21 de mai. de 2011

Queneau: execício sobre plágio.

Foi na vigília, num  pesadelo, que te revelaste, como alma penada, abrindo a porta, intrusa e oferecida, não te esperava. Não tenho tanto caráter, mas não dissimulo para ti minhas piores caras e resmungos, que por vezes beiram a ofensa. Mas você é repetitiva e se impõe,  sei que me repito, em brutalidade, em ranhetice quase infantil, mas mais que sempre, não te esperava, desesperadamente não te quero. E agora quanto mais te evito mais te enroscas em mim, me envolves  apesar do hálito ganhado à noite e na sua véspera precedida de tarde alcoólica em empapuçado churrasco, meu deus! mesmo dos gases, me desculpas! E vens, sensual, loira e radiante como quer Hitchicok, vestida com este véu qual névoa transparente que vai se abrindo e mostrando teu sol, radiante. Quanto mais me indisponho, mais brilhas, nem reclamas do gosto  de café com leite e pão com manteiga ou do cigarro de minha boca. Me queres mesmo sem a chuveirada restauradora, ainda que um trapo, um farrapo e me envolves com tua volúpia e me entregarás ainda pior à terça.   

exercício de estilo, idealizados por Queneau sobre um texto de Julio Cortázar.  

Nenhum comentário: