voraz. Do infeliz sendo chupado, com calma pela areia, nada mais que ver suas mãos se despedindo.
Era recorrente, até um ajudante de Lawrence da Arábia foi vitimado.
Mais tarde, descobri que o corpo humano é menos denso que a areia, e que no deserto é ainda menos provável acontecer tal solapamento. Alívio e descanso aos meus pesadelos, então viver sem este sofrimento.
No entanto, os candidatos ao Planalto continuam a afundar na areia movediça da política, e Tarzan ou Peter O'Toole, nada poderá fazer com seus olhos tristes, ou seu lenço palestino, porque o reino da realpolitik é mais desapiedado!



11 de set. de 2014

Incidente em Antares.

Democracia é no voto.


Não sei se a vocês, mas a mim dá medo, o caráter belicista de alguns do anti-petismo. Nem por tanto, isso será um pedido de reconciliação, por não estarmos em guerra. No entanto, resultam surrealistas seus gritos de guerra, totalitários, nazis e não sei quantos floretes mais desembainharão, digo tudo isso, partindo do quê e como explicitam seus slogans, que vejo e leio, e nada menos, a pedir o desaparecimento do partido dos trabalhadores. Sim, lhes convém,    se entende os partidários, cada vez menos dissimulados, do submetimento de parcelas da população, que mal botou a cabeça para fora, nestes cinco lustros de democracia parca, e como não nos conseguem assimilar, pedem nossa desaparição.
Têm usado de todos seus equipamentos para além do limite do razoável, e as vezes de forma bizarra como o insepulto defunto, e as eleições ganham contornos do Incidente em Antares.
Gostaria muito de não pensar nisso tudo. Gostaria muito que nas próximas eleições celebrássemos uma democracia menos rarefeita de ideias. Gostaria muito de celebrar uma vitória, não a derrota deles, mas isso tardará outros lustros.
Por agora, pode parecer, que queira justificar os descaminhos defraudadores de alguns, porque não me gosta muito isso tudo, titular a vida política como ''politiqueira'' e ''corrupta''. No entanto, ainda que pareça, não sou contra conhecer as porcarias que estão debaixo do tapete, dentro dos armários. Me debato, sim, pela emancipação cidadã, que por sorte me parece desairada, respira outros ares...

Assim, se quero emancipação, quero também transparência, decência, da mesma forma que quero um país mais justo e limpo. Com vertigem. Com valor, Com vontade e voto. Acima de tudo, Voto.    

10 de set. de 2014

Vale-tudo.

Vale-tudo.

Valor, é o que vale, e o que vale tem valor. Curiosamente, se dizemos: vale-tudo, não é porque tudo tem valor, ou que haja abundância de valor, é justamente o seu contrário. No âmbito pessoal é um troço melindroso, é quando nos pomos sérios, e haja valor próprio, porque os valores são bens prezáveis e como tal hão de ser limitados e aceitáveis comumente, é um princípio da regra do jogo.
Outro complicador dos valores é a temporalidade. A ação do tempo. E com isso os valores supõem tradição, postura... pose em palavra mais chula. Ao longo do tempo, pessoas de determinada comunidade ou hábitos culturais, confeccionam uma escala daquilo que os parece valioso. Neste sentido, o valioso que deveria ser levado em conta para se ter uma sociedade humana que funcionasse, é que não suponha surpresas súbitas, rupturas traumáticas com a moral e a ética.
Entretanto o tempo, senhor implacável, tem ritmo acelerado, e as novas gerações junto com as velhas, que querem se modernizar, provocam questionamentos, criam novos valores ou contravalores frente aos que pareciam imutáveis.
Não sei dizer quais são os meus valores ou os valores da sociedade mais próxima de mim. Há uma mistura de concretude com abstração, multiplicados por variáveis circunstanciais, e vejo filósofos honrados jogando o balde no fundo do poço e só sair água barrenta. Família, povo, trabalho, vida e seus subgrupos e grupos dos subgrupos tudo dentro do chapéu que o prestidigitador remexe, para sair uma pomba branca, ou o que ele quiser, e que sabemos que não é, mas aplaudimos. Estamos mais interessados na refutação da pomba, que no truque, e divagamos enfáticos.


Roma traditoribus non premiat!



Roma traditoribus non premiae\t (apócrifa).

Roma não premia a traidores.

Para quem caminha para algum lugar, a meteorologia é muito importante. Principalmente nesta época de mudança de estação. Guarda-chuva e galocha, pois vale o dito, prevenir... Porque tem sido assim, dia sim outro também, anúncios de chuva. Tempestades que surgem – é um país onde tudo é commoditizado, todos se tornaram meteorologistas, até o editor – em céu de brigadeiro e como na doce dança junina,
O balão tá subindo
Tá caindo a garoa
O céu é tão lindo
E a noite é tão boa
Olha a chuva! É mentira!
Olha a cobra! É mentira!
É certo, que se trata de mudança sazonal do clima, abrupta e violenta, as nuvens crescem com rapidez e sem cúmulos e transparentes geram tempestades que a tudo destroem, e por vezes a própria anunciação. Relâmpagos e trovões, o pão nosso de cada dia.
Só falta vindicar desobediência civil, se bem que há os que sempre dizem ir para Disney, lá sou amigo do Uncle Scrooge. Oh! Passargada.



9 de set. de 2014

Racismo!

Racismo.

Até bandido juramentado chora ao ver as algemas. No entanto, para uma boa discussão, deveríamos assumir ao menos para conosco mesmos, o sentimento guardado a respeito, que se manifesta nas listas de discussões, com a cabeça no travesseiro, com o vidro do carro fechado, no banheiro. Enfim lugares seguros à vigilância que se estendeu sobre toda a gente. Porque de ser, todos somos racistas, e quando digo todos, incluo os negros e descendentes, é uma herança, triste, mas herdada. Assim como se tem um lote como herança, pode-se ter uma dívida. Neste caso é uma dívida, e não queremos nosso nome na lista do SERASA, mas não é fácil quitar esta dívida.

Não retiro culpa de ninguém, mesmo sendo racista, faço o possível e o impossível para que o que sinto não interfira nas minhas relações, para que não se manifeste nem em campo de futebol, ainda que achincalhe o árbitro e sua bondosa mãe, penso que é feio, mas ainda é permitido. Mas isto de não deixar que os porões, as grutas escuras de minha alma saiam pela minha boca, pouco significado prático tem. Creio mesmo é na prática. Prática ao escolher entre um candidato ou outro com as mesmas habilidades. Gerar condições que possibilitem estas mesmas habilidades a todos. Creio mesmo é na inclusão social, seja de negros, mestiços e brancos pobres, que os há aos montes. Só o pequeno-aburguesamento de todos nos fará iguais em ''boa'' e ''perfumada'' aparência, com a possibilidade dos mesmos perfumes, cosméticos, grifes, cremes, educação formal etc. Não creio em ''geração de consciência'', é uma bobagem como outro auto-ajudismo qualquer, rende ''lindas'' linhas bregas, piegas e mais nada. Se nem respeitar pedestres no trânsito respeitamos, e quanto dinheiro já se gastou com campanhas de conscientização, uma grandeza. Quantos velhos país e mães abandonados existem? O mesmo se dá com campanhas como ''Vá ao Teatro''! Sem dinheiro? Sem roupa, sapato, perfume de ir ao Teatro? Tanto é que costume também é traje, moda, basta ler os créditos no final dos filmes, mas quem pode ir ao cinema? E quem consegue ler tão rapidamente? Portanto e para tudo: Equipamentos. E enquanto isso: Penalidades.

8 de set. de 2014

Ici, n'y a pas d'Élite.


Ici, n'y a pas d'Élite.

Elite no país, já faz tempo, que só existe a tropa e de mentirinha, cinema anemic. A pá de cal foi jogada, pela Alemanha, no nosso futebol, que era um dos estertores de nosso elitismo. A bossa-nova é um cadáver insepulto. O samba chegou ao paroxismo do samba de raiz. Nossa arquitetura de único pilar centenário, foi-se.
No cinema segue a cruz nos ombros de um pagador de promessa, câmeras na mão para filmar '' Ceci n'est pa une pipe '' Magritte por Michel de Foucault, sem roteiro, pois rola na hora.
Nosso negócio é o de tirar do chão, botar num navio e exportar, terra sólida ou líquida, sem transformação, commoditie.
Na literatura, temos como vermes num cachorro morto, que sugar as últimas proteínas mumificadas e remastigadas de Machado de Assis, o demais, carboidrato, engorda!
Somos embusteiros, e faz tempo, Camões imitou Homero e nós o velho do Restelo.
Talvez Chico Mendes fosse vanguarda, elite ambiental, mas os retrógrados acabaram com essa dúvida a tiros, retrógrados sim, mas elite não! Não temos e nunca tivemos elite, nem na popa como queria Roberto Campos.


A granada anunciada!



