O lixão é uma cidade, luxuosa é, um shopping, se lauta em lixo, mas nenhuns a querem, por perto. As cidades mais poderosas, querem depositar seus dejetos o mais distante possível, se possível, noutro município, que em troca dos olores dos detritos; este recebe: lixo e lixão; urubus, catadores e algum dinheiro, é claro. Mas o resíduo antes de ser enterrado gera muita riqueza e muita miséria. Empresas especificas mas sem especificidade de qualidade, antes mesmo da recolha do lixoso objeto, trituram-nos a todos indistintamente: políticos, lixeiros e sociedade civil. Assim, a coisa, no seu caminho aparentemente natural vai nos se apodrecendo.
O chorume da porcaria, a essas alturas repugnante, goteja dos caminhões. Nós choramos nosso dinheiro, suado, pelos corruptos desviados como se o tivéssemos encontrado num lixo anterior, pois lixo, lixão, em qualquer brasil é corrupção. Os caminhões correm pelas ruas, atulham-se, transbordam e suas bocarras mastigam e engolem os sacos. Destilam-se homens, a correr, quase humanos, quase assalariados, o perseguem, nesse ritual absurdo, a saciarem a máquina do que rejeitamos.
Ressuma o chorume pelas ruas, mas depois de longo e lastimoso caminho, que começa no excesso de consumo e continua pelos restos e sobras que são matérias líquidas e sólidas e gasosas; essências da nossa existência; seguindo a corrupção, CPI, baixo salário, ganância, avareza, descuido com a natureza e desprezo pelo que mais e melhor produzimos, lixo. Ele chega ao lixo shopping a céu aberto, onde o esperam felizes: crianças, ratos, bigatos, vermes, gusanos e urubus. E por vezes algum fotografo atras da foto, da fama, da grana. Chorume.
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