16 de jun. de 2011

The Man Who Would Be King;

Logo depois de assistir o filme de John Houston de 1975 (Sean Connery e Michel Caine) fui tentando adormecer e acabei por superar todo tipo de perigos impensáveis, cheguei a uma chapada imensa, da mais árida moral, ao cruzá-la a caatingueira fez chagas do meu corpo e suas cicatrizes se sobrepõem. Adiante encontrei o precipício ético. Essa barreira física interposta depois de todas as penúrias passadas em busca de um sonho; o homem legendário; o mais para lá do resigno de fantasma, da nostalgia do pior já passou e do despiste. Ali desolado acendi minha fogueira. Armei a rede e bebi as últimas gotas do meu vinho de esperança casado com o ultimo espeto ideológico.
À beira do fogo recordei o passado, os casos mais sonantes, divertidos, momentos amorosos, possessivo no limite da rosa a roseira e o espinho, amor profundamente brilhante e espalhafatoso, em meio estéril; guerra inconsequente de sobrevivência.
Essa confissão me fez rir. Ri só, e o riso se transformou em gargalhada e ao fim me rasgava de rir, e tal ruido fez eco nas paredes do cânion, tudo estremecia e desbarrancava; o vazio ético se desfazia amontoando-se sobre os terrões da dupla face da moral conveniente.
Por fim o silêncio. O retorno dele me deixou boquiaberto, aquele trovão construíra uma ponte natural com destroços ético-morais e me permitia avançar.
Agora avanço com a alegria de haver vivido minha epopeia de resgate, como um navio emproado que tem diante de si as rochas de arrebentação e as encaro como fatalidade própria, com impeto e vivacidade de quem sabe do destino irreparável.
Egoísta, odioso e inexplicável; solitário sempre cercado de gentes, que de alguma maneira tiro proveito – gentes que aparentam procurar e espalhar a nobreza, quando na intimidade celebram a mesquinheza).
Entretanto, minha alma tempestuosa, o barulho e a fúria de meus atos querem a paz, mas sei que jamais terei descanso, inda mais sob o vulcão do meu próprio fogo e lava. Mas o mais importante é que sou feliz pelo mundo e guardo o ódio de viver para a minha própria autodestruição e não a dos outros, portanto intenso e agradecido.
Este é o meu lado escuro, obscuro, fosco.
Tê-lo?
Todos o temos; mas o mais importante é que devemos conhecer esse nosso lado; principalmente aqueles que fazendo da sua castidade um princípio moral, justificam e exercem a vilania, avareza sórdida de cada dia.               

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