     O teatro Pedro II de Ribeirão, certo dia, amanheceu cercado de viaturas policiais, e toda sua fachada destroçada, seus bisotês estilhaçados, suas escadas, vítimas de vandalismo. Os fotógrafos, jornalistas, os curiosos, se perguntavam: Como? Quem? Os flashes disparavam como metralhadora. " Isso vai dar JN " disse o câmera. " É um ataque à cultura ", " querem acabar com a cultura "  gritaram em meio a multidão. 
     Os peritos policiais, amealhavam provas, enquanto transeuntes faziam o mesmo com outros propósitos, um souvenir. Um casqueira que dormira no banco da praça, dizia ter visto o vândalo, “Ele ameça fazer isso faz tempo'', Como ele era? Pergunta o investigador. ''Alto, forte, camiseta polo de pano grosso, calças dobradas na barra, botina”. E as cores? Lembra?  '' Estava escuro, mas calça e camiseta eram de uma cor só, escuras”. Como ele fez todo esse estrago? ''Ora com a granada, uai!”. E depois? '' Deu um salto, parecia voar, e saiu correndo ''. “ É, não dá para levar a sério, o sujeito é usuário de crack! ” Concordavam os investigadores. De repente um senhor que toda manhã dá milho aos pombos gritou: “ O constitucionalista sumiu! “ Num falei, disse o casqueira."

7 de set. de 2014

Alho-poró!

Por um maracanã de motivos, penso que deveríamos encontrar nos bairros todo tipo de mercadorias. Um desses motivos é o de não ter que tirar o carro da garagem e sair passeando num domingo pela manhã pelas ruas como seu quintal estendido, conversar com os conhecidos da vida inteira, e outros motivos que não estão na minha cesta básica de motivos, e que no entanto r ainda que não os defenda, os gosto. Como a poluição, o meio ambiente, a geração de empregos perto de casa – que é sempre maior nos pequenos mercados, que nos hiper-super da vida – os congestionamentos etc. Pena, não é o que acontece. Hoje fui às quitandas e mercados bonfinenses e não encontrei alho-poró. No entanto, não fiquei triste, porque encontrei uma forma de discriminar,-  no sentido de elencar -  e vindicar a ignorância. Os quitandeiros, em geral, são singelos, mas como em toda parte, os há de ignorantes. A ignorância singela é aquela que só não sabe. A senhora tem alho-poró? Desculpe-me senhor, mas não sei o que é isso! Mas há outros tipos de ignorância. A senhora tem alho-poró? A gente não trabalha com isso! Ou, a senhora tem alho-poró? O povo daqui é ignorante, nem sabe o que é isso! Ou, a senhora tem alho-poró? Não tem gosto nenhum, não serve para nada, melhor você usar cebolinha, dá mais sabor! Ou esta que não esperava, a senhora tem alho-poró? Esta fez aquela cara de carioca a olhar para um paulista com marcas de manga de camisa no braço branco. Tem certeza que é hortifruti? Tenho! Mas penso que foi noutro planeta que vi! Pode ser, porque eu trabalho no ramo a vinte anos e nunca ouvi falar! Nem creme de leite fresco? Por quê? Existe diferença? E cogumelos frescos? Só no pasto, vai fazer chá?
O maluco é que é possível encontrar chips para fazer drones, e não consigo um quiche de alho-poró como deus manda, sem haver de conduzir por 12 quilômetros de ida!

Insone, esperando a mordida meiga do dragão adormecido.



Chega um momento da noite, que o mercúrio parece estar pregado por pés e mãos no capilar do termômetro, 29 nove graus, as duas da madrugada. Um gato miava entusiasta, e era tudo, nem os motoqueiros faziam suas costumeiras estridências.
Peguei a ler um livro – o de sempre, lido e relido, posso parar e pegar em qualquer página que sei de onde e aonde vai – e comecei a me sentir irmão anônimo de uma multidão de insones, e os imaginava pelo mundo, despertos, mas silenciosos, só isso os fazia merecedores de agradecimentos, numa cultura consagrada a fazer barulho – manhã, tarde e noite – com uma contumácia digna das melhores causas, como as há, para o roubar terras aos indígenas, juntar figurinhas da copa, tirar o medonho do corpo... notei que me invadia uma onda de amor universal e indiscriminado.
Sei que são momentos de debilidade, os advirto, e tenho sorte, que não são as horas dos que batem à porta vendendo algo ou cooptando fiéis para alguma seita, porque temo que se me pegassem com a guarda baixa, me deixasse conduzir por um sentimentalismo solitário e inofensivo.
Por sorte chegou uma bufada do nordeste, está certo que a nove quilômetros por hora diz o google, tão fraco e silencioso, que como eu, inspirava meiguice, ternura, e me fez dormir.

Neste momento, em que escrevo, se me lembro bem, as condições são idênticas, parece-me, e fico a me perguntar pelos avós, que resolveram se encravar bem nos beiços do dragão , a esperar por suas mordidas quentes e meigas, que os levaria ao céu, um a um

6 de set. de 2014

JK


Socialmente e politicamente, o país parece viver um momento de extraordinária intensidade. No entanto, a minha sensação é de monotonia, lento com aceleradas cautelosas, enfim, tédio, o bolero de Ravel levado ao pé da letra, que só é bom mesmo para o sexo, com a subida de tom estonteante, longe dai, a prática cultural não apresenta novidades positivas destacáveis. A política em compasso de espera, para a última palavra, quando não houver  tempo para recuos.
Ando disperso. Preciso sentir o hoje, em algum lugar Pessoa diz que o universo não tem ideias. O universo não é feito de ideias, senão de sensações, e se sinto hoje o que sentia ontem, e ontem já era um cadáver dos sentidos, é questão de perpetuar as memórias póstumas. E parece que culturalmente vamos rememorando, com falhanços, lapsos de memória, é o samba, a bola, a bossa... a ditadura, o getúlio, o lula o fhc, mas sinto que é preciso um JK.  

5 de set. de 2014

Elisabete, Bete da Bacia, aliás Vivian!

Elisabete, aliás Bete da Bacia, botou as quatro coisas que tinha numa mala e se mandou para São Paulo, como haviam feito suas irmãs antes que ela. A vida tinha lhe escrito um roteiro triste e previsível, como a todas as mulheres de sua geração, que não tiveram a sorte de nascer ricas. Nem de carreirinha sabia ler. Dela nada mais esperava-se que trabalhar sem gozo, sem queixas e na hora certa casasse com um bom rapaz trabalhador. Era 1976. Mas, na colonia da fazenda Bacia, não brilhavam as luzes daquele último quarto de século, talvez o século XX ainda estavisse longe dali. Bete se rebelou contra seu destino. Era bonita, irriquieta e belíssima voz do coro do Sagrado Coração de Maria, isso seria o bastante para ela ter encontrado o compositor Nelson Mota e ele no que a visse botasse os seus olhos nela. Faria aulas de canto e debutaria com a gravação de um disco bossa-novista em 77, que incluiria êxitos de finíssima releitura de Guilherme Arantes. A filha de lavradores, então tinha o nome artístico de Vivian. A pobre menina da roça em sua carreira meteórica, no dia 3 de março de 78 lotava o Canecão. Os jornais fluminenses diziam “artista de voz e graça sem limites”. “A Rainha de Copacabana”. Em 79 sobe o tom, e canta um tango “célebre estrella de la canción, la de la voz de oro”. Foi então que registrou o mítico “Fumando espero”, numa versão muito mais explicita que a de Dalva de Oliveira. Seu repertório não era, definitivamente, para menores. Uma releitura brilhante de Cachaça não é Água. “Cadê Você” e “Vou Tirar Você desse Lugar” de Odair José. Não faltou o famoso “Tango de la Cocaina” ainda mais eloquente. Nesta espera foi encontrada por um viúvo de Santa Rita do Passa Quatro. E a cantora, então, voltava ao ponto de partida. Cuidar do marido e dos filhos, que sequer eram dela. A carruagem começa a virar abóbora. O homem se mandou e ela ficou com seus filhos. Anos mais tarde, quando os filhos que criou como se seus fossem, se tornaram adultos, conheceu um escritor divorciado, que anos depois morreu tuberculoso. Outra vez só recomeçou e morreu atropelada numa esquina da rua Augusta.     

4 de set. de 2014

Dublim!

Quando comecei a ter aulas de geografia, de repente queria me chamar Berlim. Berlim sonhava encontrar Lisboa e se casar. A primeira filha se chamou Florença. Não há nome mais bonito que Florença. O menino logo gerou grande discussão, propus Ohio, que pelos motivos óbvios, rechaçado, claro a molecada na escola ia ter muito divertimento. México nem pensar, me dizia Lisboa. A barriga de Lisboa crescia. Tóquio disse desde o sofá, nem pensar fingindo braveza, gesticulava Lisboa. As dores do parto se aproximando e não havia acordo. Paris! Disse pensando ter a proposta vencedora. Não, dizia meigamente Lisboa, meu Berlimdo! Se botar o acento vira mito! Dores do parto. Correria. Maternidade. Buá buá! Dublim? Lisboa! Sim, sim, sim Berlim, Dublim!

O lobo bom!


Creio que é momento para dizer que as ovelhas estão comendo os lobos. Senão, neste mundo tão líquido do bom homem Bauman, de peles trocadas, não sabemos mais quem é ovelha e quem lobo. As ovelhas amigas dos antigos pastores, nas terras dos mesmos reis, que pensávamos lobos, balem pelo pasto BNDesiano tão verde para os lobos disfarçados de ovelhas do atual pastor, eles que pastaram pasto, ovelhas e meninos mentirosos, que gritavam é o lobo! É o lobo! É o lobo bom, que de tão bom é ovelha disfarçada de lobo. Num mundo aonde pastores e lobos, grandes amantes das ovelhas, se confundem e confundido e pasmado o menino ouve os gritos:

 Sou o lobo bom! Sou o lobo bom!



Na política então a coisa é emaranhada, um novelo que o gato brincou, é fauna monolítica, chapeuzinho vermelho também é lobo, que as máscaras do despiste, do disfarce, duplicam, e reduplicam, e são tiradas a sua vez, para mostrar-se ao gosto do freguês. E a vovozinha incrédula diante da cesta básica, ao ver Chapeuzinho dizer:

 Sou o lobo bom!

 Sou o lobo bom!

3 de set. de 2014

Liquidificador Político.

O interesse de alguns meios de comunicação, que tanto clamam pelo pouco politizados que somos, é afastar as pessoas da política, este é, sem dúvida, seu mais pirracento afã. Tentaram fazer carvão, para churrasco próprio, com a árvore caída do mensalão, com ajuda extravagante e luxuosa do Presidente do Supremo Tribunal Federal, não pela condenação, mas pelo encaixe temporal, pela a concomitância e acessoriamente.
Sem um partido ou oposição forte, o quarto poder assume-se, concatenadamente, como o grande liquidificador, para tirar proveito de seus próprios interesses, e deste frapê, sua nova criação, salta a público  em um ser contranatura,(desculpe o trocadilho) mas se Marina é criacionista, então os meios de comunicação de massas são, em seu conjunto, seu criador, não da costela, porque não há, mas do espírito; e como disse, não sem antes abusar na dose nessa tentativa de contaminar de corrupção o processo eleitoral e assim cravejar pés e mãos das legítimas aspirações do povo brasileiro, a emancipação.
No entanto, não se atrevem a ser tão contundentes e estritos com a conduta de seus ''correligionários políticos”, nos casos, entre tantos,  Alstom Siemens|PSDB via governo do Estado de São Paulo, e seguindo as escrituras, libertam Barrabás.

Por outro lado, se a intenção precípua não fosse a já reiterada, fariam didática das urgentes reformas política, tributária, da seguridade social etc. Na questão política nem tão só em função do financiamento de campanha, mas ao mesmo tempo evitar aberrações, aleijões polítcos como o caso de Tiririca, Eneias, José Dirceu – todos legitimamente eleitos – entre outros, entretanto sigo os obviando, porque foram capazes sozinhos de 'levar' consigo seis ou sete parlamentares de suas coligações, estes sem números significantes de votos para estarem no congresso nacional, entre eles Valdemar da Costa Neto. Depois estranham que os cidadãos se afastem da política.  

2 de set. de 2014

Chega de falso puritanismo!



Eu não boto a mão no fogo pela raça humana em geral, e nós brasileiros em particular, menos ainda. Mas, ora! Sou um cidadão deste país, usufruo do convívio social, e dos equipamentos da sociedade (saúde, educação, justiça etc), e o que não desejo é alavancar o ceticismo, que é fácil, procuro com algum pragmatismo enxergar soluções mais gerais, no atacado, pois que o varejo conheço a partir de mim.
Esse blá blá blá significa: Inclusão social. Inclusão étnica. Melhor distribuição de renda. Educação formal de melhor qualidade e gratuita. Dignidade humana. Bem-estar social. Para então chegarmos a alguma democracia, assim como está, quem financia todos os candidatos são os bancos e as empresas mais poderosas do país! Pergunto: Como você acha que acaba estas e outras histórias e candidaturas? Pois, sempre corroídas pelo poder coercitivo destas empresas e bancos etc.

Em busca da pátria perdida.


Dizem que Rilke disse que a verdadeira pátria de um homem é a sua infância.

 Não sei se a frase ainda está de voga. Em todo caso, e para mim, hoje está, e os acontecimentos deste agosto mequetrefe que vivemos me confirmam. Assim, sendo  Rilke vigente, a minha pátria foi modesta, austera e feliz. Pelos parâmetros em voga da época, desejado mas sem mimos. Tudo e assim, a dialética do chinelo da mãe, nos casos de indisciplina de pouca monta e a cinta do pai para as questões – poucas – que requeriam o STF, era o regimento interno. Do lado de casa, o velho galego, padrinho e avô, seu “C” pronunciado quase um “X”, sempre a oferecer asilo político. Preferia ouvi-lo contar da sua pátria que também era, por força, a da infância, que vigiar a TV, quando ela chegou. As vezes, quando vinha da escola, ele me esperava na esquina da travessa Bororós, para que fosse ao Zé Bertagnolli comprar um pedaço de fumo-de-corda, goiano. Isso me rendia um doce que me fazia bigode marrom e açucarava toda a cara. Claro que tudo eram parâmetros de então, sem correção da ortografia política. Um natal, ganhei uma bicicleta com três rodinhas atrás, nunca fui tão feliz, e nunca demorou tanto tal felicidade. Esta pátria me expulsou quando descobri que papai Noel era a mãe, o paí e o avô. De lá para cá, inocência perdida, tudo foi piorando. Certo é, que nunca mais encontrei um lugar melhor para viver que a travessa Bororós.
Se gasto esta verborreia, ela foi provocada pela morte do patriota Campos, cujo desconhecia, mesmo a existência, me agradaria pensar que acreditam em mim.

1 de set. de 2014

I Love you!



O restaurante estava cheio, e a hora pouco dada a intimidades que surgem como o vento breve e a meia luz,, mas tivemos sorte e nos puseram num cantinho intimo, onde pusemos em dia as nossas vidas, circunstâncias, projetos, ideias, sonhos...
Sonhos. Hoje me procurou num, uma muito linda. Me disse que me acompanhará na próxima. E ficamos a imaginar uma escapada breve, uma cidade praieira, e nos vimos rindo muito, sendo felizes naquele parêntesis de vidas de toupeiras.
É genial sentar diante dela, beber vinho como se fosse um delito e com deleite, poder falar de tudo que vem a cabeça. Sem preconceitos. Sem manias. Sem não gosto. Até cebola ela come. Se nunca disse, digo agora, já estamos acima do bem e do mal. Já assumimos nossas imperfeições morais e nos divertimos a custa delas.

O fim dos Partidos.

O fim dos partidos.


Os partidos políticos já não são – se fizermos caso da última tendência – os instrumentos para fazer política. Os movimentos de protestos de 2013, não resultaram em nenhum novo partido, como foi o caso da Itália em 2009 com o 5 Stelle e na Espanha mais recentemente como o Podem, que no momento presente já são partidos, o 5 Stelle (M5S)elegeu como partido isolado a maior bancada de deputados e outro tanto de senadores nas últimas eleições italianas.
 Por aqui vamos fazendo de conta que não há desnutrição infantil, que Santas Casas e Maternidades não fecham, que leitos hospitalares não desaparecem, que na educação fundamental as escolas não são um depósito de crianças esperando pela maioridade, que os impostos não sobem. A oposição não existe, no aspecto social, está preocupada com as ganâncias da Petrobras, com a subida e baixada da Bovespa, com os juros dos rentistas, e por agora no período eleitoral em descobrir algum podre do adversário.

Os partidos até tentam, querem recuperar a dianteira, a centralidade política, mas já não o são.
 Os coletivos sociais, organizados com argumentos diversos, se deram conta que os partidos não têm respostas nem os governos instalados,  entretanto não me parece que tenham tomado consciência da capacidade de mobilização e da influência na esfera do poder. As mobilizações, uma vez conscientes, deveriam ter como objetivo o de condicionar as políticas de quem governa, ou o objetivo de neutralizar aqueles que pretendem protagonismo na oposição. É certo que processo ainda não terminou. E aparentemente, os coletivos organizados das manifestações de julho de 2013, se aninham com a candidata sem partido.   

31 de ago. de 2014

Promessas de campanha.

Promessas de campanha.

Não dou bola às promessas de campanha. Não destas tacanhas, tipo: “Vou acabar com as filas do SUS”, “Vou manter e aumentar o Bolsa...” etc. No entanto, entendo o candidato fazê-la, porque são as coisas tangíveis de parte do eleitorado. Parte que cada vez cresce mais, quase a beirar o todo. Outro dia a Marina falava de atendimento do SUS, sim, quando você é recebido na entrada do recinto hospitalar. Gestão de pessoal, treinamento, produtividade... Para mim interessa, se o governo vai continuar bancando o défice previdenciário, e como vai gestionar as crescentes demandas da população, e se é viável tal défice, se manterá o regime de aposentadoria como está, quais as intenções relativas a isso, como pretende incluir massivamente no sistema universitário, se continuará tentando distribuir renda, se tem projetos de inovação tecnológica para o parque industrial, se repassará integralmente à educação o já votado, se tem uma política de segurança pública, como se posicionará diante dos crescentes pés de vento mundiais, como se posiciona diante do aborto, como problema de saúde, que posição tem e defende frente ao armamento ou desarmamento, quanto a maioridade penal, quanto à reforma política, sempre necessária, como se posiciona frente a necessidade de reforma fiscal e tributária.

Porque como estamos, os candidatos a prefeito e vereador prometem o que cabe aos governadores e presidentes da república, e estes a cuidar da fila do posto de saúde!

"... sobre a cegueira"

Um homem, parado com seu carro diante do semáforo, em vermelho. Fica cego, subitamente. Uma cegueira leitosa. Quem o ajuda e o leva para casa também cega. Cegam todos pacientes do oftalmologista onde o levou sua mulher, o cego do semáforo. Rapidamente a epidemia se alastra pelo país. As autoridades, decretam que os afetados sejam isolados – como os leprosos de antigamente – para que não se os veja e não olhem ninguém, aparentemente a mirada do cego, cegava. À 'prisão' não havia carcereiros, recebiam a comida que lhes era deixada à porta, não podiam sair, sob pena de morte, que se evitasse o contagio. Tudo dá lugar a cenas dantescas, aonde aparece o melhor e o pior da raça humana. É o romance de José Saramago. Saramago parte da hipótese: “Que aconteceria se...”. É um exercício imaginativo, o pânico, as autoridades sanitárias, políticas, o desborde geral, a epidemia afetando a todos, a Dilma ficando cega, que cega já estava Marina, que tropeçava no cego caído Aécio. Bonner olhando para o céu desferindo ao altíssimo uma pergunta no subjuntivo, com dez vírgulas, dois pontos e vírgulas, era o último a seguir perguntando, agora já fora do alcance da câmera, pois o câmera também cegou. Todos zumbizando em busca de comida, mas só o cheiro do putrefato pode auxiliar na busca, e é isso que comem.
Saramago deixa esta frase enganchada: “O medo cega”, que sai da boca da moça de óculos escuros. “Já éramos cegos ao perder a visão, o medo nos manterá cegos”

29 de ago. de 2014

Almas Penadas.

Almas penadas.

Há algum tempo, dois amigos depois de beberem algumas doses, resolveram se divertir no cemitério de Bonfim. Os moradores do conjunto habitacional inaugurado fazia pouco, ao lado do cemitério, guardavam ainda muito receio e respeito pelos mortos. Se assustavam com o fogo fátuo. Bêbados os dois, se cobriam com lençóis brancos e corriam entre os jazigos. Muitos se assustavam, mas o Cabo, que não tinha medo de assombrações os fez dormir no chilindró um dia e uma noite. Não sei bem porquê, mas esta recordação me trouxe outra, a de Ângela e Dalvino. Ela alta e forte, filha de italianos. Puro caráter e quadril. Dos seus dedos delicados saíam autênticas filigranas de crochê, como correspondia às senhoras, no entanto contam os que a conheciam da juventude, que sabia usar o punho fechado com maestria. Dalvino, era pequeno e calado. Um homem tranquilo que trabalhava no Departamento de Estradas e Rodagens, e seu setor alcançava Pirassununga, então uma distância, que o fazia partir na segunda-feira e voltar na sexta-feira com o por do sol. Era um mundo sem carros e poucos ônibus interurbanos. Ela se consumia. Não confessaria por nada daquele mundo, mas temia perder aqueles olhos azuis e sorriso triste. Se havia criado numa personagem que não se dava bem com as atividades próprias do seu gênero, encontros, chás, cafés, bolinho de chuva, mas era uma sentimental.
Numa sexta-feira já não se aguentava. Necessitava saber se Dalvino a amava com a mesma exasperação. Então fez. Não descuidou de nenhum detalhe. A mortalha negra, o rosário entre as mãos, as mãos entrelaçadas, um círio aceso em cada canto do quarto, uma coroa de flores aos pés da cama. Quando ele chega, o silêncio espesso reinava. Era arrepender-se ou levar o jogo até o seu limite e consequências. Era mulher de opinião. Levou adiante. Não moveu um músculo, nem os olhos sob as pálpebras. Estava morta, para todos os efeitos. Depois de uns segundos de perplexidade, Dalvino desata num choro desconsolado de criança. Se houvesse se dado conta de que àquela cena faltavam os extras, inevitáveis. Mas não tinha cabeça para tanto. A casa de um defunto sempre está animada. Mas não podia pensar. Saiu correndo, pela sala, alpendre, escadas, portão, rua e lá pedia ajuda. Ela gritava morta de surpresa, do leito de morte: “Volta, que só queria saber se me amava”. Não lembro o que aconteceu depois, hoje os encontrei, continuam a ser um estranho casal.


28 de ago. de 2014

Esquerda,Direita, Volver.

Esquerda, Direita, volver!
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A direita sempre foi mais fadada a gestionar a escassez. Porque seus políticos estão sempre mais dispostos a pagar o preço da impopularidade e jogam o peso das crises sobre os mais fracos e pobres, sem piscar os olhos. E sempre contam com a indulgência do quarto poder.
O socialismo, do bem estar social, se debate em pura contradição, ser fiel aos princípios ou buscar novas metas de esquerda num mundo muito diferente daquele que possibilitou o momento atual. Se optar pela moderação, é possível que a curto prazo, que a esquerda real se lance no precipício. Se optar em atuar mais à direita, a direita moderada e pragmática o superará, sempre, pois como disse acima, esta é a sua seara.
A outra via, se assumir o poder, e temo que o fará, pode nos meter numa noite escura, nas trevas.
Por agora, me gostaria ouvir como se cria mais empregos, mais bem pagos e mais sólidos, tudo e ao mesmo tempo, eliminando os problemas da nossa economia. Para mim não me vale de nada curar a economia, a custa do trabalho e do trabalhador. Tudo levando em conta que a nossa economia esteja se sentindo zonza!

Este é o problema da liberdade, antes era só seguir a cartilha do primeiro mundo via FMI. Hoje o mundo anda mais zonzo que nós e seus alopatas andam sem remédios milagrosos, pois que senão tomavam na veia!.       

27 de ago. de 2014

Bonner x Marina.

Willian Bonner fez de novo, desta com a Marina. Com seus pontos de ibope e rating, e milhões de pessoas o assistindo e outro tando agora comentando, seu telejornal se transformou num fenômeno político. E acabará por ser um símbolo deste ano triste. O avião da Marina, o aeroporto de Aécio, a Pasadena da Dilma, todos mortos e no chão.
O que nenhum partido consegue, conseguem os jornalistas, que com sua atuação, os apoios ao governo baixam, sem que a oposição tenha movido um dedo para esta queda. Tão só o jornalismo.
Curioso o efeito que produz, nem o jornalismo consegue fazer, porque não admite, debate, político. Nada mais tranquilizador a um politico que ser acusado de corrupto. É como alguém do outro lado da rua gritar em minha direção: Ô branquelo! Todo mundo olha, se aqui todos somos brancos!
Para condenar a corrupção não é preciso demasiado pensar, talvez sequer pensar fosse preciso.

Diante do quadro, prefiro pensar que a honestidade não é de esquerda ou direita, mas os honestos sim, podem ser de esquerda ou direita, e é ai que está a importante diferença. E é desta diferença de proposição para os rumos do país, e que deveria estar presente na discussão política, que o Willian Bonner foge.

Mimesi

        Falar de sustentabilidade no Brasil, se mero falar, tudo bem, mas se mais que isso é insustentável.

         Neste país Zelig, mimético e camaleônico, se encontra a única pessoa do zoo politico mundial, que se lança candidata a defender tal tese. 
        
   Num país, onde a fome mitigada, a inclusão étnica, a recente universalização da saúde, da educação, a incipiente melhor distribuição de renda ainda encontram seus detratores e faz eco pelos meios de comunicação social. 

      Onde a ocupação por milhares de algumas poucas terras vadias, é reprimida a bala, e a grilagem de muita terra, por poucos, é legalizada, não sem uso das mesmas munições.

      Não há projeto, que aponte para onde se quer chegar como país. Por uns, se vai a golpes de podão, abrindo caminho pela selva, desorientadamente, criando labirintos, ou ainda quem pense em desenhar o melhor traçado entre um ponto e outro, mas não põe a mão na massa.
          Os pontos a serem discutidos são muitos.
    A educação, por exemplo, que é consenso nacional no seu carecer de melhorias, mas que, no entanto, ninguém diz ou se pergunta: Educar\formar para quê? Para onde? Esta pergunta não esgota o assunto, me esgota!

26 de ago. de 2014

Bofa. Bank of American, ou UsAmericano!

USAmericanos!

O imaginário político da esquerda, ao menos da que conheço, sempre demonizou os EUA, com um entusiasmo ensandecido, indizível, por vezes.
Folgo, (acho lindo usar este verbo) que o acima dito, tenha convivido com a sedução gerada no cinema e televisão pelo american way of life, uma contradição menor, justificada pelo poderoso encanto do soft power ianque.
Estava em Berlim dá caída do muro, e vi com meus próprios olhos, que Berlim ocidental era a expressão mais verdadeira do paraíso socialista, com o genuíno nome de Bem-estar Social, com seu sistema nacional de saúde, aposentadoria, educação pública... Já Berlim oriental....
Veio a crise de 2008, mas agora nos EUA, os bancos subitamente aceitaram pagar uns 45 bilhões de doláres de penalização para compensar suas más práticas hipotecárias ao governo, e também aos clientes. Agora leio que o Bank of America aceitou pagar 16,6 bilhões de dolares (globo.com), e segundo The Wall Street Journal, é a maior multa paga por uma empresa nos EUA. Em julho o Citigroup aceitou pagar outros 7 bilhões em litígio similar.
Destes, uns 8 bilhões iram diretamente para o bolso das pessoas afetadas.

Pessoalmente, penso que só me sobra ler estas coisas com os olhos lotados e lacrimejantes da mais insana inveja. Que o deus da nova e da velha esquerda me perdoem!